Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 8
{capítulo 8.}


Notas iniciais do capítulo

COCA-COLA ESPUMANTE ♫
Oi gente, tudo bem? Olha, eu queria agradecer muito por todos os comentários que a estória está tendo, eu realmente estou muito feliz *-*
Boa leitura, espero que gostem, e me desculpem qualquer erro ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/425975/chapter/8

O que fazer quando o seu pai não consegue parar de chorar? Essa é a minha situação agora: meu pai sai comigo, me senta em um canto da estrada, começa a falar de como está se sentindo, então começa desesperadamente a chorar, e eu fico sem saber o que fazer. Eu não consigo nem me ajudar, imagine fazer isso com ele. Estou quase contando para a minha mãe sobre como ele está, e de como ele finge estar bem, mas basta dar uma ditância de dois quarteirões de casa e ele desaba. Agora eu sei o quanto uma pessoa é capaz de fingir estar bem. Talvez eu também tenha feito isso de uns tempos para cá, porém a situação do meu pai é muito mais diferente que a minha. Porquê, pense comigo: se ele continuar desse jeito, e acabar entrando em uma depressão, e sei lá, quiser me imitar cortando os pulsos? E eu não duvido nada que ele faça mesmo isso; meu pai tem muita coragem.

Tenho certeza apenas de uma coisa nesse momento: Naruto me esqueceu. Ou está esquecendo. Me recuso a procurá-lo, também. Tudo bem que ele sempre veio atrás de mim, mas quero que ele perceba o quanto tudo isso me machucou. E eu confesso que foi uma briguinha de nada, talvez nem tenha sido uma briga de verdade, só que de todas as formas, isso me machucou e ponto final. Talvez ele esteja com a Hinata agora, rindo da minha cara, planejando fazer alguma coisa comigo amanhã. Ou talvez ele esteja em casa, deitado na cama, pensando na vida, tentando tirar os curativos dos pulsos. Entretanto, isso pouco importa para mim agora. Tomei uma decisão que levei a madrugada inteira antes de realmente decidir que vou fazê-la: vou parar de falar com ele. Espero que ele sinta a minha falta assim como estou sentindo a dele agora, e espero também que tenha noites de insônia pensando na idiota promessa daquela coisa de estar sempre aqui e ali quando eu precisasse. O difícil mesmo vai ser ignorá-lo, porquê ele senta na minha frente e eu vou vê-lo todos os dias. Bem, eu dou um jeito nisso, mas tudo o que eu não posso fazer agora, é me preocupar com ele.

Meu pai decidiu que hoje vai sair comigo de novo. Me sinto como se fosse a psicóloga dele, mas apenas disso, me sinto muito bem em saber como ele está. Acho que ele não vai chorar hoje, porquê disse que íamos no cinema. Eu não gosto de cinemas. Tudo bem que eu possa estar louca dizendo isso já que todo mundo gosta, mas eu não. Não gosto de cinema assim como a grande metade das coisas e das pessoas no mundo. E o único problema que eu tenho agora, é arrumar uma roupa que preste. Eu praticamente só mudo de calça e blusa de frio, mas acontece que minha mãe lavou as duas coisas que eu mais gosto, e está quase na hora de eu e meu pai sairmos.

–– Ei, Sakura, está tudo bem aí dentro? –– ele pergunta perto da porta.

–– Está sim. –– respondo, embora não esteja porcaria nenhuma bem. –– Eu já vou sair.

–– Não precisa se apressar. –– ele diz, rindo, provavelmente, de mim. –– Eu não estou com pressa nenhuma. E qualquer roupa está bom.

Fui até a porta e a abri. Estou sem blusa de frio pela primeira vez.

–– Assim está bom, então? –– pergunto o olhando. Meu pai me vira com o maior cuidado do mundo para dentro do quarto, fecha novamente a porta, e ainda a tranca. –– O que foi?

