Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Desculpem-me a demora, mas é que eu estava com os horários apertados. Bom, aproveitando que hoje eu já acabei de fazer o que tinha pra fazer, vamos a mais uma postagem! Dessa vez maior e com mais ação. Beijocas!

Música do Capítulo: Até o fim - Engenheiros do Hawaii.

"Não vim até aqui
Pra desistir agora
Entendo você
Se você quiser ir embora

[...]

Minhas raízes estão no ar
Minha casa é qualquer lugar
Se depender de mim
Eu vou até o fim."

(Não escutem a música lendo. Não há conexão entre o ritmo e o capítulo, mas essas partes resumem o que eu quero dizer. Beijos.)



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Eu poderia dizer que estava tudo bem, que correr desesperadamente e sem rumo certo era normal ou até mesmo que estar completamente zonza não era nada demais. Mas eu não faria isso, afinal estava exausta e não conseguiria me movimentar nem por mais um metro, quem dirá um quilômetro...

Acontece que tem muitas vozes na minha mente e elas me deixam confusa. É como se me mandassem seguir caminho para a esquerda, mas meu corpo sempre insistisse em seguir pela direita.

Olhei para o alto. O sol brilhava forte lá no alto, como se quisesse demonstrar ser o único cuja magnificência poderia ser observada.

Era meio-dia. Eu estava suada, cansada e não conseguia dar mais um passo sequer. Mas Rachel estava no comando. Ela diria para onde seguir. Ela diria a hora de parar.

Infelizmente, a dor em minha perna chegou a um nível tão elevado que não consegui continuar.

Parei de correr, agachei para repor o fôlego, olhei para a frente, meu coração estava disparado. Rachel ainda não percebera que eu havia parado, mas eu não tinha forças para gritá-la.

Levante-me, joguei a mochila que estava em minhas costas para o lado, passe a mão no estilingue e saquei-o. Peguei uma pedra e mirei em uma árvore que estava próxima do caminho que a ruiva seguia.

Rachel virou-se no mesmo instante e se deparou com uma Prim descabelada, suja e cansada. Infelizmente eu não pensei bem antes de atirar aquela pedra. Eu me esquecera completamente de onde estava. Só conseguia saber que tinha cansaço, fome e que precisava de um banho. É egoísmo, eu sei, mas ninguém pensa direito quando precisa de algo. Eu só não deveria ter me dado ao luxo de esquecer de pensar, afinal minha vida dependia disso.

Consegui ver apenas as mechas ruivas contra o vento do lugar vindo em minha direção. Rachel estava com raiva, dava para ver em sua face. Era como se pensasse que eu fosse uma traidora e eu não a culpo. Eu pensaria o mesmo de qualquer outro aliado que fizesse isso a mim independente de quem fosse.

A menina se encontrava já há menos de três metros de mim. Rachel diminuiu um pouco o ritmo e empunhou uma espada. Tudo o que eu consegui fazer foi ficar parada ali.

Foi quando eu percebi que não adiantaria nada ficar parada. Rachel não perceberia que eu ainda era sua aliada, ela não perceberia que aquele foi um aviso.

Abaixei de uma só vez e me joguei para o lado. Tive a sorte de não cair em cima da mochila cheia de armas mortais. Felizmente deu tempo de ela não me acertar. Rachel passou direto.

— Rach! - consegui gritar. O cansaço fora embora e dera lugar ao medo e desespero. - Eu não quis te machucar! Não era para te acertar! - continuei gritando e colocando as duas mãos à frente do rosto para ela ver que eu não estava armada.

— Eu vou te... - ela não terminou.

Rachel correu em minha direção novamente. Parecia que nada do que eu falasse para ela iria mudar sua hipótese.

— Rachel, calma! Acha que eu te trairia? - perguntei com medo. Eu não conseguia explicar, mas ela parecia ser do tipo que não tinha medo de nada. Que apenas aparentava. Foi assim que vários Tributos ganharam em outras edições.

Eles eram como eu era no início, mas a diferença é que permaneceram sendo os coitadinhos até o final. Fingindo não trazer problema nenhum, como se todos tivessem pena de matar quando chegasse a hora.

Nunca quis acreditar que Rachel fosse esse tipo de pessoa que mente.

A ruiva gritou com todas as suas força e correu a meu encontro com a espada em mãos. Fechei os olhos. Seria aquele o meu fim? Eu me deixaria acabar daquela forma? Eu me entregaria? Simplesmente isso?

