Como Se Livrar De Uma Vampira Apaixonada escrita por Rafa


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, está aí o novo capítulo.



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- Hoje vamos discutir o conceito dos números transcendentais – anunciou o técnico da nossa equipe de matemática, o Sr. Jeremy, esfregando as mãos em júbilo aritmético. 

Nós, os cinco matematletas, nos inclinamos sobre os cadernos, com canetas apostos.

- Um número transcendental, é qualquer número não algébrico e que não é raiz de nenhum polinômio inteiro – começou o Sr. Jeremy. 

A mão de Mike Chang se levantou.

- Como pi.

- Isso – concordou o técnico, batendo com o giz no quadro para escrever o símbolo de pi. – Exato. – Ele estava suando um pouco. O Sr. Jeremy era careca, um pouco acima do peso e usava roupa de poliéster, mas tinha um entusiasmo admirável pelos números.

Escrevi o símbolo π no caderno, desejando que não estivéssemos perdendo tempo com conceitos teóricos. Eu preferia enfrentar problemas práticos a ficar abordando ideias abstratas.

- Pi é um exemplo excelente de número transcendental – continuou o professor. – A razão entre a circunferência de um círculo e seu diâmetro. Todos estamos familiarizados com o pi. Mas em geral paramos no 3,14 quando o usamos. No entanto, como todos sabemos, pi é muito mais longo. E ainda que tenhamos calculado pi até mais ou menos o trilionésimo dígito, não há final em vista. Ele é infinito, “insolucionável”. E esta é a parte espantosa: os números não formam nenhum padrão.

Ele escreveu no quadro: 3,1415926535897932...

- Ele continua e continua, aleatoriamente. Para sempre.

Todos paramos, absorvendo isso. É claro que, como estudantes interessados em matemática, todos havíamos pensado em pi antes. Porém, a ideia daqueles números se estendendo através das galáxias, do tempo, era muito perturbadora. Quase irritante. Impossível de compreender.

- E obviamente – o Sr. Jeremy interrompeu nossa viagem - , um número transcendental como pi, é por definição irracional.

Ele fez uma pausa para que o acompanhássemos e eu escrevi irracional no meu caderno.

A palavra parecia me encarar da página. Nos recessos da minha mente, ouvi minha mãe dizer: “Rachel, existem forças no Universo que não somos capazes de explicar...”

Almas unidas por toda a eternidade. Quinn dissera isso naquela vez em que falou da cerimônia de noivado. Quinn, a pessoa menos racional que já conheci. Vampiros e pactos são irracionais, como pi?

- Srta. Berry?

Meu nome me puxou de volta com força para a realidade. Ou o que eu pensava que era realidade. Por que de repente tudo parecia tão incerto?

- Sim, Sr. Jeremy.

- Tive a impressão de que estava sonhando acordada. – Ele sorriu. – Achei que deveria trazê-la de volta à realidade.

- Desculpa – respondi. Realidade. O Sr. Jeremy obviamente acreditava nela. Com certeza não acreditaria em coisas irreais. Como vampiros. Ou destinos eternos. Ou aversão transformada em desejo.

A realidade era o gosto de caneta de plástico na minha boca. A visão da gravata horrenda do professor. A sensação da mesa lisa sob a ponta dos meus dedos.

É. Realidade. Era o estar de volta. E era ali que eu precisava ficar.

Mas, quando me concentrei de novo nas anotações, percebi que havia rabiscado um esboço grosseiro de um par de presas bem afiadas na margem do caderno. Nem tinha notado isso.

Apertando a caneta com força, risquei o desenho até cobrir cada traço.

                                      ***

CARO TIO BASILE,

Escrevo para agradecer por ter liberado o dinheiro, como pedi, e por ter mandado tão rapidamente minha coleção de armas e móveis variados, tapetes e etc. não suportaria mais ficar um dia com aqueles bonecos de olhos arregalados me espiando de cada canto feliz deste quarto forrado de xadrez. Era como estar cercado por um exército multicultural de anões, todos esperando para me atacar à noite, enquanto eu dormia.

Fiz aos Berry, o favor de me livrar de toda a coleção, com a ajuda da marreta medieval que o senhor teve a gentileza de incluir na remessa. Um par de saleiro e pimenteiro em formato de cães com chapéus de chef de cozinha também encontrou seu destino. Um dia, sem dúvida, os Barry vão recuperar o bom senso e me agradecer.

