Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 6
5. De cara com o inimigo.


Notas iniciais do capítulo

Digam olá ao Chris cafajeste Molina. rss



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Cinco

De cara com o inimigo.

Mas eu sei. Você é minha única exceção.

— Vamos para casa? — Murmurei impaciente para minha mãe. A única parte que tinha valido a pena foi conhecer Molly.

Minha mãe sorriu quando eu falei que a filha do vice-prefeito tinha acabado de dizer que meu anel era magnifico. Ela ficou tão feliz que me abraçou.

— Só espere mais um minuto. — Mamãe sussurrou de volta. O que ainda faltava para ela ver? — Vou com seu pai cumprimentar um possível sócio. Você pode nos esperar perto da porta? Não quero te encher com esse assunto chato de trabalho. Prometo não demorar.

Papai estava de pé distante de nós, conversa com dois homens. Bastou Marta sussurrar algo em seu ouvido e os dois caminharam para longe. Despedi-me do pai de Frankie, fora o único que sobrou na mesa. Não havia notícia de sua filha ou sua esposa.

Caminhei até a saída e esperaria por eles ali.

— Ora, ora, ora... A caixa da farmácia usa diamantes? — A voz grossa e sarcástica me arrepiou. Não queria olhar para trás. Não queria encará-lo, mas não tinha jeito. Se ele fizesse um escândalo?

— A vida é muito irônica, não é? — Tentei soar no mesmo tom.

— Tenho certeza que seus pais não sabem da sua vida extracurricular, não é?

— Não é da sua conta, mas... Infelizmente fui demitida. Algo me diz que por sua causa. — Rosnei baixo. Ele riu alto.

Debochado.

— Você entende de camisinhas? Indicou-me a melhor marca. Pelo visto deve...

— Nem continue! Você é muito cretino mesmo! Né? Meus pais estão chegando e não vale a pena eu me indispor com meu noivo por sua causa! — Blefei. Queria sair o mais rápido de nossa conversa antes que meus pais se aproximassem e ouvissem.

— Gatinha brava! É noiva então? Que desperdício... — Debochou. — O que ele iria dizer se te visse abraçada comigo? — E sem eu perceber Christopher me tomou pela cintura e encostou meu corpo no seu. Sua língua perigosa circulou o lóbulo da minha orelha e então o clarão nos pegou. Um flash. Estávamos sendo fotografados e eu estaria morta se o então meu “noivo” visse.

— Você é louco? — Abafei o grito quando o empurrei — Você não sabe a encrenca que está me metendo!

— O noivinho é ciumento? — Debochou novamente e mordeu os lábios, Christopher debruçou-se em um pilar e me lançou um sorriso travesso. Eu estava completamente tremula.

— Não é da sua conta!

— Então ele é. — Gargalhou.

— Interrompo? — Greg disse suavemente. Parecia curioso.

— Não. Vamos embora. — Praticamente gritei. Mamãe me olhou de cara feia.

— Essa não foi à educação que eu te dei, por Deus!...

— Deixe-a Sra. Sullivan. Se o casamento não amansá-la...

— Chris! — Então a morena fuziladora apareceu e interrompeu sua frase. O que ele ia falar sobre meu casamento? Molly estava junto com o loiro que supus ser seu marido. — Eu te procurei por todo o lado... — Ele ficou rígido de repente. Greg o encarou e Marta ficou sem ação.

— Felipa, você já vai? — Eu sorri amplamente para ela. Molly passou pela morena e Christopher e me abraçou — Ela é tão linda, não é? Simplesmente a mais linda da noite. — E então piscou para Christopher. Meu estômago embrulhou.

— Que simpática! — Marta declarou e eu concordei. Estava quase corando.

— Nina. Espere-me no carro.

— Mas Chris...

— Eu tenho que tirar umas fotos. Vá. — Ele a interrompeu grosseiramente. Ela se foi. Molly pareceu feliz com isso.

