Vulnerable escrita por Lana


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem!



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A chuva caía em pesados pingos quando Emmett e Rosalie entraram encharcados no pequeno motel de beira de estrada que haviam encontrado. O único em quilômetros percorridos. O vento soprava forte e Rosalie suspirou satisfeita ao sentir o teto a protegê-la das fortes gotas. Emmett foi até o balcão vazio e tocou um pequeno sino dourado que havia lá. Rosalie foi até seu lado e um homem mal encarado com uma barba extremamente grande apareceu.

– O que querem? – perguntou numa voz grossa e rude. Emmett ergueu uma sobrancelha.

– Dois quartos. – ele pediu numa voz mal humorada. O homem encarou os dois e grunhiu antes de se virar e pegar duas chaves.

– Cinquenta dólares. – avisou. – Cada quarto. – resmungou esperando o pagamento antes de entregá-las.

– Cinquenta dólares por quarto? Isso é um absurdo, olhe para essa porcaria, mal vale dez dólares! – Emmett falou irritado.

– Se não quer pagar, vá achar outro lugar! – o homem respondeu no mesmo tom.

– Não, nós queremos sim. – Rose falou pela primeira vez.

Ela encarou Emmett por alguns segundos e ele respirou fundo enquanto tirava a carteira do bolso e entregava os cem dólares ao dono do local. Ele entregou as chaves e virou-se, saindo e deixando os dois sem nenhuma palavra a mais. Rosalie suspirou novamente e puxou Emmett consigo para subir as escadas de madeira que pareciam poder cair a qualquer momento. O lugar parecia completamente vazio, o papel de parede descascava e tudo parecia imundo. Logo acharam portas com números iguais aos das chaves e cada um entrou em seu quarto. Rosalie olhou o quarto com repulsa ao ver a situação em que ele estava e fechou a porta. Amaldiçoou a chuva, a viagem e principalmente aquele lugar. Suspirou e tirou a blusa molhada que grudava em seu corpo. Não tivera a oportunidade de pegar nada além de sua bolsa com dinheiro e documentos e uma nécessaire, ambas que estavam no banco de trás do carro e não no porta malas com o resto de suas coisas. O frio tomava seu corpo, mas ela continuou a se despir, tirando a calça em seguida e estendendo as peças de roupa na cabeceira depois. Virou-se para o banheiro ao ouvir um barulho estranho vindo daquela direção e se aproximou cautelosamente de lá. Quase vomitou ao ver o estado do vaso sanitário, mas só depois de ver um grande e imundo rato preto correndo em sua direção é que Rosalie gritou e saiu correndo em direção à porta de Emmett, que já a abria por causa de seu grito.

– O que houve? – ele perguntou alarmado.

– Tem... Tem uma coisa horrível, um animal imundo no meu quarto! E estava vindo pra cima de mim! – ela disse pulando para trás do corpo largo do homem. – E aquele quarto é nojento. – completou em voz chorosa.

– Calma. – ele pediu virando-se para ela. – Que bicho era?

– Um rato. Gigante! Eu não volto pra lá de jeito nenhum.

– Tudo bem, fique com o meu. – ele ofereceu e ela entrou no quarto dele. – Hm... Onde estão suas roupas? – ele perguntou olhando sugestivamente para o corpo da loura.

– Ah. – ela falou um pouco embaraçada. – Elas estão no outro quarto.

– Vou pegá-las e levar minhas coisas para lá. – ele se adiantou para porta.

– Não! – ela disse segurando o ombro dele. – Por favor, não me deixe sozinha aqui. – ela pediu com a voz baixa. Ele olhou para seus grandes olhos azuis e se perguntou se alguém conseguia negar algo à ela. Esse alguém certamente não era ele.

– Tudo bem. – concordou. – Mas me deixe pegar suas roupas. Eu volto já. – prometeu. Quando ele saiu Rosalie pegou o lençol da cama depois de ver se não havia manchas nele e o enrolou nos ombros. Analisando o quarto, viu que ele estava numa situação um pouco melhor que o seu, ao menos a privada estava limpa e não parecia ter animal algum ali. Emm voltou e ela pegou suas roupas e sua bolsa que ele trouxera. Estava pronta para vesti-las quando ele a interrompeu.

– Não acho que seja boa ideia. Ainda estão bastante molhadas e você pode pegar uma doença.

– O que você sugere então, que eu fique seminua? – ela ergueu uma sobrancelha.

– Bom, na verdade eu ia te oferecer uma das roupas que estão na bolsa que eu trouxe comigo, mas se você prefere assim... – ele sorriu presunçoso.

– Me dê as roupas, Emmett. – ela suspirou.

– Pode tomar um banho se quiser. – ele ofereceu. – Não tem xampu, sabonete ou toalhas, mas tem agua quente e pode se secar com o lençol do outro quarto. – sugeriu. Ela sorriu de lado.

– Parece bom. – água quente sempre a relaxava.

– Vou pegar o lençol para você. – ele falou e poucos segundos depois estava de volta.

– O banheiro não tem porta. – Rosalie observou casualmente.

– É verdade. – Emmett concordou.

– Emmett, fique aqui – ela apontou para a ponta da cama, que ficava à esquerda da porta do banheiro. – e não saia até eu terminar, entendeu?

– Sim, senhor. – ele disse se dirigindo até lá.

– Não vou demorar. – ela avisou e foi até o banheiro com o lençol. Hesitou antes de terminar de se despir, mas por fim o fez.

Share with me the blankets that your wrapped in

Because it's cold outside, cold outside, it's cold outside

Share with me the secrets that you kept in

Because it's cold inside, cold inside, it's cold inside

Emmett ouviu a água do chuveiro começar a cair. Ele não via, mas imaginava com perfeição uma vez que já presenciara aquela cena antes muitas vezes. Podia visualizá-la passando as mãos pelo cabelo e corpo, de olhos fechados ao sentir a água escorrer pelo corpo. Ele respirou fundo e tirou as lembranças da mente, tentando aplacar a dor que aquilo trazia. Ela não era mais dele, era casada. Com seu irmão. A água parou e ele pegou a bolsa que trouxera consigo, do estilo de lado que os jornalistas costumam usar. Certamente aquilo não fora fabricado para ser usada como mala, mas ele não se importava. Tirou de lá uma camisa social branca, uma calça preta e praguejou pelo maldito terno não ter tido espaço lá dentro.

– Não acredito que você colocou a roupa do casamento aí. – Rosalie falou meio rindo, meio incrédula.

– Eu não deveria?

– Certamente não. – ela estava enrolada no lençol, com algumas mechas de fios louros caindo sobre o rosto. Parecia muito com imagens que eles tinham vividos juntos tanto tempo atrás.

– Bom, pelo menos serviu para algo. – ele deu de ombros e ela concordou. Ele a entregou a camisa branca de botões e ela agradeceu antes de ir ao banheiro se trocar. Ele não entendia o motivo de tanta formalidade, já que ele já havia visto nela tudo que havia para se ver. Ela voltou com o lençol na mão. A camisa ia até o inicio de suas coxas e as mangas passavam de suas mãos. Aquele era outra imagem que ele já vira e reativava as memórias.

