Kagome encarava Inuyasha num misto de surpresa e nervosismo. Ele tinha dito o que ela pensou ter ouvido?

–o que você disse? –ele a encarou como se não entendesse a surpresa dela.

–eu disse que você pode dormir aqui, qual o problema? –ele realmente não sabia qual o problema? Como ela poderia dormir no apartamento dele, isso era impossível. –você não acabou de dizer que não teria onde dormir?

–mas eu não posso dormir aqui. –só o pensamento a fez corar.

–e por que não? –ele sabia o porque dela hesitar, mas essa era a única chance de poder ficar sozinho com ela. O relacionamento deles havia voltado ao normal, mas de alguma forma ele sentia que Kagome estava distante, não sabia bem como explicar era como se mesmo estando próximos, ela tentasse manter uma distancia entre eles, e se essa era a única oportunidade que ele tinha iria aproveitar. –vamos Kagome não precisa ficar assim, não é como se eu fosse agarrar você no meio da noite.

–eu não disse isso. –argumentou ainda mais corada. –é só que...

–não precisa se preocupar, você não faz o meu tipo. –mentiu qualquer coisa para que ela ficasse.

–claro. –disse Kagome secamente, tinha que admitir que a declaração dele há decepcionará um pouco, mas principalmente a tinha deixado irritada. –nos dois sabemos bem qual é o seu tipo. –ele pensou que talvez tenha exagerado um pouco, o olhar frio com que ela o encarava era já era prova clara disso.

–bom... –disse limpando a garganta. –você vai dormir aqui ou não?

–claro... pelo visto não vai ter problema. –jogou o celular que ainda segurava de volta pra ele. –tenho umas coisas pra fazer agora, nos vemos depois. –e saiu o mais rápido que pode. Inuyasha tinha certeza de que ela estava irritada, mas o importante é que tinha conseguido o que queria.

Kagome saiu quase que correndo do apartamento de Inuyasha, seu rosto estava vermelho, mas dessa vez era por raiva.

–“você não faz o meu tipo”. –disse imitando a voz de Inuyasha. De repente foi diminuindo a velocidade até parar completamente. –eu sei que não sou o seu tipo. –disse por fim, já tinha essa consciência há muito tempo, mas ouvi-lo dizer foi mai duro e doloroso do que imaginava.

Passou rapidamente em seu apartamento para pegar o violão, não tinha reservado uma sala de pratica, mas esperava encontrar alguma vazia todo que queria fazer agora era poder tocar. Tinha começado a compor uma musica logo no começo do ano, mas com todos os acontecimentos acabou deixando-a de lado, faltava apenas à letra, mas ela não conseguia encontrar nada que combinasse com a melodia, mas agora ela conseguia ver perfeitamente a letra para sua musica.

Estava saindo do banho quando seu celular começou a tocar, só deu tempo de se enrola rapidamente com a toalha e correu para atender.

–está atrasada. –pode ouvir a voz de Kagome no outro lado da linha.

–eu sei, a aula da tarde demorou mais do que esperado, sabe como a professora Kaede é exigente. –deu uma olhada rápida no relógio. –estarei ai em vinte minutos.

–está bem vou começar a preparar a pipoca. –Kagome desligou e se virou para Inuyasha. –disse que vai estar aqui em vinte minutos.

–eu liguei para o Miroku, a gravação do comercial acabou ainda agora ele já esta vindo.

–estou começando a ficar nervosa. –disse apertando o aparelho nas mãos. –e se isso não der certo, e se eles se zangaram e se...

–Kagome. –a segurou pelos ombros fazendo ela o encarar. –agora não é hora de hesitar, nós chegamos até aqui não podemos dar pra trás.

–essa maluquice toda é idéia minha você não tem que se responsabilizar.

–assim você me ofende. –disse se fazendo de magoado. –somos amigos e além do mais Miroku é meu primo tenho tanto interesse nisso quanto você.

–não sabia que vocês dois eram assim tão apegados.

–você não pode provar nada, vou negar até a morte. –Kagome não pode deixar de rir, era tão bom estar assim com Inuyasha, mesmo tendo que esconder os seus verdadeiros sentimentos, conhecia cada vez mais um lado dele que tinha certeza que poucas pessoas conheciam e isso já bastava para ela.

–tudo bem então, vamos torcer para pelo menos não chegarem ao mesmo tempo.

Dez minutos depois a capainha tocou com o coração batendo acelerado Kagome correu para atender, para seu alívio o primeiro a chegar foi Miroku.

–desculpa a demora Kagome, mas o transito estava horrível.

–tudo bem, entra. –disse tentando parecer o mais calma possível. –quer beber alguma coisa?