Abri os olhos.

Hoje não. Pensei.

Hoje não. Amanhã também não. Se ela não queria mais ser minha aliada, que fosse como quisesse.

Encarei Rachel. Suas mechas ruivas ricocheteavam de um lado para o outro em meio ao vento que batia nas mesmas. A menina ruiva continuou seguindo. Eu ainda estava caída no chão tentando convencê-la de que não fora nada demais.

Rachel estava quase chegando e eu não conseguia fazer nada mais a não ser encará-la. Não com um olhar de piedade, mas de determinação. A ruiva foi de encontro a mim, ergueu a espada e fincou-a...

Olhei para cima esperando a dor, mas eu não a sentia.

Encarei o local onde a espada estava encrustada e tive a certeza de que Rachel não tinha mira.

Graças à Deus!

— Rach... ah, Rach. - consegui dizer. A menina estava sentada do meu lado, as mãos seguravam seu rosto amparado pelos joelhos. Rachel me encarou com aqueles olhos desesperados como se estivesse fora se si e voltara naquele mesmo momento. - Eu não queria te acertar.

Finalizei, encarando o céu e fechando os olhos delicadamente.

— Não! Não, Prim, não morre! - ela disse saindo do estado de transe e indo de encontro a mim.

— Não estou morrendo, Rachel. - falei sorrindo, ainda com os olhos fechados.

— Mas... eu...

— Por ironia do destino você não me acertou. - comentei sem deixar transparecer o medo que estava sentindo.

— Meu Deus, Prim! - falou aos soluços. Rachel me ajudou a levantar, eu puxei a espada fincada no chão e a joguei perto da mochila. Rachel me abraçou. - Eu não me perdoaria se você tivesse morrido mesmo que tivesse tentado me acertar...

— Mas não morri. Está tudo bem...

— Eu pensei que você queria me matar. Pensei que estivesse na hora de dizer adeus.

— Está tudo bem, Rach, não foi nada. Foi minha culpa, não pensei direito. - sussurrei.

Rachel se afastou do abraço.

— Por que parou? - perguntou. - Digo, por que parou de andar?

— Eu estava cansada e queria te avisar. Me desculpe. - Rachel sorriu enquanto enxugava uma lágrima. - O quê foi? - pergunto.

— Nada... - ela diz ainda enxugando o rosto na jaqueta. - É só que eu quase te matei e quem foi você quem pediu desculpas.

Ela me encara por alguns segundos. Eu retribuo. Dou de ombros e lanço um sorriso sem graça.

Procuro olhar para outros lados e é quando percebo. Eu já passara por ali. O sorriso sem graça se desfaz.

— Rach. - chamo e aponto para a direção onde o vejo.

— O tronco! - exclama a menina cheia de alegria. Ela olha para mim.- Encontramos nosso esconderijo, por que é que não está feliz? - questiona.

Antes que eu pudesse responder, alguém completamente conhecido aparece para cobrar as dívidas que eu deveria pagar. Eram exatamente uma lanterna, grãos, uma corda e a garrafa térmica.

[...]

Tresh ficou completamente visível segundos depois de Rachel perceber que outro Tributo se juntara à "festa".

— Do que é que estão rindo? - pergunta ao longe. nenhuma de nós duas ousou responder. - Hum. Não parem de comemorar apenas porque eu cheguei. Também quero aproveitar...

O menino do onze bateria palmas nesse mesmo instante caso ainda tivesse uma das mãos.

Sim, Tresh estava sem uma das mãos, o que era bastante ruim de se ver afinal o ferimento estava completamente exposto, e vinha em nossa direção com uma faca na mão boa.

Engoli em seco.

— Tresh, eu... a gente tinha um plano... e...

— Eu não quero saber, Ruiva! - gritou. - Ela está morta por causa de vocês!

— Por nossa causa? - cometi a burrice de responder. - Mas ela fez isso por você! - como eu disse: burrice.

Tresh me lançou um olhar de: "É mesmo? E eu com isso?"

— Não é culpa de vocês. É sua culpa, Prim. - apontou para mim. O garoto enorme retomou o caminho e veio em minha direção. Se ele não tivesse a desvantagem de mãos, aposto que torceria meu pescoço naquele mesmo momento.

— Ela só queria o remédio para te curar, Tresh! Não é grato a isso? - Rach chamou a atenção dele.

