Capítulo seis

Narrado do ponto de vista de Sasuke Uchiha

Visco (Eu supero todos os obstáculos)

O meu encontro com a Ino não foi nem de longe o pior que o Naruto arrumou, houve mais dois “encontros” e naquela altura eu já estava começando a achar que aquele loiro idiota estava tentando fazer com que eu arrumasse uma namorada ruiva psicótica, pois se existe uma palavra que pode definir a Tayuya ou a Karin é “psicótica”. A partir dali eu acho que já estava desenvolvendo algum tipo de medo em relação a ruivas, principalmente se elas estivessem interessadas em mim.
Eu realmente já tinha perdido as esperanças de encontrar alguém no mínimo normal e infelizmente para mim a minha sorte não melhoraria, apesar de toda animação do Naruto.
“Sei que as coisas não deram certo nas últimas vezes, mas não se preocupe eu encontrei a garota perfeita para você.” Dito isso ele foi para a cozinha. Temeroso eu segui ele.
“Espere, o que você quer dizer com “garota perfeita”?” Eu perguntei.
Ele ainda estava vasculhando a geladeira quando respondeu “Oh isso? Ela é o seu tipo. Ela tem todos esses surtos por causa da arte e ela é tão louca como você. O melhor é que ela ainda é irritante do mesmo jeito que você.”
“Por que eu sinto que isso não vai dar certo?” Eu suspirei.
“Porque você apenas gosta de por defeito em tudo. Achei pizza aqui acredita?” Enquanto ele colocava a pizza para esquentar eu me sentei no sofá da sala.
“Você apenas poderia me dizer quem ela é ou algo realmente relevante?” Eu praticamente implorei.
Nesse momento ele entrou na sala e sorriu brilhantemente.
“Ansioso por conhecer sua futura esposa? Esse é o espírito. Ela é escritora, acho que de romance ou algo assim, ela até me contou um pouco sobre o seu novo livro, mas não prestei atenção. Não se preocupe, ela parece até divertida, acho que seu nome era algo como Sakuya, Samira ou Sakura. Não me lembro, apenas sei que o sobrenome é Haruno.” Ele tagarelou.
Suspirei, agora apenas precisava pesquisar por uma mulher que aparentemente o nome começava por “Sa”, era escritora de romance e o sobrenome era Haruno. Quão difícil poderia ser? Com a minha sorte provavelmente muito.
(...)
Como eu havia previsto havia sido praticamente impossível encontrar algo sobre a “garota perfeita” na internet, a única coisa relevante que encontrei foi alguns poucos artigos falando sobre um dos seus livros, na maioria desses artigos as críticas sobre ela eram mais que cruéis, as pessoas falavam que ela era uma escritora de apenas um sucesso.
O ponto positivo foi que eu descobri que seu nome era “Sakura Haruno” e eu não tinha a mínima impressão de quem ela era, se eu tomasse os artigos como uma base de opinião sobre ela eu poderia dizer que não estava entusiasmado. Ela provavelmente apenas havia aceitado ir ao encontro em busca de um pouco de fama para chamar atenção sobre seus livros, contanto que não me prejudicasse eu não tinha problemas com isso.
Eu sei que você provavelmente está pensando algo em torno de “Você está procurando uma namorada e nem ao menos se importa se ela está com você apenas pela sua fama!”, mas se tem algo que eu aprendi com o meu tio Madara (e acredite é muito difícil tentar tirar algo de bom daquele cara) é que a maioria das mulheres é interesseira. Agora se você é uma mulher não venha querer me bater. Apenas assuma que já houve alguma situação em que você participou apenas porque tiraria algo de proveito disso, quando se trata de procurar homens seus instintos ambiciosos apenas aumentam.
Há apenas três coisas que as mulheres geralmente procuram em um cara: beleza, dinheiro e poder (Esse último podendo ser substituído por fama já que o ponto de vista varia).
Eu também tenho de assumir que nós homens não somos muito melhores, mas se trata apenas de uma questão de balancear as coisas. Podemos ser chamados de estúpidos, crápulas e até mesmo seres sem sentimentos, mas estamos apenas retribuindo o que recebemos. Por que haveríamos de ser “perfeitos cavaleiros” com mulheres que não se dão o mínimo respeito? Não irei tratar bem alguém que não tenta ter o mínimo de decência.
Então eu planejava que se essa Sakura fosse uma pessoa ao menos aceitável eu poderia começar um relacionamento com ela, não é como se eu tivesse noções românticas sobre o mundo. Enquanto pudéssemos ao menos conviver em paz um com o outro eu estaria bem.
(...)
As coisas não foram bem para mim naquele dia. Parecia que o universo estava tentando me dar um aviso para que eu desistisse dos meus planos. Para começar eu havia destruído um quadro que havia pintado naquele mesmo dia, em um momento eu estava conferindo as horas (E acabei percebendo que se não me apressasse acabaria me atrasando para o encontro) e no outro eu estava escorregando e sem querer acabei caindo e derrubando meu quadro que foi perdido na bagunça que as tintas fizeram quando mancho-o.
Depois disso eu tive de correr para o banheiro para tentar tirar aquela tinta do meu cabelo e isso acabou levando muito tempo. Tive de tentar encontrar alguma roupa aceitável, pois simplesmente naquele dia a empregada havia levado praticamente todas as minhas roupas para a lavanderia. Quando finalmente eu já estava em um taxi indo para o restaurante achei que as coisas não dariam mais errado, foi nesse momento que começou a chover. Não apenas um sereno daqueles que acontecessem nas tardes de verão, era algo mais como uma tempestade daquelas de inverno com direito a engarrafamento, guarda-chuvas voando e pessoas encharcadas.
