Para Sempre escrita por Myla Oliveira


Capítulo 32
Sem esperanças


Notas iniciais do capítulo

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“Ela está perdendo sua fé. Ela caiu em desgraça. Ela esta arrasada por dentro – Avril Lavigne.”

POV – Rose Weasley

Meu pai me arrastava pelo carro e todos nos encaravam na rua, eu estava chorando e gritando feito uma louca e eles não pareciam nem ouvir, apenas Hugo tentava me acalmar enquanto meu pai continuava a me arrastar pelo braço.

– Pare com isso – disse Hugo – Está machucando-a.

Ele pareceu nem ter ouvido, apenas abriu a porta do carro e me jogou lá dentro com brutalidade. Esfreguei meu braço que já estava arroxeado e Hugo entrou me puxando para si.

– Calma – pediu ele baixinho e eu assenti com a cabeça, mas continuava chorando e ele ficou acariciando meus fios ruivos numa tentativa em vão de me acalmar.

Ninguém falou nada durante a viagem, o único som era o do motor, o meu soluço e Hugo tentando me acalmar. Chegamos em casa e eu encarei eles assustada quando ele voltou a abrir a porta do carro com brutalidade e me arrastar para dentro de casa me jogando no chão da sala.

– Você foi nosso maior erro! – ele gritou de fúria, suas veias pulsavam no pescoço e eu me encolhi tremendo no chão da sala – Sua mãe deveria ter te abortado, você não é nada! Não merece o sobrenome que tem, você é uma vergonha Rosalie Weasley! Nós sempre fizemos tudo por você, tudo! Sempre te demos tudo o que precisou, me diga o que te faltou nessa casa, sua ingrata! DIGA!

– AMOR – gritei de volta e ele me encarou estático – Vocês nunca me deram amor, era tudo o que eu queria, que vocês me amassem e me aceitassem do jeito que eu sou, eu fazendo as escolhas que eu quisesse, mas vocês nunca entenderão ou aceitaram muitas decisões e nunca nem levaram nada em consideração, eu amo Scorpius tanto quanto minha mãe e Scorpius me ama tanto quanto você a ama, só o que eu te peço é que tente aceitar isso e não me afaste dele.

Ele me deu um tapa estalado na cara e eu o olhei com pura raiva.

– Eu pensei que poderia ter como conversar com você, mas você já não tem uma alma e muito menos um coração, Sr Ronald Weasley.

– Não acredito que estou ouvindo isso – ele soltou uma gargalhada estranha e abafada e me encarou – Pegue o que vai precisar comer na cozinha!

– O que?

– Você vai passar um tempinho no seu quarto Rosalie – disse ele cm um sorriso sádico – E nem pense em mandar cartas para aquele filhote de comensal ou aos seus amiguinhos! Agora, vá até a cozinha e pegue o que precisara comer até amanha!

– Não vou pegar nada – respondi.

– Ótimo, então morra de fome – ele disse e me arrastou escada acima e me jogou no chão do meu quarto.

– Me deixa sair – gritei me levantando e indo até a porta mas ele já havia trancado – Abre!

Eu soquei a porta e gritei até meus pulsos doerem e avermelharem. Em tão desabei no chão e não chorei mais, apenas fiquei encarando o nada sem ação alguma, não sei o que aconteceria. Fui até a janela e tentei abri-la mas esta também estava trancada, fui até o banheiro do meu quarto mas aquela janela era pequena demais e eu não passaria por ela.

Voltei para minha cama e fiquei ali sentada olhando o nada, fora ela. Eu tinha certeza que havia sido. Nunca iria perdoa-la e nunca perdoaria as pessoas que estavam lá em baixo e diziam ser meus pais. Mas eles não eram, eram apenas dois monstros na minha vida.

Ouvi alguém batendo na porta e me assustei me encolhendo contra cabeceira da cama, mas era só Hugo então relaxei novamente.

– Tudo bem? – perguntou ele e eu balancei a cabeça negativamente – Eu sinto muito, se eu pudesse fazer alguma coisa.

