>>o Ponto de vista: Ana

Assim que cheguei à sala de jantar percebi que Adam (o pai de Ed) me encarava de um jeito estranho e avaliativo, Edward percebeu, pois ficou sem graça.

Sentei ao lado de Lucas no lugar de sempre só que agora Edward sentava na cabeceira da mesa como o rei Adam.

– Onde está Angelina? – perguntou Cecília que tinha um carinho enorme pela Angie. Um carinho que ela nunca teria por mim.

– Estou aqui! – respondeu Angie e sentou ao lado direito de Ed, ele sinalizou que já podiam servir o almoço.

– E como foi com os ministros? – perguntou Angie para Ed que sorriu.

– Melhor do que eu imaginava! – falou sinceramente.

– Fico feliz! – falou ela sorrindo.

– E você Angie? Como foi em Oxford? – perguntou ele

– Complicado, mas eu consegui me virar.

– Parabéns! – falou Ed olhando pra ela de um jeito diferente, na verdade eu conhecia esse olhar. Meu coração deu um salto.

O silêncio reinou como sempre, mas a minha mente zunia. Agora eu já não sabia o que pensar e o que sentir, olhei para Lucas que encarava o nada, e de repente pensei no beijo de agora a pouco. Será que era isso que eu queria mesmo? E o que será que Lucas sentiu quando me beijou? Ai, como eu queria ler pensamentos, ás vezes.

>>o Ponto de vista: Angie

O almoço acabou mais rápido do que eu gostaria, eu não sei se estava pronta para ouvir o que eles tinham a dizer.

– Angie? Angie? – chamou Ed me encarando, eu pisquei rapidamente e o encarei de volta.

– Oi?! Desculpe! – falei e ele sorriu.

– Tudo bem! Vamos, Ana e Lucas estão nos esperando. – falou ele levantando da mesa, e só então eu percebi que eles não estavam mais na mesa

– Tá ok! Onde eles estão?

– No quarto dela! – falou me oferecendo sua mão que eu aceitei prontamente. Por algum motivo desconhecido andar de mãos dadas com Ed era tranquilizador e reconfortante.

Andamos em silêncio até o quarto da Ana, a porta estava aberta. Lucas e Ana estavam sentados lado a lado de frente pra cama, e ela sinalizou pra gente sentar na frente deles e assim fizemos.

– E então? – começou Ed quebrando o silêncio.

– Nós queríamos falar com vocês! – falou Ana, mas parou e encarou Lucas que suspirou.

– Tá, eu falo. – falou ele derrotado – Eu e Ana conversamos e decidimos que vamos voltar para o Brasil.

Eis que reina o silêncio, todos pararam de respirar e eu simplesmente não sabia o que responder diante desse pronunciamento inesperado.

– Como assim? – perguntei ainda sem entender.

– Nós vamos voltar para o Brasil, Angie! Brasil! – falou Ana finalmente me encarando.

– Mas por quê? – perguntou Edward surpreso.

– Porque sentimos que estamos atrapalhando algo, sabe? Percebemos que vocês são um casal e devem viver dia a dia como tal! – falou Ana e eu levantei do sofá.

– Eu não entendo! Nós tínhamos combinado que ia ser difícil, mas que íamos até o fim. – Ana abaixou a cabeça em sinal de desespero, percebi que ela ia começar a chorar, então Lucas respondeu.

– Tínhamos, mas as coisas aconteceram ao seu modo. Eu tenho certeza que você curtiu a semana em Paris. – eu não pude negar isso, mas ainda sim não quis dar o braço a torcer.

– Mas a questão não é essa. A questão é que eu não consigo deixá-los. Vocês dois!

– Angie, eu entendo que a Ana é sua melhor amiga e isso não vai acabar só porque ela foi embora. E no meu caso, mesmo que você esteja apaixonada por mim a paixão na sustenta um relacionamento pra sempre, só o amor tem esse poder. Você deveria saber disso!

Diante desse fato, eu sentei e não soube mais o que responder. A Ana chorava em silêncio e Ed estava sério com o rosto endurecido, mas mesmo assim abriu um sorriso fraco pra falar.

– Ana, você não quer mesmo isso, quer? – Ana não sabia o que fazer, estava totalmente perdida. – Me responda Ana!

– Não Edward não quero! Mas preciso! – falou ela aos prantos o encarando firme.

