Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Desculpem-me pelo meu sumiço. Por favor, não pensem que eu abandonei a fic... kkk, eu nunca faria isso. Bem, acontece que eu entrei em época de provas semana passada, começou no sábado, e eu fui viajar na quarta à noite. Voltei apenas segunda à tarde e cheguei depois da meia-noite.
Bom, gostaria de agradecer a vocês por serem pacientes comigo... kkkk.
Beijos e fiquem com o Capítulo 29!

Música do capítulo:
Radio - Lana Del Rey

"Nem mesmo eles podem me parar agora
Garoto, eu estarei voando sobre as cabeças
Suas palavras pesadas não conseguem me deixar mal
Garoto, eu ressurgi da morte..."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/429554/chapter/29

As ordens de Peeta eram simples e eu prestava muita atenção para não fazer nada de errado, afinal aquele não era um lugar que permitia o erro... muito pelo contrário. Segundos após uma caminhada pesada de mais ou menos umas duas horas, eu e o garoto do meu Distrito paramos para repassar o plano, o qual eu ainda contestava.

Peeta deixou a ruiva adormecida apoiada em um tronco, suspirou uma ou duas vezes, limpou o suor da testa, olhou para o alto com a mão direita à frente dos olhos, a testa franzida, tentando imaginar que horas eram. O garoto esticou os braços para se recuperar do peso de Rachel, o qual não era tanto, mas ela estava desmaiada, e me encarou.

— Você vai encontrá-los e dizer que eu fui capturado pelos Carreiristas. - sua voz se tornou audível em um tom grave e cansado.

— Mas e Rachel? - questionei após me recuperar do susto que a quebra de silêncio me causou.

— Você vai levá-la até os outros e vai dizer que os Carreiristas fizeram iss. Não dá pra ver o ferimento ou o motivo de estar assim. Eu a trouxe até a divisa, você faz o resto... arranja um teatro, seja natural.

— Mas...

— Prim, estamos apenas repassando o plano. Vai começar a questionar agora?

— Eu...

— Eu sei que o remédio só dura mais um dia e que você precisa de mais. Por isso, tem que fazer algo de interessante aqui...

— Eu já matei meu primeiro tributo. Isso não conta? - falei da boca pra fora. Eu estava nervosa simplesmente porque ele queria mandar no plano inteiro e não me deixava apontar as falhas que o mesmo tinha. Uma delas era: como é que eu, uma menina indefesa, consegui me livrar de três Carreiristas e ainda carregar a ruiva até ali?

Ele revirou os olhos e eu ignorei o fato de estar sendo ignorada.

— Temos que conseguir com que façam um banquete, entende? Assim, você pega o paraquedas do 5 e do 12, ajuda Rachel e faz com que os outros se unam para atacar os Carreiristas que estarão em desvantagem.

— Mas...

— Vou fingir estar aliado à eles e ficarão surpresos quando virem que estão encurralados.

— Peeta...

— Pode não dar certo, mas eu já tenho outro plano para isso.

— Eu...

— Você não vai ajudá-los a lutar, vai apenas mostrar o que Cato supostamente fez.

— Eu não sei mentir...

— Está fazendo isso agora. - comentou apontando para a menina apoiada no tronco. - Faça o banquete acontecer. Lute por ele. Leve-os até mim e se tudo der errado se alie aos Carreiristas junto comigo. - Ele falava de um jeito que não me deixava contestar, mas eu deveria contestar, afinal como é que os Carreiristas não perceberiam que eu estava ao lado dos outros?

— Peeta, eu não concordo com bastante coisa que tem aí... - comentei, hesitante.

— Tudo bem. - falou, cruzando os braços. - Diga-me o que está passando nessa sua cabeça, Prim.

Eu hesitava e temia gaguejar, mas deveria dizer ao garoto o que tanto desejava fazer.

— Em primeiro lugar, eu acho que seu plano tem muitas falhas. - ele arqueou as sobrancelhas. - Não me leve à mal, Peeta, mas todos os planos têm falhas.