– Você vai tomar banho? Por incrível que pareça nada estranho desceu pelo chuveiro. – ela sorriu. Ele sorriu de volta.

– Vou sim. – disse pegando o lençol que ela oferecia e se dirigiu ao banheiro.

Rosalie ouviu o barulho das roupas molhadas de Emmett serem colocadas em cima da pia. Ao se ver sozinha novamente, ela respirou fundo e estendeu novamente suas roupas na cabeceira da cama, logo depois se sentando na ponta dela, que já estava novamente com o lençol seco. Esme jamais deveria ter mandado ela e Emmett irem juntos na viagem. Sim, ela só poderia ir naquele dia e Edward tinha que ir antes por ser padrinho e melhor amigo do primo que se casaria, mas daí a mandar Emmett esperar para ir com ela e não deixá-la ir sozinha era outra história. Um trovão soou forte lá fora e ela se encolheu.

Maldita chuva!

Ela sabia que Esme queria que ela e Emm passassem um tempo sozinhos desde que ele voltara, a fim de conversarem e acertarem as coisas que ficaram pela metade, mas aquilo não era uma boa ideia. Emmett mal podia ficar perto do irmão desde que chegara e era culpa dela. E ela não confiava em si mesma ao ficar assim tão sozinha com Emmett. Desde que ele voltara, ainda não tinham ficado na companhia apenas um do outro. Edward não gostava da ideia, mas não pudera fazer nada em relação à viagem. E por mais que fosse uma má ideia, intimamente ela tinha que admitir que apreciava o fato de poder ficar sozinha com ele depois de tanto tempo.

Em todo o caminho dentro do carro o clima ficara estranho e o silêncio fora preenchido por coisas supérfluas e ela sabia o porquê. Era como se o assunto fosse proibido, mas ainda assim inevitável. Não derrubariam aquele muro de distanciamento e frieza a menos que conversassem sobre tudo e ela estava disposta a fazer isso assim que ele saísse do banho. Ela não poderia mais aguentar aquela atmosfera se fosse ter que passar mais tempo do que o planejado com ele.

Sentou-se recostada na cama e cruzou as pernas, pegando a sua bolsa e tirando de lá um pacote de salgadinhos. Emmett saiu do banheiro vestindo apenas a calça preta que deveria usar no casamento e o musculoso peitoral e os braços fortes estavam expostos. Rosalie não pôde se impedir de olhar por alguns segundos.

– Você está ainda maior. – ela comentou. – Não achei que isso fosse anatomicamente possível. – Emmett sorriu de lado.

– As circunstancias fazem as necessidades. – ele deu de ombros.

– Sim, você está certo. – ela concordou. – Espero então que você goste muito de salgadinhos, porque é tudo o que temos para o jantar. – ela falou abrindo o pacote e colocando um na boca.

– Presumindo que aqui não tenha comida?

– Você está louco se pensa que vou colocar qualquer coisa desse lugar na boca! – ela disse. – Tem ratos no quarto, o que garante que não há na cozinha? Isso se houver uma cozinha aqui. – ela franziu o cenho. Ele sorriu e foi até ela, pegando alguns salgadinhos e sentando no lado oposto da cama.

– Pelo visto a chuva não diminuiu. – Emmett comentou observando a janela.

– Não, na verdade parece até pior.

– Parece então que teremos uma longa noite pela frente. – Ela suspirou. Ele estava mais do que certo.

Rosalie queria começar a conversa, mas não tinha ideia de como fazer aquilo. Encarou o pacote em suas mãos e ela e Emmett comeram em silêncio até ele esvaziar. Ela colocou o pacote de lado e agora o silêncio parecia ainda pior. Gostaria de ter alguma ideia para entrar no assunto, mas não tinha. E antes que pudesse dizer qualquer coisa, Emmett falou.

– Você parece diferente.

– Bom, não sou a única. – disse aliviada por ele ter quebrado o silêncio. – Acho que o tempo se encarregou de mudar nós dois. – deu de ombros.

– Sim, acho que sim. – ele deu um longo suspiro.

– Emm...

– Eu não deveria ter me alistado. – ele a interrompeu. – Se soubesse que as coisas terminariam assim, eu jamais teria feito isso. – Rosalie suspirou.

– Acho que agora é meio tarde para isso. Era o que você queria fazer, não ficaria satisfeito consigo mesmo a menos que fizesse isso. – ela sorriu de lado.

– Era porque não imaginei que você correria para os braços do meu irmão no momento seguinte. – ele disse com a voz amargurada.

– Não fale assim. – ela pediu magoada. – Eu esperei por você, Emmett. Esperei mais do que qualquer outra esperaria. Esperei mesmo depois de ouvir que você tinha morrido! – ela disse exasperada, se levantando da cama. Num impulso, ele também se levantou e foi até ela.

– Você tinha me feito uma promessa! – ele disse em um tom acusatório. – Você prometeu que esperaria por mim, que estaria aqui quando eu voltasse!

– Eu esperei por você! – ela gritou. – Droga, Emmett, eu esperei por você!

– Não o suficiente, aparentemente! – ele respondeu no mesmo tom.

– Você também me fez uma promessa, não pode me acusar.

– E eu a cumpri! – uma veia em sua testa pulsava, mostrando o quanto ele estava nervoso. – Eu prometi que voltaria para você e aqui estou eu, Rosalie! Mas você é quem não cumpre as promessas aqui.

– Eu pensei que você estava morto! – ela gritou de volta, chegando ainda mais perto dele, seu sotaque de Londres acentuado por causa da gritaria. – Como você pode me acusar de seguir em frente com minha vida?

– Você deveria ter esperado por mim! – ele rebateu. – Eu era seu noivo, Rosalie. Nós íamos nos casar!

– É e você desapareceu por mais de três anos, Emmett, sem nenhuma notícia. Três anos! Todos pensaram que você estava morto, seu superior foi até seus pais e declarou seu óbito. Houve um funeral pra você, por Deus! Eu estava devastada. Eu precisava de segurança. Ele me deu isso. Ele me segurou quando eu estava caindo aos pedaços.

– É verdade, você nem ao menos esperou que meu corpo supostamente esfriasse antes de correr para os braços de outro homem.

– Não fale isso. – ela pediu magoada. – Eu amava você, eu estava desesperada. Eu não sabia o que fazer, eu me apaixonei por ele porque ele era tudo o que eu precisava que ele fosse naquele momento.

– Eu não posso acreditar que você fez isso... – ele falou inconformado. Era como se algo totalmente estranho tivesse passado por sua vida e a deixado de cabeça para baixo. Trocado todas as coisas de seus devidos lugares. Como queria que jamais tivesse se alistado!

