Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!! Esse 2014 tá tão parado...

Eu já falei que detesto verão? Não?! Eu sei que devem me achar uma doida... afinal, verão significa férias... férias significa descanso... mas o verão no Brasil, ainda mais na minha cidade, é terrível! Suor, calor, piscina cheia de gente, a água fica quente, a gente demora uma eternidade pra chegar no toboágua e menos de meio minuto pra descer, o sorvete derrete com mais facilidade, não dá pra tomar capuccino sem queimar a boca e ficar reclamando do calor depois... é horrível! E vocês sabem disso...! Traduzindo: detesto calor... mas o que me ajuda nesse período terrível é a escrita e a música. Já que tá todo mundo aqui em casa ocupado e nem dá pra fazer música agora, vamos escrever!!!!!!
Por isso...fiquem com o capítulo 12. O primeiro contato com os outros Tributos. Beijos!

Música do Capítulo:

Zombie (Acoustic) - The Pretty Reckless.

"de novo você me quer para cair na minha cabeça
eu sou um zumbi
quão baixo você que me empurra
para ir antes de me deitar morta..."



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Estávamos na porta do elevador, esperando que se abrisse revelando a grande cabine dourada. Eu e Peeta não nos olhávamos.

— Os Carreiristas vão tentar desequilibrá-los mostrando habilidades mortais. - começou Haymitch, de uma hora para a outra. - Não se abalem... eles podem parecer fortes, mas cada um guarda um segredo que poderia ser usado como arma... - ele apertou o botão dourado novamente e novamente. - Sua missão, no dia de hoje, é tentar se aproximar... tentar conquistar a confiança desses Tributos. Quando conseguirem, vão descobrir os segredos... - Peeta olhou para mim, como se fosse loucura. Eu concordava, mas Haymitch já ganhara aquilo uma vez e estava disposto a nos ajudar a vencer. - Não mostrem suas habilidades mais fortes, guardem-nas para os idealizadores e para a Arena.

— Mas... - comecei, interrompendo. O que foi uma péssima ideia, já que o mentor odiava ser interrompido.

— Mas o quê? - perguntou, irritado.

— Como quer que a gente conquiste a confiança deles se não mostramos ser úteis?

— Loirinha... às vezes, eles preferem Tributos fracos como aliados...

— Mas... por quê?

— Porque assim que eles se cansam, matam esses aliados fracos e ganham o Jogos Vorazes. Mas, se descobrir coisas que os enfraquecem... bem, aí a história muda... além do mais, quando se esconde habilidades deles... fica mais fácil de atacá-los... eles nunca vão esperar isso de vocês...

Era lógico. Por isso, calei minha boca.

— Então... - Peeta começou. - está dizendo para nos aliar aos Carreiristas?

— Eles não são confiáveis, Peeta, isso eu lhe garanto... mas ajudam. Sabemos que apenas um sai vivo e que aliados trairão e serão traídos... mas, pelo menos no início, precisamos deles... - Haymitch abaixou a cabeça, como se aquilo já tivesse acontecido com ele quando foi para a Arena...

— Tudo bem... - comentou Peeta, percebendo o estado em que o mentor ficou. Eu nunca vira aquele homem chorar, sabia que ele não estava derramando lágrimas naquele momento... mas ele parecia triste... como se, talvez, ele até se importasse...

— Por que é que o elevador não chega? Se chegarmos atrasados e Effie ficar sabendo, vamos levar advertência! - gritou, passando a mão no rosto, como se limpasse ou afastasse lágrimas.

Assim que terminou de reclamar, o elevador chegou ao décimo segundo andar. A porta se abriu e Haymitch mandou que entrássemos.

O homem apertou um botão à esquerda do primeiro andar. Subsolo, Centro de Treinamento.

— Eu os levo até aqui... mostro onde é que devem ficar e volto para o nosso andar. É o que eu devo fazer... - falou, com o tom de voz diferente, não parecia estar bêbado. - boa sorte... e tentem arranjar aliados.

— Vamos tentar... - falei. - mas como vamos saber se podemos confiar?

— Não podem confiar, Prim. Como eu já disse, eles são traiçoeiros, apenas tente arranjar um aliado forte e que não te mate no primeiro descuido...

— Distrito Dois eliminado... - falei, fazendo um X no ar, como se riscasse os nomes da lista de aliados. Peeta me olhou, em reprovação. - o quê? Você confiaria neles?

— Não... mas eles são fortes... e...