— Eu sei... - interrompeu. - Mas...

— Mas o seu tem muitas. - cortei sua fala.

— E o que é que sugere que façamos, então, sabichona? - jogou a questão. Infelizmente ele não sabia que eu já tinha algumas respostas prontas.

— Apenas aprimoramentos, Peeta. Detalhes que vão fazer com que melhore a ideia.

— Que tipo de aprimoramentos?

— Desculpas esfarrapadas. - falei triunfante. Ele não pareceu entender. - São a maior ajuda que vamos ter nesse momento...

— Eu não compreendo a que ponto quer chegar...

— Quanto mais desesperada eu estiver, mais eles vão acreditar. Entende? Por isso, eu não posso passar esse tanto de informações que quer que eu passe.

— Como é? Eu nunca disse pra você passar informações...

— Dizer que Cato e os outros fizeram isso logo de cara já é um motivo de teatro barato. Eu tenho que chegar desesperada e nem sabendo meu nome direito. - Peeta batia o pé direito no chão, impaciente, como se não concordasse com minhas ideias.

— Prossiga. - pediu.

— Eles têm que me perguntar, entende? Eu não posso sair falando tudo o que me vem à mente. Tenho que esperar a pergunta.

— Entendo... - continuou, tornando-se um pouco mais flexível às mudanças.

Sua expressão se aliviou um pouco.

— Conquistar a confianças desses Tributos é tão difícil, demorado e importante quanto tratar de um filhotinho doente. Se eu fizer uma coisa de errado posso comprometer todo o grupo porque os caçadores são mais fortes. Não é o que queremos, é?

Peeta não me encarava mais. Ele não estava com os braços cruzados ou batendo o pé na terra molhada da divisa verão-primavera. O garoto virou-se.

— Faça o que quiser, Prim. - disse.

— Vai fazer birra, Peeta? - brinquei, ele tornou a virar-se, só que agora com um sorriso no rosto.

— Eu não faço birra. - aquele era o garoto do pão que eu conhecia.

Deixei um sorriso saltar de dentro de mim e atravessar meu rosto.

— Precisamos de um sinal para dizer que está tudo bem, para dizer que estamos por perto... - comentei segundos depois.

— Eu conheço um. - falou aliviando seu rosto, mexendo o pescoço de um lado para o outro e molhando os lábios, como se estivesse se preparando para cantar ou...

Uma melodia de quatro notas foi mais alta que o silêncio do local. Os pássaros, tordos mais especificamente, repetiram a bela melodia.

Assobiar.

Aquilo me era muito familiar. Um arrepio passou por todo o meu corpo.

— Eu... eu pareço já ter ouvido isso antes. Onde foi que...

— Estive com Rue antes de ela se aliar à Tresh e me encontrei com ela enquanto procurava comida, como já te disse, pouco antes de vocês se esbarrarem.

— Mas...

— Ela disse que não podia abandonar o companheiro de Distrito, que prometera aliança à ele e que me aconselhava fazer o mesmo em relação a você...

— E por que não fez?

— Porque você quase acertou uma lança de madeira em mim quando eu te encontrei. - ironizou.

— Eu... eu esqueci de me desculpar por isso... - comentei. Ele apenas riu como se não se importasse com o ocorrido, como se tivesse sido apenas uma coisa de reflexo, talvez fosse o normal a acontecer naquele momento.

— Na verdade, você se desculpou sim... - sorriu. - Enfim, ela me ensinou essa melodia e disse que eu poderia usar se precisasse dela qualquer hora dessas. Como se não estivéssemos lutando pela vida...

— Eu...

— Parece que ela nos juntou, sabe... quer dizer, sem levar em conta a façanha da Capital durante a noite...

— Talvez estivessem entediados. Pouca coisa acontecia...

Peeta sorriu, mas pareceu se lembrar de algo.

— Falando nisso... - começou. - Precisamos dar um motivo para que eles salvem sua amiga, não é?

Assenti.

