Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 2
1. Um dia anormal.


Notas iniciais do capítulo

Hey, enquanto minhas leitoras desnaturadas não chegam, vou atualizando o próx cap!! Vou matar todas vocês quando aparecerem, hein, vulgo Lu, Bi, Sil, etc... E para as novas, não se assustem rsrs. Bjooo!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431037/chapter/2

Capítulo 1:

Um dia anormal.

— Por que diabos você está chegando aqui para a última aula? Surtou? Você perdeu uma prova importante de geometria. Assim ficará difícil entrar em alguma faculdade decente, Felipa. — Frankie era toda autoritária.

Estávamos trancadas no banheiro aproveitando o intervalo da última aula. Tínhamos mania de retocar a maquiagem em todos os intervalos entre as aulas, excesso de vaidade fazia mal, mas Fran não ligava para isso.

— Você por acaso teve algo a ver com a minha demissão? — Fui direto ao ponto. Ela borrou o batom vermelho em seus lábios e me encarou surpresa.

— Você deixou de estudar para ir ao trabalho? — Espantada. Essa foi sua reação. Eu sabia que ela não tinha mexido os palitinhos contra mim.

— Se você não sabe de nada, porque diabos ele me ligou ás seis da manhã e simplesmente me dispensou? Por quê? — Meus olhos marejaram e eu sabia que iria borrar o lápis de olho.

— Ahhh baby! — Frankie fez um muxoxo e me abraçou com força, por incrível que pareça ela estava me consolando — Ele só percebeu que você merece mais que ser caixa de uma farmácia!

— Eu precisava do emprego, Fran... — Funguei. Ela me soltou e vasculhou algo em sua bolsa, quando se virou pra mim estendeu-me um lenço de papel.

— Eu sei que você está louquíssima por um carro e doida pra me dispensar! Mas eu ainda sou sua melhor amiga de todos os tempos e seu motorista número um! Não tem necessidade de tanto sacrifício por causa de um carro, não é Felipa Sullivan? Além do mais... Você vai completar 18 anos...

— Não! Nada disso. Eu não posso sacar o meu fundo. Guardei pra faculdade. Minha mãe me mataria se eu simplesmente torasse a grana com um carro. — Frankie se calou e eu terminei de secar minhas lágrimas. A sirene estridente tocou indicando o começo da última aula.

Minha melhor amiga e eu saímos do banheiro sem muito papo. Andamos até o corredor dos armários, girei meu código para liberar a porta e saquei meus livros de química. Frankie demorou mais porque guardava os seus de biologia e pegava os de química, andamos juntos para o bloco de salas C e entramos na sala 407. O professor Hanks escrevia furiosamente na lousa e quase não tinha alunos na sala.

— Ele escreve tanto, tanto, tanto e não explica nada sobre ligações químicas. — Frankie resmungou e eu concordei. Ele era um péssimo professor e nós precisávamos de 4,5 para passar em química.

— Eu queria simplesmente comprar meu diploma e correr desse lugar! — Apesar de eu ser estudiosa havia coisas que não passavam por minha cabeça.

Por sorte a aula correu com a mesma rapidez da manhã. Fran me deu uma carona até em casa e rumou para sua. Mamãe estava sentada no sofá da sala e todo o restante era um perfeito silêncio. Pela primeira vez não tinha barulho de tevê ligada ou nenhum aparelho de som. Ela não estava tagarelando no telefone com nenhuma de suas amigas ou então reclamando com meu pai em algum cômodo.

— Mãe? — Ainda precisei chama-la para que ela pudesse notar que havia alguém além dela em casa. Os olhos pareciam sem vida e ela não disse nada quando me encarou.

— Seu pai ligou agora pouco... — A voz estava embargada e sombria — Sua vó não vai mais ajudar. — Ela simplesmente odiava a vovó e era por isso que eu não havia fazia anos. — Então ele fechou as portas hoje. Oficialmente estamos falidos.

— Porque a vovó não vai mais ajudar? — Foi tudo que consegui perguntar. Deixei minha bolsa cair no chão e sentei ao seu lado no sofá.

— Parece que aquela velha é mais egoísta do que eu pensei. — Rosnou.

— Mas... — A frase ficou no ar. — Onde está o papai?

— Adivinhe Felipa? Não precisa ser muito inteligente para saber.

Bebidas.

Jogos.

Vício.

Provavelmente era por isso que minha avó não queria mais ajudar. Apesar de ela ser a mãe dele, não queria passar a mão por sua cabeça e deixa-lo gastar o dinheiro que era para nos salvar com bebidas, jogos ou outras mulheres na rua. Nosso nome nunca esteve tão na lama quanto agora e eu conseguia entender a dor que minha mãe sentia. Ela sempre fora de uma boa família e estava encaminhada para um bom casamento quando se apaixonou por meu pai. Ele era jovem e muito bonito, começando seu próprio negócio. Mamãe deixou um cara rico para embarcar numa nova aventura com ele. Os dois batalharam juntos e anos depois eu nasci. Eles não falam muito do passado, mas tudo que eu sei é: nosso começo não foi fácil. E agora o nosso fim estava sendo pior ainda.

— Isso não é tudo. — Sua informação me fez ficar alerta. O que poderia ser pior? — Recebi essa carta há uma semana. Eu a guardei desde então. Tinha esperanças... Mas... — Ela apontou para a mesa de centro. Havia um envelope amarelo em cima dele. E tinha o selo de um banco. Minha garganta arranhou.

— É do nosso banco... — Constatei o óbvio.

— Seu pai hipotecou a casa para salvar a empresa.

Não... — Choque...

