Capítulo 1

 

 

 

Que ventania era aquela que não parava mais. A chuva cada vez ficava mais forte, obrigando a manter as portas daquele bar fechadas. Eu não poderia voltar para casa e assim parar de pensar nele. Algo que de fato eu não conseguia mais.

 

Desde o dia em que seus lábios se separaram dos meus, seus braços aos poucos saíram de minha cintura e aquele olhar que me acolhia não estava mais aqui para me proteger.

 

Ainda posso me lembrar do primeiro dia que você sorriu só para mim. Aquele sorriso sereno pela primeira vez em sua face. Corei só de vê-lo sorrir timidamente enquanto olhava para mim. Vendo aquilo nem eu mesma pude conter as lágrimas e lhe beijar carinhosamente.

 

Você disse que eu era especial e que merecia aquele seu gesto mesmo ele não podendo descrever o amor que você sentia por mim. Mas você estava enganado. Aquele sorriso ainda está guardado em meu seio.

 

É ele que ainda me mantém aqui de pé aguardando sua volta, meu querido Sasuke-kun. Senti-me muito feliz quando você me tornou mulher antes de partir novamente.

 

           Dessa vez você não disse que voltaria e nem seu destino, mas eu sempre tive e tenho confiança perante a ti. E ainda confio naquelas pequenas palavras que você citou antes de desaparecer...

 

- “Eu te amo, Ino Yamanaka...” – me disse antes de deixar-me inconsciente em minha cama, para que eu não pudesse te impedir de algum modo.

 

           Tanto tempo sem ver-te chegava a doer. Sem seus carinhos para me aquecer nesses tempos de frio. Sem seu sorriso para me fazer sentir a melhor kunoichi do mundo, por presenciar aquele gesto sincero que você sempre dava enquanto estava comigo.

 

 

 

- Ino! – Era Sakura gritando o meu nome. – Vem cantar pra gente. – Falava animadamente.

 

- Tá legal, testuda! – Brinquei com o antigo apelido que tinha dado a ela, fazendo nós duas rirmos um pouco.

 

           Limpei a lágrima que teimou em sair de meu rosto e fui em direção ao palco onde já se encontrava o microfone. Preparei-me e finalmente cantei. Cantei não porque me pediram, mas sim porque aquela música havia feito para ti. Para lembrar tudo o que sentíamos quando estávamos juntos e o que eu sinto até hoje.

 

 

 

Sempre que canto minhas músicas

 

No palco, por mim mesma.

 

Sempre que eu digo estas palavras

 

Desejaria que fossem ouvidas.

 

Eu te vi sorrindo para mim,

 

Seria real ou apenas minha fantasia?

 

Você sempre estava no canto

 

Deste pequeno bar.

 

 

 

           Ainda posso vê-lo ali atrás, no canto deste pequeno bar colocando timidamente seu olhar sobre mim. Eu gostava da maneira que seu rosto ficava levemente corado ao fazer isso. Fazia-me sorrir enquanto cantava, sabia? Era maravilhoso saber que às vezes podia ver você sorrir quando nossos olhares se cruzavam, enquanto eu cantava para não só para platéia do bar, mas para você também. Ainda canto essa música aqui nesse pequeno bar, onde ficaram nossas mais lindas lembranças.

 

           Em sua última noite aqui comigo, me mostrou ótimas melodias onde nosso amor batia em toques lentos e harmoniosos. Queria tanto que aquela noite se repetisse mais uma vez, Sasuke-kun.

 

 

 

Minha ultima noite aqui com você.

 

As mesmas velhas canções, apenas mais uma vez.

 

Minha ultima noite aqui com você?

 

Talvez sim, Talvez Não.

 

Eu gostei do jeito

 

Como você timidamente pôs seu olhar em mim.

 

 

 

           Eu nunca percebi que você sabia que o meu olhar sempre fora para você quando eu cantava essa música. Fiquei tão surpresa quando você alargou seu sorriso, mostrando seus dentes brancos e um brilho em especial nos seus olhos ônix, quando em certa vez nossos olhares se prenderam.

 

 

 

Oh, você sempre soube? Que eu tinha o meu (olhar) em você.

 

 

 

           Ainda me lembro direito como sua face ficava. Tão serena, tão calma. Como se nunca tivesse chorado, como se nunca tivesse sofrido. E seus olhos não piscavam, estavam sempre olhando para mim. Para os meus olhos azuis que só se destinaram aos seus olhos negros, mesmo quando o seu sharingan fazia os olhos de ônix atingirem-se naquele rubro negro.

 

           Sempre sabia como eu me sentia em noites de tristeza e de alegria. Mas não se engane. Eu também sabia, toda vez que te beliscava e você mostrava um simples murmúrio irritado. Sabia que você não era um sonhador naquele momento. Só que eu não queria te ver assim. Eu queria te ver sorrir toda vez que nossos lábios se tocasse, mesmo que o mundo fosse contra nosso amor.