— Vamos conquistar a confiança de algumas pessoas, meu amigo. - brinquei. Peeta gargalhou e me deu um abraço.

— Lembre-se da música e fique viva, loirinha. - sussurrou. - Cuidado com o que anda dizendo por aí, hein...

Não pude dar uma resposta à altura da brincadeira. O garoto do pão já estava longe quando comecei a fazer minha parte.

[...]

Eles montaram acampamento na primavera. Izzy estava de guarda e Carl parecia desorientado, talvez se perguntando como fora parar ali. O casal de Tributos do Sete dormia tranquilamente enquanto o casal do Três discutia as chances de acertarem a resposta para aquela questão.

A morena do três sussurrava algo para Carl enquanto eu me aproximava. Segundos depois, chamei, involuntariamente, a atenção dos dois ao pisar num galho seco. Sem querer, soltei os braços da menina adormecida, encarei algumas árvores e deixei meu corpo cair para o lado. Eu ainda estava acordada, mas aquela caminhada toda puxando a ruiva de um lado para o outro e tentando tomar cuidado pra não machucar mais fez com que eu me cansasse pra caramba.

Deixei que meu rosto se cortasse no galho em que caíra e sujei minha roupa e meus braços de terra para que não desconfiassem.

Izzy chegou empunhando uma faca de prata de um lado e Carl tinha um fio de cobre vermelho cheio de nós, parecendo uma rede de pesca, do outro lado, como se para nos capturar.

Pouco antes de o menino liberar a descarga elétrica, a morena o impediu com a faca de prata e correu em minha direção.

— Ajude a ruiva que eu ajudo a loira. - gritou.

O menino hesitava.

— Eu não sei se é uma boa ideia...

— Elas estão feridas, Carl. E são nossas aliadas, foi o que Peeta disse pouco antes de desaparecer.

— PEETA! - gritei em desespero.

— Ela está em choque! - a morena gritou enquanto me arrastava para a grama. - Ajude a ruiva! - ordenou.

O menino moreno foi em direção à Rachel e a levou até o local onde eu estava.

— Está tudo bem, Doze. - Izzy me acalmou quando percebeu que minha respiração estava acelerada.

— Peeta. Cato. Carreiristas.

— Shhhh! - pediu. - Acalme-se. - a menina tornou a chamar o companheiro de Distrito. - Guarde a mochila das meninas e traga água potável para Prim, por favor.

Assim que Carl juntou nossas coisas com as deles, Rachel acordou assustada. Eu queria abraçá-la, dizer que estava tudo bem e que tudo acabaria bem.

Mas eu tinha que manter as aparências... e ela só tinha mais um dia caso eu não conseguisse convencê-los com meu teatrinho barato.

— O quê aconteceu? - perguntou. Sua respiração também estava acelerada.

— Também não sabemos... - Izzy respondeu. - Prim não consegue dizer diretamente... vamos esperar um pouco. Carl, traga mais uma garrafa, por favor!

Pediu quando percebeu que apenas um pouco de água não iria nos satisfazer.

Pouco depois da gritaria, Cherry e Diogo acordaram assustados. O menino estava com o rosto machucado e a loira tinha um corte no braço esquerdo. Pude ver a cicatriz que Marvel deixara em um dos tributos do três e consegui ver as marcas que o fio de choque deixou nas mãos de Carl. Eu sabia que era difícil armar aquela "rede", mas não sabia que deixava marcas.

Quando nos acalmamos, expliquei tudo o que eles me perguntaram. Disse que os Carreiristas estavam nos perseguindo, falei sobre a teoria de que a Capital mudou nossas rotas, falei do encontro com Peeta e do reencontro com Cato. Disse que Peeta foi levado por eles para que eu e Rachel, atingida por uma pedra na cabeça, fugíssemos e encontrássemos os outros. Inventei que a ruiva pudesse imaginar que outra coisa acontecera por causa com impacto, falei que precisávamos ajudar o menino e que tínhamos de nos unir para acabar com a aliança entre Glimmer, Clove e Cato. Todos ouviam atentamente e concordavam na maioria das vezes.

