Quando Hermione se levantou para ir ao salão comunal Draco a barrou.

– Olá Granger – O loiro estava com um sorrisinho debochado em seu rosto. Hermione revirou os olhos.

– Draco, me deixe passar, por favor – Pediu educadamente, não queria perder a paciência.

– Não posso, preciso falar com você.

– Então deixe de arrodeios e fale logo.

– Bom, me desculpe. – Ele estava olhando em seus olhos. Hermione engoliu em seco.

– Malfoy? Você está se sentindo bem? – indagou a garota – Se não estiver se sentindo bem, me desculpe, mas não sou Madame Pomfrey.

– Sim, muito bem, acho que pela primeira vez estou sendo eu mesmo depois de um tempo – Ao terminar de falar isto, Hermione ergueu uma sobrancelha.

– Isso por acaso faz parte de alguma nova armação sua? – Perguntou Hermione com desdém – O que você vai fazer agora, chamar um assassino profissional para me matar, sequestrar ou algo parecido? – quando a garota acabou de falar Draco deu uma boa risada.

– Sei que é difícil acreditar em mim, mas estou falando sério. Eu estava com medo, e havia agido durante toda minha vida como uma criança infantil, bom certas coisas não me arrependo de ter feito, mas ter chamado você várias vezes de sangue ruim e ter desejado sua morte não é uma delas.

– Você sabe muito bem porque é difícil e eu não deveria...

– Sim, só quero que saiba que mesmo que eu já tenha falado e feito coisas terríveis com você – Draco a interrompeu – Sou outra pessoa agora, não totalmente outra pessoa, digamos que ainda estou em processo de transição, e como todo mundo preciso de ajuda.

– Você está pedindo minha ajuda? – perguntou Hermione se sentindo entalada.

– Não é o tipo de ajuda que você deve estar imaginando, eu prometi para mim mesmo que se eu quisesse ser uma pessoa diferente da que eu era, a primeira coisa que deveria fazer era te pedir perdão e aqui estou eu. Não acho que você vá me perdoar, porém se você precisar conversar ou algo assim, pode contar comigo.

– Acho que é muita gentileza de sua parte e para falar a verdade não estou gostando nada disso.

– Talvez eu mereça uma segunda chance, me envergonho do que fiz de verdade, e ainda sim é difícil vir aqui e pedir desculpas porque mesmo sabendo que eu errei, dar o braço a torcer não faz parte da minha natureza – Draco soltou uma risada.

– Não faz parte da natureza dos sangues puros? – Hermione estava começando a ficar tensa – Sabia que tinha algo por trás desta cena toda

– Hermione, deixe disso, você é mil vezes melhor que vários sangues puros por ai. Não faz parte da natureza dos Malfoy, se meu pai me pega falando isto nem sei o que aconteceria comigo – Draco olhou para os lados para ver se tinha alguém olhando e Hermione soltou uma gargalhada ao presenciar a cena.

– Olha, de verdade, nunca pensei que algum dia fosse receber um elogio de Draco Malfoy – Hermione meneou a cabeça como se estivesse em negação.

Os dois riram.

– Me desculpe, de verdade – Draco pediu novamente e pela primeira vez Hermione viu sinceridade em seus olhos, ela sorriu.

– Tudo bem – respondeu, se sentindo bem consigo mesma por tê-lo perdoado.

– Algum problema? – uma voz perguntou atrás de Hermione, o que a fez tremer.

– Até depois Draco – Hermione saiu sem olhar para trás e Draco soltou risadinha.

– Amanhã te derroto no jogo de quadribol Potter – Draco fez aquela voz de deboche e deu aquela ênfase no nome “Potter” que só ele conseguia.

– Malfoy... – Harry espremeu os olhos de raiva.

– Estou brincando Potter, até mais – o louro soltou uma risadinha e saiu.

Hermione estava no salão comunal sozinha quando Ron e Harry chegam.

– Ron, eu preciso falar com você – disse Hermione.

– Tudo bem. Boa noite Harry – falou Ron.

Harry foi para o dormitório então Hermione iria prosseguir se Ron não tivesse tomado sua frente e falado:

– Antes que você comece, quero que saiba que eu estou muito feliz por você ter aceitado meu pedido e por ter você comigo, sério estou muito feliz, estou me sentindo renovado. Nunca me senti assim antes, você... Quero que saiba que você faz de mim uma pessoa melhor.

