Maxon havia se superado. Aquele lugar era perfeito, o mais belo que eu já vira, e só de olhar em volta percebi porque era tão especial para ele a ponto de me levar lá - era uma espécie de refúgio, não um refúgio dos rebeldes, mas da vida, mesmo, de ser um príncipe, de aguentar o pai, e da Seleção. 

Olhei em volta, ainda paralisada. Era um tipo de quarto, construído com pedras em estilo medieval, o que me sentir como se estivesse nos anos 1500. Havia, dentro da parede, livros encostados nas pedras, como se fossem secretos. Não tinha muita coisa ali, apenas uma cadeira e umas folhas no chão. De relance, pude perceber versos. Seriam poesias?

No geral, o lugar era simples. Não era nenhum pouco luxuoso. Mas o que me encantara fora o céu. Havia uma abertura na parede até a metade, imitando uma janela, mas sem vidros. E um telescópio, mirando as estrelas. Supus que estivéssemos bem alto, pois de repente tive a sensação de que a Lua parecia mais perto. Mais perto e maior. A vista que tínhamos por aquela "janela" era perfeita, mais perfeita que qualquer quadro de qualquer artista famoso. Pude ver as imediações do castelo e, no fundo, toda a cidade de Angeles, até os prédios mais longes e, depois, as colinas altas. Acima, o céu estrelado, com tantas estrelas que mais pareciam luzes piscando.

E a Lua. A Lua tinha seus encantos, como naquela noite. Ela pairava logo acima da colina mais alta ao fundo, e estava gigante e amarela. O céu ao redor estava isento de nuvens, perfeitamente combinando com a paisagem, que era um grande espetáculo. 

Eu não sabia onde estávamos. Mas logo soube.

Na Torre Principal. Era a Torre que ficava na floresta,  pouco conhecida pelos habitantes de Illéa e só os chefes de segurança podiam vigiar dessa Torre. Talvez pelo fato de ficar na floresta, era considerado perigosa, mas ao mesmo tempo era um refúgio perfeito. 

- Maxon, e-eu... - tentei agradecer, mas ele me interrompeu.

- America, - ele disse, chegando mais perto de mim - me sinto um tolo por ter te tratado mal. E infelizmente só agora entendo o que você sente em relação ás outras, - não acreditei que ele tinha dito aquilo, mas continuou. - por isso te trouxe aqui. É o meu lugar, você sabe, um refúgio de tudo. Espero que você tenha certeza de que eu te amo de verdade. - Maxon chegou mais perto, e meu coração começou a acelerar. - Ninguém, mas ninguém mesmo, tem permissão pra vir aqui, exceto eu. Nem as selecionadas os guardas deixam passar. Mas dei um jeito, para te mostrar enfim, tudo o que posso te oferecer. Esse lugar é tudo.

- Se nunca me deixar agradecer, vou ficar mal acostumada. - eu falei, sorrindo. - É o lugar mais perfeito que já vi em minha vida. Mas sei que não é apenas um lugar. É uma parte de você, - disse, olhando para os papéis - e logo será uma parte minha. 

Ele me puxou pela cintura.

Logo estávamos tão perto que pude sentir sua respiração.

Ah, por Deus. Aquilo era covardia.

- Maxon... - eu disse, tentando me desvencilhar. Mas ele me segurou com mais força, fechando os olhos.

E então Maxon me beijou. Eu retribuí, passando os dedos por sua nuca até chegar em suas costas.

Sorri. Porque estava feliz.

E me entreguei àquele sentimento, depois de me certificar que não poderia evitá-lo mais.