Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 10
9. Nina Vermont


Notas iniciais do capítulo

Ihh, mas eu tô muito é magoada com vocês... Felipa também ): Eu sei que você tá lendo, dona Bia. E tem um monte de gente também, ninguém se dispõe a deixar um recadinho, né Molly? Sdds do fake.. ): Lembro que no meu aniversário em 2011, na primeira versão de Incandescente, me deram de presentes uns 3.000 UPS. Hahaha, ISSO É UMA INDIRETA PARA OS FANTASMAS. EEEE, HAPPY B-DAY TO ME!! Bjocas, princesas.



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POV em terceira pessoa.

Em um canto afastado da cidade há uma casa entre montanhas e rios. Nina sempre preferiu ser solitária, apesar de gostar de pessoas. Gostar de ser rodeada por muitas delas. Sente-se só, mas no fundo sempre quer um lugar onde possa demonstrar quem realmente é. Longe da cidade ela pode fazer isso muito bem.

No chão da sala de star, deitada em tapetes de camurça há duas mulheres, Olívia e Charlotte. Uma Nina conheceu na faculdade, no mesmo dia em que conheceu Christopher, Charlotte e ela viraram amigas inseparáveis desde então, mas Olívia sempre foi mais especial. Sempre teve um lugar reservado para ela. É muito mais do que uma amiga, apesar de Nina manter esse segredo a sete chaves. Dizem que segredo só existe se for entre duas pessoas, ao escapar desse ciclo vira fofoca. Apenas Olívia e ela guardam o que vivem, apesar de Nina querer de vez acabar com a “relação” tortuosa que tem com a melhor amiga. Mas é Olívia que não a deixa escapar... É como uma obsessão. E todos sabem como histórias obsessivas acabam não é mesmo?

― Seu namorado está se casando... ― Olívia debocha e olha para o sofá onde Nina está deitada. Ela esconde o rosto em uma almofada, mas ainda assim pode ouvir o riso debochado da amiga.

― Christopher não é meu namorado ― Suspira fundo tirando a almofada do rosto ― Ele é o meu homem. Meu marido. E assim que aquela coisa estiver na mansão, eu me instalarei lá para certificar-me que não passarão uma noite se quer juntos.

― Se acalma Nani. Olívia deixe-a em paz, você não percebe que ela está uma pilha de nervos? ― Charlotte intervém. As três ficam em silêncio, mas no rosto bronzeado de Olívia há um sorriso vitorioso.

― Nada me abala. ― Diz firmemente Nina.

Olívia se ajoelha e apoia o cotovelo no sofá em que Nina está deitada, ela olha profundamente os olhos perdidos da amiga antes de deixar que uma risada boba escapasse por seus lábios ― Você não quer deitar um pouco, Nani? ― Usa o apelido inocente que Charlotte deu a Nina no dia em que se conheceram.

― Por que você nunca me deixa em paz? ― Há mais sinceridade do que queria expressar. Nina deixa uma risada oca surgir, Charlotte está acostumada com o tratamento das duas. ― Eu já estou deitada, não está vendo?

― Na cama.

― Ela está bem Olívia! ― Exclama Charlotte.

― Ela tem essa mania inconveniente! Que droga Olívia! O que você quer de mim afinal? ― Nina estreitou os olhos, Olívia esboçou o sorriso mais inocente possível. Como uma gatinha manhosa deixou sua mão roçar na coxa desnuda de Nina devido ao short curto que usava, a mesma afastou depressa e encarou Charlotte que parecia alheia fitando o teto.

― Você sabe ― Sibilou numa voz sussurrada para Nina que fechou os olhos com força ― Eu só quero que você fique feliz amiga! Vamos lá, saia dessa deprê! ― E então aumentou a voz fingindo um tom solidário.

― Eu tive uma ideia... ― Nina a ignora e senta no sofá, Charlotte acompanha seus movimentos.

― Algo maligno? ― Pergunta a moça, a mais inocente das duas.

― Totalmente maligno, amor ― Responde Nina. Charlotte fica arrepiada com o tom da amiga ― Nós vamos a essa festa de casamento. Acho que não teria um momento mais perfeito para estragar a lua de mel de alguém. ― Saltou do sofá e correu para as escadas que dava para o segundo andar.

xXx

Olívia passava as mãos com delicadeza pelo pescoço nu de Nina. As duas olhavam fixamente o grande espelho do banheiro.