Vamos às más notícias. Acho que dei um pequeno passo em falso,tendo apresentado Anastácia ao conceito da transformação vampírica um tanto abruptamente ontem à noite. A reação dela foi de puro medo,seguido de negação. Imagine, Basile, que ela descartou minhas presas como sendo algum tipo de truque barato. Acredita nisso? Uma das metamorfoses mais impressionantes da natureza sendo descartada como um ato de magia? Meu Deus, essa garota me cansa. Tão resistente. Tão racional.

Resumindo: nenhum passo adiante e dois passos para trás.

Aceito de bom grado a culpa pelo erro (deveria ter previsto a reação de Anastácia – minha psicologia não nada sutil), mas eu não antecipara toda essa dificuldade anos atrás?

Acordada nesse quarto sobre a garagem, pondero frequentemente sobre como as coisas poderiam ter sido diferentes se Anastácia houvesse sido criada como uma verdadeira vampira. Não quero parecer arrogante, Basile, mas sei, por experiências passadas que não sou repugnante às mulheres. (A temporada de debutantes de Bucareste está acontecendo? Ai, ai... boas lembranças...) E Anastácia, apesar de todos os defeitos ( os suéteres estão no topo da lista)... Bom, às vezes consigo ter vislumbres de quem ela poderia ter sido. Do que nós poderíamos ter sido.

De fato a qualidade mais incômoda de Anastácia – sua força de vontade, já mencionada – é a mesma que lhe serviria tão bem como governante. Ela me enfrenta, Basile. Quantas estariam dispostas a isso? Há grande inteligência em seus olhos também. E certo riso zombeteiro – marca registrada de nossa espécie. Além disso, é linda, Basile. Ou seria, se não tentasse com tanto empenho esconder isso. Se ao menos acreditasse que é linda.

Às vezes não é difícil imaginar Anastácia no nosso castelo, ao meu lado – desde que cultivasse modos melhores, aceitasse o conceito de roupas femininas e endireitasse as costas. (Ninguém nos EUA demonstra o menor interesse pela postura. Ficar ereto parece uma espécie de arte perdida, como a esgrima.)

Na realidade desejada que as vezes visualizo, nosso namoro consiste em excursões à ópera em Viena, cavalgadas nos Cárpatos (ela sabe cavalgar!) e conversas enquanto nos demoramos em refeições que de fato consistam em comidas. É como sempre abordei – e com sucesso – o belo sexo na Romênia.

Mas, claro, meus devaneios e desejos são desperdiçados, exercícios fúteis que podem divertir com mais eficácia do que os programas de televisão disponíveis (um canal todo dedicado ao jogo de “pôquer” – preciso dizer mais?) embora nada possam fazer para alterar a realidade. Nenhuma reação horrorizada de minha parte mudará o fato de que Anastácia é uma garota americana que aparentemente exige uma abordagem americana. Agora devo determinar o que isso significa. Alguma atividade envolvendo “hambúrguer e fritas”, sem dúvida.

Para concluir esta é a situação aqui em “nossa pequena democracia”, como minha falsa figura paterna, Leroy, gosta tanto de chamar essa fazenda ridícula onde nenhum tipo de agricultura é praticado. Francamente, se algum lugar já precisou da mão firme de um tirano... Menos animais no pátio, mais no forno: esse seria o meu primeiro decreto. Mas, de novo, desejos não mudam nada.

Sua sobrinha,

Quinn

P.S: Correndo o risco de testar sua paciência, tenho mais um pedido. Quase esgotei meu suplemento de tipo A. (o treino de vôlei me deixa com sede. Vamos nessa, time!) o senhor conhece alguma boa fonte doméstica que eu possa usar?

- Seu horóscopo diz que “hoje é um bom dia para correr riscos” – leu Mindy, encostada nos armários com o nariz enfiado no novo exemplar da Cosmopolitan.

- Não acredito que você lê isso – gargalhei, procurando os livros que eu precisava levar pra casa. – Tipo, você precisa mesmo conhecer “75 truques quase sexuais para enlouquecer seu homem”? Uns 20 não bastariam para qualquer pessoa?

Mindy voltou à superfície com uma careta.

- Algum dia todos eles podem ser úteis. Não quer estar preparada para o caso de você querer “enlouquecer” qualquer pessoa?