— Crianças, não devem se atrasar... vão... deixa para discutir depois. - disse Haymitch, praticamente nos empurrando do elevador. - A instrutora está lá... - ele apontou para a esquerda. - existem pessoas que ajudam vocês a desenvolverem algumas habilidades... outros lutam com você, mas nunca tentem acertar outro Tributo... isso faz com que percam pontos, sei disso por experiência própria. Ela vai dizer isso... agora vão!

E nós fomos. Logo depois, a porta do elevador se fechou atrás de nós.

[...]

Quando entramos no campo de visão dos outros, percebi que ainda faltavam alguns Tributos. Os Distritos Um e Dois ainda não estava lá.

— Sempre pensei que os Carreiristas nunca se atrasavam... - comentei com Peeta.

— Eu também achava... - sussurrou de volta.

— Acha que a instrutora vai esperá-los para começar? - perguntei.

— Bom, se fossem os outros Distritos eu acho que não... mas, você sabe, são os Carreiristas... - concluiu.

— Mas eles treinam a vida toda pra isso... por que é que precisam de mais?

— Porque, talvez, eles queiram nos apavorar mostrando grandes habilidades com facas, arco, lanças, espadas e coisas assim? - ironizou. Foi quando decidi que seria melhor me calar.

Aproveitei esse tempo de silêncio para observar tudo à minha volta. Todos os outros Tributos presentes usavam a mesma roupa que eu. A única coisa que mudava era a numeração da manga da blusa. Era o que diferenciava um Distrito do outro. A sala era enorme e cinza. Era dividida em categorias. Dividida como uma torta, lembrei-me do que Peeta dissera no trem quando eu contei sobre o meu sonho.

Pude ver algumas das armas, não sabia usar nenhuma delas. Alguns pacificadores estavam lá caso precisassem punir algum Tributo teimoso. Carl conversava com Izzy em um canto afastado da sala. Pareciam que iriam se aliar, com certeza...

Eles deveriam estar falando de coisas que envolvem tecnologia ou algo do tipo. A menina lançou um sorriso para mim. Não se parecia mais com aquela mesma menina que me lançara uma "descarga elétrica" pelo olhar.

Mudei o foco de minha visão para os outros. A menininha do 11 observava tudo e todos, como se estivesse maravilhada com a lugar, mas como se estivesse com medo das pessoas que nele estavam. Eu também deveria estar me sentindo assim. Rue me lançou um sorriso torto, como se entendesse minha situação. Olhei para seu companheiro de Distrito... ele tinha chances de ganhar, era forte, alto e bem alimentado...

Os Tributos do Distrito Quatro não pareciam uma ameaça. O menino, não sabia seu nome, não deveria passar dos treze anos e a menina deveria ter uns quinze. Mesmo sendo muito novos, tinham um olhar confiante, como se fossem matar todos. Não me chamaram a atenção... não pareciam ser aliados confiáveis.

Os outros Distritos estavam dispersos na sala, como se não soubesse o que fazer.

Haymitch disse que começaria em dentro de alguns minutos... estamos aqui há quanto tempo? - perguntou Peeta, desviando minha atenção dos outros.

— Eles estão esperando os Carreiristas... - falei. O menino apenas assentiu.

Segundos depois, Cato e Clove entraram na sala acompanhados de Glimmer e Marvel. Logo em seguida, uma mulher com a roupa das mesmas cores que as nossas entrou na sala.

Como eu imaginava...

— Sejam bem-vindos, Tributos! Meu nome é Christy e eu sou a instrutora. - começou. - Vocês podem treinar em qualquer uma das categorias, desde que seja dentro do período que oferecermos. Nessas categorias, existem pessoas que os ajudam a desenvolver algumas habilidades, ou até mesmo a treinar o que já sabem. O contato físico que terão dentro dessa sala será apenas com eles. Não ataquem outros Tributos, isso pode resultar em punição, além do mais, terão tempo o suficiente na Arena para fazerem isso. Aproveitem seu tempo, tentem aprender o máximo possível de sobrevivência. Bom treino, e que a sorte esteja sempre à seu favor. - suspirei. - Alguma dúvida? - perguntou a mulher, a qual não foi respondida. - Vou aceitar isso como um não.

E então ela deixou a sala. Algumas pessoas vestidas de preto entraram no Centro de Treinamento e tomaram seus devidos postos. Eram os ajudantes. A turma de Tributos se dividiu, cada um tomou seu rumo. Entrei na primeira categoria que vi.

