A Seleção-Interativa escrita por Alice Zahyr


Capítulo 47
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

" O amor é a linha a qual nós estamos amarrados. E quando nos amarramos a ele, nos perdemos entre as estrelas, flutuando em algum lugar do universo" - Jason.



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Um ano depois...

Samantha é a princesa de Illéa há exatos 300 dias. Sua coroação foi a mais bela já vista na história do país, não apenas por causa dos caprichos de Silvia em ter tudo perfeito, mas por causa da própria Samantha. A filha perdida da rainha. A sulista que lutou a favor do trono sem nem saber que pertencia a ele.

E agora ela governaria Illéa junto a Maxon.

– Honestamente, nunca imaginei que você fosse conseguir se encaixar nessa vida - Maxon disse enquanto tomavam café da manhã. Samantha estava cada dia mais linda, sempre responsável e dedicada em ajudar as pessoas.

No entanto, nem só porque era uma princesa, ela deveria agir como tal.

– Ah - ela suspirou, enfiando quantas amoras podia na boca. Samantha era louca por amoras. As vezes, ela obrigava Maxon a passar tardes com ela recolhendo amoras das árvores perto do castelo. Era engraçado quando os guardas viam-na sair pelos portões e ficavam confusos se iam junto para "protegê-la" ou se a deixavam ir. Afinal, ela era uma sulista, certo? Sempre fora, e ainda era. Samantha sempre teria essa parte. - Sabe, na Base Sul não tinha tanta comida quanto tem aqui. Então, não fique surpreso por eu ter preferido ficar aqui.

Maxon riu. Ele e a irmã não precisaram de muito tempo para descobrir o quanto gostavam um do outro.

***

A nova princesa de Illéa costumava ver o sol se pôr de sua varanda do quarto, de onde obtinha uma visão perfeita do horizonte, livre de prédios ou regiões agrícolas. Aquela deveria ser só mais uma noite, quando, de repente, foi atingida por uma pedrinha. Por instinto, levou a mão á cintura, pronta para sacar a sua arma. Ops. Não andava mais armada. Pelo menos não no castelo.

– Hey! - uma voz conhecida a chamou lá de baixo. Ela olhou e o avistou.

Kyle.

A mesma sensação voltou. Coração acelerado, mãos suando e calafrios pelo corpo. Droga, por que ele fazia com que ela se sentisse tão... Vulnerável?

– Rapunzel, jogue seus cabelos! - ele pediu, abrindo um sorriso que a convenceu a nem pensar duas vezes.

Não preciso de cabelos. Só de uma corda.

Sulistas.

***

Maxon cavalgava perto da floresta nas imediações do castelo. Era início de primavera, e o vento ainda era frio e invernal. Mesmo assim, ver as flores desabrochando e os campos sendo pincelados por tons de verde e amarelo fazia o frio valer a pena.

Craft!

O príncipe se assustou com o barulho de algo quebrando. Quando olhou para o chão, era só o cascalho do chão úmido, mas não era fora ele quem pisara no cascalho.

Uma silhueta sexy vestida totalmente de preto surgira a sua frente. Cabelos longos e escuros envoltos em cachos e uma arma na cintura. Botas de cano de couro. Anna Parker. Que arraso.

– A-A-Anna? - ele gaguejou, piscando. - O que você está fazendo aqui?

Ela mordeu a maçã que caiu da árvore ao ser acertada por sua faca.

– A floresta é sua, príncipe? - Anna perguntou de forma debochada.

Maxon se aproximou dela, atraído por algo que não conseguia explicar. Empurrou Anna numa árvore e pôs os dois braços ao seu redor.

– Não vou deixar que você fique brincando comigo - ele falou, sério. - Diga o que quer.

Anna sorriu, maliciosa.

– Que você brinque comigo.

Maxon puxou seu queixo e beijou-a.

Nem pergunte no que isso deu.

***

Um ano havia se passado desde que muita coisa mudou na história. A sulista virou princesa, e a garota destinada a virar princesa foi pro lado sul da força. O príncipe perdeu a provável princesa para um jaqueta preta e óculos aviador, e este perdeu sua melhor amiga para o príncipe. Bem, não que alguém realmente tivesse perdido alguém ali. As pessoas que realmente amam umas às outras nunca se vão. E, se vão, acabam voltando.

Eu não saberia escrever esta história de uma forma melhor. Sinto que cada palavra se escreveu sozinha, usando apenas minha memória e meus dedos. Quando olho para trás e vejo tudo o que vivemos, o filme que se passa em minha cabeça é incrível e surreal demais para mim. Parece que foi tudo um sonho e, quando eu acordar dessa cama, com meus ossos já frágeis e cabelos grisalhos, poderei me ver no espelho e ser ainda aquela Cinco jovem, de cabelos ruivos e dedos ágeis no piano. Mas sempre que sinto o medo de que minha vida vire uma névoa duvidosa, olho para o lado e encontro a minha única certeza: Jason. Quando olho para ele e me certifico de que ainda sou capaz de me perder em seus olhos azuis, me sinto segura. Me sinto forte outra vez, viva e real. Nada nunca poderá apagar o que vivi.