Fiquei vermelha, me lembrando da conversa com a mamãe, do sonho que tinha tido com Quinn, dos sentimentos que vieram à tona naquela noite no quarto dela, quando fez o truque idiota com os dentes. E de Brody sem camisa, parado na carroceria da picape...

- É. Acho que sim. Mas nada indica que eu vá usar qualquer “truque” tão cedo.

- Ei, nunca se sabe. – Mindy apontou para trás de mim. – Olha quem está ali.

Eu me virei, meio que esperando ver Quinn no meio da turma de alunos prontos para irem para casa. A paixonite de Mindy estava fugindo de controle e, se o assunto era sexo, uma menção a Quinn não podia estar muito longe. Mas não era. Era Brody, tirando do armário a jaqueta esportiva, com mangas de couro. Desviei o olhar, sentindo um interesse ainda maior pelo conteúdo do meu armário.

- Você devia ir falar com ele – aconselhou Mindy, um pouco alto demais. – A não ser que finalmente tenha percebido que Quinn é a melhor opção.

- Quinn não é melhor e não é “opção”.

- Bom, então essa é a sua chance de convidar o Brody para a festa de outono – disse Mindy. Em seguida levantou a revista. – Ouça seu horóscopo. Corra um risco.

- Eu sei que você lê isso, mas não acredita mesmo nesse negócio de “escrito nas estrelas”, não é? – Fui me afastando do armário, com uma pilha de livros nos braços.

- É claro que sim – respondeu Mindy.

Você também, não, Mindy... será que resta alguma pessoa racional nesse mundo?

- Brody estava obviamente afim de você naquela noite na sua casa – acrescentou ela. – Tipo, ele mal falou comigo.

- É mesmo?

- Rach, eu fiquei invisível. Anda. Convida ele pra festa. A não ser que você esteja em dúvida com relação a Quinn.

- Não estou, não – garanti.

- Então convida o Brody.

Olhei pra minha roupa. Por que tinha calçado meu all star velho e sujo? E ainda não tinha perdido aqueles dois quilos, para completar.

- Ah, acho que não. Estou horrível e, bem, não era o Brody que deveria me convidar?

- Não estamos na Idade Média – observou Mindy. – As garotas convidam os garotos. Isso acontece o tempo todo. Algo que você saberia se lesse a Cosmopolitan.

Mindy não estava totalmente errada. Se havia uma coisa que me aborrecia, era estar com o pé preso na Idade Média. Imagina o que ela iria achar caso soubesse que , se eu provavelmente não tinha escolha no que dizia respeito a um “marido”, de que adiantaria pensar em um acompanhante para festa de outono da escola? Eu não estava convecida de que era uma boa ideia convidar Brody.

- Eu posso ir sem acompanhante.

- Mas é legal ter um. E é melhor correr, por que ele está indo embora.

Virei-me de novo e vi Brody trancando a porta do armário. Mindy me deu um empurrãozinho.

- Vai!

Seu segundo empurrão me deixou sem saída, principalmente porque Brody vinha na nossa direção.

- Oi – disse ele sorrindo enquanto e quase lhe dava uma trombada. – Obrigado pela bebida da outra noite.

- De nada. – Brilhante, Rach. Olhei em volta procurando Mindy, para receber apoio moral, mas ela, sua revista e seus 75 truques haviam desaparecido.

- Eu estava falando sobre você agora mesmo – afirmou Brody. - ouvi dizer que tem chances de ganhar um prêmio no Clube da Juventude esse ano.

- Verdade?

- É. Kitty disse que sua appaloosa salta muito bem.

- Kitty Wilde disse isso? Tem certeza?

Ainda que abrigasse seu puro-sangue na fazenda dos meus pais, Kitty agia como se eu não existisse. Da mesma forma que Quinn, parecia me confundir com uma espécie de cavalariço. Ela jamais se daria ao trabalho de me ver montar.

- É. Kitty acha que você é a melhor concorrente dela.

- Nunca vou vencer o puro-sangue da Kitty – respondi. – Não numa appaloosa. Nem sendo uma égua tão boa quanto Bela.

- Tenho certeza de que vai se dar muito bem. – Brody hesitou. – Talvez um dia eu possa ver você montar.

- Sério? Quer dizer, seria ótimo.

Sorri, encontrando o olhar de Brody.

Os olhos azuis dele eram tão... Comuns! Nada de verde, aterrorizantes nem mutáveis. E seus dentes eram tão...normais! Houve um silêncio breve e desconfortável. Era agora ou nunca. Respirei fundo.