–quero sim obrigada. –disse olhando em volta curioso. –onde está o Inuyasha, a mensagem dizia que vocês tinham uma coisa importante para me dizer.

–bem é que... –disse voltando da cozinha com dois copos de suco de melancia.

–não me diga que é o que estou pensando. –disse com um sorriso travesso nos lábios.

–o que? –Kagome sentiu o rosto corar.

–já vou avisando que sou muito novo para ser tio-avô. –Kagome o encarou chocada, sua boca se mexia mais nenhum som saia. –relaxa Kagome eu estou só brincando, se você visse a cara que acabou de fazer.

O que ela iria fazer agora, estava ainda mais nervosa por causa de Miroku, mas tinha que fazer algo, Inuyasha tinha razão, não dava pra voltar atrás agora. Por isso respirou fundo e numa precária interpretação fingiu tropeçar em algo derramando todo o suco na camisa de Miroku.

–ops! –tentou parecer o mais inocente que pode ao ver o estrago que fizera na camisa dele.

–poxa Kagome, se você não gostou da brincadeira era só dizer. –disse vendo o estrago que tinha se tornado sua camisa.

–me desculpe Miroku foi sem querer. –ele a encarou sem acreditar muito nisso. –você pode usar o banheiro é a primeira porta a direita. –ele penas fez um aceno com a cabeça e seguiu na direção indicada. Kagome levou a mão ao peito tentando acalmar as batidas aceleradas de seu coração. Foi quando a capainha tocou novamente a assustando, foi rapidamente abrir a porta e se deparou com Sango.

–espero que esteja preparada porque trouxe sorvete. –disse animada mostrando o pacote que trouxera. –Kagome apenas deu um sorriso nervoso. –aconteceu alguma coisa?

–não, nada entra. –ela realmente não levava jeito pra isso, talvez fosse melhor se Inuyasha estivesse ali.

–o que aconteceu aqui? –perguntou vendo todo o suco derramado no chão. –Kagome tem certeza que está tudo bem?

–tenho é que eu tropecei e derramei o suco, mas já vou limpar. –disse tentando parecer o mais calma possível. –por que você não leva o sorvete para cozinha.

–tudo bem. –concordou ainda parecendo um pouco confusa com o jeito da amiga. Assim que ela sumiu de vista Kagome pegou a mochila com as coisas que tinha preparado para passar a noite que havia escondido atrás do sofá e saiu tomando cuidado para não fazer barulho ao fechar a porta, depois de conferir que estava trancada fez uma pequena prece para que tudo desse certo e saiu.

–aquilo era suco que melancia, não é? –disse Miroku saindo do banheiro. –acho que vai manchar... –parou ao se deparar com a sala vazia, onde estava Kagome?

–Kagome a gente podia começar com um filme de terror vai ser diver... –ela parou no mesmo instante que viu Miroku ele parecia tão surpreso e confuso quanto ela.

–o que você está fazendo aqui? –disse eram ao mesmo tempo.

–a Kagome e o Inuyasha disseram que queriam falar comigo. –explicou Miroku.

–Kagome me convidou para passar a noite e assistir alguns filmes. –eles ficaram se encaram por um tempo até que Miroku começou a rir. –posso saber o que é tão engraçado? –ela não sabia o que estava acontecendo, por que Miroku esta ali e onde estava Kagome? Assim que ela o viu seu coração começou a bater acelerado, já estava começando a se acostumar com a idéia de que nunca mais o veria e agora de repente ele aparecia na sua frente.

–você ainda não percebeu? Nós dois fomos enganados.

–como?

–por isso a Kagome estava tão estranha. –o acesso de risada dele já estava diminuindo. –mas ela podia ter poupado minha camisa. –Sango ainda o encarava sem entender.

–mas por que ela faria isso?

–vai ver ela soube da nossa “briga” e está tentando resolver as coisas.

–ah. –foi tudo que ela conseguiu dizer, devia ter imaginado que Kagome esta aprontando algo. Se fez um longo silencio entre eles, Sango pensou em aproveitar essa oportunidade para se desculpar com Miroku.

–acho então que já vou. –disse ele de repente passando a mão pelos cabelos. Sango deu um suspiro desanimado, não podia culpá-lo afinal a culpa é dela por ele querer se afastar. –eu não quero te incomodar. –tudo que Sango pode fazer foi ficar parada vendo ir embora.

Mas de repente ele parou em frente à porta, ela observou curiosa depois de uns segundos ele se virou para ela com um sorriso nos lábios.

–está trancada. –primeiro o encarou sem entender o que ele quis dizer, depois quando se deu conta foi rapidamente para junto dele.

–não pode ser. –tentou inutilmente abrir a porta sem sucesso, estavam definitivamente trancados. –eu mato a Kagome.

–você tem uma amiga e tanto.

