As imagens de Edward partindo estavam repetidas vezes passando pela minha cabeça. Eu já não conseguia mais respirar com tanta facilidade, meu peito doía tanto que eu poderia dizer que estava tendo um ataque cardíaco, mas não era isso, era meu coração despedaçado dizendo a mim que ele estava muito mal. Eu levantei da cama, enxuguei o rosto, eu queria continuar ali deitada, mas Alice estava dormindo do meu lado depois do meu pequeno ataque. Ela não acordou em nenhum momento então eu saí sem avisar. Eu precisava sair. Eu me sentia sufocada com aquelas paredes, eu precisava de ar.

O apartamento estava escuro e eu fui me movendo devagar, achei minha bolsa e meu casaco e desci não perguntando nem que horas eram. George estava parado junto com o porteiro e assim que me viu tomou uma postura mais séria.

– Eu trouxe seu carro senhora Cullen.

Quando isso tinha acontecido? Foi Edward que mandou ele fazer isso? Eu o odiava nesse momento. Odiava seu carinho e sua preocupação e o fato de saber que George estava ali porque ele mandou.

– As chaves...

– Aqui, está chovendo. Acha que consegue dirigir?

– Sim.

– Vamos para o hospital? – eu sabia que ele só queria ter certeza que eu estava bem para dirigir. Eu não respondi, eu saí a procura do meu carro na chuva que caía forte e o achei parado em frente ao prédio de Alie, eu fiquei ali olhando para ele e me molhando pensando que eu nunca mais conseguiria entrar em um carro sem pensar em Kate. Eu abri o carro tendo consciência que estava frio, mas eu só queria me movimentar, a necessidade de sair e ir para algum lugar estava me corroendo.

Assim que dei partida eu vi o carro de George atrás de mim, mas continuei dirigindo. Eu pensava nas noites de amor que tive com Edward, no cheiro que sentia quando Kate estava perto, no acidente que agora parecia coisa de filme de terror e em meu pai. Eu queria ele perto de mim e sem Edward eu tinha ninguém. Não tinha família ou um amor. Eu chorei dirigindo e parei quando percebi que não conseguia mais fazer isso, eu fiquei parada e às vezes as lágrimas desciam e a dor aumentava eu queria gritar. Eu queria sinceramente gritar até alguém me ouvir ou aquilo sair do meu peito. A batida no vidro me fez saltar e eu olhei para fora, abaixei o vidro e vi Emmett segurando um guarda chuva. Onde eu parei?

– Entre, venha. – ele disse estendendo a mão.

Eu abri o carro me perguntando onde eu tinha parado até que vi a casa de Emmett do outro lado. Assim que saí o guarda chuva e os braços de Emmett me protegeram e eu chorei mais, ele entregou a chave que estava na minha mão para George porque ele já estava do nosso lado. E eu me deixei guiar para dentro de sua casa. Demorou um pouco mais do que quando entrávamos de carro e ele me segurava como se soubesse que eu estava a ponto de desmoronar.

– Bella! – a voz de Rose soou assim que ele abriu porta. Ela veio com uma toalha e eu percebi como estava molhada. O frio de repente pareceu ser maior e meus lábios tremiam. Eles já estavam assim antes eu não conseguia lembrar.

– A lareira está acessa Rose, ponha ela lá. Eu vou pedir para alguém trazer um chá quente e arrumar a banheira para ela tomar um banho.

Rose me levou como uma criança errante para a sala, eu estava sem chão e quando andava parecia que ia cair em um abismo. Ela me ajudou a sentar, começou a secar meus cabelos e quando ela não disse nada eu agradeci, agradeci porque Rose sabia a hora de falar e a hora de manter o silêncio. Meus pensamentos vagaram mais uma vez e dessa vez foram para Edward, eu queria que ele soubesse que estava me matando quando fazia isso. Mantendo mais uma vez essa distância entre nós e se eu precisasse de mais quatro anos para convencer ele a voltar para mim eu sabia que morreria antes, eu não conseguiria ser forte assim mais uma vez. Então eu chorei, eu gritei assustando um pouco Rose e chorei desesperada liberando tudo que estava dentro de mim.

– Calma... vai melhorar... – ela disse sem saber o que iria melhorar e que não iria melhorar.

– Eu... eu não matei Kate ... não vai melhorar...

Só depois que eu disse que eu me dei conta do que tinha dito. Então eu olhei para Rose que me encarava sem saber se eu estava delirando ou não. Nessa hora eu olhei para a porta e vi Emmett de braços cruzados me encarando e eu tive medo dele.

– O que está acontecendo? – ele perguntou sério.

– Eu... olha...

– Não Bella, Edward pode pensar que me enganou esses anos todos, mas não enganou. Eu o conheço como a palma da minha mão e sei que algo aconteceu a quatro anos atrás e sei que isso envolve você. Então conte ou eu vou atrás dele hoje e o farei contar. Ninguém entra na minha casa como você entrou porque teve uma briga com o marido.

