Selo

Quanto mais eu sei,

Quanto mais eu vejo;

Menos consigo me iludir,

Aquele amor,

Aquele olhar;

Que tinha em mim

Não tenho mais...

 ANGEL
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Era tão estranho...

Para um imortal, Henry agora tinha uma lapide. As letras em Itálico me assombravam:

Henrique Tudor

O Restaurador

Não colocamos sua fiel data de nascimento ao falecimento. Seria uma piada e quem vê-se não entenderia.

Chorar já não era o suficiente pra amenizar o tamanho do oco que ficou dentro do meu peito.

Rosálie e Emmett seguravam cada uma de minhas mãos. Alice e Jasper observavam minhas expressões como Edward e Bella. Um pouco a distancia Carlisle e Esme conversavam em particular.

Pior do que qualquer verdade era ver que os minutos conspiravam contra mim pra que eu finalmente lhe desse as costas e tentasse esquecê-lo pra sempre.

Que eu voltaria pra casa sem ele sendo que sua voz ainda soprava em meus ouvidos e que a doe me ausentava de tudo. O que eu faria?

No que deveria acreditar?

Uma Semana Depois...

Me sentei na sacada do meu quarto sem me importar com o frio que a chuva me causaria. Eu não me importava com os efeitos externos de tudo o que me cercava... Não significava mais nada continuar...

Forks nunca mais seria a mesma depois dele.

AS horas passavam conforme minha dor aumentasse, eu não conseguia pensar em como seria minha vida daqui pra frente sem Henry... E como isso me apavorava. Ele me ensinou a amá-lo... Mas não me ensinou á esquecê-lo quando sua hora chegasse.

Por que me deu sua vida sendo que eu não agüentaria continuar sem ele?!

Ouvi uma voz me chamar: era Reneesme.

- Perola! Perola! – Sua voz era tremula e um pouco insegura.

- Estou aqui! – Respondi até vê-la em minha frente. Nessie se abaixou e me abraçou.

- Ah Perola! – Ela sussurrou em meu ouvido com pena de mim.

Reneesme me enlaçou em seus braços sentando-se no chão me deixando encostar a cabeça em seu ombro.

- Acha que vai ficar tudo bem? – Era a única pergunta em que as respostas pra mim nunca pareciam claras.

- Quem sabe um dia?! – Nessie beijou minha testa e depois de uma semana voltei a chorar.

- Até quando vou desmoronar?! – Perguntei a mim mesma e Reneesme me deu sua resposta.

- Até quando for necessário... Vai passar. – Chorei como uma criança em seu ombro.

- Eu ainda posso ouvi-lo...

- Um dia não ouvira mais e tudo será uma lembrança... – Lembrança... Eu temia por isso! Meu medo não era a dor ou a tristeza que me tomava todos os dias, mas sim a solidão e por fim o esquecimento, que aos poucos seu rosto se apagaria da minha memória e sua voz se perderia no vento e nunca mais tocaria meus ouvidos com a mesma emoção de um passado tão pouco distante de minha curta e repentina felicidade.

Meus anos correriam com rapidez e aos poucos meu corpo morreria com ele, enquanto meus olhos se enrugariam, eles contemplariam meus pais eternamente jovens. Eu guardaria minha vida para Henry com toda a paixão e o encanto do primeiro olhar e como mudou minha vida pra sempre. Eu não tinha escolha, eu apenas esperaria com fé e confiança de que quando meus se fechassem eu encontraria os dele conquistando minha eterna paz.

Eu sorriria pela ultima vez depois de sussurrar seu nome pela ultima vez.

Ah... Eu trocaria tudo por isso.

Trocaria minha vida pra que o peito não apertasse com a saudade.

Se consegui fazê-lo chorar com minhas palavras, não se iluda... Eu ainda sinto como se o ar fugisse dos meus pulmões por todas as noites.

 TWIST AND SHOUT - THE BEATLES
http://www.youtube.com/watch?v=YfrLFX96HUs&feature=player_embedded
 

Como o baile do mês passado foi um sucesso, o colégio promoveu mais um, em homenagem a Henry e fui convidada a comparecer.

O que todos comemoravam para mim era motivo de tristeza. Coisas boas eles viam que meus olhos cegaram com magoa. Não pensem que fiquei ofendida com a atitude deles, Henry conseguiu ser tão amado quanto qualquer pessoa em Forks e dedicavam suas alegrias á ele.

Me mostrei melhor dando a oportunidade a minha família para que se divertissem sem culpa. Ninguém teria que sofrer comigo.

Todos colocaram suas roupas de gala e compareceram para aquela incrível e maravilhosa festa. Emmett, Edward, Jasper e Carlisle eram os homens mais lindos daquela festa, Jacob e Reneesme não estavam conosco por terem viajado pro Havaí na casa da irmã de Jake.

