Pov. Ally

Você sabe o quanto garotas podem ficar estressadas com bailes e/ou festas ? Muito. Eu garanto.

Estava comprovando essa básica questão com Trish e Grace nesse exato momento. Mais uma vez eu tinha sido arrastada para uma sessão de tortura. Estava na casa de Trish, no meio de toda a bagunça que ela mesma fez em seu quarto. Ela estava tentando achar sua fantasia de Halloween do ano passado.

E não, não era porque ela queria usar mais uma vez esse ano.

Era só porque ela queria provar a Grace que seria terrível repetir a mesma roupa.

– Não precisava fazer tudo isso - falei, já que praticamente todo o seu guarda-roupa se encontrava no chão.

Trish grunhiu.

– É que eu não faço a menor ideia de onde está. - Resmungou, parecendo zangada. Pegou um bolo de roupas com estampas de animais e as jogou de outro lado, não melhorando nem um pouco a situação do quarto. - Deveria estar aqui, minha mãe deve ter mexido aqui, trocado de lugar ou dado pra doação ... Mas ela não deveria ter feito nada disso sem me consultar.

Me encostei em sua cama enquanto ela resmungava alguma coisa para Grace, que até mesmo tinha se levantado para ajudá-la. Meu celular vibrou com alguma mensagem. Era minha irmã.

Eu tinha falado pra ela sobre o garoto na fogueira com o mesmo sobrenome que Austin. Também havia falado que o conhecia, porque era verdade. Eu lembrava dele. Um dos amigos de Jake lá do Arizona, aonde eu morava.

Lindsay falou que poderia ser coincidência. E eu decidi ignorar isso por enquanto.

– Ally ? - Trish chamou.

– Sim ?

– Eu não consegui encontrar a droga da fantasia. - Falou brava, como se fosse um coisa terrível. - Mesmo assim, espero que tenha ficado claro que nunca se deve repetir a mesma roupa em festas, ok ? Isso é para as duas. - Ela apontou para mim e Grace. - Agora só precisamos encontrar nossas fantasias perfeitas.

Ela sorriu, caminhou passando todas as roupas no chão para pegar seu celular.

– O que está fazendo ? - Perguntei.

– Podemos encontrar fantasias legais por aqui, dar uma olhada, e depois podemos comprar. - Com a sua animação de agora, nem parecia que a menos de dois segundos estava nos ameaçando. - Grace, você está no comitê da festa, não está ? - A garota assentiu. - Como vai ser a decoração ?

– É Halloween. Vai ser assustador. - Grace disse, sorrindo.

– Assustador como ? - Trish insistia.

– Vai ser escuro, com um ar muito sombrio,e estamos organizando cartazes de monstros e até mesmo bonecos.

– Isso parece legal. - Trish murmurou.

Percebi que de todas as festas do ano,a de Halloween pode ser a que me dê menos medo.

( ... )

Talvez eu pudesse começar a testar quais as formais mais lógicas de se tirar a atenção de alguém que está tentando ler um livro. Bom, era como se eu fosse a cobaia agora.

Austin estava deitado ao meu lado. Ao contrário do que na maioria das vezes, ele não estava me atrapalhando nem nada, na verdade, ele também estava lendo um livro.

Acontece que eu tinha acabado de comprovar que não era necessário muito para eu perder a concentração quando estava ao seu lado. Simplesmente fechei o livro e o coloquei em cima do criado-mudo e passei a observá-lo.

– Parece incrível você estar lendo um livro. - Comentei.

O loiro riu, e passou a me olhar também.

– Parece incrível você me olhar desse jeito. Fiz alguma coisa ou só está admirando a minha beleza mesmo ? - Perguntou, convencido.

– Nenhum dos dois. - Falei. - E você ainda é muito idiota, Moon.

– Esse é um dos seus melhores elogios. - Falou, fechando seu livro. - E obrigado.

Me sentei na cama, me recostando nas almofadas e sorrindo. Não sei o motivo, mas é uma coisa que tinha virado um hábito.