― Você fica tão bonita de vermelho... ― Sussurrou causando arrepios em Nina. Por mais que ela quisesse sair da teia de Olívia, era quase impossível.

― Você... Também está... Hm. Bonita ― Pigarreou no meio da frase. Os olhos de Olívia se encontraram com os seus no espelho.

― Fica comigo...? ― O pedido era torturante. A voz era sofrida. Nina respirou fundo ignorando, continuou passando seu batom rosa nos lábios ― Não finge que não está escutando, Nina Vermont. Eu posso te dar tudo que ele nunca vai poder. Ele não te ama, você não percebe?

― Nem você. Parece um fantasma, não me deixa em paz! ― Nina quase gritou. Olívia tirou a mão do seu pescoço e se afastou alguns centímetros do seu corpo. ― Eu disse que você deveria continuar em Angeles. Viver sua vida lá.

― Los Angeles não tinha você. ― Disse simplesmente.

― Nós somos apenas amigas, Olívia. ― As duas continuavam fitando-se no grande espelho, Olívia riu com raiva, suas mãos puxaram o corpo de Nina contra o seu, as duas mulheres cambalearam até encontrarem a parede fria revestida de azulejos negros. Olívia encurralou-a ali.

― Qual é o problema? Eu ser mulher? Já provei que posso te fazer muito mais completa sem um pênis ― Nina revirou os olhos ― Você sempre atingiu o orgasmo comigo. Sempre gemeu e gritou enlouquecida de amor. Em uma das vezes disse que me amava! Era mentira Nina?

― Eu amo! Como amiga. ― Isso quebrava o coração de Olívia, ela apertou mais seu corpo contra o dela.

― Eu sou gostosa. Como você. Tão linda quanto você, sou digna para estar ao seu lado! É dinheiro? Você sabe que tenho Nina! Eu sei você não se importa só com o “pênis”.

― Eu o amo! ― Suprimiu o grito, Olívia gargalhou ― É sério. Christopher é o homem da minha vida. Eu o amo! Você é linda, Liv. Rica. E divertida. Mas não é assim que eu te amo... Não do jeito que você quer...

― Você está mentindo! ― Gritou Olívia. Desesperadamente ela segurou o rosto de Nina entre suas mãos. ― Não interessa. Eu não vou a lugar algum, querida. Não vou tirar meu time de campo. Enquanto você tortura a pobre da mulher do Christopher, eu torturo você. ― E então atacou a boca de Nina. No início ela tentou de todas as formas, mas Nina era irredutível, mas no fim cedeu. Abriu passagem para a língua quente de Olívia acariciar a sua, as mãos saíram de seu rosto para sua cintura e a outra em seu seio esquerdo. Olívia era boa no que fazia, sugava e mordia o lábio inferior de Nina e conduzia o beijo de sua maneira. Rápido, quente e preciso. Não era difícil para elas, se entendiam muito bem quando estavam na cama e fora dela. As duas tinham o mesmo gênio tempestivo, mas Olívia era pior. Muito pior. E sempre conseguia tudo que queria.

Toc. Toc. Toc.

Mas uma batida na porta as atrapalhou. Nina a empurrou com força, Olívia fechou o punho com raiva.

― Vocês estão bem aí? ― Charlotte gritou do lado de fora. O vestido carmim de Nina estava todo amarrotado, ela tentava sem jeito coloca-lo no lugar e Olívia ria ajeitando seu próprio vestido. Todas elas vestiam longo. Nina passou a mão pelo cabelo negro preso em um coque elegante.

― Estamos bem, Char. ― Murmurou com a voz falha.

― Nós já vamos. ― Olívia reforçou ― É sempre delicioso beijar você... ― Sussurrou para Nina destrancando a porta do banheiro, saindo rápido e deixando-a sozinha.

POV Felipa.

Duas semanas pode passar muito rápido se você estiver envolvida em cinquenta mil projetos. Christopher recentemente deixou-me encarregada de alguns assuntos de sua empresa, alguns que sua mãe costuma dirigir. Todos eles envolvidos a caridade e sustentabilidade. Eu queria conversar com ele sobre faculdade, mas resolvi que era cedo abordar o assunto já que eu não havia recebido nenhuma carta resposta para faculdades dos Estados Unidos. Mas, agora não é mais isso que importa. Não quando se já é casada. Quando se disse sim perante um juiz e um padre, quando se comprometeu tendo os homens como testemunhas. Quando se jura que vai amar alguém até a morte é melhor cumprir.