— Ah, mas é claro que sou. - disse se virando e deixando algumas partes de seu corpo vulneráveis e facilitando alguns ataques. Mas não era a hora certa, ele poderia conseguir inverter tudo. - Infelizmente ela morreu, eu estou morrendo a cada dia e isso tudo por causa de um acordo. - jogou na cara de Rachel. - Você confiou tanto nela que teve de esperar essa aí acordar. - lançou o queixo em minha direção.

— Sabe... - voltei a falar. - eu imaginei que você fosse um cara bacana, Tresh. Mas agora eu percebi que é apenas um aproveitador barato. - ele fez uma cara de "Eu? Nunca!"

— Eu? Aproveitador? - como eu disse...

— Sim. - afirmei com firmeza. - Você faria o mesmo se fosse o contrário?

Questionei.

— Eu... eu não sei... eu... - gaguejou.

— Como eu imaginava. - sussurrei. Um tempo se passou e uma ideia me veio à mente. - É isso o que você quer? - provoquei.

Tresh olhou para minhas mãos, antes vazias, as quais seguravam um frasco metálico. Seus olhos brilharam quando viram o remédio tão desejado.

— Eu... sim, claro. Podemos entrar em um acordo... - tentou me enrolar.

— Eu posso ter a mesma idade de Rue, ou ser até mais nova. Mas eu não vou cometer o mesmo erro que ela. Se quer o remédio, vai pegar. - falei lançando um olhar de cumplicidade para Rachel como se eu dissesse: "Agora." Tresh correu em minha direção para tomar o remédio de minhas mãos, mas eu joguei para Rachel. Ele fez o mesmo com ela, mas a menina retornou o frasco para mim e assim sucessivamente por umas duas vezes mais. Cansado de brincar, o menino deu um jeito de pegar o remédio no ar por causa de uma falha que eu tive ao lançá-lo para a ruiva.

Quando percebeu minha mancada, Rachel pegou a espada do chão e chamou a atenção de Tresh. Eu pensei que a luta já estava ganha, afinal ela o pegara de surpresa. Mas Tresh era forte e imobilizou a ruiva em um confronto corpo-a-corpo que não consegui definir em nada mais que confuso e isso fez com que ele soltasse o frasco, afinal precisou pegar a arma e só tinha uma mão. O garoto alto segurou Rachel pelo pescoço e, com a mão boa, segurou a espada da menina perto do mesmo. O sangue da mão infeccionada escorria pelo cabelo alaranjado dela e se misturava com a pele alva da mesma. Rachel fechou os olhos para o sangue não atingi-los e tentava se livrar da espada roubada.

— Eu perdi a mão na neve. - comentou. - Eles a envenenaram, sabia? - questionou desafiador. - Eles nos odeiam. Sempre foi assim... mas eu soube que se eu ganhar essa coisa ganho uma mão nova de presente. - finalizou.

— Não foi o que me disseram, Tresh. - contra argumentei. - Existe um vencedor do seu Distrito que não possui o braço...

Ele riu seco.

— Sim, claro... mas acontece que minha vitória será um triunfo bem maior que o dele. Ao contrário daquele cara, Prim, eu vou vencer porque quero e não porque tenho de vencer. - pareceu estar satisfeito com as palavras. Revirei os olhos. Já estava cansada daquilo.

Em um momento de impulso, corri até a mochila e encontrei, jogado ao lado da mesma, uma arma desconhecida por qualquer outra arena senão aquela. Enfiei a mão no bolso da jaqueta e senti a estaca pesar. Empunhei a arma, posicionei a munição, estiquei a borracha.

— Ei, Tresh! - chamei. O menino alto olhou em minha direção de relance. Quando percebeu o que eu estava para fazer, começou a arranhar a garganta de Rachel com a espada. Aquilo me desestabilizou um pouco. As pernas começaram a tremer, o rosto começou a coçar e o suor era mais do que em qualquer outra situação. Encarei o menino quase tirando sangue de minha aliada e jurei a mim mesma que ele não derramaria sequer uma gota de sangue dela. - Obrigada pelo meu primeiro dia de sobrevivência. - gritei. - Estaria morta se não fosse por você.

— O quê...? - falou parando de passar a espada na garganta da menina.

— ... mas não posso garantir que você sobreviva. - não esperei nem mais um minuto e soltei a borracha.