— Sei que somos a maioria... - continuei. - Mas precisamos nos preocupar com a força deles. Os Carreiristas são, naturalmente, mais fortes. Por isso, creio que devamos atacar à noite. Não essa noite, mas eles têm menos vantagem quando não veem nada...

— Como é que nós vamos ver, então? - questionou Cherr.

Um sorriso atravessou meu rosto.

— Eu sei que Izzy e Carl podem fazer essa mágica acontecer...

Os dois olharam para mim e se olharam com cumplicidade. Eu sabia que eles poderiam fazer com que víssemos no escuro.

— Você descobriu sobre a roupa, não foi? - Izzy perguntou.

— Quando Rachel me falou do fio eu percebi ter visto algo parecido nas fórmulas que estavam encrustadas nas roupas que usaram na Capital. - comentei. - Mas não falei nada por não ter certeza...

A morena me encarou. Cherr pegou o machado e começou a falar algo, mas uma voz lá no alto chamou a atenção de todos.

— Atenção Tributos da Septuagésima Quarta edição anual dos Jogos Vorazes. Sabendo que a maioria de vocês precisa de algo para manter-se vivos, nós, da Capital, preparamos um banquete de ajuda. Agradeçam ao teatro, caros amigos. Não somos de fazer isso, mas fomos persuadidos. Estejam na Cornucópia nesta madrugada. Sejam espertos.

Assim que o anúncio foi finalizado, uma discussão tomou conta do acampamento. Perguntas do tipo: "Que teatro é esse?"," Do que é que esse cara está falando?", Você precisa de algo, cara?" começaram a surgir e, logo após chamar a atenção batendo com as mãos duas vezes, tomei a palavra.

— Atacaremos amanhã à meia noite. Vamos descansar para conseguir participar do banquete. Cherr, se não se incomodar, poderia começar a guarda? - pedi.

— Nem precisa pedir duas vezes.

Sorri triunfante em agradecimento à Peeta e à Haymitch, mas fiz parecer que era para a menina do Sete. Eu sabia que tinha um dedo do mentor nisso tudo. A Capital não costuma ironizar os Jogos.

Por mérito, eu conquistara a chance de salvar Rachel e ainda ganhar algo para me ajudar. O que era eu não sabia, mas deveria ser necessário. Eu só não poderia deixar escapar. Eu não poderia perder essa chance. Rachel merecia ficar viva por mais de um dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pra você que leu até aqui, muito obrigada por me acompanhar. Já que estou feliz, vou fazer uma surpresa para vocês. É um Spoiler e tanto, hein...

http://www.casimages.com.br/i/140422060256536618.jpg.html

"Abri os olhos e uma claridade absurda tomou conta de minhas vistas. Eu não via nada nem ninguém num raio de vários metros. De repente, uma figura loira, estranha e engraçada apareceu na minha frente. Olhos azuis marcantes e brincalhões me encaravam há menos de um metro de distância. A coisa se afastou um pouco e percebi ser uma pessoa pouco mais alta que eu.
Ela começou a falar alguma coisa, mas o som que invadia meus ouvidos era completamente incompreensível. Lancei um olhar de desentendida para a doida. No mesmo instante, ela bateu com a palma da mão aberta em sua testa e fez uma careta desagradável, saiu da sala onde eu me encontrava e voltou com algo que me pareceu um aparelho auditivo em mãos segundos depois.
— Eu não preciso disso, escuto muito bem!
A loira maluca não se importou com o que eu disse e me fez colocar o aparelho no ouvido. Após uma regulagem que pareceu demorar alguns minutos, ela me encarou e pronunciou as palavras.
— Seja bem-vinda a Lemas. Espero que goste do lugar.
Ela se virou e, em um momento de atenção, percebi que ela possuía o mesmo aparelho em suas duas orelhas. Fiquei curiosa para saber o que era e como ela conseguiu fazer com que eu a entendesse, mas, quando dei por mim, ela já estava longe o bastante para me ouvir."