— Temos mesmo. Venha Felipa, quero uma foto com a minha nova amiga ao lado do melhor amigo do meu marido. Vocês ficam ótimos juntos. — Ela sorria e parecia tão feliz. Eu não podia negar. Meus pais sussurraram que me esperariam no carro.

— Cuidado Molly, o noivo dela é ciumento... — Debochou ele, outra vez. Seu amigo riu animado e a esposa revirou os olhos.

— Você é tão cretino ás vezes, Molina. Venha querida. Você vai se acostumar com esse jeito idiota dele... — COMO ASSIM? Eu não sou tão idiota... Ele simplesmente me olhava e debochava da minha cara. Ele sabia quem era meu noivo. Será que era algum de seus amigos?

— Você sabe! — Disparei com pressa. Molly que tentava me puxar parou. — Você sabe quem é meu noivo, diz agora! Seu prepotente imbecil! — Sua feição divertida se fechou. Ele não esperava por aquilo.

— Como... Assim? Você é louca! — Se defendeu e eu estreitei os olhos.

— Você está mentido! — Queria socá-lo.

— Para de brincar com a menina, Chris...

Seu amigo estava gargalhando e Molly ao meu lado apreensiva. E então como uma luz no fim do túnel uma coisa passou por minha cabeça... Mas, não. Não podia ser!

— É você... — Dessa vez eu estava calma. Tão calma que ele estranhou. Sua feição confirmou tudo. Ele estava nervoso. Não sabia se ria ou desmentia. Ele simplesmente se entregou. — É você esse tempo todo... Como?

— Hora da foto Felipa! — Molly me puxou e de repente estávamos fora do local. A mão de Christopher passou por minha cintura e o marido de Molly a abraçou.

— A noivinha tem que parecer muito feliz ao lado do noivinho. O mundo todo saberá de nós agora, querida. Sorria.

As mãos apertaram o lado esquerdo da minha cintura. Ele segurava minha mão direita estrategicamente para fotografarem nossos anéis de noivado. Era ele... E eu simplesmente estava chocada.

Os flashes vieram em ondas. Uma atrás da outra e cada aparição era uma sensação diferente. E poses diferentes. De repente já não estávamos mais na posição da foto. Christopher ainda tinha suas mãos possessivas envoltas a minha cintura e falava animadamente com um repórter sobre seu noivado com a bela dama que ganhou muito destaque nas últimas semanas. Eu era a rica santa. E tudo pareceu fazer sentido.

— Não dava mais para esconder. Os últimos meses foram muito bons para nós, mas estar nos locais públicos separados doía. — Ele murmurou quando um repórter perguntou o motivo do anonimato.

— E a morena que sempre está junto com você, o que é sua?

— Prima da Felipa. Minha noiva é tão ciumenta que coloca a prima como cão de guarda. — Tentei não matá-lo em público. O repórter fingiu surpresa.

— A senhorita é muito ciumenta mesmo?

— Ah ela é! — Ele respondeu por mim. O repórter colocou o microfone na minha direção e eu ri nervosamente.

— Não mais que ele... — Tentei parecer normal.

— Quando pretendem se casar?

— Breve. Não aguento mais passar um dia longe dessa mulher. É impossível não ser o mais ciumento da relação, não? — E assim ele finalizou a entrevista.

Continuamos sorrindo caminhando para o estacionamento e então quando não havia câmeras e me desvencilhei dos seus braços.

— Você é um louco! Psicopata! Como você compra uma mulher? É tão odiável que precisa pagar para se casarem com você? — Com certeza o peguei de surpresa. Ele rosnou entre dentes.

— Eu salvei sua família da falência. Essa roupa que você está desfilando hoje é comprada com meu dinheiro. Inclusive todas as outras. Nunca paguei tão caro por uma mulher... — A pergunta era por quê? — Mas isso não é da sua conta. Agora que sabe quem sou eu meu advogado vai levar um pequeno contrato para que você assine.

CONTRATO? Ah, eu iria matá-lo... Com certeza eu iria.