–– O que foi?! –– ele pergunta de volta, e parece que vai ter um ataque ou coisa assim. –– Você não se preocupa se a sua mãe estivesse do meu lado agora? Já imaginou se ela visse tudo isso aí?

Verdade. Quando eu fui até a porta e a abri, isso nem passou pela minha cabeça. Talvez eu esteja ficando mesmo louca em ter feito isso. Mas, bem, se a minha mãe visse isso, ela talvez acharia normal.

–– Foi mal. –– me desculpo, pegando a blusa de frio de Sasori porquê é a única que me sobrou. Como estou de calça, vou com essa mesmo, porquê sim. –– Então vamos.

–– Então vamos. –– ele me imita com uma voz muito idiota que acabo rindo. Só que apesar disso, continuamos um olhando para a cara do outro. –– Tem como me prometer que nunca mais vai abrir a porta desse jeito?

Prometer algo? Ah, parece que eu perdi alguma parte dessa conversa toda. Eu não vou prometer nada. Quer dizer, acho que ainda não estou pronta para fazer isso –– não estou pronta para praticamente nada, na verdade. Continuo olhando para ele, e balanço a cabeça de leve negando. Parece que ele entende já que pega a minha mão e saímos pela porta. A minha mãe está na cozinha, fazendo sei lá o que, mas que parece ter um cheiro de queimado. Ela não é nada boa para cozinhar, e na maioria das vezes compra comida pronta –– o que ás vezes não é algo tão ruim assim. Ela sorri assim que nos vê.

–– Tem certeza que não quer vir junto? –– pergunto, porquê a minha mãe tem ficado muito sozinha. Ela balança a cabeça negando.

–– Vou tentar terminar isso aqui, então vou ler até pegar no sono. –– ela diz, ainda sorrindo. –– Só peço para que vocês não demorem, porquê Sakura tem aula amanhã cedo.

–– A gente não vai demorar tanto assim, também. –– meu pai diz, revirando os olhos e rindo. –– E eu sei muito bem quando a Sakura está com sono ou não.

–– Ah, sabe? –– ela pergunta erguendo uma sobrancelha. –– Mas não sabia disso quando ela era mais pequena, não é?

–– Porém, eu sei agora. –– ele retruca, e os dois começam uma mini-briga como se eu não estivesse ali do lado ouvindo tudo. –– Enfim, a gente está saindo.

–– Tá bom. –– minha mãe diz apenas, e volta a atenção para o fogão. Ela está emburrada.

–– Boa noite, mãe. –– digo tentando animá-la de novo, mas tudo o que faz é balançar a cabeça postitivamente.

Eu e meu pai finalmente saímos de vez, e entramos no carro. Como sempre, encosto a cabeça no vidro que já está se “acostumando” comigo. Uma coisa que eu acho um pouco engraçado quando o meu pai está dirigindo, é que ele sempre vai aumentando o volume do rádio sempre que para. Ele não aumenta até onde quer de uma vez, é uma viradinha no botão e pronto. Tentei uma vez aumentar tudo, só que ele ficou com raiva de mim por, pelo menos, uns três meses. Então desde aquele dia, deixo ele fazer isso. E outra, quando ele faz isso, parece que gosta, porquê fica sorrindo que nem um bobo, e eu prefiro ele desse jeito.

Depois de alguns minutos, chegamos no tal cinema. Tem muita gente aqui, e acho que logo vou começar a pirar. Meu pai segura minha mão de novo, compra nossos ingresos, e então entramos. Não sou de comer quando saio, e meu pai sabe bem disso. O filme começa e fico olhando para a tela sem muito interesse; para dizer a verdade, eu não iria vir mesmo, porquê prefiro mil vezes ficar no meu quarto esperando a noite passar. Mas com isso, eu não me cortei. Acho que meu pai está sacando que quando me leva para sair, eu não me corto, e acho que ele está mesmo disposto a fazer isso todos os dias.