– Eu amo seu sorriso. - Austin disse, com a boca colada na minha orelha. Podia sentir seu hálito quente próximo á minha pele e aquilo era gostoso. Ele beijou meu pescoço delicadamente. Não só um beijo mas vários, e enfim, pôs seus lábios em cima dos meus. Sorri durante o beijo.

Eu não fui exatamente muito boa com ele no início,e acho que demorou um pouco para que eu aceitasse outra pessoa na minha vida. E agora não me arrependo disso. E mesmo comigo sendo uma idiota nas vezes em que quis o afastar, ele continuou ali, sendo o mesmo. E agora, como meu "namorado", ele não podia ser mais doce. Ontem mesmo me peguei pensando como pude rejeitá-lo tantas vezes.

E era oficial, Austin tinha mudado meu mundo e eu sou grata por isso.

– Eu quero você - sussurrei. Pude vê-lo sorrir.

Nossas pernas estavam entrelaçadas e sua mão dançava pela lateral do meu corpo. Nunca era o bastante. Nunca era o bastante para nenhum de nós.

– Você está insaciável nos últimos dias. - Ele também sussurrou, ainda com seu típico sorriso no rosto. - Ah, antes que eu me empolgue demais - começou - vai ter um jantar estúpido para o meu irmão amanhã lá em casa.

– Ele ainda não chegou ? - Perguntei, ainda pensando no mesmo cara da fogueira.

– Henry chega amanhã. - Falou, sem nenhuma animação. - Vai ser um jantar ridículo em família e minha mãe pediu para que eu te convidasse.

– Sua mãe pediu ?

– É. - Disse. - Eu também quero que você vá, então por favor, não me deixa sozinho com aquela gente.

– Você quer dizer a sua família.

– Tanto faz. Mas você vai ou não ? - Seus olhos castanhos pareciam suplicantes. Passei a mão nos seus cabelos e suspirei, como se estivesse mesmo me decidindo.

– Tudo bem, eu vou. - Eu disse, por fim.

– Obrigado, obrigado. - Falou, beijando meu rosto. - Eu te amo. - E beijou meus lábios. - Desculpa. - Falou quando percebeu a parte do "eu te amo".

– Tudo bem. - Falei, porque estava tudo bem mesmo. O puxei de volta, o fazendo ficar em cima de mim. Estávamos no meu quarto,e a cama era meio pequena, mas isso não importava muito agora. - Você tem uma coisa pra fazer, não tem ?

Ele sorriu, safado. E voltou a me beijar.

Tudo continuaria muito bem se a porta não tivesse sido aberta brutalmente, causando um enorme impacto na parede. Austin saiu de cima de mim rápido, e nós dois nos levantamos, como se tivéssemos sido pegos no flagra cometendo algum crime. Bom, era meu pai então até podia ser.

O mais legal disso é o silêncio que havia se instalado. Lester só nos olhava inexpressivos.

– Hã, - Austin começou, parecendo estar engasgado. - Acho que preciso ir embora.

Lester assentiu enquanto o loiro pegava seu casaco.

– É sempre bom vê-lo, Austin. - Meu pai disse.

– Igualmente, senhor. - Parou na porta e sorriu pra mim, piscando. - Fica pra próxima, princesa. - E saiu.

Talvez eu estivesse vermelha agora. Era meio constrangedor pelo simples fato de Lester ser meu pai, mas toda aquela situação era no mínimo engraçada, então eu estava me segurando para não rir.

– Esse garoto não tem casa ? - Lester perguntou, parecendo incrédulo. Á algum tempo atrás, eu ficaria zangada, mas agora eu estava praticando ser gentil com meu pai, como Lind sugeriu. - Ele dormiu umas duas vezes aqui essa semana!

Continuei me segurando para não rir.

– Se você preferir, posso ir pra casa dele. - Falei.

Meu pai resmungou alguma coisa e saiu do quarto.

Comecei a gargalhar no mesmo momento e me joguei na cama. Eu simplesmente me sentia completa, sem nenhum medo.

E a próxima grande coisa que vou precisar suportar é um jantar na casa da família Moon.

Mas como eu não me sentia com medo mais, isso não poderia ser tão difícil ...