— Se você quer mesmo se casar comigo saiba que sua vida será o verdadeiro inferno... — Ele riu e paramos quando chegamos perto do carro dos meus pais.

— Eu já vivo o inferno. Espero que você seja meu paraíso. Até logo, amor. — E então ousadamente apertou-me contra seu corpo e selou nossos lábios. Leve e rápido. E eu me odiei por querer um pouco mais.

xXx

Um trovão forte me acordou, o relógio no criado mudo marcava 05h41min da manhã. A chuva geralmente me dava medo, desastres naturais aconteciam todos os dias em vários lugares do mundo, mas eu temia que um dia pudesse presenciar algum deles em Seattle, sabendo que hora ou outra presenciaria de qualquer fora.

Levantei-me e andei cambaleante até a janela do meu quarto. Tinha um desprazer em morar no último andar de um prédio, principalmente quando se trata de uma das construções mais antigas da cidade. O maior e mais bonito arranha-céu. Eu estava mais próxima dos raios e trovões e o barulho era três vezes mais aterrorizante do que estar no primeiro andar. O céu iluminava enquanto o raio atravessava-o e eu pude ver meu reflexo na janela. Maquiagem borrada. Como eu estava me sentindo traída! Minha mãe podia ter me confidenciado, mas preferiu que eu fosse humilhada por Christopher Molina. E agora que já sei quem ele é, meu tão famoso e invisível noivo, alguns sonhos meus fazem mais sentidos. Mas eu nunca me senti tão traída do que por eu mesma. Ando me sabotando quando sonho ou penso nele, é tão patético que sinto vergonha. Profunda vergonha.

Ás oito e meia eu já estava devidamente vestida e alimentada. Minha mãe discutia por telefone com alguém e andava de um lado por outro procurando por algo. Greg estava intacto no sofá. Seu terno de linho grafite polidamente arrumado parecia intocável e em sua mão direita havia um charuto apagado. Marta sumiu da nossa vista e ele pareceu aliviado, me encarou quando eu bocejei e depois voltou a olhar o ponto invisível da janela onde a chuva continuava a cair insistente.

— Eu já arrumei tudo com Alva e George. Christopher me disse que a adorável Molly Shepard estará lá conosco. Você terá bastante ajuda de todos nós para decidir tudo. A parte boa de ter dinheiro para um casamento chegou, querida!

Felicidade falsa. Minha, dela e de meu pai. Nós sorrimos ensaiados, como se fosse um treinamento, como se algum fotografo estivesse por perto, como se o próprio Molina estivesse perto.

— Então vamos logo. — Greg bufou, apertei minha bolsa embaixo do braço e o segui.

O silêncio foi infernal durante todos os quase dois minutos que estivemos presos dentro do quadrado 4x4 chamado elevador. Meu pai falou ao telefone que não poderia comparecer a empresa na hora prevista e remarcou alguma reunião, quando descemos no andar térreo me senti completamente aliviada em nosso carro estar perto, quentinha e confortável.

— Você vai conhecer sua futura casa. Sinta-se feliz, Felipa. Sorria como se estivesse chovendo marshmallow e chocolate.

— Eu entendi tudo, mãe. — Ela assentiu assim que o grande portão de ferro se abriu para nós.

Christopher morava no lardo norte da cidade, o lado nobre e residencial. Com mansões incrivelmente sofisticadas e maravilhosas. Frankie e eu sempre sonhávamos em morar do lado elegante da nossa cidade e ela morreria de inveja quando descobrisse onde eu estaria após o casamento, como se isso fosse bem bacana.

A casa era o oposto de tudo que eu imaginei. Cercada de pinheiros, fachada na parte superior repleta de vidros dando uma visão perfeita da vizinhança. Na parte inferior revestida de madeira. Uma decoração linda. O jardim na entrada era simples e tinha flores distintas, porém pouquíssimas e algumas até mortas. Imaginei que a mãe de Christopher deveria cuidar de suas flores.