A estaca percorreu todo o caminho e encrustou-se no corpo do menino do Onze. Primeiro eu ouvi o grito de dor de Tresh, depois eu pude sentir seu olhar sobre mim, ele me chamava de traidora. Por último, ouvi o canhão anunciando a morte do menino. Olhei para o corpo do Onze. Eu acertara seu coração.

Eu me sentia uma pessoa horrível. Sim, horrível acima de tudo. Eu, que nunca me imaginei machucando um animal, acabara de matar meu primeiro Tributo da edição.

Primeiro o estilingue caiu... e depois eu caí de joelhos na terra molhada. Vi Rachel recolhendo o frasco e, antes que ela pudesse colocá-lo na mochila, peguei e pendurei no cinto. Voltei a sentar-me na terra molhada e a abraçar os joelhos. Aquilo era muito para mim.

— Vamos, Prim. Eles não vão buscá-lo se ficarmos aqui. - ela falava do aerodeslizador.

Isso queria dizer que não ficaríamos mais no tronco.

[...]

Eu andava automaticamente. Eu com certeza não aguentaria toda aquela pressão. Já não aguentava antes de me entregar aos jogos... imagina agora que matara Tresh?

Não via mais motivos para correr. Apenas nove Tributos restaram e eu apostava que Cato estava ocupado demais com Clove e seus ferimentos.

Infelizmente eu me esquecera de que mais Tributos ainda estavam vivos. Paramos assim que a ruiva percebeu que não chegaríamos em lugar nenhum. Não havia mais tronco, pelo menos eu é que não voltaria no local onde o menino do Onze fora executado.

Ao acordarmos, eu e Rachel, por incrível que possa parecer, não estávamos mais no mesmo lugar. E pior, não estávamos juntas.

Poderia ser um truque da Capital para aproximar outros tributos ou poderia ser apenas o fato de eu estar alucinando, mas era real demais para parecer algo da minha cabeça.

Eu estava no verão. E havia outro Tributo à minha frente.

Permiti a mim mesma que olhasse para a frente. Minha cara de surpresa pareceu fazer o garoto à frente sorrir. Levantei-me e deixei que o mesmo me visse.

— Peeta! - exclamei saindo do automático.

— Prim! - ele estava feliz.

— Peeta... - repeti.

— Prim! - ele corria em minha direção.

— Peeta?! - tornei a repetir.

— Prim, meu Deus! - o menino se aproximou rapidamente. Ele tinha a mesma intensidade na voz que eu usava. Peeta corria em minha direção com uma lança em suas mãos. Ao contrário de Tresh, ele tinha as duas e ainda era forte.

A expressão dele era dura, mas deixei de lado o ambiente e continuei falando.

— Peeta. - falei com raiva e correndo em sua direção. - Você me deixou! - falei enquanto dava um soco em seu ombro. - Você me deixou!

— E você tentou me matar! - exclamou com raiva e levantou a lança em suas mãos, como se mostrasse que também tinha autoridade.

— Eu não sabia que era você - comentei, fazendo com que ele abaixasse a lança.

— Eu não sabia onde você estava! - seu olhar era desafiador, como se quisesse competir comigo em questão de argumentação.

— VOCÊ ME DEIXOU! - gritei estapeando-o como em uma briga idiota de irmãos. Ele respondeu da mesma forma. - E quanto ao plano? E quanto à aliança? - Peeta também estava enfurecido.

Ele jogou a lança de lado e começamos a rolar no chão. Ao mesmo tempo em que eu dava beliscões e arranhões no garoto, ele puxava meu cabelo e gritava que não tinha culpa.

Em um momento de consciência, consegui imobilizá-lo pela orelha e me levantar. Eu tinha noção de que ele se deixara imobilizar, afinal eu não tinha força suficiente para realizar tal proeza.

Olhei ao redor. Foi quando percebi onde estava. Soltei a orelha do menino.

— Eu... - começou, esfregando a orelha dolorida.

— Como eu vim parar aqui? - interrompi. - Eu não me lembro de ter vindo por esse lado. Onde está Rachel? - eu falava mais para mim que para ele.

— Quem é Rachel? - Peeta disse ainda com a lança em mãos, como se fosse me matar a qualquer movimento brusco que eu fizesse.

— A menina ruiva do cinco. Onde ela está?

— Eu não sei. - respondeu rapidamente.

— Onde estou. Eu... eu quero te matar! - falei com raiva.