– Me desculpe. De verdade. – ela pediu voltando sua voz ao tom normal, seus olhos se enchendo de lágrimas. – Se eu soubesse que você voltaria, eu não teria feito isso. Mas você não pode me culpar por querer continuar vivendo minha vida.

– Então se você soubesse que eu estava vivo... Você não teria se casado com ele?

– É claro que não, Emmett. Eu amava você. – ela disse levantando o rosto para o dele. – Eu acho... Eu acho que ainda amo.

And your slowly shaking finger tips

Show that you're scared like me so

Let's pretend we're alone

And I know you're maybe scared

And I know we're unprepared

But I don't care

Os grandes olhos azuis da loura estavam grudados aos de Emmett e suas últimas palavras foram o que bastou para ele. Ele segurou o rosto dela entre as mãos grandes e o puxou para o seu. Ela não ofereceu qualquer resistência, não tinha força para tal ato, e aquilo o deu mais segurança para seguir em frente.

Os lábios já conhecidos de Emmett atacavam os dela com pressa, sem delicadeza e ainda assim o beijo era repleto de uma ternura e saudade inenarrável. Ela não se dera conta de que esperava por aquele beijo desde o momento que o vira quando ele voltara para casa, mas ao senti-lo de novo perto de si, tudo que já sentira e sentia por ele vinha à tona, como uma grande represa desmoronando e deixando toda a água destruir o que visse pela frente. Seu sentimento por Edward parecia não existir, ela não conseguia sequer pensar em uma razão para não se entregar a Emmett. Ela não conseguia conter seus sentimentos e não queria. O amava, jamais deixaria de amá-lo.

Emmett a segurava contra si com uma força imensa enquanto passava as mãos pelo corpo de Rosalie, mais para ver que de fato ele a tinha, de que era real, de que estava com ela, depois de tanto tempo. Como sentira falta daqueles beijos, do cheiro dela, da maciez da pele, das carícias... Ele esperara aquele momento por anos e finalmente a tinha ali. Seus beijos eram urgentes e ela retribuía tudo na mesma intensidade, tão ávida quanto ele. A camisa de Emmett saiu do corpo de Rosalie em um instante e logo eles estavam na cama, um sobre o outro, como em tantas vezes anos antes.

Tell me, tell me

What makes you think that you are invincible?

I can see it in your eyes that you're so sure

Please don't tell me that I am the only one not vulnerable…

Impossible

O rosto de Rosalie estava sobre o peitoral de Emmett enquanto ele passava as mãos delicadamente pelos cabelos louros. Nenhum dos dois dizia nada, porque aquilo certamente acabaria com o momento. Rosalie não queria falar e não queria pensar, porque pensaria em Edward e o que fizera. Não queria sentir culpa por aquilo, mas sabia que provavelmente sentiria no momento em que o peso do que fizera caísse sobre si. Então ela se concentrou apenas no toque de Emmett, no cheiro dele, no calor de seu corpo por baixo do seu, na sensação de seus beijos que ainda pareciam percorrer todo o seu corpo.

Continuaram naquele silêncio por um longo tempo até que Emmett o quebrou. Ele não queria de fato, mas sentia que não poderiam ficar naquilo para sempre.

– Então... O que aconteceu no tempo que estive fora? – ele perguntou com a voz meio incerta. Não sabia se queria de fato saber aquilo.

– Não sei se é uma boa ideia... – Rosalie começou a falar, mas ele a cortou.

– Não, tudo bem. – ele disse. – Me conte, preciso saber.

– Quando você desapareceu... Tudo ficou muito confuso. Sua mãe ficou meio louca – ela sorriu de lado ao olhar para ele, se desculpando pela expressão – e por um longo tempo tudo que ela fazia era chorar por você. Seu pai ficou horrível também, mas ele tinha que ficar forte por causa de sua mãe. Ele fez tudo o que podia para vê-la melhor. Carlisle é uma pessoa incrível e a ama muito. Quando ele veio me contar sobre você, mais ou menos um mês depois de você me mandar a ultima carta, eu não acreditei, porque você disse que você estava terminando seu serviço e que estava voltando para casa. Eu achei que ele estava fazendo uma piada de mau gosto, mas é claro que não estava. – ela respirou fundo e se aconchegou melhor a ele, colocando seu rosto na base do pescoço de Emmett. – Eu fiquei fora de mim, literalmente. Carlisle teve que me agarrar e me parar antes que eu fizesse algo estupido e então me deu alguma medicação. Foi então que seu irmão apareceu. – ela falou meio tensa e notou quando Emmett endureceu um pouco o corpo. – Nós éramos bons amigos e ele me apoiou por todo o tempo. Ele me viu esperar por você por quase um ano, todos os dias, antes de eu finalmente cair em mim e perceber que você não estava vindo pra casa. E então ele conversou comigo e me ouviu falar de você todo o tempo. Inconscientemente nós fomos ficando mais próximos. E dois anos depois nos casamos. E tudo em que eu podia pensar no dia do meu casamento, o que supostamente deveria ser o dia mais feliz da minha vida, era em você.

Emmett apertou mais seus braços em volta dela e fechou os olhos. Não gostava de imaginá-la no casamento com seu irmão. Mas pedira para ouvir aquilo e sentia que era necessário.

– Tudo que eu podia pensar era em todos os planos que havíamos feito para nosso casamento e nossa lua de mel. Você parecia estar por toda a parte, como se dissesse que aquilo era um erro e que eu não deveria me casar. Eu me senti cometendo um crime. Esme estava lá durante todo o tempo e ela apoiou o casamento, mesmo sabendo que eu não estava casando com um homem que realmente amasse, pelo menos, não como eu amei você. Ela sabia que eu ainda não tinha superado você. Mas ela achou que aquilo poderia ser bom para mim e que com o tempo eu aprenderia a amá-lo. Ela queria ver o Edward feliz. Foi uma coisa egoísta, eu sei, mas eu não pude evitar.

– O que acontece agora? – ele perguntou apertando os braços em volta dela, com o rosto em seus cabelos louros.

– Nós vamos para o casamento. – ela falou. – O Jasper não vai perdoar nenhum de nós dois se não aparecermos.

– Você sabe que não me referi a isso.

– Sim, eu sei.

– Então não fuja da resposta.

– Eu não sei, Emm... Eu, eu sinceramente não sei. – ela suspirou. – Tudo que sei é que pensei que nunca veria você novamente. E eu estou... Mais que feliz que isso não aconteceu.

– Eu não. – ele respondeu. – Eu sabia que eu voltaria para você. Eu tinha te prometido antes de ir. E eu sou um homem de palavra. Todo o tempo que eu estive longe... Eu estava pensando em você. Em seus olhos, seu sorriso, sua voz, seu sotaque... E outras coisas também. – ele deu sorrisinho malicioso. Ela sorriu e revirou os olhos, típico dele. – Mas tudo que podia pensar era em você e que eu tinha feito uma promessa que eu tinha de cumprir. Eu estou furioso que você tenha se casado com meu irmão, estou mais que furioso. Mas estou satisfeito que você ainda me ame, porque isso era o que eu esperava, isso foi o que me manteve vivo por todo aquele tempo. – ele completou.