Quando papai abriu a porta um homem apareceu com três guarda-chuvas. Um deles entregou a Greg e abriu os outros dois, contornou o carro, abriu a porta do carona para mim e mamãe e de alguma forma mágica nos guiou embaixo dos guarda-chuvas para dentro da mansão Molina. Se o lado de fora era lindo, por dentro era uma espécie de perfeito com maravilhoso. A decoração recente, requintada, perfeita. Iluminada, janelas de vidros por toda a sala de star, cortinas venezianas cor de creme desbotado. Sofás largos; e poltronas do mesmo tom. O lindo verniz amadeirado em todo o piso por onde quer que minha visão alcance, a linda tela plana. Os quadros valiosos, alguns porta-retratos. Largas prateleiras com objetos de decoração. A mesa de centro e um tapete tão lindo que senti vontade de deitar e me emaranhar ali até nunca mais.

— Bom dia, senhores. O Sr. Molina está esperando por vocês na sala de jantar. — A voz era animada e o homem sorriu grandiosamente para mim e meus pais. — Por favor, me acompanhe. — Deixei que eles fossem à frente, me escondi nas costas largas do homem. Enquanto uma empregada recolhia nossos casacos pesados, papai reparava minuciosamente cada detalhe da mansão. Passamos por um pequeno corredor até ele abrir outra porta. Esse cômodo ainda era mais claro e fresco, uma risada doce ecoava de lá e eu soube que era de Molly assim que meus olhos encontraram o dela.

— Ah, eles chegaram! Bom dia Sr. e Sra. Sullivan, Felipa, querida! — Molly me abraçou forte e sorriu — Como está?

— Bem e você? — Sorri de volta — Bom dia a todos.

— Minha noivinha perfeita! — Havia tanto asco em suas palavras. — Alva, anjo, venha cá. — Christopher que estava do outro lado da sala, levantou-se da sua cadeira e apoiou sua mão nas costas da senhora ao seu lado — Está é Felipa. Marta e Gregório, meus sogros. — A mulher olhou profundamente os olhos dele, parecia angustiada — Felipa, essa senhora é como uma mãe, sempre foi.

— Estou mais para avó, menino! — Eles riram. Alva não era nada tímida, deu um abraço rápido em mim e meus pais. — É um prazer conhece-la, menina. Espero que você seja feliz. — Foi uma frase vazia e simples. Uma tensão surgiu na sala.

— Este é George! Será sua sombra por aqui já que Alva, mesmo eu sendo contra, decidiu se aposentar de vez. — George, o simpático mordomo, fez uma reverencia e eu sorri para ele. Parecia tão inofensivo quanto uma bela formiga. — E esse Pablo, marido dessa fofoqueira que você com certeza devem adorar, é porque não sabe que tem uma língua de trapo. — O homem olhou feio para ele e depois riu, Pablo beijou as costas da minha mão delicadamente e sorriu tranquilo.

— Ele a ama secretamente. — Brincou e eu me deixei rir o acompanhando. Molly estirou a língua para ele.

— Que seja, já chega de papo molenga. Melhor hora para experimentar tudo que vai ser servido no dia do seu casamento é agora mesmo! No meu eu aprovei esses salgadinhos de pasta de caviar e molho branco! Tem de calabresa também. É uma delícia, vem experimentar.

— Mas espera... — Falei em voz alta, Molly assustou-se e soltou meu braço, todos estavam atentos a mim — Falta alguém aqui.

— Quem, meu bem? — Ela me perguntou.

— A morena. — Ri por alto — Bonita; cabelos longos, olhos negros... Nina, seu nome é Nina. Na noite anterior ficou conhecida como minha prima! Sei bem que não tenho primas com esse nome! Onde está sua amante, Sr. Molina?

Continua...


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Notas finais do capítulo

É isso aí! Não esqueçam, quem curtiu... Comente!!!! Ahhh, e curtam a página no face.... https://www.facebook.com/incandescentetrilogia?ref=ts&fref=ts.
Quem não achar pode fazer barraco comigo! apospoks essa página vive me trollando.



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