Eu era uma dessas pessoas encharcadas e foi assim que cheguei para o encontro: exausto, muito irritado e parecendo como se tivessem tentado dar um banho em um cachorro com o dobro do meu tamanho e ele que havia me dado um banho.
Felizmente eu não era a única pessoa encharcada no restaurante então eles não me colocaram para fora e quando finalmente descobri qual era a minha mesa eu estava pronto para tentar ter alguns poucos minutos de paz.
Foi ai que eu comecei a entrar em pânico. Sentada na minha mesa estava uma garota de cabelo ruivo, mas de onde eu estava eu não conseguia enxerga direito, apenas sabia que era um tom meio claro quase como se fosse rosa.
Meu sangue gelou e um calafrio percorreu minha espinha, devo acrescentar que nada disso era por causa do clima. Gritinhos agudos ecoaram pela minha cabeça, eu senti o cheiro de perfumes enjoativos e tive uma visão de longas sessões de conversas sem o menor sentido. Por um breve momento eu quase tive vontade de correr e implorar para a Ino aceitar ser minha namorada apenas para não sofrer com outro terrível encontro. Acredite você ou não eu estava quase começando a gostar da Ino, pois ela ao contrário das outras, ao menos tinha um emprego e não seria uma parasita na minha vida. Eu quase senti saudades daquela entrevista que eu havia dado para ela.
Então eu decidi que não iria recuar, eu iria me sentar lá com aquela garota e mesmo que ela fosse mais uma ruiva psicótica eu lhe convidaria para um segundo encontro. Quanto mais cedo eu consegui-se uma namorada Barbie mais cedo as coisas melhorariam.
Então como se fosse um robô eu me dirigi até a mesa e me sentei na frente dela.
“Desculpe-me pelo atraso, eu tive um imprevisto.” Eu me sentei na cadeira em frente à garota.
“Sem problemas.” Ela respondeu.
Olhando para o rosto dela eu congelei quando reconheci quem era a “garota perfeita”. Na minha frente estava Sakura Haruno e ela sorriu maliciosamente para mim.
“Ora Sasuke, parece que você viu um fantasma.” Ela zombou.
Um bando de macacos loucos sedentos de sangue poderiam ter invadido o restaurante e eu não me assustaria. Eu tive vontade de gemer. De todas as ruivas psicóticas que existem no mundo e que eu havia prometido a mim mesmo dar uma chance, tinha de ser logo ela? A garota rude e esquisita que eu havia encontrado no parque? A mulher que havia ido falar comigo em uma festa apenas para me acusar de ser um perseguidor pervertido?A menina do cabelo rosa chiclete? A irritante por quem eu estava levemente interessado apenas para lhe dar um troco por ter me feito de estúpido? A esquisita que fazia Ino Yamanaka parecer a mulher perfeita?
Eu juro que tentei me acalmar, eu respirei fundo algumas vezes e até mentalizei alguns mantras. Eu tinha dito que ia tentar, então eu estava tentando. Ou pelo menos era isso que eu estava dizendo a mim mesmo, eu estava com vontade de ficar ali e conversar com ela apenas para poder descontar uma ou duas grosserias que ela havia me feito.
“Desculpe Sakura, apenas fiquei um pouco surpreso que era você a minha acompanhante”. Eu tentei me recompor.
“Por quê? Não pareço ser o tipo que vai a encontros às escuras para arrumar um namorado falso apenas com o propósito de alavancar minha carreira?” Ela brincou e sorriu para mim.
“Na verdade você parece ser o tipo que faz coisas bem piores.” Eu respondi e sorri de volta. Com esse feliz comentário era riu tão alto que as pessoas nas mesas próximas nos olharam chocadas com a falta de educação e discrição dela.
Com aquilo começamos uma conversa quase agradável, na maior parte apenas trocamos farpas, mas aquilo foi até mesmo um pouco agradável e quase sem perceber acabamos conversando bastante.
“Sabe o que eu acho estranho? O fato de uma ótima escritora de uma hora para a outra começar a apenas escrever clichês.”
“Agora está assumindo que eu sou uma ótima escritora?” A ruiva provocou.
“Na verdade não. Estou apenas fazendo uma observação sobre algo comum e normal, quase como falar sobre o tempo.” Eu respondi mordaz.
Ela riu e revirou os olhos, mas acabou por responder.
“Não posso fazer nada, as pessoas gostam de clichês e essa foi a única maneira que eu conseguir deles me lançarem.”
“Então se o seu primeiro livro também era um clichê por que de uma hora para a outra eles apenas de cansaram de você?” Perguntei.
“No meu primeiro livro eu consegui utilizar a história de uma forma nova, mas com os outros apenas não havia como e eu tive de apenas reescrever a mesma história apenas com outras palavras e cenários.” Ela suspirou desanimada.
“Por que você não escreve algo original e tenta manda para sua editora? No caso deles aceitarem ótimo você lança com eles, caso contrário você apenas pode fazer um favor para o mundo e para de escrever.” Sorri sarcástico.
Sakura riu e sorriu para mim.
“Sasuke você é tão encantador! Não posso nem mesmo imaginar o porquê de ainda estar solteiro.”
“Eu gosto de ruivas psicóticas! E você? Por que ainda está solteira?” Perguntei e dessa vez eu estava um pouco curioso pela resposta dela.
“Eu gosto de morenos egocêntricos.” Ela respondeu e me encarou ainda sorrindo. Talvez ela não fosse tão ruim quanto eu pensei.