–para onde foi todo aquele papo de que não devíamos interferir, ela não tem vergonha.

–as coisas realmente nunca são tediosas quando estou com você. –Sango se virou para ele sem encará-lo, sabia que corada.

–não estou achando graça. –disse sem muita convicção.

–eu sei... não é fácil pra você ficar perto de mim, mas não se preocupe vou dar um jeito de abrir a porta e vou embora. –apesar do sorriso ela podia sentir a dureza de suas palavras. –vou ligar para o Inuyasha ele com certeza está metido nisso.

–espera. –Sango segurou seu braço o impedido de ligar. –a gente pode conversar?

Já fazia dez minutos que esta parada ali, com certeza se alguém a visse pensaria que era alguma pervertida perseguidora, mas ela simplesmente não conseguia fazer o simples ato de tocar a campainha.

–muito bem Kagome você consegue. –disse a si mesma, respirou fundo. –é só levantar a mãe e... –de repente a porta se abriu e ela deu de cara com Inuyasha ele a encarou surpreso.

–você chegou. –com um pequeno sorriso ele a puxou rapidamente para dentro e olhou em volta antes de fechar a porta. –você estava ali fora a muito tempo?

–por que? –perguntou nervosa.

–me ligaram pra avisar que viram alguém suspeito rondando meu apartamento... era você? –Kagome enrijeceu.

–c-claro que não eu acabei de chegar. –conseguiu dizer o mais calma que pode.

–serio... me pergunto se algum reporte descobriu que estou aqui.

–bom eu não vi ninguém quando cheguei, então não deve ser nada importante.

–talvez você tenha razão. –então um sorriso divertido surgiu em seus lábios. –como foi, deu tudo certo? –ela agradeceu pela mudança de assunto.

–felizmente sim, os dois estão trancados.

–eu daria tudo pra ver a cara do Miroku. –disse pegando a mochila das mãos de Kagome. –vou colocar isso no meu quarto. –Kagome aproveitou esse momento para se acalmar, mas então a verdade veio a sua mente... estava sozinha com Inuyasha, no apartamento dele.

–quer beber alguma coisa? –ofereceu Inuyasha voltando para junto dela.

–não obrigada... ah eu já ia me esquecendo, eu trouxe uns filmes para gente ver. –disse animada, um bom filme a ajudaria a relaxar. –está na minha mochila eu vou pegar. –ela seguiu para o corredor, mas parou de repente.

–é a porta no final do corredor. –disse Inuyasha como se adivinhasse seus pensamentos. Kagome se virou para ele, esse estava acomodado no sofá passando pelos canais da TV, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Ela começou a ver a situação de uma outra maneira e um calor surgiu em seu peito era uma sensação tão agradável. Talvez aquela não tenha sido uma má idéia afinal.

Izayou viu a luz por baixo da porta e teve certeza que o encontraria ali. Entrou sem fazer barulho e se aproximou devagar. Ele estava sentado na poltrona perto da lareira, um copo com um liquido amarelo estava já pela metade e ele olhava atentamente o porta retrato em suas mãos.

Nele tinha dois garotinhos um de onze e um de cinco estavam brincando juntos, um deles era mais velho e tinha um sorriso vitorioso nos lábios, ele com certeza não mudará nada com o passar dos anos, pensou ela. O mais novo corria atrás do irmão com um sorriso divertido nos lábios.

–eles crescem rápidos, não é? –disse Inutaisho. Ela sorriso, ele sempre sabia quando ela estava por perto isso era irritante e maravilhoso ao mesmo tempo.

–eu preferia que eles nunca crescessem assim eu poderia tê-los sempre perto de mim.

–eles não são mais crianças Izayou. –disse divertido.

–pois para mim mesmo quando estiverem velhinhos continuaram a ser os meus meninos.

–se Sesshomaru estivesse aqui ele discordaria.

–não me importo desde a primeira vez em que o vi meu coração já havia decidido que ele era meu filho. Vê-lo hoje feliz com a Rin é o suficiente para que eu me conforme que ele já cresceu.

–fico feliz em ver que aqueles dois tenham se resolvido. –disse parecendo aliviado. –Sesshomaru sempre foi muito responsável, mas dinheiro e poder não são tudo na vida. –ele então encarou a esposa pela primeira vez desde que ela entrara. –ele também precisa de uma mulher ao seu lado para amar e ser amado. –todo amor e carinho que ele sentia pela esposa estavam estampado em seus olhos, essa retribuiu o carinho se acomodando ao seu lado.

–acho então que só falta um. –disse Izayou se deixando envolver pelo abraço do marido. Eles voltaram a olhar para foto, mas dessa vez suas atenções estavam no mais novo. –mas eu tenho a impressão de que não será por muito tempo.