Eu não sabia o que fazer. Ele era amigo de Edward e ele iria me odiar por contar tudo a ele. Edward nunca se abriu com ninguém a respeito disso e eu não sabia como agir com Emmett buscando respostas.

– Você matou Kate? – Rose perguntou em dúvida.

– Não! – me expliquei rápido. – Japer descobriu que não fui eu.

– Tinha sido você? – ela tinha uma voz calma e baixa. Eu não sabia o quanto Emmett estava ouvindo.

– Eles pensaram que sim... todo mundo me acusou... mas eu não matei!

E agora eu não sabia se isso era bom ou ruim. Eu chorei e quando abri os olhos Emmett estava sentado nos olhando.

– Vamos Bella, do início para que eu possa entender. Você foi acusada de matar Kate? Por quê? Ela morreu em um acidente de carro. Como você tem algo haver com isso?

– Há quatro anos atrás Kate foi morta em um acidente com meu carro e meus colegas. Eu estava comemorando que tinha passado para Harvard.

– Oh...

Rose colocou a mão na boca, mas Emmett continuou ali me olhando.

– E você afirma que não matou?

– Jasper descobriu... ele investigou tudo novamente... eu fui drogada e não poderia estar dirigindo o carro... ele conversou com o legista que fez a autópsia de Kate, ela já estava morta antes do acidente, era como se o corpo dela fosse apenas colocado na cena do crime.

– Deus! – Rose gritou. – O que aconteceu há quatro anos atrás?

Eu não sabia responder a essa pergunta. Eu mesma me fiz várias vezes essa mesma pergunta.

– Então há quatro anos atrás você supostamente matou a esposa grávida de Edward e então como se nada tivesse acontecido você casa com ele um pouco depois? E diga Bella o que eu estou perdendo aqui?

Ele chegou no ponto chave.

– Edward... ele...

– Me conte Bella.

– Ele me obrigou a casar com ele porque ... porque queria se vingar de mim... eu tinha matado Kate... então eu não merecia viver sabe... ter a vida que eu teria...

Emmett levantou de repente.

– Isso tudo foi mentira? Você e ele?

– NÃO! – gritei e me levantei. – Eu...me apaixonei por ele e ele por mim em algum momento...

– Edward passou mais de três anos sozinho e casado com você! Como você viveu esses anos todos?

– Na faculdade...estudando..

– E casada com ele! Monitorada por ele! E não me venha com mentiras porque eu sei que há três anos ele contratou uma das melhores empresas de segurança do país, George mesmo é um homem muito qualificado! O melhor, já trabalhou para CIA e anos para o FBI.

Eu não sabia disso.

– Emmett... olha... está tudo bem...

– Não está, por que você entrou aqui desse jeito?

– Descobrimos hoje que eu não matei Kate e então Edward se sentiu culpado por tudo que ele me fez e foi embora. - Eu soltei tudo de uma vez e os braços de Rose me envolveram. Eu estava com muita dor.

– Foi embora por quê?

Então para ele entender mesmo eu precisei recontar a tortura, os dias na casa dele e como acabei passando mal. Edward parecia um monstro em cada palavra minha e eu sabia que o fato de Emmett estar vermelho era porque estava com muita raiva, mas do que queria demonstrar.

– Então ele se sentiu um justiceiro?

– Em...

– Ele ficou completamente maluco! – ele gritou – Você poderia ter morrido! Poderia estar em uma ala psiquiátrica ou até mesmo morta! Quem ele pensa que é?

– Ele estava transtornado pela dor...

– Ele vai ficar transtornado pela dor assim que eu quebrar a cara de Isabella. Isso está errado! Ele escondeu de todos nós que quase matou uma pessoa por um acidente mal investigado!

– Em...

– Não! Não o defenda, ele está errado. Ele não é Deus e acho que deve mesmo se sentir culpado, ele foi um lixo!

– Eu o amo. – falei. – Eu o amo e nesse momento aquele acidente não importa, é passado. As coisas aconteceram, mas ele foi embora agora e eu não sei o que fazer, o que fazer para ele voltar e perceber que eu já o perdoei. Passou.

– Passou para você, eu soube disso agora e estou fervendo de raiva.

Ele se virou e eu quis parar ele.

– Emm... por favor...

– Eu vou atrás dele Isabella e eu vou fazer aquilo que seu pai deveria ter feito a quatro anos atrás.

– Oh...

Ele saiu e então eu me vi mais e mais perdida. Eu não sabia o que aconteceria daqui por diante.

– Venha, vamos trocar de roupa...

– O que ele vai fazer?

Rose supirou.

– Homens precisam disso, nós mulheres gritamos e batemos o pé. Eles não. Vai ficar tudo bem, confio no meu marido e acho que agora é você quem precisa de cuidados.