– Onde você estava? Quando você... Desapareceu. O que aconteceu com você? – Rosalie perguntou. Ela se perguntava aquilo desde o dia que ele aparecera.

– Eu realmente não quero falar sobre isso agora. – ele franziu os lábios. – Não vamos arruinar este momento.

– Tudo bem. De toda forma, eu espero que você consiga tirar isso da sua mente algum dia. Espero que você se recupere do que quer que tenha passado.

– Eu não acho que possa esquecer isso. Mas ficar com você definitivamente está ajudando. – ele disse beijando-a de forma calma e gentil.

Eles fizeram amor de novo, e de novo e a noite foi longa, tal como haviam previsto. Tudo que não fora dito em palavras, todos os sentimentos sufocados pelo tempo em que estavam separados estavam ali, sendo expressos com beijos, carícias e gemidos.

Eles pertenciam um ao outro, Rosalie não tinha dúvida. Aquele momento só serviu para lembrá-la de que não importava quanto tempo passasse sem Emmett a seu lado, no momento em que o visse de novo seria dele, tal qual antes.

I was born to tell you I love you

Isn't it a song already?

I get a 'B' in originality

And it's true I can't go on without you

Your smile makes me see clear

If you could only see in the mirror what I see

Após a chuva parar e o céu clarear, ambos acordaram depois de pouco tempo de sono. Se quisessem chegar a tempo para o casamento teriam que sair dali logo.

Vestiram-se e saíram do estabelecimento, deixando as chaves com o mesmo cara mal humorado da noite. Entraram no carro de Emmett e pararam no primeiro posto de gasolina que encontraram para comprar algo para comerem, uma vez que não haviam de fato jantado e nem tomado café da manhã.

O clima entre eles estava como o céu, da escuridão havia se tornado luz. Um dia ensolarado estava lá, assim como a sensação entre os dois. O resto da manhã passou de forma agradável e eles pararam para almoçar em um restaurante que ficava em uma pequena cidade.

A refeição estava deliciosa, principalmente depois de não terem comido nada de verdade nas ultimas horas, mas depois de comerem, o assunto que ficara se espreitando pelas bordas durante toda a manhã enfim se infiltrou entre eles.

– O que faremos agora? - Emmett perguntou segurando a mão dela sobre a mesa.

– Eu não sei. – ela falou, do mesmo modo que dissera na noite passada.

– Você poderia ir embora comigo. – ele sugeriu.

– O que?!

– Mude-se comigo. Podemos comprar uma casa em qualquer lugar que você quiser e construir uma vida lá.

– Emm... – sua voz soava incerta e ele franziu as sobrancelhas. – Não é assim tão fácil.

– Claro que é. – ele a contradisse.

– Não, não é.

– Você ainda me ama, não é? – ele checou.

– Por favor... – ela disse com um suspiro fundo. – Você sabe dos meus sentimentos, mas eu não posso fazer isso. Eu estou casada e eu amo meu marido. Ao menos, eu acho. – sua voz saia insegura depois de tantas coisas. Ela não tinha mais certeza de nada, só de que queria voltar no tempo e jamais ter deixado Emmett ir para o exército.

– Você me ama mais.

– É verdade. Mas eu fiz uma coisa egoísta me casando com o Edward e não posso deixá-lo agora. Seria ainda mais egoísta. Você não entende? Eu já o fiz sofrer muito. Não posso continuar com isso.

– Você me ama mais. – Emmett repetiu com a voz firme.

– Sim. – concordou. Sua cabeça dava voltas e ela jamais estivera tão confusa em toda a vida. Sabia que amava Emmett, mas não sabia se podia confiar que aquilo seria suficiente.

– Então...?

– Não posso. Desculpe-me.

– Seja honesta comigo, Rose. – ele pediu. – Por favor. Diga a verdade.

– Eu estou grávida. E o Edward me dá segurança. Eu me sinto a salvo quando estou com ele e eu sei que ele não vai decidir ingressar em alguma coisa perigosa e me deixar sozinha. Depois de tudo isso... Eu preciso de segurança, Emm. E eu quero, muito mesmo, ter isso com você. Mas nós dois sabemos que você não é um homem desse tipo. Quando você fica entediado com a vida que está vivendo você faz coisas loucas. Eu não tenho espaço para loucura agora. Vou ser uma mãe. Eu estou feliz, Emm. – ela terminou um pouco insegura, afinal, estava mesmo feliz? Ele estava tão perto dela... Ele sequer notava como a sua presença a afetava? Ele era tudo que ela queria.

– Rose...

– Por favor, por favor, não me pergunte de novo. Porque se você fizer isso, irei com você para qualquer lugar e você sabe o que eu quero. Se você não puder me dar isso... Por favor, não me peça de novo.

Ele ficou em silêncio, olhando sua mão que segurava a mão pequena dela. Ele não sabia o que fazer. Nada estava do jeito que ele esperava, tudo que ele queria era que ela estivesse esperando por ele quando voltasse, livre, desimpedida. Se ela não tivesse se casado... Maldito momento em que Edward resolvera se interessar por sua garota! Como se ele não soubesse que Edward sempre gostara um pouco demais dela...

Por fim, depois de alguns minutos sem mais palavras, eles se levantaram e Emmett pagou a conta antes de irem para o carro. O resto do percurso não tomaria muito tempo, no máximo uma hora e com a cabeça agitada por tudo aquilo Emmett queria um tempo sozinho para pensar, sendo assim pisou fundo no acelerador. Ainda assim, não queria se separar da loura. Ambos permaneceram em silêncio durante o trajeto, ambos com muito em que pensar.

And your slowly shaking finger tips

Show that you're scared like me so

Let's pretend we're alone

And I know you're maybe scared

And I know we're unprepared

But I don't care

No meio do caminho, Emmett suspirou. Havia por fim tomado uma decisão e a seus olhos parecia a mais correta e prática ali.

– Eu vou embora.

– O que quer dizer? – Rosalie perguntou sem entender. Perdida em seus devaneios, a frase a pegou de surpresa.

– Quando o casamento acabar. – ele explicou. – Não ficarei em Chicago quando voltar. Vou embora.

– Por que está fazendo isso? Não pode, Esme não vai deixá-lo ir! – ela respondeu sobressaltada.

– Minha mãe não pode fazer nada sobre isso. – ele revirou os olhos. – Além do mais, ir embora não significa que não vou vê-la.

– Não pode fazer isso, Emm. – ela falou novamente. – Você acabou de voltar.

– Não vejo outra saída, Rose. – ele sorriu de forma triste. – Você vê?

– Fique. – ela disse como se fosse óbvio.

– Ficar pra que? – ele a perguntou. – Essa não é uma opção viável. Pelo menos, não agora.