— Sim. É questão de tempo para o despejo. Se prepare. — Marta se levantou numa rapidez sensata. Eu conhecia bem minha mãe. Ela não era amorosa e sensível. Sempre fria e forte, mas no fundo chorava sozinha. O tipo de pessoa triste. Como dizem: só amor não é suficiente. Foi o que aconteceu com ela e papai.

Duas horas depois os gritos começaram e eu não tive a coragem de sair do conforto do meu quarto. Ainda observava as cortinas cor de rosa e como tudo era minuciosamente do jeito que eu queria. Cada detalhe. Quadro e porta-retratos, tudo estava adequado do jeito que papai e mamãe podiam. Digo de situação financeira e até admito que se fossemos mais “pobres” nunca teria um quarto como este. Uma casa como essa. Uma vida como essa. E queria saber o que seria de nós no instante que nos colocassem para fora.

— Felipa! — Os gritos da minha mãe me acordaram na madruga. Ela andava de um lado para o outro e parecia chorar. Não saberia dizer, passei as costas das minhas mãos nos olhos tentando desembaçar.

— O que houve mãe?

— Levanta dessa cama. — Puxou minha coberta. Um vento gelado soprou pela janela balançando as cortinas — O seu pai...

— O que aconteceu com o papai? — Me levantei em um pulo. Ela acendeu a luz e abriu a porta do closet, entrou nele e só saiu com um vestido e um casaco.

— Se veste rápido. Seu pai arrumou uma solução para os nossos problemas.

— O quê? Como? — Eu quase podia ficar feliz se não fosse por sua aflição. Ela me passou a roupa e eu me troquei em sua frente. O vestido era simples, preto e dois palmos acima do joelho. O casaco era quase um terninho, de cetim e cor de sorvete de baunilha. Em seguida Marta me passou um par de sapatos meio salto. Corri para lavar o rosto e ela me ajudou a fazer um coque e passar pó de arroz e um gloss. Seja lá o que fosse não era bom. Marta chorava. Mamãe chorando em publico não era nada comum.

— Ele só disse para irmos ao cassino L’amour. — Eu paralisei. Como a solução estava em um cassino que hora ou outra era fechado?

— Mamãe eu sou menor... — Alertei-a.

— Vamos Felipa.

*~*
 

— Mãe pelo amor de Deus... O que estamos fazendo nesse lugar? — Vulgar. Totalmente vulgar. Havia mulheres dançando em pole-dance e homens fumando charutos por todos os lados. Só o meu pai podia estar envolvido em lugares como esse. Até que a pobreza nos cairia bem, ao menos ele não teria mais colhões para por o pé nesse lugar.

— Você acha que eu nasci para estar aqui? — Superior como sempre ela rosnou. Marta não soltava sua mão da minha e apertava forte. Lembrei-me de Frankie e de como ela tinha reagido com meu trabalho no subúrbio, ela lembrava muito minha mãe. Com certeza enfartaria se tivesse aqui agora.

— Ali! — Apontei para uma grande mesa redonda. Alguns homens jogavam carteados ao lado, mas nessa mesa havia duas pessoas. Meu pai e outro homem, aparentemente de meia idade e ambos estavam com as feições fechadas. Sérios e rígidos no acento. Mamãe me puxou com rapidez até ele. Papai pareceu aliviado em nos ver. Ele levantou e passou seus braços pelo ombro da minha mãe, sussurrou algo no ouvido dela. Pareceu chocá-la. Eu também estava chocada.

— O que você fez? — Marta gritou. Mesmo com a música alta eu ouvi seu grito. Ela estava horrorizada.

— O que houve? — Sibilei para ela. Marta tentou se desvencilhar dos braços do papai, ele a segurou com mais força. “Não tem jeito” seus lábios murmuraram.

— Eu odeio você. — Ela respondeu de volta. E então sua mão ágio estava na minha novamente — Eu sinto tanto... — Lamentou. Os olhos marejaram. O que diabos estavam acontecendo?

— Mãe? — Ela me acolheu em um abraço. Ela nunca abraçava e isso me deixou mais preocupada.

— Seu pai apostou você... — Sua voz era de dor. Dor. Minha mãe estava sofrendo.

MAS.

MAS.

MAIS? MEU PAI ME APOSTOU?

Eu gritei. Gritei o máximo que pude em minha mente. Eu nunca tinha gritado tanto na vida. Papai ao meu lado virou o rosto em outra direção. Eu tentei avançar para ele, tirar alguma satisfação. Marta me segurou. Sussurrou palavras desconexas no meu ouvido. “A casa está à salva. A empresa. Nossa vida... Tudo...” ela dizia. E eu? O que aconteceria comigo. Sem eu perceber já estava sentada na mesa. Minha mãe assinava folhas e mais folhas. O homem bochechudo de cabelos grisalhos continuava sério e conversava com meu pai que em seguida assinou embaixo da assinatura da minha mãe. Minhas mãos tremiam tanto e suavam frio. O homem passou uma pequena caixa de madeira para meu pai e em seguida um envelope. Papai assentiu, eles apertaram a mão e mamãe tentou forçar um sorriso educado, em seguida os dois se colocaram de pé. Eu me coloquei também, Marta voltou com suas mãos na minha e as apertou com força. Estávamos indo para casa. Tudo ficaria bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey docesss!!! Como foi o primeiro capítulo? Gostaram? Espero q sim, ahhh... Se encontrarem algum erro avisem-me, por favor. Revisei umas trocentas vezes, mas sou muito desatenta e preguiçosa. Péssima em gramática! Jesus apaga a luz! Bj gatas, até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Incandescente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.