 

 

 

Querido, então lá está você

 

Com aquele olhar em sua face.

 

Como se você nunca tivesse sofrido,

 

Como se nunca tivesse ficado triste.

 

Eu seria a única para você.

 

Quem te belisca suavemente, mas certamente

 

Se um rancor é mostrado em seguida

 

Saberia que você não é um sonhador.

 

 

 

           Mesmo tendo minhas tristes e belas lembranças, e isso podendo ser egoísmo de minha parte, eu ainda desejo que você me permita vê-lo novamente e sentir que o nosso amor era maior do que qualquer outra coisa. Que não eram apenas recordações e sonhos que eu tivera.

 

Queria poder te abraçar novamente, sentir sua pele tocando a minha. Rir ao ver seu coração acelerar pela nossa melodia. E finalmente, sussurrar em seu ouvido que adorava e adoro aquele seu olhar pacífico em mim, todas as noites nesse mesmo bar. Ainda mais porque você sempre soubera que meus orbes estavam em sua direção.

 

 

 

Então deixe-me ir até você.

 

Perto é o que eu queria estar.

 

Perto o bastante de mim.

 

Para ouvir seu coração batendo rapidamente

 

E poder sussurrar

 

Como eu adoro seu pacífico olhar em mim.

 

Você sempre soube

 

Que eu tinha o meu (olhar) em você

 

 

 

           A música acabou. Mas não se preocupe. Nosso amor nunca vai acabar. Porque sempre que eu estiver cantando ela, saberei que você ainda me ama e sempre estará comigo, no meu coração. Mesmo não estando naquele canto especial, deste pequeno bar.

 

Desci do palco, um pouco emocionada, e fui em direção à turma que me aguardava.

 

- O que acharam? – Falei com um sorriso terno.

 

- Nossa, Ino. – Falou uma rosada surpresa. – Que música linda. Ainda mais com sua voz.

 

- Obrigada. – Alarguei o meu sorriso.

 

- Nossa. Ta ficando bem tarde. E Ichiraku vai fechar daqui a pouco. – Falou Naruto, apressado. – Vou correndo para lá. Estou morrendo de fome e ainda quero comer meu maravilhoso ramen, dattebayo! – Naruto já babava ao lembrar-se de seu prato favorito de comida.

 

- Que problemático. – Suspirou Shikamaru. – E eu pensei que só as mulheres que eram problemáticas... Ai. - Temari havia lhe dado um pequeno tapa na cabeça.

 

- Deixe o menino em paz. Seu preguiçoso. – Falou Temari toda sorridente. Fazendo até o próprio Shikamaru rir da situação e dar-lhe um beijo.

 

           Não contei? De uns tempos para cá, os dois estavam muito próximos e todos desconfiavam que rolasse algo entre os dois. Até que um dia, Kankurou, um dos irmãos da Temari, acabou pegando os dois se beijando numa posição constrangedora.

 

- Eu tenho quer ir dormir. Quero acordar cedo para treinar amanhã. – Falava Tenten. – Vamos, gente?

 

- Claro! Não deixaria você ir sozinha. – Falou Lee seu... Namorado.

 

           *Riso* Fora até estranho, mas realmente eles estavam namorando. Tenten fora consolada pelo mesmo, já que descobrira um Neji aos beijos e abraços com a Hyuuga dos olhos pérolas e cabelos azulados.

 

           Todos se levantaram, preparando-se para partir, enquanto pagavam a conta.

 

- Ino-san, você vem conosco? – Indagou Hinata timidamente.

 

- Dessa vez não. O dono do bar, que é meu tio, me pediu para fechar as portas, já que ele teve que ir embora logo cedo.

 

- Tudo bem então. – Hinata sorriu.

 

- E você, Sakura-chan? – Dessa vez foi Neji que se pronunciou.

 

- Eu? – Sakura parecia que tinha voltado a si. Talvez, tivesse perdida em pensamentos. - Ah... Eu vou ficar aqui com a Ino. Ajudando, sabe. – Todos estranharam a Sakura ficar aqui para me ajudar, principalmente eu. Pois não era de seu costume. Mas ninguém quis levar a sério e partiram em suas direções.

 

           Despedi-me de todos. E encontrei um olhar sério da rosada me encarando.

 

- Ino, você cantou aquela para ele, não foi? – Sakura acertou em cheio. Então afirmei com a cabeça, tristemente. – Por que você faz isso? Sabe que ele não vai mais voltar. – Novamente aquelas palavras. – Ele matou o Kakashi há um mês.

 

- Mas... Ele teve um grande motivo para isso. – Minha voz já falhava.

 

- Que motivo seria esse?! – Exclamou.

 

-Er... – Eu realmente não sabia. Talvez...