Ele suspirou e ela se virou para encarar a estrada a sua frente. Estava o perdendo de novo. Ele estava escapando por seus dedos e novamente não havia nada que ela pudesse fazer a respeito disso. Deus, como tudo podia dar errado desse jeito?

– Emm, algum dia você me perdoará por ter casado com ele? – ela perguntou quando estavam quase chegando à casa de Jasper, onde estava a família de Emmett.

– Eu não sei, talvez eu já tenha perdoado você. – ele admitiu. – Mas sou uma pessoa orgulhosa.

– Então fique. – ela pediu com a voz fervorosa quando o carro estacionou. Ele continuou olhando para frente e então suspirou.

– Não me peça isso, Rose. Você sabe que eu não posso. Não com você vivendo com ele e tendo uma família dele.

– Isso poderia ser seu.

– Não, não poderia. Você está gravida dele, não de mim. Por favor, não me peça para assisti-lo sendo feliz com pessoas que deveriam ser minhas.

Eu sou sua!, ela queria gritar. Mas se conteve, certa de que aquilo não mudaria nada. Certa também de que ele sabia que ela era dele.

– Você um dia irá perdoá-lo?

– Eu não sei se sou tão evoluído assim. – Emmett disse com um sorriso de lado. – Vamos, eles devem estar nos esperando. – disse abrindo a porta do carro para sair.

Entraram e todos vieram cumprimenta-los, principalmente a Emmett, que a maioria da família não havia visto desde a volta. Esme olhou para ela com uma pergunta explícita nos olhos, mas Rosalie ignorou por hora e foi falar com o marido, que a aguardava com um sorriso no canto da sala.

Depois de explicarem o motivo de demorarem a chegar e falarem que passaram a noite em um hotelzinho barato – sem ressaltar qualquer detalhe como terem dormido no mesmo quarto – eles foram se arrumar para o casamento. A maioria das pessoas já estava pronta e os convidados já começavam a chegar. Esme foi com Rosalie para ajuda-la a se preparar, mas a loura sabia que isso era apenas uma desculpa para a sogra a interrogar.

Rosalie gostava de Esme, confiava nela. Esme amava os filhos mais que tudo, mas desde que Emmett voltara tinha uma leve preferência pelo primogênito que retornara dos mortos. Ela sabia que no momento que ficasse sozinha com Esme, ela perceberia o que havia acontecido na noite anterior. E sabia que podia contar com ela para não deixar Edward saber, porque Esme jamais iria querer magoá-lo dessa forma.

Depois de um longo e quente banho, Rosalie saiu e encontrou Esme sentada na cama alisando a barra de seu vestido azul que estava sobre a cama. A ruiva estava linda em um vestido verde que a fazia parecer mais jovem. Ao ver que Rosalie por fim saíra do banho, não hesitou em abordá-la.

Tell me, tell me

What makes you think that you are invincible?

I can see it in your eyes that you're so sure

Please don't tell me that I am the only one not vulnerable…

Impossible

– E então, você e o Emmett puderam conversar?

– Um pouco, sim. – Rosalie disse com um suspiro enquanto sentava-se em frente a um espelho e começava a se maquiar.

– E então? – Esme incitou.

– E então nós conversamos. – ela deu de ombros. – Ele perguntou o que aconteceu no tempo que passou fora e eu resumi a história para lhe contar. Ele não me disse onde estava ou o que aconteceu, acho que ele ainda está abalado pelo que quer que tenha sido isso. – ela suspirou.

– Rose, querida, o que aconteceu ontem à noite? – Esme a olhava com ternura, considerava Rosalie uma filha depois de tanto tempo na família, afinal, por anos namorara Emmett antes de se casar.

– Eu ainda o amo, Esme. – disse se virando para a sogra. Seus olhos repletos de lágrimas que não se deixou derramar. – Eu o amo, eu o amo tanto que dói. Não sei se posso perdê-lo novamente. – disse com um soluço.

– Oh, minha querida. – Esme disse se levantando e indo até onde Rosalie estava, a acolhendo em seus braços. Ela não entendera que com perdê-lo, Rosalie se referia ao fato do filho partir. E Rosalie tampouco explicaria, afinal, aquilo era algo que o filho deveria dizer a ela. – Não fique assim. Tudo vai se resolver.

– Esme, eu não sei... – Rosalie falou. – Eu não deveria ter casado com o Edward, deveria tê-lo esperado mais.

– Não, Rose, você não tinha como saber. Ninguém tinha. – a sogra disse. – E que Edward não escute você dizer isso, porque ferirá seus sentimentos de forma gravíssima.

– Eu sei, me desculpe dizer isso. – ela pediu. – Mas você sabe, você sempre soube, eu jamais pertencerei ao Edward. Por mais que o ame, por mais que o considere, não é o tipo certo de amor, não é o tipo de amor que leva duas pessoas a se casarem.

– Sempre desconfiei disso, mas meia felicidade é melhor que felicidade nenhuma, você não acha? – ela perguntou com um sorriso triste. Ouviu duas batidas na porta e uma voz avisando que a cerimonia estava prestes a começar. – Vamos, se vista e vamos descer. Não vamos pensar nisso agora, hoje é o dia da Alice e do Jasper e você tem que estar lá para apoiá-los.

A loura obedeceu e ambas desceram para o lugar que se realizaria a cerimonia. A casa da família tinha um enorme quintal que havia sido ornamentado e estava tal qual uma cena de filme. A loura sentou ao lado dos sogros na cerimonia, que transcorreu de forma calma e sutil, mas nem naquele momento ela conseguiu se policiar e parar de pensar em Emmett e em sua partida.

A cerimonia teve seu fim, porém a festa mal havia começado. Todos dançavam e se divertiam. Bebiam, comiam e fotos eram tiradas. Rosalie fez bem o seu papel, dançando com o marido, sorrindo para as fotos, pegando taças de champanhe e fingindo se divertir com tudo aquilo. Aprendera bem a atuar durante todos aqueles anos sem Emmett.

Em certo ponto, viu Emmett sentado em uma mesa com Esme, conversando, e viu quando os olhos dela se encheram de lágrimas que foram derramadas instantaneamente enquanto ela parecia repreender o filho. Ele sorriu e a abraçou, como se a consolasse. Ela logo entendeu que ele dava a notícia de sua partida e tal como pensara Esme não estava reagindo bem. Emmett depois de alguns minutos a mais de conversa com a mãe se levantou e discretamente se retirou do local, entrando na casa.

– Edward, vou tirar meus sapatos. Estão me matando. – ela disse com um sorriso e um revirar de olhos. – Volto num segundo. – disse ao deixar o marido onde antes estavam dançando.

Ela entrou na casa rapidamente, a tempo de ver Emmett subindo as escadas. Seguiu-o e entrou no quarto em que ele estava, depois dele, e encontrou-o fechando sua mala e preparando-se para sair.