- Brody?

- Diga.

- Você vai à festa de outono? – Meu coração batia tão alto que fiquei com medo de não ouvir a resposta dele. – Por que eu estava pensando que talvez a gente pudesse, você sabe, ir juntos.

Ele fez uma pausa.

- Bom, eu não tinha certeza...

Ah, não. Mesmo meio surda, ouvi a hesitação na voz dele. Ele estava me dando o fora. Eu sabia. Era meu tênis. Tinha que ser o tênis. Ou os dois quilos...

- Ah, saquei – interrompi, com as bochechas pegando fogo. – Tudo bem.

- Não, espera...

- Ei, pacotão.

Um braço pesado bateu nos meus ombros e de repente eu estava cara a cara com David Karoufsky, que me segurava, exibindo um sorriso gosmento no rosto gordo. Revoltada, tentei me soltar, mas David me garrou com força, me sacudindo um pouco.

- Será que escutei você convidar o Brody para a festa? Que negócio é esse?

- Cai fora, David – implorei, apertando os livros contra o peito. – Não é da sua conta.

- É David – disse Brody. – Não enche.

- Ah, suas crianças malucas – disse David, despenteando meu cabelo. Tentei afastar a mão dele e ajeitar meu cabelo, mas estava tão nervosa que deixei os livros caírem das mãos quentes e úmidas. Meu dever de casa despencou no chão, com os papéis se espalhando por toda parte.

- Vai se catar, David – esbravejei furiosa. Uma coisa era gritar uma provocação rápida no refeitório, mas dessa vez ele tinha ido longe demais...

David olhou para Brody.

- E aí? Qual vai ser Brody? Vai levar o Pacotão? Por que o papo que corre, é que ela está namorando aquela coveira estrangeira que mora na garagem dela. Você está dando pra ela, não é, Rach?

Girei sob o braço de Karoufsky, tentando de novo me afastar, quando de repente, fui libertada. David estava grudado num armário, a garganta pressionada pela mão de uma estudante romena de intercâmbio muito calma, porém, determinada.

Os calcanhares de David bateram no metal.

- Ei!

Mas Quinn apenas levantou David um pouco mais.

- Cavalheiros não fazem perguntas impertinentes sobre assuntos delicados às mulheres. – Sua voz estava tranquila, quase entediada. – E nunca, jamais, usam expressões grosseiras diante do sexo oposto. A não ser que estejam prontos para enfrentar as consequências.

- Quinn, não – Gritei.

- Me so-solta – gagueijou David, o rosto ficando tão vermelho quanto o meu. Ele tentava inutilmente segurar o braço de Quinn enquanto uma multidão se reunia no corredor. – Está me sufocando garota.

- Solta, Quinn – implorei, olhando David passar de vermelho para azul.

- Ele está sufocando.

Quinn afrouxou o aperto, permitindo que David tocasse o chão com a ponta dos dedos, embora ainda o segurasse com firmeza.

- Diga o que quer que eu faça com ele, Rachel – insistiu Quinn, por sobre o ombro. – Determine o castigo e eu o farei cumprir.

- Nada, Quinn! – respondi, meu rosto em chamas. Ela não é minha guarda-costas. – Essa briga não é sua!

- Não – concordou Quinn, - O prazer é meu. – em seguida voltou à atenção para David, que havia parado de lutar e permanecia imóvel contra o armário, os olhos arregalados. – Você vai apanhar os livros da moça, entrega-los a ela gentilmente e lhe pedir desculpas – ordenou Quinn. – Depois nós vamos lá fora concluir nossos negócios.

Ela largou David, que tombou para frente, tentando respirar.

- Não vou brigar com você – chiou David, esfregando o pescoço.

- Vai ser uma lição, não uma briga – prometeu Quinn. – E, quando eu terminar, você não vai incomodar Rachel de novo.

Compartilhei um olhar preocupado com Brody, que estava parado, em silêncio, cauteloso.

- A gente só estava de brincadeira – reclamou David.

Quinn lhe lançou um olhar furioso, empertigada com toda sua postura. Ela parecia fechar o corredor.

- No lugar de onde venho perturbar uma mulher não é divertido. Eu deveria ter deixado isso claro no outro dia. Não deixarei outra oportunidade passar.