 

- Acredite Ino, como todos já sabem. Até o Naruto desistiu de trazê-lo de volta, quando presenciou o Uchiha matando nosso sensei. Ele não passa de um traidor.

 

           Logo Sakura que dizia que o amava, pronunciando tais palavras. Sasuke-kun, não fizera por mau... Eu sabia.

 

- Cala a boca! – Exclamei, já chorando. – Você não sabe de nada!

 

- Eu estava no mesmo time que ele!

 

- E daí? Você nunca o entendeu. Eu sim. Como só ele me entendia. Eu o amo e não vou acreditar nessas idiotices, Sakura.

 

- Ino, você vai acreditar nele só por que disse um ‘eu te amo’? Que ridículo! Ele pode ter te enganado sabia?

 

Aquilo era o fim. Como ela soube disso?

 

- Como você sabe disso? – Falei surpresa.

 

- Eu vi, querida. E posso te dizer que aquele traidor estava apenas dizendo da boca para fora. Nunca! Nunca te amou... – A interrompi com um tapa em seu rosto.

 

- Não fale mais isso! Sua louca! Mesmo que você fosse da família dele, você nunca o entenderia. Não seja tola. E por favor... Saia daqui! – Gritei, irritava ainda chorando.

 

           Mirou novamente meus olhos azulados e saiu do bar irritada. Realmente ninguém me entendia. Só ele. Sasuke-kun.

 

Só com ele mostrei minhas alegrias e minhas tristezas. Até o mesmo chorou perante mim. Tirou aquela máscara fria que sempre mantinha e chorou em meus braços, expressando todas suas dores , todos seus pecados. Só nós dois entendíamos um ao outro.

 

Ele sabia que eu era mais que um vestido bonito no corpo, e com uma bela voz. Só eu sabia que diante daquela imagem de vingador, ele era apenas um menino que queria o amor e o carinho que tiraram dele.

 

O meu menino.

 

 

 

Querido, então compartilhe comigo

 

Seu amor se você tiver o bastante.

 

Seu pranto se quiser chorar,

 

Ou dor se for o caso.

 

Como te fazer notar,

 

Sou mais que o vestido e a voz.

 

Apenas me alcance

 

Você saberá que não está sonhado.

 

 

 

           Enxuguei as lágrimas que caíam de meus olhos, enquanto pegava a chave do bar na estante das bebidas. Esperei que os garçons e os outros partissem. E quando estava sozinha fitei aquele seu canto especial.

 

           Fechei os olhos para poder sentir mais uma vez suas carícias e até mesmo sua voz. Porém senti um vento gelado atrás de mim.

 

“Pensei que já tinha fechado as janelas, que estranho.”

 

           Virei o meu corpo para trás e deixei, sem querer, as chaves caírem no mesmo instante em que minhas lágrimas transbordavam no rosto.

 

           Não acreditava no que via lá na porta. Ele Estava aqui mais uma vez no bar. Impregnando minhas narinas com seu cheiro de menta, fazendo-me perder novamente naqueles olhos negros. Seria mais uma ilusão? Estaria enganada?

 

           Mas ele não estava como um vingador. Nem como um sonhador. Estava como o meu amado. Com aquela face serena e sorrindo. Nem parecia que já havia sofrido e nem ficado em algum momento triste.

 

           Sasuke caminhou em minha direção, fechando a porta atrás de si; seus brilhando, até que chegou diante de mim.

 

- Ino... Eu... – Ele estava vermelho? Não acreditava, era realmente ele.

 

           O Abracei desesperadamente para silenciá-lo com um beijo suave, mostrando todo o amor que ainda nutria por ele.

 

- Por favor... Não fale nada. – Pedi, sorrindo ao separar nosso abraço e sentir novamente seus braços entrelaçarem minha cintura.

 

           Ele trouxe mais uma vez seus lábios frios, por causa do vento, aos meus. E só naquele momento percebi que Sasuke estava molhado por causa da chuva que caía lá fora.

 

- Você está todo molhado. – murmurei em seu ouvido.

 

- Eu não poderia perder a chance de te ver novamente. – declarou como se fosse uma melodia em meus ouvidos. – A chance de sentir seu calor. A chance de dizer... Eu te amo. 

 

           Naquele instante só pude chorar e sentir as sensações que durante todo o tempo, nós dois sentíamos. Sabia que não era um sonho. E que finalmente poderia acabar com todo o nosso rancor.

 

           Então, beijei-lhe novamente, como se aquele fosse o último momento. Um momento de saudades e amor que sempre nutrimos.

 

 

 

Querido, então lá está você.

 

Com aquele olhar em sua face.

 

Como se você nunca tivesse sofrido,

 

Como se você nunca tivesse ficado triste.

 

Eu seria a única para você.

 

Quem te belisca suavemente, mas certamente

 

Se um rancor é mostrado em seguida,

 

Saberia que você não era um sonhador.