Slow down girl, you're not going anywhere

Just wait around and see, maybe I'm much more

You never know what lies ahead

I promise I can be anyone, I can be anything

– Então você vai mesmo? – ela perguntou fechando a porta atrás de si. Ele virou-se rapidamente ao ouvir a voz dela ali.

– Vou. – concordou.

– E ia sair sem se despedir?

– Achei que seria mais fácil assim. – franziu os lábios.

– Só se for pra você. – ela disse. – Emm, não há nada que eu possa fazer para te fazer ficar?

– Eu acho que não, Rose. – ele disse com um sorriso de lado, não chegava a seus olhos. – Olhe, eu pensei bastante e essa é a melhor solução, por hora. Acredite em mim.

Ela suspirou. Sabia que não adiantaria argumentar, conhecia-o bem demais para saber que quando se convencia de algo, não era fácil tirar de sua mente. Resignada, decidiu que seria melhor aceitar sua decisão a ficar tentando mudar de opinião, coisa que com certeza não faria.

– Eu senti sua falta. Muito mesmo. – ela disse por fim, indo até ele e o abraçando forte, fechando os olhos.

– Eu senti sua falta muito mais. Sobre isso eu posso te dar segurança. – ele a apertou em seus braços, desejando jamais soltá-la, jamais ter de vê-la ir para longe de si.

– Eu sinto muito.

– Está tudo bem. Você me disse seus termos e me deu uma escolha. Eu apenas escolhi o que seria melhor para nós dois.

Ele estava de coração partido. Seu irmão tinha dado a ela tudo que ele jamais tinha dado. É claro que ele poderia mudar seu jeito de ser se se esforçasse bastante, por ela ele poderia fazer isso, faria qualquer coisa. Mas ela estava feliz e iria ter um bebê. Ele não poderia dar o estilo de vida rico que Edward a dava. E certamente não iria querer separar o bebê do pai. Ele a amava mais que tudo, mas ela estava feliz. Ele não arruinaria aquilo. Então ele a deixou livre para ir. E aquela tinha sido a coisa mais difícil que ele já tinha sido.

Rosalie esperou. Esperou que ele dissesse que poderia mudar por ela. Poderia ficar com ela. Esperou desde que tiveram a conversa no restaurante. Mas ele não o fez. Seu coração se quebrou um pouco mais naquele momento. Ela não poderia fazê-lo ficar ao seu lado se ele não quisesse aquilo. Ele escolhera deixá-la novamente.

Por fim, eles se separaram. Os olhos de Rosalie estavam repletos de lágrimas não derramadas e Emmett passou o polegar levemente por ali.

– Não chore. Tudo vai ficar bem. – ele prometeu. Fazia um esforço imenso para a voz não demonstrar a dor que sentia de verdade.

– Não sei se posso perder você de novo. – ela confessou.

– Você jamais me perdeu, Rose. – ele balançou a cabeça e deu um sorriso de lado. – E jamais me perderá. Eu prometo. – ele deu um beijo terno em sua testa por alguns segundos e quando se distanciou dela respirou fundo, tomando coragem para fazer o que tinha de ser feito.

– Eu odeio ver você partindo novamente. – ela falou com um suspiro resignado.

– Eu sei. – ele sentiu o coração ficar um pouco mais leve. Era egoísta, mas estava satisfeito que ela fosse sentir sua falta e que aquilo fosse atormentá-la de vez em quando. – Mas é necessário e provavelmente o melhor para nós dois. – Emmett falou tentando convencer mais a si mesmo do que a loura.

– Eu sei... Eu ainda não gosto disso. – ela falou e ele foi para mais perto dela.

– Eu sei, Rose. Eu também não.

– Eu vou sentir sua falta. – ela disse escondendo o rosto na curva do pescoço de Emmett novamente.

E eu ainda estou sentindo a sua falta.”, Emmett queria falar. “Jamais parei de sentir.”

– Você já está acostumada com isso. – ele a assegurou.

– Sim, mas agora que eu sei que você está vivo e que você está apenas a algumas milhas de distância... Torna as coisas totalmente diferentes. – ela respirou fundo, sentindo o cheiro de Emmett, guardando-o na memória.

– Você ficará bem, eu prometo.

– Não se esqueça de mim. Não se esqueça de nós. – ela pediu antes que pudesse se impedir, numa tentativa desesperada de salvar o resto daquele amor sem futuro de ambos.

– Eu jamais irei. – ele prometeu e respirou fundo, afastando-a delicadamente de si. – Se cuide, tudo bem?

– Me prometa uma coisa antes de ir. – ela pediu.

– O que?

– Não vá para o exército novamente. Esme não pode aguentar isso outra vez. Acredito que nenhum de nós pode.

– Tudo bem.

– Me prometa. Você é um homem de palavra, então me prometa e não quebre essa promessa.

– Eu prometo. – ele disse olhando nos grandes olhos dela. – Adeus, Rose. – ele virou as costas e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Rosalie desabou. As lágrimas desciam por seus olhos sem que ela conseguisse refreá-las.

Ele estava indo novamente e ela não podia fazer nada para pará-lo. Não adiantava gritar que o amava. Ela havia deixado isso claro e ainda assim ele havia decidido partir. Ela se deixou cair no chão, a cabeça sobre a cama vazia e se permitiu chorar até que as lágrimas cessassem. Sua mente remoía tudo, todas as palavras, antigas e recentes, e seu coração doía tanto que era praticamente uma dor física. Mas ela sabia que não podia ficar ali por mais tempo. Se demorasse mais, Edward iria vir procura-la. E seria difícil explicar o motivo de estar jogada no chão. Tomou forças para se levantar e ir até o banheiro consertar a maquiagem. Tirou os sapatos de salto, trocando-os por um par confortável e voltou para a festa. Afinal, aquele era o dia de Jasper e Alice e eles mereciam que ela estivesse lá para eles, com eles, mesmo que não estivesse de alma naquilo.

Esme a viu chegar e deu um sorriso triste ao vê-la. Foi até a loura e a abraçou de forma terna.

– Me desculpe, Esme. – ela pediu. – É culpa minha.

– Não é, não. – Esme respondeu. – Acho que ele iria de todo jeito, mais cedo ou mais tarde. Nada conseguiria pará-lo.

– Você está bem?

– Vou ficar. – disse ao se separar da nora. – E você também vai. Confie em mim.

Depois daquela noite, Rosalie não voltara a ver Emmett. Ele havia saído de Chicago antes da família voltar. Sua vida seguia como antes, porém a dor em seu coração parecia ainda maior, a ferida que havia começado a se cicatrizar voltava a sangrar de forma ameaçadora. Em todas as noites, Emmett pensava em Rosalie. E na maioria das noites, Rosalie também pensava sobre Emmett. Às vezes isso acontecia ao mesmo tempo.

E eles estavam juntos, sem ao menos se darem conta disso.

Just because you were hurt, doesn't mean you shouldn't bleed

I can be anyone, anything, I promise I can be what you need

Seis meses depois.

Rosalie estacionou o carro abruptamente em frente à mansão dos Cullen e entrou sem sequer bater. Subiu as escadas procurando por Esme e a encontrou em seu escritório.