Após Ron ter dito aquilo Hermione sentiu um peso no coração, ela começou a se achar culpada. Hermione fazia dele uma pessoa melhor e enquanto ele falava seus olhos brilhavam, aquilo havia sido o suficiente para derrubá-la, ela não poderia ser tão má, não se via no direito de tirar a felicidade dele, a garota simplesmente não conseguia mais dizer nada.

– Agora, fale – murmurou Ron.

– Bom, eu... tenho que dormir – gaguejou Hermione – E eu fico feliz, que você... Que você esteja feliz, é claro – um sorriso forçado brotou em seu rosto, mas suas mãos estavam trêmulas. Mentir não era uma de suas especialidades.

– Você não iria me falar algo? – perguntou Ron curioso.

Merlin! O que irei dizer agora? Estou ferrada, pensou Hermione.

– Não vou poder ir ver o jogo amanhã, era isso que eu tinha para falar – Hermione soltou rapidamente e esperava que ele acreditasse.

– Mas porque não Hermione? – sua expressão era triste, era importante para ele que ela estivesse assistindo a seu jogo – Você foi a todos os jogos e agora não vai...

– Tenho que estudar Ron, espero que me desculpe, mas estou preocupada com os N.I.E.M’s você sabe como isso é importante para mim – como ela não sabia mentir, quis logo sair dali – Estou cansada, tenho que dormir, boa noite. – Então saiu apressadamente, ela estava com raiva, pois queria muito assistir ao jogo e ficou se perguntando se não tinha como ter inventado uma história melhor.

No dia seguinte todos estavam ansiosos para o jogo, especialmente Ron.

– Tenho que falar com Hermione antes de entrarmos – disse Ron para Harry.

– Sabe onde ela está? – o moreno estava curioso e se sentindo incomodado.

– No salão comunal, claro – respondeu Ron como se a conhecesse melhor do que todos.

– Vá lá então, mas não demore – Harry tentou disfarçar o incomodo na voz.

Quando Ron chegou ao salão comunal a encontrou lendo um livro.

– Tem certeza que prefere ir estudar ao ver o nosso jogo? – perguntou Ron a Hermione pondo a mão em cima do livro que a garota estava lendo – Ainda dá tempo. Vamos!

Todos estavam loucos, pois só faltava Ron chegar para o time estar completo e o jogo ia começar em poucos minutos, Harry foi forçado a ir atrás dele.

– É... que eu preciso estudar Ron, já disse – Hermione não estava conseguindo ser convincente.

– Tudo bem então – o ruivo forçou um sorriso – Me deseje sorte.

– Boa sorte no jogo Ron – Hermione sorriu e voltou a atenção para seu livro o que fez Rony ficar parado perplexo olhando para ela.

– Ô Hermione que tratamento é esse? Não ganho nem um beijo? – quando Hermione o olhou ele estava com a expressão confusa.

Hermione se aproximou e lhe deu um selinho rápido, mas não rápido o suficiente para passar por despercebido, Harry já estava na porta da sala comunal.

– Mione... um beijo de verdade. Assim... – disse Ron, puxando-a pela cintura e lhe dando um beijo demorado. Os lábios de Rony não eram ruins, pelo contrário, eles eram macios e Rony sabia beijar muito bem, ela apenas não sentia nada, era como beijar uma pessoa onde você não tem sentimentos a mais por ela.

– VENHA RON, VAMOS NOS ATRASAR! – chegou Harry gritando e puxando Ron pelo braço direito, fazendo assim os dois se soltarem e o beijo acabar. Harry o levou, não dando oportunidade ao Ron para se despedir de Hermione.

– Tchau Mione – o garoto gritou e logo sumiu de sua visão.

Quando o jogo acabou todos estavam no salão comunal festejando a vitória da Grifinória, exceto Harry, ele estava indo ver Hagrid já que fazia tempo que havia ido ver o amigo.

– Olá Hagrid – disse o garoto ao chegar à cabana.

– Oi Harry, quanto tempo que está em Hogwarts e não vinha me ver – repreendeu o grandão.

– Desculpe, tive alguns contratempos com Herm... – ele viu que iria falar besteira e se calou.

Hagrid sorriu ao ver o desespero do menino para mudar de assunto.

– Falando em Hermione, ela e Ron já terminaram? – indagou Hagrid pondo chá em uma xícara.

– Como assim já terminaram? Eles acabaram de começar, acho que estão muito bem, pois quando entrei na biblioteca eles estavam... se... estavam se... beijando. – disse por fim, lembrar daquilo não estava deixando ele feliz.

– Oh! Então ela deve ter se resolvido de sua confusão sentimental já – Hagrid lembrou-se que o que Hermione havia lhe contado era segredo e ele havia soltado demais – Eu não devia ter dito isto, não devia ter dito isto.