Agora estou com sessenta e nove anos, e amanhã é meu aniversário. Não sei como encarar o fato de que vou ter setenta anos. Sete décadas de vida. Meu Deus, como foi que o tempo passou tão rápido? Eu deveria ter me acostumado com a rapidez de uma vida quando ela é boa demais, mas agora, escrevendo estas últimas palavras, os anos vêm como ondas, uma atrás da outra, e eu mergulho, porque amo olhar para trás. Não por nostalgia, mas por puro amor. Eu amei intensamente, vivi intensamente. Fiz aquilo que deveria ter feito e, no fim, fiquei com quem meu coração deveria ter ficado. Abri mão das coisas que deveria ter aberto e lutei pelas que deveria ter lutado. E é tão maravilhoso sentir isso, esse sentimento de alegria, de satisfação, de missão cumprida.

Eu sei que não desperdicei nada.

Ainda guardo a moeda de Aspen dentro da gaveta da minha cabeceira. Olho para ela todas as noites ao dormir, e já faz tempo desde que Jason deixou de se importar. Ele sabe o quão importante o meu soldado foi para mim. Sabe que sempre vou amá-lo, e ele sempre estará comigo. Com o passar do tempo, a dor de sua morte deixou de ser dor e transformou-se em paz. Porque sei que, de algum lugar, Aspen me observa, e eu sei que ele está feliz. Feliz porque eu estou feliz. Feliz porque fiz as decisões certas.

Hoje vejo o resultado de minhas ações.

Ter escolhido Jason não foi uma opção. Foi a única alternativa. Hoje sei que o medo que eu sentia de ter feito do meu amor um jogo de dado era apenas a confirmação de quem eu realmente amava: Jason. E Maxon. Eu amava os dois, no entanto, não da mesma forma. Eu os amava tanto que me aterroriza só de imaginar em magoar algum deles tendo de escolher. No fim, acho que as feridas se cicatrizaram. Maxon tem à Samantha, e Jason, à mim. E eu também tenho à Maxon, e Samantha tem à Jason. Algumas coisas se perderam por causa das decisões que tomei, outras se mantiveram, e outras novas surgiram.

Meus dedos tremem um pouco enquanto escrevo, mas não me sinto mal com isso. Quando olho para minha mão esquerda e vejo esse anel de ouro reluzindo à luz da escrivaninha, passo a amar esse tremor. Ele é uma lembrança, uma recordação. Uma voz que me diz que tudo valeu a pena. Tudo?

Ficar com Jason foi muito difícil. No início, parecia um conto de fadas. Ele me infiltrou na Base Sul e me escondeu por muito tempo sob a pele de uma aliada de Illéa. Mas foi questão de tempo até que eu fosse descoberta. Além disso, novos conflitos surgiram e Jason teve de ficar fora por um tempo. Seis meses. Cento e oitenta dias sem vê-lo, sem poder beijá-lo e tocá-lo.

Então veio a família. Quando fiz vinte anos e ele vinte e dois, já não podíamos mais nos permitir viver daquela maneira. À deriva, sem rumo. Sabíamos que logo, logo, a idade iria chegar para nós e precisaríamos decidir o que fazer para poder construir um lar e nos dedicarmos a ele.

A luz da escrivaninha está enfraquecendo. Acho que uma tempestade vem aí.

Mas isso não importa, pois estou segura. Olho para lado e observo Jason dormir. Ele tem a mesma mania de quando era bem novo: dorme falando. Acabei me acostumando, mas não deixa de ser engraçado. Seguro uma risada quando ele cita algo sobre o traseiro de Clarkson, mas acho que o acordo.

Jason se revira na cama e abre os olhos.

– O que? - ele pergunta, confusa. - Está rindo do que?

– De você - respondo. - Você estava falando sobre o traseiro do rei, querido.

Jason bufa e enfia a cara no travesseiro, mas ouço uma risada abafada vindo dele.

– O que você está fazendo? Está escrevendo naquele diário de novo? - ele ainda tem os mesmos olhos curiosos de sempre. Há rugas embaixo deles, mas para mim, continuam belos como antes. Jason pode ter envelhecido, mas a beleza ainda está lá. Por dentro e por fora.

– Sim, - sorrio amigavelmente - este é o epílogo. Não sei bem como terminá-lo... E minhas mãos tremem. Acho que estou um pouco emocionada. É estranho terminar um diário.

Jason se levanta e encosta na cabeceira da cama.

– Quer que eu termine pra você? - ele se oferece.

