Dessa vez não sonhei com Ridley.

Era a sala do diretor, que era Dumbledore ainda. Devia estar no passado, ele estava sentado na sua cadeira com as mãos sobre a mesa, observando a garota que estava a sua frente, aguardando o que ela diria.

– Tenho duvidas, Dumbledore. – ela disse e um arrepio percorreu minha espinha.

Eu conhecia aquela voz. Corri ate onde Dumbledore estava, certamente não estavam me vendo e eu era somente um fantasma ali, intrusa. Minha boca formou um perfeito “o” quando reconheci a garota de provavelmente uns 17 anos, os olhos verdes amendoados, extremamente parecida comigo.
– Mamãe... – sussurrei, incapaz de desviar o olhar.

Um sentimento estranho me tomou por completa, não sei dizer qual era. Uma mistura de nostalgia, alegria, tristeza.. Meu estomago deu um nó.

– Você é uma bruxa poderosa, Jane. E essa é uma decisão delicada, que requer pensar muito. Não duvido que vá tomar a decisão que lhe convém, mas tenha cuidado. É uma nova vida, você tem como exemplo a menina Black.

– Ah Dumbledore, tem uma coisa que me impede... – ela suspirou.

– E o que é?

Um brilho sonhador tomou os olhos da minha mãe.
– Um garoto.. – ela começou – Mas ele é trouxa, e eu o amo tanto, não sei se ele aceitaria se soubesse minhas origens, e ainda tem minha família.

De alguma maneira, eu via a intimidade entre o diretor e a minha mãe. Dumbledore suspirou.
– O amor sempre vai quebrar os muros da vida, Jane. Pense nisso. – mamãe assentiu e ele continuou – Mas, seria uma honra tê-la protegendo nosso mundo.

– Sem duvida alguma, professor, me sinto lisonjeada com esse convite. – Minha mãe disse com convicção. – Mas... Acho que preciso resolver esse assunto.

– Eu tenho certeza que precisa, analise a decisão, querida. Você não tem muito tempo.

De repente, tudo mudou, tudo estava girando e eu vislumbrei uma cena que nem em mil anos eu me esqueceria.

Do nada os olhos da minha mae e arregalaram, ficaram opacos, vidrados em mim e sem vida. Meu corpo enrijeceu ao ver sua boca se mexer soltando frases conhecidas, mas não era a voz dela. Era uma voz grave e áspera, senti que aquela voz cortou cada veia do meu corpo.

Um dia dado à profecia
Trevas arrependidas
Unidas à luz prestes a voltar ao campo de batalha
Páginas esquecidas clamam por atenção
O dia dado à noite e os sonhos esquecerão
O amado o inimigo tirará
Mas as memórias nunca apagará
E vingança sucederá
Luz as trevas um final dará
Ou a luz apagará.

Senti cada parte do meu corpo desmoronar aos poucos, eu estava em choque. Arrepiada e extremamente assustada.

Na verdade, eu estava com medo.

Minha mãe acabara de pronunciar a minha profecia.

Com a voz de Trevor.