O vestido está tão pesado... Valentina Dior é a santa casamenteira, são tantos elogios e olhares invejosos sobre ele. Sobre mim. Sobre Christopher. Mas estou bem. Pareço calma e controlada, mas no fundo estou fervendo de ódio. Borbulhando. E eu sei que ele também está. Seu teatro não compra a mim.

― Tem uma pessoa que eu gostaria que você conhecesse de uma vez ― Ele murmurou gentil no meu ouvido.

Estávamos cumprimentando todos os convidados, mas havia muitas pessoas que eu não conhecia. Tantas que estava até perdida. A maioria dos meus padrinhos eram amigos de Christopher, a não ser por Frankie. Sim, ele permitiu que ela continuasse com seu posto, apesar de odiá-la com fervor. Agora posso ver um pequeno ovo se formando em sua barriga. E como ela prefere usar roupas largas e legging.

― Quem? ― Pergunto curiosa. Ele como sempre ignora. Eu o acompanho pelo salão. É grande e movimentado, dou uma boa olhada para a decoração, parece simples... Mas a tom prateado e dourado por todo o lado. E grandes banners com fotos minhas e de Chris. Há slides com fotos girando no teto também... Tão exagerado. Também tem flores. Peônias brancas e lírios. Na mesa onde tem a decoração principal com chocolates e um bolo deslumbrante de casamento há orquídeas brancas. Quase chorei de emoção por vê-las.

― Querida. Essa é a minha tia, Amélia. ― A mulher que se põe de pé tem por volta de seus quarenta anos? Não sei dizer. Ela é linda. Tem olhos verdes como os de seu sobrinho. E eu que pensava que ele não tinha parentes vivos. Sei que há ligação sanguínea pela semelhança. Ela também tem cabelo liso e escuro. Eu sou a única loira chamativa na família. E ela está com um vestido purpura tão lindo que chego a sentir inveja. Do mal.

― Oh! ― Balbucio pasma, Amélia troca um abraço rápido comigo e sorri simples. ― É um prazer conhece-la.

― O prazer é todo meu, querida. Você é tão bonita... Fico triste por não ter comparecido a festa de noivado, estive muito doente... Mas meu sobrinho é muito ocupado, provavelmente não teve tempo de leva-la para me conhecer. Fico triste, sabe? Já que sou a única família dele e o menino mal se importa em saber como estou. ― Ela está totalmente indignada, isso é um fato.

― Não se faça de coitadinha que você fica irresistível, tia Amélia! ― Brincou ele.

― Ele realmente esteve muito... Hm... Ocupado ― Tento defende-lo e ela solta uma gargalhada exagerada.

― Arrumou uma esposa fiel, não meu caro? Felicidades aos noivos! ― Levantou sua taça cheia de champanhe e tomou após nos oferecer. Christopher riu e saiu de perto me puxando. O estranho de tudo, que por mais que eles falassem num tom amistoso, educado e familiar, pareciam hostis e sarcásticos. E ela estava só. Sentada em uma mesa para quatro e sozinha.

― O que achou dela? ― Perguntou quando já estávamos longe o suficiente.

― Parece ser uma pessoa legal...

― Fique longe dela. ― Sorriu ― O que ela tem de legal, tem de venenosa. É por isso que raramente a veremos. E é por isso também que ela não herdou um centavo do meu pai.

Christopher me puxou para dançar a seguir. A música era calma e ao mesmo tempo animada, eu estava exausta. Encostei minha cabeça em seu ombro e ri quando ele falou que meu cabelo cheirava a chiclete. De tanto gel fixador que minha adorável cabeleireira passou. Enquanto rodopiávamos em silêncio, observei outras pessoas nos acompanhar na pista de dança e o DJ animar-se. Era apenas o começo da festa. O começo de tudo e eu já estava ansiosa para o fim.

― Christopher. ― Minha voz estava engasgada. Parei de dançar, ele acompanhou meu olhar; Três mulheres adentravam o salão de festas. Elegantes e parecidas. A de vestido preto olhava por todos os lados e parecia procurar alguém, mas as três ficaram paralisadas ao nos fitar. Nina estava no meio delas com um vestido carmim. Sua echarpe deixava uma parte do ombro nu. Ela simplesmente sorriu para nos e acenou.

― Não é possível... ― Rosnou baixinho. ― Me diz que é miragem, Felipa.