– Então por que está fazendo isso?

– Porque eu te amo! E quando a gente ama, deixamos a pessoa ir! – diante disso, assim como eu, Edward não soube o que responder.

Meu coração ficou apertado ao ver a minha melhor amiga assim, e a culpa me consumia ao pensar em Paris. Ao pensar que enquanto estava lá, não pensei nela e no que ela estaria passando.

– Olha, eu percebi o jeito que vocês se olham. Vocês dois estão começando a amarem um ao outro e isso não é ruim e nem um absurdo. Vocês estão casados, são obrigados a conviver o tempo todo e são incrivelmente lindos e legais. – falou Ana dando um sorriso fraco.

Eu e Ed nos olhamos, pela primeira vez, meus olhos lacrimejaram, mas eu limpei rapidamente para que ninguém percebesse. Eu estava jogando a culpa para o mais profundo eu na minha mente, mas agora ela se libertou com força.

Lembrei dos meus pensamentos em Paris, sim, eu estava me apaixonando pelo Ed, isso me fazia sentir estranha. A pessoa na minha frente era o cara que a minha melhor amiga amava, eu não podia me apaixonar por ele.

– Já está decidido! Nós vamos embora daqui a dois dias. – falou Lucas e eu o encarei surpresa.

– Dois dias? Só dois dias? – perguntei em pânico.

– Pra quê prolongar? Porque continuarmos com isso por mais tempo? – falou Ana e eu levantei.

– Tudo bem, você tem razão! Desculpe-me por tudo que te fiz. Você não merecia nem a metade!

Eu simplesmente saí do quarto com o resto em lágrimas, eu não queria olhar pra ninguém , nem falar com ninguém. Pensei em ir para o meu quarto, mas agora era o quarto do Ed também, talvez o jardim, mas se algum fotógrafo maluco me visse chorando pela grade, ia ser uma fofoca só. Então resolvi ir para a biblioteca, os livros sempre me acalmaram, até porque sempre tem um final feliz.

Me afundei na primeira poltrona que vi entre o corredor sete e oito e comecei a chorar, sim chorar. Isso era tão estranho pra mim, porque tecnicamente o meu choro era de culpa. Eu tinha consciência que estava errado e isso era ainda mais doloroso.

– Angie? – chamou alguém em um sussurro, Lucas.

– Como sabia que eu estava aqui? – perguntei limpando o rosto.

– Aqui na biblioteca ou aqui nesse corredor?

– Os dois!

– Bom, eu pensei que você ia querer um lugar sossegado, então biblioteca. Depois eu deduzi que viria pra cá, na seção do romance. Pura ironia!

Lucas sorriu e eu não pude deixar de sorrir por um momento também! Mas rapidamente esse sorriso desapareceu e ele percebeu.

– Sinto muito! – falou e eu olhei pra ele surpresa.

– Pelo quê? – Lucas deu um sorriso fraco.

– Por ter enrolado a sua vida!

– Lucas, eu enrolei a minha vida no momento que falei: “Claro Ana, eu te levo pro seu encontro!” lá no Rio há quase dois anos.

– Então, a culpa não é minha? Estou aliviado!

Embora ele me fizesse rir, o sorriso não durava muito tempo no meu rosto, acho que nada que ele dissesse ia me deixar alegre naquele momento.

– Não se culpe! – falou ele sentando ao meu lado.

– Mas a culpa é minha!

– Por que a culpa seria sua?

– Porque eu acho que estou apaixonada pelo cara que minha melhor amiga ama. – assim que eu falei percebi o que eu tinha dito e me repreendi muito por isso. Lucas deu um sorriso fraco e abaixou a cabeça. – Lucas, eu não...

– Não Angie, queria sim. Você queria dizer exatamente isso!

– Mas não desse jeito!

– Pelo menos você foi honesta!

– Eu sinto tanto! Eu só destruo o coração das pessoas a minha volta!

– Angie, eu vou te contar uma coisa e quero que preste atenção. Eu fui apaixonada pela Ana por muito tempo e achei que se eu me concentrasse em outra pessoa, esse sentimento que eu tinha por ela passaria. E eu comecei a namorar você, e eu não podia ter escolhido uma pessoa melhor pra fazer isso. Mas as coisas foram acontecendo e você se casou. As coisas não aconteceram como eu planejei.