- De onde você vem? – desafiou David, estufando o peito, um pouco mais ousado agora que podia respirar. – A gente está começando a desconfiar.

- Venho da civilização – retrucou Quinn. – Você não deve estar familiarizado com o território. Agora pegue os livros.

David deve ter ouvido o alerta final no rosnado baixo de Quinn, porque se abaixou e obedeceu, resmungando o tempo todo. Jogou os livros em minhas mãos e começou a se esgueirar para longe. Quinn o agarrou de novo.

- Você se esqueceu de pedir desculpas.

- Desculpa – disse David, com dentes trincados.

Quinn deu um leve empurrão em Karoufsky.

- Agora, vamos lá fora.

- Quinn – falei, segurando seu braço. Os músculos estavam rígidos embaixo dos meus dedos. Ela iria destruir o gordo do Karoufsky, que não era capaz de fazer 10 flexões nem que a sua vida dependesse disso. – Para. Agora.

Quinn me olhou.

- Você merece isso, Rachel. Ele não vai desrespeitá-la. Não na minha presença.

- Não pode fazer isso aqui. Não desse jeito – alertei. – Aqui não é a Romênia. – Não pode agir como sua família, que sai impondo suas regras brutais. – você já foi longe demais.

Ficamos nos encarando por um longo momento. Então Quinn olhou para David.

- Saia daqui. Fique grato por ter obtido uma anistia. Mas, não haverá outra, mesmo que Rachel me peça.

- Sua aberração – murmurou David. Depois saiu correndo pelo meio da multidão, que se dissolveu atrás dele, restando apenas Quinn, Brody e eu. Brody começou a recuar também, mas Quinn não havia terminado.

- Acho que vocês dois estavam conversando, por favor, continuem.

- Já terminamos – garanti, empurrando Quinn pra longe. Ela ficou no lugar, sem afastar os olhos de Brody.

- É verdade? – Perguntou Quinn a Brody. – Vocês terminaram?

- Eu... Nós estávamos falando sobre... – Brody arrastou os pés olhando pra baixo. – Olha Rach, falo com você mais tarde.

- Tudo bem Brody, já entendi. Por favor, não precisa dizer mais nada.

As lágrimas que tinha se formado nos meus olhos havia cinco minutos começaram a se derramar.

- Por que ela está chorando? – perguntou Quinn. – Você disse alguma coisa a ela?

Brody levantou as mãos.

- Não, juro.

- Só, vai embora Quinn – insisti.

Quinn hesitou.

- Por favor.

Ela me encarou. Vi piedade em seu olhar e essa foi provavelmente a pior parte do meu dia. Um ser bizarro sentindo pena de mim.

- Como quiser – disse ela e recuou. Mas não antes de acrescentar: - Estou de olho em você também, Weston.

Quando Quinn já estava longe, Brody falou, em tom de consolo:

- Poxa, o lance foi intenso hein?

Funguei, enxugando os olhos.

- Que parte? Quando Quinn quase matou o David ou quando ameaçou você?

- A coisa toda.

- Foi mal, Brody.

- Não, tudo bem, David é um otário. Ele mereceu.

- Que vergonha... Olha não se preocupa com a festa. Foi idiotice minha convidar você.

- Não foi. Eu ia dizer sim. – Brody olhou pelo corredor, na direção por onde Quinn havia partido. – A não ser que vocês duas estejam juntas ou sei lá o quê? É o que estão dizendo por aí. E Quinn pareceu muito possessiva.

- Não – quase gritei. – Quinn não é minha namorada. É só, tipo, uma irmã mais velha superprotetora.

- Bom, ela não tentaria me colar num armário se a gente fosse à festa, não é? Porque eu dou conta dela, mas, depois de ver a garota em ação, acho que seria uma briga sinistra – disse Brody, apenas parcialmente brincando.

- Não, Quinn é inofensiva – menti. Se não contarmos o fato de que ela acha que é uma princesa guerreira representante de uma raça semicanibal de mortos-vivos que viram morcegos.

- Então eu te ligo, beleza? – prometeu Brody.

- Legal – sorri, esquecendo que quase tinha acabado de chorar.

- Rach?

- O quê?

- Fiquei feliz por ter me convidado.

- Eu também – completei, agradecendo em silêncio à Mindy e sua fé na Cosmopolitan e nos horóscopos, enquanto me virava, toda boba.


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Notas finais do capítulo

Não fiquem chateadas com a Rachel gente rsrs.



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