― Me diz você que é miragem, Christopher! ― Uma mão fria tocou meu braço, era Molly. Estava tão diferente com os cabelos encaracolados. O vestido negro fazia um contraste perfeito com o ruivo dos cabelos e as sardas em seu rosto. Os olhos perdidos nas três mulheres que continuam estáticas esperando alguém para recebê-las.

― Faça alguma coisa ― Grunhiu ela para Christopher ― Bote o lixo para fora, por favor. Tem gente demais aqui. Gente que sabe sobre vocês dois.

― Qualquer um com um pouquinho de criatividade e acesso ao Google sabe sobre vocês dois. ― Rebati. Ele franziu o cenho.

Observei enquanto a tia de Christopher se aproximava das moças, ela abraçou primeiro Nina, depois suas amigas. As três pareciam conversar e davam risadas. Em seguida Amélia conduziu as meninas para sua mesa. Parecia tudo tão premeditado... De repente fez sentido. Ela esteve à noite inteira sozinha em uma mesa para quatro. E ele estava certo. Sua tia era mesmo uma cobra venenosa.

― Não vou aturar isso! ― Me exaltei ― Tira essas quatro daqui. A vaca da sua tia a acolheu! Meu Deus, que humilhação! ― Escondi meu rosto entre as mãos. Todos pareciam cochichar sobre isso e eu não sabia onde me esconder.

― Tarde demais baby... Ela já sentou. Atraiu atenção demais para sair ― Molly sussurrou tristemente. Christopher estava estático. Igual uma estatua.

Eu já deveria saber que a noite só estava começando. Martha esteve o tempo todo apavorada com a presença de Nina, o motivo: medo de ela fazer um escândalo. Percebi que Christopher também temia por isso, no entanto, não fez nada. Eu me mantive forte até o último convidado deixar a festa. Mas as quatro mulheres ainda estavam lá. Elas tinham ficado. As últimas, como se fossem a dona da casa. Mas não eram. Agora era eu. Enfim era uma Molina, a dona da casa... Minha garganta secou com esse pensamento. Eu não queria ter que ser a pessoa a dizer que elas deveriam ir... Mas... O que faria? Christopher estava resolvendo algumas coisas com os empregados e parecia olhar para mim, tentando pedir ajuda de alguma forma. Mas eu estava tão cansada que não sabia o que fazer. Andei vacilante até mesa onde as quatro mulheres estavam. Quis ter um relógio para jogar a hora na cara delas.

― Lá vem à noiva toda de branco! ― A de vestido preto e maquiagem escura gritou. Estava visivelmente embriagada. E sorria levemente. Era bonita, tinha a pele bronzeada. Certamente bronzeamento artificial. Ou esteve em outra cidade recentemente... ― Desculpe-me penetrar a festa... MAS! Minha amiga aqui tem passe livre! ― Ela apontou sua taça para Nina que fez reverencia.

― Está tão bonitinha de Valentina Dior, não é tia Amélia? ― Ela não lhe respondeu, mas sorriu assentindo. A única que não falava era a outra morena de vestido perolado.

― Christopher está muito ocupada para vir cumprimenta-las... Coube à noiva fazer. ― Eu estava tremendo por dentro. Nina me encarou e eu fiquei com... Medo.

― Não precisava! ― Exclamou ela.

― Claro que sim. Não é educado deixar o convidado ir sem agradecer a presença. ― Ela franziu o cenho. Percebi quando tia Amélia se levantou.

― Foi uma festa encantadora! Bem-vinda a família sobrinha! ― Sorri falsamente ― Vamos Nina, você bebeu demais docinho. Meu motorista pode te deixar em casa.

― Eu vou ficar. ― Bateu os pés no chão.

― Nina, vamos... ― Uma das amigas pediu.

― A casa a minha...

― Sem malcriação Vermont, levanta-se e vamos. Não é elegante jogar um jogo perdido.

Silêncio. Isso foi tudo que restou. O que Amélia falou levou alguns minutos para ser assimilada por Nina, ela encarou a tia de Christopher com nojo. Levantou-se da mesa. Rapidamente as duas amigas a seguiram e, para nos surpreender, virou a mesa. Todas as taças espatifaram-se ao chão.

― O jogo só acaba quando o juiz apita. Eu sou a juíza. Eu não apitei. E eu vou ficar.


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Notas finais do capítulo

Fim. Feliz aniversário para mim!!! ÊEEE, beijos lésbicos p vcss hahahhaha



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