– Nem pra mim. Você acha que estava nos meus planos me casar ou ser a rainha da Inglaterra? Mas as coisas foram aconteceram sem que eu pudesse impedir. E aí veio Paris, e vocês falaram com a gente e eu comecei a perceber o quanto Ed é fofo e lindo e legal...

– Sim, ele é incrível! – nós rimos da piada boba por um momento. Conversar com Lucas realmente tinha me feito bem, talvez porque ele também tinha se apaixonado pela pessoa errada.

– Obrigada por conversar comigo!

– Foi um prazer! Eu também precisava disso!

Lucas beijou meu rosto com ternura e eu encostei minha cabeça em seu ombro. Uma parte estava resolvida, e agora tinha a Ana. Como eu falaria com ela?

>>o Ponto de vista: Edward

Assim que Lucas saiu atrás da Angie, eu sentei ao lado da Ana e a encarei por um momento. A conclusão que cheguei quando conversei com meu pai martelava na minha cabeça. Eu sentia um carinho muito grande por ela, mas agora acho que não passava disso.

– Ana? – chamei sem saber como dizer o que eu tinha pra falar. Ela me encarou com os olhos vermelhos de tanto chorar e isso de certa forma doeu muito dentro de mim.

– Ed, eu vou te poupar de explicações! Eu sei que você se apaixonou pela Angie, eu percebi.

As coisas estavam tomando um rumo diferente do planejado, mas afinal as coisas sairão do plano faz tempo.

– Mas Ana, eu acho que você merece explicações. Você merece saber os porquês.

– Então me diga! – eu suspirei e comecei devagar.

– Pra começar eu não planejei nada disso, na verdade eu não sabia nem que tinha me casar antes da coroação, mas isso aconteceu. Ana quando eu fui pro Rio não passava pela minha cabeça que eu ia me apaixonar, mas isso aconteceu e eu não estou arrependido dessa escolha. Mas sinto muito por te inserir no meu mundo que não é nem um pouco colorido!

– Edward, mesmo com tudo o que aconteceu eu também não me arrependo de ter te encontrado naquela festa! E não acho que a culpa seja sua!

– Obrigada! Bom, agora a Angie! Confesso a você que as coisas começaram a acontecer quando nós brigamos pela internet a respeito de você não ter me contado que é filha da empregada. Depois daquele dia nós começamos a realmente olhar um pro outro, quando a gente percebeu o que estava acontecendo nos afastamos, mas a Angie não conseguia fazer amigos na faculdade e eu resolvi ajudar. Então nos beijamos no centro de Londres. – parei por um momento pra ver a reação dela, mas Ana estava impassível então continuei – A gente começou a se afastar de novo e ela começou a namorar e as coisas começaram a entrar no eixo, quando veio a traição do Richard e a notícia que eu tinha que me casar. O resto você já sabe!

Ana sorriu e enxugou uma lágrima que insistiu em sair, me deu um beijo na bochecha e me encarou.

– Edward eu entendendo que vocês tiveram um começo turbulento, e que não planejaram se casar. Exatamente por isso eu fui deixando as coisas como estavam, mas teve uma hora que eu não estava aguentando mais, porque percebi que mesmo gostando da Angie, você não ia terminar comigo pela consideração, então eu tive que fazer algo. Mas saiba que você sempre será um amigo mais que especial. E, aliás, eu e Lucas nos beijamos hoje.

Eu a encarei surpreso por um momento e depois nós dois começamos a rir, se ela ficasse com o Lucas eu ia ficar muito feliz, eu não admitiria isso em voz alta, mas ele era um cara legal.

– Acho que está na hora de conversar com a Angie! – falou Ana levantando com um sorriso no rosto e ela ficava muito mais bonita assim.

– E eu vou ter uma conversa com o Lucas pra ver no que dá.

– Pena que vou perder essa!

– Não se preocupe provavelmente ele te contará tudo!

Isso ia ser muito divertido!

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Eu sei que normalmente não faço isso mas hoje deu vontade! ;)

Eu escrevi esse capítulo ouvindo todo o CD The 20/20 Experience do Justin Timberlake e recomendo para todos que quiserem ter uma crise de inspiração! *-*

Aliás, na minha opinião, o Justin Timberlake inspira qualquer um só por ser ele e ter aquela carinha linda e aquele talento! *suspiros eternos*

Amo vocês!