Armadilhas.

— Olá, boa tarde! - falou o homem. A voz tranquila. - Meu nome é Marcus...

— O meu é...

— Primrose. - falou. - Distrito Doze, não é isso? - sorri em resposta. - Tem alguma noção de como é montar uma armadilha?

— Não...

— Eu posso te ajudar... - continuou. - quer que eu te ajude?

— É por isso que estou aqui... - brinquei. Ele sorriu.

— Gostei de você, Prim...

— Ah, pena que não vamos nos ver outras vezes... depois da Arena... - comentei. Ele mudou sua expressão doce para uma que, sinceramente, não sabia o que expressava.

— Tudo bem, então... vamos começar com uma mais simples... - começou.

Marcus me explicou que existe uma armadilha diferente para cada tipo de animal. Tive tempo de aprender como fazer cinco tipos de armadilha. E então, quando percebi que já estava familiarizada com aquilo, saí da salinha e voltei para o meio da grande sala.

Entrei na categoria de sobrevivência. Aprendi a fazer fogo, a encontrar um abrigo depois que saísse da cornucópia, me ensinaram a fazer alguns nós e aprendi a me camuflar com umas poucas folhas e um tronco de árvore.

Quando estava indo para a próxima categoria, algo no fundo da que eu estava me chamou a atenção. Fui em direção à Peeta, para ver o que o garoto estava fazendo.

— O que é isso? - perguntei, extremamente curiosa. Peeta pintava seu braço com um pincel fino.

— Camuflagem...

— Como é que isso... - e então ele colocou o braço sob um tronco de árvore, o que me deixou de boca aberta. - certo, é perfeito... mas, como é que vai achar os materiais?

— Um pouco de lama, umas folhas espremidas, terra seca... pequenos gravetos... e habilidade de confeitar bolos! - eu ri com o último comentário.

— Isso é muito legal! Pode me ensinar?

— Sim, claro...

Peeta tentou me ensinar a criar minha própria tinta, o que foi até que fácil, mas, depois que lambuzei a cara dele toda de barro, desisti e preferi ficar com algumas poucas folhas e um tronco de árvore.

Fui para a próxima categoria. Como identificar plantas venenosas. Havia uma menina de cabelo vermelho lá dentro, estava jogando um jogo... não era bem um jogo, mas parecia. E ela era muito boa naquilo.

— Eu cresci numa fazenda... - gritou, por sobre o ombro. Isso explicava. A menina parou de treinar o que quer que fosse e veio em minha direção. - Prazer... Prim, não é? - perguntou.

— Sim...

— Sou do Distrito Cinco...

— Legal... - comentei, não tinha muito o que falar para ela.

— Parece que abandonaram essa categoria, como se não fosse importante... - comentou. - se quiser treinar aqui, tem que conhecer as plantas.... você conhece?

— Algumas.

— Venenosas?

— Amoras...

— Ah, sim... amoras! São as únicas que conhece?

— Sim...

— Bom, eu conheço algumas comestíveis... se quiser, eu te ajudo...

— Sim, claro, obrigada!

E a menina ruiva me ensinou algumas coisas sobre plantas. Perguntou como eram essas amoras, disse que nunca tinha visto... e eu disse que nunca tinha reparado na estética delas... só conhecia de nome.

O tempo se passou e decidi trocar de categoria. Agradeci a menina e fui para a ala principal do Centro de Treinamento.

Armas.

Cato, Clove, Glimmer e Marvel estavam lá. Lutavam contra alguns instrutores. Eles, vez ou outra, paravam o treinamento para explicar como se empunhava uma arma. Glimmer foi uma das que mais parou, tinha dificuldades com o arco.

O tempo deles acabou e os instrutores chamaram outros Tributos. Eu estava incluída.

— E então, Prim... - começou minha instrutora. - sabe usar alguma dessas armas?

— Não...

— Então vou lhe ensinar desde o começo, certo? - assenti.

A mulher pegou uma lança curta e me entregou. Ensinou-me a mirar e a atirar. Eu deveria flexionar a perna esquerda para me ajudar no impulso. O pé esquerdo ficava atrás do direito e eu deveria curvar meu corpo para trás, impulsionando-o para frente no momento do lançamento.

Depois de me ajudar na teoria, começamos com a prática. Tentei a primeira vez. Não consegui acertar o alvo. Uma segunda vez, errei novamente. Logo veio a terceira, quarta, quinta... e nada de eu acertar no boneco.