– Rose, o que houve? – perguntou a ruiva assustada com a aparição abrupta da nora e da feição que esta trazia consigo.

– Preciso do endereço do Emmett, Esme. Agora.

– Por quê? Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou se alarmando.

– Aconteceu que eu não aguento mais. – ela disse rapidamente. – Não sei se consigo passar mais um minuto com o Edward.

– O que houve, Rosalie? Se acalme e me conte. – ela disse com a voz calma, mas séria.

– Tudo que ele faz é se lamentar pelo bebê e falar que deve ter acontecido algo entre o Emmett e eu quando ele estava aqui e que eu estou diferente desde o casamento do Jasper. Ele não sabe falar de outra coisa que não esses tópicos. Eu não sei o que houve com ele, eu não entendo. Ele me culpa pelo bebê e depois enche a cara com todo tipo de bebida e volta pedindo desculpas por todas as baixarias que fala. – ela expirou com força. – Eu estava me segurando, desde o dia em que o Emmett foi embora, eu estava me segurando para não largar o Edward e ir com ele. Eu estava, porque eu não queria magoar o Edward, porque ele é meu marido e eu tenho grande afeição por ele, mas ele está destruindo tudo o que sinto por ele, Esme. Cada vez que ele fala alguma coisa, eu só consigo pensar mais ainda no Emmett e no arrependimento que sinto por não ter ido com ele quando ele me pediu.

Esme deu um longo suspiro. Queria a felicidade de Emmett, e sabia que ele ficaria contente por ver Rosalie, afinal, ele não estava lá muito contente desde que reaparecera. Entretanto, não queria a infelicidade do filho mais jovem, que certamente sofreria se Rosalie o deixasse.

– É uma situação complicada. Você tem certeza que isso não é só uma fase, Rose? Você quer mesmo deixa-lo? – ela se certificou.

– Esme, eu sei que é difícil pra você. Sei que você é mãe, e está entre duas espadas por conta disso, mas não tem volta. Essa fase já deveria ter passado e estou cansada de fingir estar feliz com ele e tentar anular o amor que sinto pelo Emmett. Não vou mais enfiar minha felicidade no buraco quando ela ainda está ao meu alcance. – Esme a observou sem nada dizer por um longo momento. – Esme, se você não for me dar o endereço, apenas diga, eu vou até o Carlisle e o consigo. – ela disse sem paciência. Esme balançou a cabeça de forma negativa.

– Não estou protelando isso. Só estou contente que tenha resolvido seguir seu coração. Você não é a única se sentido infeliz com essa situação, querida. Apesar de querer a felicidade de meus dois filhos, você também é como uma filha para mim, Rosalie, e quero também sua felicidade. E nenhum de vocês está feliz agora, eu presumo.

– Meia felicidade é melhor que felicidade nenhuma. – Rosalie concordou com um sorrisinho de lado. Esme pegou um papel em cima de sua escrivaninha e escreveu o endereço nele.

– Aqui. Boa viagem, querida. – ela desejou. – Por favor, traga meu filho pra casa. – ela pediu e abraçou a loura, que retribuiu o abraço com um “obrigada”.

Ao sair da casa dos Cullen, Rosalie dirigiu ultrapassando qualquer velocidade que já usara em um carro. Estava louca para ver Emmett de novo. Aqueles seis meses haviam sido tão difíceis quanto os três anos que ele passara fora, se não mais. Saber que ele estava acessível e não estar com ele era torturante e ela não aguenta sequer mais um dia daquela tortura. A cidade – que ela nunca tivera coragem de saber qual era antes – não era muito longe da sua, e na velocidade que estava, bastou apenas pouco mais de uma hora para que alcançasse seu destino. Percorreu as ruas com o papel que Esme lhe dera a fim de achar a casa de Emmett até que por fim encontrou o endereço certo. Era uma casa em um bairro tranquilo, percebeu, e as luzes na casa estavam acesas. Ao estacionar pulou para fora do carro e foi rapidamente para frente da porta.

Sem hesitar, bateu com força na porta pintada de branco. Era excitante perceber que apenas uma porta os separava agora e o reencontro estava cada vez mais próximo. A porta então se abriu, porém, quem estava lá não era Emmett. Muito pelo contrário, era uma mulher alta com longos cachos ruivos e uma expressão sorridente. Ela vestia uma camisa larga que parecia ser de Emmett e um short curto, deixando longas e torneadas pernas a vista.

– Sim? – ela perguntou com um sorriso. Rosalie hesitou, a expressão mortificada. Jamais passara por sua cabeça que Emmett estaria com outra. Mas por que não estaria? Ela decidira ficar com Edward, não devia ter esperado que Emmett ficasse sozinho para o resto vida apenas porque ela decidiu não ir com ele. – Moça, você está bem?

– Ah, é, estou ótima. Desculpe, eu... Eu estou no endereço errado. – disse se virando e deixando a mulher atrás de si. A ruiva deu de ombros e fechou a porta, voltando para dentro. Foi até o sofá onde seu irmão e Emmett estavam e pegou seu prato com pizza novamente.

– Quem era? – o irmão perguntou sem tirar os olhos da televisão.

– Não sei, James. – ela mordeu a pizza. – Disse que era engano. – completou com a boca cheia. – Parecia meio chateada, na verdade.

– Chateada? Era uma mulher? – Emmett perguntou.

– Sim, muito bonita na verdade. Loura, olhos azuis, parecia aquelas atrizes de filme.

– O que?! – Emmett levantou-se. – Qual era o nome dela?

– Devia mesmo estar chateada, você nem a convidou para entrar! – James falou ao mesmo tempo em que Emmett.

– Não sei, Emm. Ela não disse e não deu tempo de perguntar. Ela falou que estava no endereço errado e saiu correndo, praticamente.

– Loura, olhos azuis, alta, branca, com um sotaque britânico? – Emmett perguntou.

– Sim, na verdade ela tem sotaque britânico. Como você sabia?

Emmett não se deu ao trabalho de responder. Largou seu prato no sofá e saiu porta afora, olhando pelas ruas a procura de Rosalie. Não foi difícil avistar o carro dela estacionado do outro lado da rua. Ela estava lá, sentada no banco do motorista, ele reparou ao atravessar para alcança-la. Ele parou ao lado da janela e viu que ela encarava o painel do carro de maneira estranha. Deu duas batidinhas leves no vidro e viu-a dar um pulo ao se assustar. Ela virou o rosto e o viu. Seu coração se acelerou e tudo que ela reprimira durante aqueles meses voltou. Ele estava ali. Ele estava bem ao lado dela!

Ele tinha outra.

Ela respirou fundo para se recompor e abaixou o vidro da janela do carro.

– Emmett, oi. – disse com um sorriso hesitante.