– Tudo bem, você não pode, mas sei que quer – disse dando de ombros e ele respirou fundo.

– Eu só vim te trazer isso – disse ele deixando uma bandeja com comida em cima da cama – Você precisa comer.

– Não preciso não – respondi irritada.

– Coopere Rose, por favor – pediu ele passando as mãos no meu cabelo.

– Ta legal – disse e ele me encarou – É sério, eu prometo que vou comer tudo.

– Hugo, desça! – mandou a voz autoritária de Ronald Weasley.

– Vou vir te dar boa noite daqui a pouco, como desculpa te recolher a louça – ele disse com uma careta e eu tentei sorrir, ele beijou minha testa e saiu do quarto trancando a porta.

Eu encarei aquela comida e sorri. Eu prometi que iria comer e não deixar no estômago.

Me aproximei da bandeja e comecei a comer tudo lentamente, mas eu estava o dia inteiro sem comer e estava faminta, então comecei a comer mais rápido e engoli tudo de uma vez jogando o suco por cima.

Coloquei a bandeja de lado e me deitei na cama com lagrimas nos olhos. Vomitar significaria quebrar uma promessa que havia feito ao amor da minha vida nesse mesmo lugar a meses atrás.

Mas eu precisava fazer isso, fui até o banheiro e me ajoelhei a frente do vaso. Então enfiei os dedos na garganta e comecei a colocar tudo o que conseguia para fora, sempre enfiando mais e mais, Senti minha garganta arder, deveria tê-la machucado, então fechei os olhos e me afastei do vaso encostando na parede e colocando a cabeça entre os joelhos e tentando respirar tranquilamente.

Levantei do chão ainda meio zonza e lavei minhas mãos dando descarga em seguida, então sai do banheiro e fui até meu guarda roupa atrás de uma roupa quente, mas não encontrava nada.

– Droga – resmunguei esfregando meus braços e fui até minha cômoda puxando as roupas para procurar algo e deixei um par de meias que estavam enroladas cair. Abaixei para pegá-las e as desdobrei para vesti-las. Foi então que vi uma antiga lamina caindo no chão e me ajoelhei a segurando entre meus dedos, mordi os lábios e olhei para o teto como se aquilo pudesse impedir os cortes que queriam tão desesperadamente aparecer pelo meu corpo.

E então mais uma promessa será quebrada, mais uma decepção e assim em diante. Pensando bem agora, eu era sim uma decepção para toda família e para todos que me conheciam, eu não merecia existir.

– Me desculpe Scorpius – sussurrei com os olhos fechados, como se assim pudesse vê-lo – Eu vou te amar para sempre.

Olhei pela lamina novamente e então levantei minha blusa, e deixei a lamina escorregar entre minhas costelas e envolta do umbigo. Fiz careta quando senti uma leve ardência na barriga e então abaixei minha blusa novamente, a mesma ficou ensanguentada, mas eu não me importei. Tirei a calça jeans que trajava e comecei a fazer cortes finos pela perna, mas não eram o suficiente, então comecei a abri-los com mais força e o sangue começou a escorrer descompassado agora.

Eu já estava começando a ficar zonza, levantei do jeito que eu pude e sentei na minha cama cortando também o braço, mas minha forças acabaram e a lamina escapou da minha mão caindo no chão. Tentei controlar a respiração e procurar minha varinha com os olhos para fechar boa parte daqueles cortes, os que estavam profundos pelo menos. Mas meu malão não estava ali, o que significa que minha varinha também não estava. Apenas fiquei ali deitada sentindo a vida se esvaziar de mim pouco a pouco e junto com ela ir a dor.

Lágrimas silenciosas começaram a escorrer pelo meu rosto e tudo começou a ficar escuro, a única coisa que eu imaginava era ele.

Escutei um barulho e não me importei de qualquer jeito, não estava ligando, talvez já estivesse morta.

– Essa não! – escutei a voz de alguém ao meu lado e tentei abrir os olhos para ver quem era – O que você fez minha irmã? Por favor, fique comigo, fique comigo Rose.

E essa foi a ultima coisa que escutei antes de tudo ficar escuro.


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