Antes de tentar a sexta, percebi que os Carreiristas riam de mim.

Tentem conquistar a confiança deles, se mostrem fortes, mas nem tanto...

Eu não estava me mostrando forte. Não conseguiria a confiança deles. Foi aí que percebi que eu precisava acertar...

Mirei no boneco. Na cabeça dele. Eu o acertaria na cabeça... um único acerto o "mataria".

Fiz como a instrutora disse. Flexionei o joelho, curvei o corpo e impulsionei. No momento de atirar, me virei para a esquerda, lançando a lança curta na direção dos Carreiristas, o que significa que lancei na direção de Cato. Por sorte, eles se desviaram do ataque.

Eu estava cansada, exausta. Suava muito e estava ofegante. A instrutora foi em minha direção, provavelmente para me tirar dali. Os outros instrutores foram na direção de Cato, para ver se estava tudo bem.

Quando ela chegou perto de mim, comecei a gritar, pedindo que se afastasse. Não queria que ela encostasse em mim.

E então Peeta chegou. Continuei gritando. Por que é que ele estava ali? Eu não sabia! O garoto ignorou todos os xingamentos que lancei em sua direção e me levantou no ar. Peeta me pendurou em seu ombro e saiu correndo. Eu não sabia que era permitido que aquilo acontecesse, mas ele fez. Talvez o horário de treino já tivesse acabado... talvez estivéssemos liberados para sair...

Eu dava murros nas costas de Peeta, mas ele não me soltava. Falava palavras feias, Effie com certeza brigaria comigo caso as ouvisse, eu queria apenas sair dali.

— Você ficou louca, Prim? - gritou comigo no elevador. - Acha que ele vai querer ser nosso aliado agora? - não respondi. - Você acabou com as possibilidades! Eu estou cansado de você fazer essas coisas! Eu sei que está abalada por ter sido sorteada e por Katniss não ter se voluntariado! Mas vê se não acaba com minhas chances também! Que coisa!

Finalizou, entrando no nosso apartamento. Haymitch foi ver que confusão era aquela.

— O que aconteceu? - perguntou, feliz.

— Essa doida atirou uma lança em um Carreirista!

— Acertou? - perguntou, sério.

— Não... - respondi.

— Que pena... - concluiu, sorrindo. - deveria ter acertado...

E então eu sorri.

— O quê?! Não! Você está alimentando a fera! - gritou Peeta. Effie apareceu. Estava sem a peruca. Espera... ela estava sem a peruca?

— Posso saber o motivo da gritaria?

Todos olhamos para ela.

— Eu... - comecei.

— Tem que ser muito importante para conseguir atrapalhar meu trabalho no cabelo! - interrompeu. O cabelo dela era louro e liso. Era tão lindo... por que nunca usava ele daquele jeito?

— Prim atacou um Carreirista! - Peeta falou.

— Como é que é? - ela gritou.

— Me desculpe... - falei.

— Se desculpar não vai adiantar em nada! - começou a gritar comigo.

— Certamente não... - intrometeu-se Haymitch. Eu não tinha percebido, mas o mentor não estava ali quando Effie entrou.

— A tarefa era simples! - continuou Effie. - Conseguir aliados! E o que você fez?!

— Conseguiu aliados... - Haymitch gritou.

— Conseguiu... - começou Effie. - espera aí, o quê?!

— Ela conseguiu... - isso explicava o sumiço dele. - eu estava pensando... - começou a explicar. - que isso o que ela fez poderia ter sido até arranjado... tipo, isso mostra que ela é forte e que sabe atirar... quem não vai querer uma garota assim como aliada?

— Cato? - Peeta intrometeu-se.

— Existem mais vinte e um Tributos para se manifestarem... o que me diz, Prim?

Dei um sorriso.

— Se aceitarem Peeta, eu topo... - falei. O garoto me encarou, incrédulo.

— Isso é loucura! Vamos perder pontos! Isso vai nos prejudicar... estamos ferrados!

— Menino, já estavam antes mesmo de ela fazer isso... agora vão descansar... tiveram um dia longo... e aposto de Cato vai querê-la como aliada... - continuou. - ele não a viu como uma ameaça, talvez sim, mas eu acho que ele te viu como uma ajuda... como alguém que sabe "trabalhar" com uma lança... - começou a andar em direção a seu quarto. - bom trabalho, loirinha! - e sumiu entre os corredores.