– O que quis dizer? – Harry estava confuso.

– Olha Harry, se Hermione está o evitando é porque têm seus motivos, Hermione se preocupa com você, deveria perguntar á ela e não á mim. – Hagrid estava tão desesperado que derramou o chá que estava na xícara em sua perna, o que o fez gemer – Quente, muito quente.

– Como sabe que ela está me evitando? Hagrid, Hermione andou conversando com você ultimamente? – a voz de Harry estava se alterando.

– Bom...

– Tudo bem – Harry percebeu que seria muito injusto tentar tirar de Hagrid algo que Hermione não queria que ele contasse a ninguém. Mas sentiu uma pontada de ciúmes por Hermione ter contado a Hagrid e não a ele, que era seu melhor amigo.

– O que vai fazer? – perguntou Hagrid preocupado.

– Tentar falar com ela – disse Harry por fim.

– Certo, e a propósito, parabéns, foi um grande jogo.

Harry sorriu em agradecimento e saiu dali. O garoto estava entrando ao salão comunal quando Gina o abraçou e o beijou, ele segurou a segurou pelos braços e afastou-a de perto.

– O que você tem Harry? Está muito estranho ultimamente.

– Gina, temos que conversar – ele pegou sua mão, a puxou para uma área do salão que havia poucas pessoas e se sentaram no sofá.

– O que aconteceu Harry? Você parece tenso. Sabe que não precisa ficar assim quando estiver comigo amor, relaxe – Gina passou a mão pelo rosto de Harry, que engoliu em seco.

– E estou, na verdade. Não sei como te dizer isso – Harry suspirou e olhou para o fogo na lareira.

– Você nunca foi muito bom com as palavras – ela soltou uma risada – Certas coisas nunca mudam, estou errada?

Harry meneou a cabeça em negação.

– Gina, nosso relacionamento... Bom, não estou feliz com ele, o que quero dizer é que...

– Eu também não estou Harry – ao escutar isso Harry a encarou, não sabia que ela estava sentindo o mesmo que ele, então se sentiu feliz pois seria mais fácil – Na verdade, eu não quero ser apenas uma garota que fica com você as vezes, quero ser mais que isso, e tenho certeza que você também quer. Você quer me pedir em namoro, mas não sabe como porque está nervoso. É isso não é?

E de uma hora para outra, toda a felicidade de Harry havia desaparecido. Ele não sabia o que fazer.

– Não, não Gina, não é isso – Harry passou a mão pelo cabelo, desesperado.

– Não estou te entendendo – Gina estava olhando fixamente para o garoto.

– Gina será que não da para perceber? Você mesma disse que estou estranho ultimamente.

– Pensei que fosse por que estava concentrado demais no jogo ou porque desde que voltamos á Hogwarts aconteceram muitas coisas e você não teve tempo. Não sei o que está querendo dizer.

– Gina... nem estamos tendo algo sério, mas acabou.

– Como assim Harry? Como assim acabou?

– Me desculpe, juro que não queria que tivesse sido assim – ele estava sendo sincero, mas não podia fazer nada, se já não conseguia mais gostar dela.

– Se você não quisesse não seria. O que está acontecendo? – seus olhos estavam marejados.

– Não sinto o mesmo por você – disse por fim, olhando para baixo – É claro que eu gosto de você, só que não é mais a mesma coisa. Não sinto mais o que eu estava sentindo antes, não sei o que houve... Só sei que não consigo mais.

– Diga isso olhando nos meus olhos – a voz da garota estava falhando por conta das lágrimas.

Ele a olhou e disse:

– Não sinto o mesmo por você, me perdoe Gina. Você é tão... Maravilhosa, você merece algo melhor.

– Harry Potter você é um imbecil – disse Gina, saindo correndo para seu quarto.

Harry entendeu o que ela havia dito e até concordava, ele não queria magoá-la desse jeito, mas também não poderia levar o relacionamento deles à diante. Harry percorreu o salão todo atrás de Hermione, mas ela não estava lá. Ron estava tão eufórico com a vitória, que nem prestou atenção que sua namorada não estava presente. Harry ficou pensando em onde ela deveria estar então lembrou-se do que Hermione mais amava “Livros’’.

Harry foi até a biblioteca. Hermione estava lá sentada, sozinha, tão linda concentrada lendo seu livro, com os olhos ansiosos por cada palavra e uma respiração fraca que combinava com seu corpo. Harry meneou a cabeça tentando afastar os pensamentos, andou até ela e disse:

– Mione?