As garotas ficaram fantásticas em seus vestidos: Rosálie usava os cabelos num penteado preso como Bella e Esme e esbanjava sensualidade em seu vestido vermelho e as costas nuas.

Bella usava um vestido preto e estava elegante. Esme caprichou no vestido azul marinho de veludo e Alice permaneceu com seu cabelo simpático curto, solto e seu corpo desenhado em seu fabuloso vestido prata.

Ela me irritou muito quanto as minhas roupas, acessórios e penteado.

Coloquei um tomara-que-caia de seda verde claro espartilho nas costas, uma saia longa, preta de veludo e um all’star nos pés. Alice me colocou um colar de rosas verdades e fez algo exótico, porem simples com meus cabelos. Uma guirlanda de tranças e a tradicional e minhas madeixas.

E as luvas brancas de seda como minha marca, assinatura ou código de barras não poderiam faltar.

 [Flightless Bird, American Mouth]
http://www.youtube.com/watch?v=d1BgYTZ4Mxc&feature=player_embedded

Saí para o jardim do espaço, vi o mesmo chafariz do meu lado esquerdo vi a mesma tenda de ferro trabalhada com detalhe barroco como naquelas igrejas européias e luzes brancas como nos enfeites de natal, subi as escadas e caminhei na bancada de madeira e me encostei nas grades trabalhadas. O céu naquela noite ficou repleto de estrelas, parecia que as luzes do salão não existiam para interromper a intensidade de seu brilho.

Os casais dançavam naquele espaço, mas como a musica dificilmente alcançava o lugar, geralmente fica vazio.

Fiquei um tanto cansada de manter as aparências e decidi ficar um pouco sozinha, cruzei os braços e senti o vento soprar em meu corpo, por um momento fechei os olhos procurando uma única melodia.

- Não deveria ficar longe... – Uma voz familiar me fez virar e sorri sem mostrar os dentes.

- Edward! – Exclamei feliz por ver suas mãos nos bolsos e os sorriso torto que me arrancava leves endorfinas.

- A noite esta linda, não acha? – Ele se aproximou esperando por minha resposta.

- Radiante!

- Pode me conceder a honra desta dança?! – Edward apertou os lábios em um sentido brincalhão tentando me animar.

Ele puxou minha mão de forma delicada e formal para uma dança, coloquei a mão em seu ombro e o senti me puxar para si. Nossos passos eram lentos que mal chegávamos a sair do lugar.

- Como se sente?... – Sua voz soprou leve e doce.

- Porque me pergunta se sabe o que se passa em mim?! – Perguntei confusa.

- Desde que voltamos pra Forks eu não tenho conseguido ouvir seus pensamentos. – Eu deveria tê-lo bloqueado. – Parece que o passado está se repetindo.

- Promete não ficar chateado? – Me deixei interrogá-lo.

- Tente e veja o que conseguira!

- Certo! – Confirmei – Eu prefiro que não saiba o que penso... Me sinto melhor assim.

- Certo! Respeito isso! – Edward continuou me encarando dessa vez em silêncio, seus olhos topázio pareciam procurar o que minha mente não dizia.

- Edward... Me sinto embriagada! – Comentei vendo sua face endurecer.

- Entendo!

- Eu não sei por quanto tempo vou ceder... – Sorri desanimada logo abaixando a cabeça. Edward á levantou pelo queixo com o polegar e o indicador. Engoli seco vendo seus lábios entre abertos como se fosse me beijar. Eu não queria chorar de novo qualquer toque ou sensação além do fraternal me colocava pra baixo.

- Há coisas boas que agora não vê. – Edward tocou meu rosto sem medo. – Dê um tempo á você e entenderá que não foi uma mera infelicidade, mas sim algo que minhas palavras não são capazes de explicar. – Seus lábios se aproximaram dos meus embora eu não quisesse me mantive imóvel involuntariamente.

Porem... Edward me surpreendeu no momento que o neguei sem ter coragem de negá-lo literalmente. Ele puxou minhas mãos na altura de seus lábios em seguida e os beijou com doçura... Então beijou minha testa tentando me dizer que estava aqui para me ajudar quando a dor fosse impossível de se suportar.

- Eu sempre estarei aqui com você! – O silencio dominou nossas palavras e continuamos em nossa sintonia. Edward congelou meus pensamentos com as palavras de Henry. Meu peito apertou com a saudade, fechei meus olhos e meu maior consolo foi vê-lo a minha frente, ver seu rosto cheio de serenidade e por fim os olhos que me cegaram de amor e me entregaram a loucura.

E desta vez pude entender que a eternidade... Nunca... Jamais seria o suficiente.