Peeta me encarou, os olhos não acreditavam no que viam, os ouvidos não acreditavam no que ouviam. O garoto saiu, foi para seu quarto. Tive a impressão de que eu deveria ir para o meu também.

[...]

Era madrugada. Effie pediu que uma avox levasse meu jantar em meu quarto aquela noite. Provavelmente não queria ver meu rosto naquele fim de dia. Eu não ia querer também.

Eu observava as coisas lá fora. Era tudo tão grande e tão desconhecido para mim...

Eu podia ver as pessoas caminhando com suas famílias, sem se preocuparem com a vida... sem se preocuparem com a fome...

Decidi sair. Não aguentaria mais aquela gritaria toda. Passei por todos os corredores, talvez procurando alguém para conversar. Não encontrei ninguém. Tentei encontrar o caminho para o telhado. Eu encontrei, mas já estava ocupado. Peeta estava lá... e eu não queria incomodá-lo.

O menino pareceu ter me visto, pois se virou e me encarou. Eu já ia saindo... mas ele me chamou e pediu que eu ficasse ali com ele.

Um tempo se passou, eu não falara nada até aquele momento. Então Peeta decidiu começar.

— Por que você fez aquilo? - me pegou de surpresa. Pensei o mais rápido que pude.

— Eles riram de mim... eu fiquei nervosa... sabe, juntou tudo o que vem acontecendo com o que aconteceu e eu explodi...

— Certo...

— Eu imaginei que Cato fosse Snow... eu sabia que não poderia me vingar dele, mas sabia que podia imaginar...

— Snow?

— É?! Não viu o modo como ele nos encarou no desfile? Eu não sei se é coisa da minha cabeça, Peeta... mas ele não gostou nada de ver os pobres coitados do Doze fazendo sucesso... além do mais, eu sempre tive vontade de atirar uma lança nele...

— Eu... eu não sabia que era esse o motivo de ter ficado... tão nervosa... depois do Desfile...

— Eu não fiquei nervosa... apenas, não consegui... raciocinar...

— E quase acertou um Carreirista! Eles nunca vão querer se aliar à nós depois disso!

— Me desculpe...

— Ainda dá para tentar resolver... me desculpe por ter... falado desse jeito com você e por ter te tratado mal... ter te tirado de lá à força...

— Tudo bem...

O silêncio tomou conta da cobertura.

— O quê estava pensando quando atirou aquela lança em direção à eles?

— Eu não sei, Peeta... é só que eles me encheram a paciência... eu já disse...

Era isso o que queriam... que ficasse nervosa e que perdesse pontos...

— Sim, eu sei... - suspirei. - depois eu pensei que seria melhor se eu estivesse no lugar deles... seria melhor se eu tivesse cravado a lança no meu coração... e acabado logo com aquilo... com isso... como se diminuísse o sofrimento...

— E por que você não fez? - perguntou. Atencioso. Não me importei com a pergunta.

— Porque eu me lembro que não estou sozinha nessa...

— Como... como assim?

— Eu queria não dar o prazer de me verem morrendo nas mãos de outro tributo naquela Arena idiota, seja qual for... mas então eu me lembro, Peeta, de que você poderia ser prejudicado por um ato idiota meu... além de, com certeza, atacarem minha família, Cinna, nossa equipe... e eu não quero que algo de ruim aconteça à vocês...

— Prim...

— Se você vencer... - comecei a despedida.

— Eu não vou vencer, Prim... não viu o modo como eles nos olham? Os carreiristas? Não tenho chances... aceite...

— SE você vencer... - insisti em continuar, ignorando o que ele disse.- quero que Katniss, onde quer que esteja, saiba que não foi culpa sua... e que você tentou em ajudar até o último segundo...

— Como é que ela vai acreditar em mim?

— Eu vou pra Arena... vou aguentar esses dias de sofrimento, você vai me ajudar lá... assim como ajuda aqui, vou deixar isso explícito para ela. E então, depois de dizer isso à todos, eu vou morrer. Com certeza ela vai acreditar, eu vou dizer. Eu vou dizer que você morreria para me salvar, como você disse no trem... mas não vou deixar você fazer isso, não vou deixar você morrer... da mesma forma como não vou deixar que ninguém me mate.

— Então é isso?

— Isso o quê?

— Vai desistir? Vai embora e vai me deixar aqui sozinho... sem ninguém... é isso?

— Peeta, mesmo que eu não desistisse, não sairíamos vivos. Pelo menos os dois não...