— Eu também quero te matar! - continuou. - Acha que estou feliz por ter feito aquilo? Acha que vou agradecer à você por ter quase me incendiado, tipo... literalmente?

Bufei.

— Me desculpe... eu...

— Está mais calma? - perguntou. Assenti.

Um tempo se passou.

— Como eu vim parar aqui?

Peeta deu de ombros.

— Da mesma forma que eu. - comentou como se não fosse algo importante. - Eu estava no outono com os outros e acordei aqui... - continuou.- Parece que a Capital mudou nossas rotas. Soube que eles podem fazer isso.

Eu estava muito estressada por causa do ocorrido, mas quando eu ouvi "os outros", tudo ao meu redor sumiu.

Eu não consegui pensar que não havia nenhuma fonte de água naquele espaço ou que eu não conseguiria suportar o calor do sol por causa da pele completamente sensível que eu tinha. Comecei a sentir um calor absurdo e já ia tirando a jaqueta, mas Peeta me impediu.

— Fica pior... - comentou. - Se tirar a jaqueta, sua pele vai queimar. Os egípcios costumavam usar roupas largas em lugares assim, mas não temos outra opção...

Como ele descobrira aquilo eu não sabia, mas sabia que tinham outros da aliança e que eles ensinaram muitas coisas a Peeta.

— Onde estavam? - perguntei.

— Nós estávamos procurando por vocês. Eu até encontrei um pertence seu em um tronco, mas tive de correr pois o menino sem mão chegou em seguida e se apoderou do lugar. - Peeta ergueu o broche de tordo e o entregou a mim. Olhei para a jaqueta. Eu nem percebera que o perdera.

— Obrigada... - comentei não deixando a surpresa transparecer.

— Eles são interessantes... - comentou.

— Eles quem? - questionei.

— Tordos. - apenas disse isso.

Em seguida, Peeta olhou para o alto e assobiou uma melodia de quatro notas. Segundos depois, os pássaros responderam.

— Onde aprendeu? - perguntei maravilhada com o som que invadia meus ouvidos.

— Rue. Ela era da aliança antes de encontrar o companheiro de distrito e a gente se comunicava assim. Ela nos deixou e agora ambos estão mortos.

Assenti e encarei o horizonte. Eu queria esquecer que a morte existia. Eu reencontrara Peeta!

— Me desculpe! - pedi a Peeta, sem me importar se ele sabia ou não do que eu estava falando. Eu sabia que devia isso a ele e não tinha tanto tempo para falar. - Me desculpe por tudo, por ter sido uma idiota ao tentar te acertar... por pensar que você fosse me deixar sozinha. Pelo que eu acabei de fazer. Me desculpe...

Ele me olhou com alívio.

— Pensei que nunca fosse admitir. - não me importei em questionar.

Eu estava tão feliz por ver Peeta, meu escolhido que falava coisas sem sentido, que me esqueci de Rachel. A ruiva ficara sozinha junto dos perigos do verão e, quando ouvi seu grito agudo tomando conta da fenda, meu coração disparou e tudo veio à tona. Pelo menos eu descobrira sua localização.

Eu sentia algo por ela. Algo que sentia por Katniss. Algo que pensei que sentiria por Rue, a qual não se encontrava mais em torno de nós.

— Você está ouvindo isso? - questionou Peeta, se desfazendo do abraço.

— Não é isso, é ela... - comentei, nervosa comigo mesma por ser tão burra em deixá-la sozinha na primavera e ter caído no verão.

— Ela quem?

— Rachel, minha aliada! Eu já expliquei quem é. Ela me salvou da neve envenenada, me deu comida e armas, nós dividimos um lugar para dormir e dividimos nossas vidas umas com as outras. Ela me ajudou e agora precisa de ajuda.

— Prim...

— Eu preciso ir, Peeta. Eu escolhi você e eu estou aqui com você, mas não penso em deixá-la. Não penso em descartá-la como se não fosse importante. Ela é, sim. E eu vou lá. Eu vou segui-la até o fim.

Peeta revirou os olhos, mas deixou os ombros caírem, o que era um bom sinal, cedendo ao argumento. O garoto padeiro ergueu o braço, como se mostrando o caminho para que eu seguisse. Eu comecei a coçar o braço esquerdo, o que acontecia quando eu ficava nervosa, e comecei a correr atrás do menino que seguia a voz de Rachel.


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