Por um momento, acho uma ideia não muito boa, pois ele nem sempre é o melhor com as palavras. Mas então penso que, se Jason faz parte da minha história tanto quanto eu, talvez ele saiba terminar isso melhor do que eu mesma.

Entrego o livro e a caneta para ele. Há apenas mais uma folha em branco.

***

Honestamente, não entendo porque essa ruiva escreve como se estivesse falando com alguém. Talvez ela queira que isso vire um livro, ou esteja planejando dar para uma pessoa. De qualquer forma, eu tenho umas palavras. São poucas, mas estou torcendo que saiam tão belas quanto desejo.

Não é necessário terminar isso. Deixe que as coisas se arrumem sozinhas. Afinal, assim como uma história não pode ser apagada sem que os personagens deixem de existir, uma história não pode ser terminada sem que os personagens também tenham fim. Eles meio que se perdem, amarrados na linha do horizonte, entre as estrelas, flutuando em algum lugar do universo longe de nossa vista. Não quero ser assim. Não me quero me perder entre as estrelas. Quero observá-las ao lado de America. E dos nossos filhos, e dos nossos netos. E saber que vou durar por muito mais tempo do que imagino ser possível. Quero saber que as estrelas nos assistem e vão se lembrar de nós pro resto da eternidade.

Se há algo que posso afirmar com certeza é isso: amei, vivi, lutei, sorri. Fiz o que fiz, e o que foi, já foi. Não há volta no tempo, o tempo não volta, ele só acelera, sempre mais. E a melhor coisa que se pode fazer é amar.

Porque o amor independe do tempo. Ele é flexível o bastante para aguentar a aceleração ou retrogradação. Porque o amor não está amarrado à linha do horizonte, perdido entre as estrelas, flutuando em algum lugar do universo longe de nossas vistas. O amor está sempre perto, sempre ao nosso alcance. Nunca longe demais, nunca impossível. Difícil, nunca fácil. Rápido, mas não efêmero. Pois efêmero é tudo aquilo que morre, e o amor nunca morre. Não é de sua natureza morrer. Ele vive desde sempre e vai viver para sempre.

Nunca amarrado à linha de nada. O amor é a linha a qual nós estamos amarrados. E quando nos amarramos a ele, nos perdemos entre as estrelas, flutuando em algum lugar do universo.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Guys! HEEEEY! Gente, este capítulo ficou pequeno comparado à outros e eu SEI. No entanto, antes que reclamem, eu gostaria de dizer uma coisa: eu estou apaixonada por este final. Acho que um epílogo não precisa ser gigante pra ser "digno" ou "bom", mas me digam aí vocês, o que acharam? Ah, e outra coisa! Venho aqui anunciar uma notícia LINDAAAA! Vou criar uma segunda temporada pra essa Seleção. Não sei quando postarei, mas vai ter. Não será mais interativa porque todos os personagens desta Seleção interativa, já terminada, irão pra lá, ok? Se chamará "A Origem do Trono". Também tenho planos para a Samantha e Anna, mas falarei deles depois. Bem, eu gostaria de agradecer muitíssimo à todas as pessoas que me acompanharam nessa fic. Aos que comentaram no 1 cap e dps sumira, obrigada! Kkkk, vcs me deram um apoio inicial necessário! Muita gente parou de comentar ou ler porque America ficou com Jason e não com o Maxon. Fico meio triste porque essas pessoas não captaram o que eu queria passar: o amor mais improvável pode ser o amor mais louco. Não é só porque você ama o Maxon e quer que ele fique com a America que tem que ser assim na fic. É assim no livro, não é? Poxa, teve gente que até me ameaçou de morte auehauehauhea. Mas no problem, tenho Jason, Anna, Samantha, pancada de gente pra me defender MUAHUAHAU. Chorem. Eu deixo u___u. Agradeço muito muito muito mesmo, à vocês leitores fantasmas, que sobem pra caramba minhas visualizações, aos que acompanham e nunca leêm, aos que acompanham e leêm, aos que recomendaram, aos que me xingaram! Obrigada, sério! Me tornei uma escritora muito melhor durante essa jornada, que foi longa. E graça a vocês. Beijos pra todo mundo, cupcakes, CHUVA DE PIZZA, SORVETE, CACHORRO QUENTE, BRIGADEIRO, NUTELLA E MACARRÃO COM CALABRESA!! UAAAAU! E CHUVA DE JASONS!!!! hehehe! Beijos, meu povo, e até a próxima historia!

PS: antes de me despedir de verdade, quero propor uma coisa. Eu gostaria que cada um, ao comentar, pudesse discorrer sobre essas três perguntas: 1)O que você aprendeu com a Seleção? 2)Qual seu personagem favorito? e 3)O que imagina que pode ter acontecido com Clarkson, já que não é algo muito claro na história?

O resto, vcs podem comentar livremente!!!!!

Alice



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