— Eu sei...

Uma lágrima correu por seu rosto.

— Me desculpe... - disse, me levantando. Tentando não permitir que lágrimas caíssem de meus olhos também.

Comecei a andar em direção ao meu quarto.

— Prim? - chamou.

— Hum?

— Fica aqui comigo mais um pouco?

— Não tem sono?

— Não... mas se você tiver... pode ir, não precisa ficar aqui...

— Não, eu... eu também estou sem sono...

Voltei para o lugar onde estava sentada, de frente para ele.

— Tudo bem...

— É melhor ter insônia ao lado de alguém na mesma situação que você que ficar deitada olhando para o nada e imaginando o quão dolorosa será sua morte... - falei, melancólica. Peeta sorriu. - não é motivo para rir... - repreendi. Ele sorriu mais ainda e começou a cantar uma música estranha, porém calma. - Tá tentando me fazer dormir?

Perguntei.

— O quê?! Não... é só pra lembrar de casa... minha mãe sempre cantava pro meu irmão...

— Pensei que fosse pra você...

— Não, ela nunca cantou para mim, mas eu a escutava... era quase a mesma coisa...- eu sabia que não era a mesma coisa, mas deixava o menino feliz... e ele merecia ser feliz por pelo menos alguns minutos... - e você, Prim?

— Eu o quê?

— Conhece alguma música?

— Hã... sim... Katniss sempre cantava uma pra mim... quando eu precisava me acalmar.

— Posso ouvir?

— É que eu... eu não canto bem...

— Não precisa cantar bem... só precisa saber a letra...

— Certo... - digo. - "Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro

Um leito de grama, um macio e verde travesseiro

Deite a cabeça e feche esses olhos cansados

E quando se abrirem, o sol já estará no alto dos prados..."

— É lindo...!

Falou Peeta.

— Não fale assim, senão eu fico sem-graça...

Ele sorriu.

— Só estou falando a verdade...

Um tempo se passou. Estava impossível de se ouvir algo com a gritaria nas ruas da Capital.

— Eles nunca dormem?

Iniciei, mudando de assunto.

— Eles quem?

— A Capital...? Tipo, eles nunca calam a boca?

— Não sei, acho que somos celebridades agora...

— Sabe, tipo... eles não precisam se preocupar com nada, já estão no luxo... podem dormir tranquilos! Peeta, aposto que a parte mais pobre da Capital é mais rica que todos os Distritos juntos!

— Eles se preocupam com diversão, Prim...

— Certo...

Decidi finalizar a conversa. Estava ficando sem sentido. A Capital não tinha o direito de interferir até nas minhas conversas, tinha? Não, certamente não!

Deitei minha cabeça na parede e fiquei olhando para para ele. Seus olhos me encaravam também, só que de um jeito diferente. Eu sorri.

— O que foi? - perguntou.

— O quê?

— Você tá me olhando estranho...

— Foi você quem me olhou estranho...

Falo.

— Eu?

— É, por quê?

— Por nada...

— Hum, sei...

— É sério.

— E eu acredito.

Falo, dando um suspiro. Bocejei.

— Tem sono?

— Não.

— Não é o que parece...

— Só porque bocejei?

— É?

Sorri.

— Nem tudo é o que parece... estou cansada... mas preocupada o suficiente para não conseguir dormir...

— Preocupada? Com o quê?

— Além da morte? - brinquei. - com Katniss...

— Katniss?

— É...

— O que aconteceu com ela?

— Não sei, mas ela não foi se despedir de mim...eu acho que ela...

— Que ela o quê?

— Fugiu... não sei, estou preocupada, apenas isso...

Comecei a chorar.

— Oh, Prim... não chora, não...

Peeta me acolheu, num abraço. E então as lágrimas vieram por completo. Junto delas, os soluços. Junto deles, o desespero. Era a primeira vez que chorara de verdade em muito tempo. Tapei os ouvidos para parar de ouvir a Capital. Eles me davam nojo. NOJO! Peeta me apertou mais ainda naquele abraço. Foi diferente de todos os outros que já me dera. Ele me confortava... e foi ali que adormeci. Nos braços do inimigo.

Algumas pessoas dizem que, quando você apaga, é um aviso de que seu cérebro está sobrecarregado... talvez o meu estivesse... talvez não... tudo o que eu sei é que eu apaguei... nos braços do inimigo.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Ficou um capítulo bem grande, não acham? Beijos e obrigada por lerem!!