– Rose. – ele respondeu. Ele não sabia o que dizer. Por que ela estava ali, afinal? Havia mudado de ideia? Havia ido fazer uma visita? Algo acontecera com alguém da família? – Aconteceu algo? – ele perguntou por fim. – Meus pais estão bem?

– Sim, todos estão ótimos. – ela respondeu. Edward não estava exatamente ótimo, mas ela não ia ressaltar aquilo.

– Você vai sair do carro pra falar comigo ou vai ficar aí a noite toda? – ele perguntou depois de outro longo momento de silêncio. Rosalie hesitou, mas por fim saiu. Ficou recostada no carro, olhando para Emmett sem saber o que dizer. Sentia-se patética. Emmett a encarou e passou os dedos levemente pelo rosto da loura. – O que houve, Rose?

– Eu vou me separar do Edward. – ela disse. Não precisava dizer que tinha ido ficar com ele, ela não precisava se humilhar.

– Vai o que?! – ele perguntou sem saber se tinha entendido direito, um sorriso ameaçando se espalhar por seu rosto. – Por quê?

– Porque... Porque eu... – ela suspirou e resolveu falar logo. Talvez se sentisse melhor então, mesmo que ele fosse voltar para a namorada. – Porque eu não consigo parar de pensar em você. E o Edward está insuportável desde que você foi embora. Ele é tudo que você não é. E eu sinto falta do que você é. Eu sinto sua falta, todo dia, toda hora. Sinto sua falta e às vezes parece que não vou aguentar. É insuportável. E eu não quero viver desse jeito, eu não quero mais ficar long...

Rosalie não pôde continuar, os lábios de Emmett esmagavam os dela num beijo. Ela ficou atônita, sem entender o que ele fazia enquanto os braços fortes dele estavam em volta dela e Emmett sorriu ao separar seus lábios.

– Por mais que eu goste de ouvir você falando isso, eu realmente preciso que você me beije agora.

– Emmett, o que está fazendo? E sua namorada?! – ela perguntou erguendo as sobrancelhas.

– O que? Que namorada?

– A ruiva que atendeu a porta da sua casa. – ela disse sem conseguir conter um beicinho ao final da frase. Emmett riu alto.

– Eu não tenho nenhuma namorada. Você acha mesmo que eu superaria você assim tão rápido? – perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Bom, então quem é ela?

– Victoria. – ele sorriu. – Ela e o irmão moram comigo, dividimos o aluguel. – ele deu de ombros. Rosalie estreitou os olhos.

– E não há nada entre vocês?

– Não. – não mais, pelo menos. Ele não diria que Victoria era como uma muleta para ele e que eles ficavam juntos casualmente algumas noites. Ela sorriu.

– Isso me deixa aliviada.

– Rose, espere. – Emmett disse se lembrando de repente. – Onde está seu bebê? Você não deveria estar cuidando dele agora?

– Ah. Não, na verdade, eu perdi. – ela franziu os lábios.

– Me desculpe. – Emmett disse a abraçando.

– Tudo bem, talvez não fosse a hora de ter um filho. Nem a hora certa, nem o pai certo. – ele sorriu ao ver a expressão dela.

– Então você vai mesmo se separar. – ele disse descendo as mãos pelas laterais do corpo de Rosalie.

– Sim. – ela concordou com um sorriso quando as mãos dele pararam em sua cintura.

– Isso quer dizer que você vai ficar? – ele perguntou com um sorriso de covinhas esperançoso.

– Não.

– O que?! – ele ergueu as sobrancelhas. Não era por isso que ela estava ali afinal?

– Você ouviu. – ele suspirou.

– Fique. – pediu encarando-a. Quantas vezes teria que fazer isso? Quantas vezes teria que pedi-la para ficar com ele?

– Não. – ela repetiu franzindo os lábios.

– Fique. – ele repetiu. – Não porque estou te pedindo, mas porque você quer ficar. – insistiu. Ela quase sorriu.

– Não. Eu não vou ficar. E nem você vai. Você vai voltar comigo. – ela decretou. – É hora de parar de protelar e pegar sua vida de volta, Emmett. Não vou deixar você abandoná-la outra vez. Nem por mim, nem por ninguém. Sua mãe sente sua falta, todos lá sentem. E aqui não é seu lugar, seu lugar é ao lado daqueles que te amam e...

– Se eu te beijar agora, você vai calar a boca e me beijar? – ele a interrompeu com um sorriso.

– Bom, se você prometer ir comigo, eu posso pensar no seu caso.

– Mas você quer me beijar. – ele acusou.

– É claro que sim, eu sempre quero te beijar. – ela concordou e ele riu. – Mas primeiro quero que você queira ir comigo.

– Rosalie, quando você vai entender? Eu quero qualquer coisa que envolva você. Vou pra onde você quiser. – ele disse a olhando com ternura. Ela sorriu e puxou o rosto de Emmett para o seu.

– Me desculpe por ter te deixado ir de novo. – ela pediu quando eles se separaram, as testas coladas uma a outra. – Eu prometo que nunca vou fazer isso de novo.

– Está tudo bem. – ele disse com as mãos no cabelo dela. – Talvez fosse necessário naquela época.

– Eu senti tanto a sua falta. – ela disse respirando fundo e se agarrando ao corpo grande de Emmett. – Havia noites que eu pensava que faria alguma loucura.

– Bom, por pior que seja a noite, amanhã é outro dia. – ele disse. – Você me ensinou isso. – ela sorriu.

– É engraçado. Quando a questão é ser feliz, milhões de barreiras aparecem. Mas quando estou com você a felicidade parece ser tão palpável, tão fácil de ser alcançada. – ela disse respirando fundo e apertando mais os braços em volta do grandão.

– Não se preocupe. – ele sorriu. – Não vou sair do seu lado, então a felicidade vai estar tão perto quanto eu.

– Você virá comigo, então? – ela perguntou olhando para ele.

– Sim.

– E permanecerá lá?

– Em qualquer lugar que você esteja. – ele prometeu. O sorriso de Rosalie aumentou.

Tell me, tell me

What makes you think that you are invincible?

I can see it in your eyes that you're so sure

Please don't tell me that I am the only one not vulnerable…

Impossible.


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Notas finais do capítulo

Olá gente bonita! Olha só quem apareceu de novo com coisa nova e não atualizou as coisas velhas... heheheh. Pelo menos é one-shot, então não vai atrapalhar as fanfics antigas!E então, gostaram? Ficou ruim? Particularmente não me agradou o final, mas... Não sou boa em finais, já aceitei isso. Enfim, deixem reviews para eu saber o que vocês acharam!A música que está aí pelo capítulo se chama Vulnerable e é da banda Secondhand Serenade, foi a partir dela que me veio a inspiração para escrever essa one.Enfim, sem delongas hoje. Espero que, se vocês conseguiram chegar a té aqui, tenham gostado da one. Não hesitem em opinar! HahahahAh, quem quiser, dá uma passadinha aqui: http://fanfiction.com.br/historia/423197/Letting_You_Go/ ;)Boa semana para vocês e beijo grande!



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