Alguma coisa dentro de mim fala para eu olhar para o lado, e assim faço, e também me arrependo por isso; Hinata e Naruto. Juntos. E rindo. Devo ter ficado muito tempo olhando para os dois, porquê meu pai me chamou e eu não respondi. O que ele está fazendo aqui, e com ela? Será que ela já soube do que ele fez comigo? Será que ele está acreditando nela? Hinata parece ter a mesma coisa por dentro, e olha para mim. Ela volta seu olhar para Naruto, aponta para mim, e ele se vira. Por um mínimo segundo eu acho que ele não quer estar aqui, até o momento em que sorri. Ele volta sua atenção para ela, e como se soubesse que isso iria me provocar raiva e tristeza por dentro, Hinata o abraça com um sorrisinho. É nesse exato momento em que eu me levanto e começo a correr para a saída. Tenho certeza de que meu pai está vindo atrás de mim, mas tudo o que eu quero fazer agora é sumir. Porquê sumir, não é uma ideia tão má assim. Eu nunca desejei mal a ninguém, só que depois do que acabei de ver, espero que alguém acerte uma cadeira na cara dela.

–– O que aconteceu? –– meu pai pergunta me alcançando. Estou ofegante e sei que logo vou começar a chorar.

–– Hinata e Naruto. –– respondi apenas, ainda sem o olhar. –– Os dois. Juntos.

–– Mas quem é Hinata? –– ele continua, se aproximando de mim.

–– É só a garota que... –– me interrompi enquanto virava. Acho que é melhor ele nem saber. –– Só a garota mais popular da minha escola.

–– E qual é o problema de ela estar com ele aqui? –– ele pergunta enquanto acaba começando a chover, mas nenhum de nós está com vontade de entrar no carro ou algo assim. Pelo menos, não eu.

–– O problema é que Naruto é meu. –– eu respondo surpreendendo até a mim mesma. Não sei porquê disse isso, só que já foi. –– Não no sentido que está pensando! É que se ele fala comigo, então ele é meu... Entende mais ou menos?

–– A única coisa que eu entendo é que você está com ciúmes. –– ele diz se aproximando e pegando a minha mão. Agora estou dentro do carro tremendo e batendo os dentes; talvez ter ficado lá fora até que começasse a relampiar foi uma má ideia. –– Mais calma?

–– Calma... –– repito a última palavra rindo em seguida. –– Eu acho que não. Enfim, vamos embora.

Meu pai ligou o carro e então fomos para casa. Quando cheguei, minha mãe estava no sofá dormindo como um anjo –– ou é assim que as pessoas costumavam dizer que mamãe era quando mais nova; creio que isso seja verdade ––, e eu apenas subo para o meu quarto. Troco de roupa e me jogo na cama, bufando até não conseguir mais. 23:00. 00:00. 01:00. Eu não consigo dormir de jeito nenhum, e agora o meu celular está vibrando. Olho para a tela na esperança de que seja Naruto, mas é um número desconhecido.

–– Alô? –– pergunto indiferente.

–– Boa madrugada! –– deseja a voz que parece que eu conheço... –– Como que você está?

–– Quem é que está falando? –– continuo, querendo mesmo saber quem é essa pessoa tão animada.

–– É Kiba, querida. –– ele responde em infinando a voz, o que me faz rir. –– Poderia, pelo menos, me desejar uma boa madrugada de volta?

–– Boa madrugada, então. –– digo tentando parecer animada. –– Mas como que conseguiu o meu número?

–– Sabe quando você pressiona um carinha loirinho na parede, e ameaça ele dizendo que se não passar o número da garota do lixo para mim, eu iria matá-lo? –– Kiba brinca, e rimos juntos por um tempo. –– Eu peguei com o Naruto mesmo. Vai na escola amanhã, quer dizer, hoje, garota do lixo?

–– Vou. –– respondo, e me lembro daquele apelido idiota que ele arrumou. –– E trate de arrumar algum outro apelido mais legal para mim.

–– Mais original de esse não vai ter mais nenhum no mundo. –– ele diz, e para de rir, o que estranho. –– Hinata não tem feito nada com você?

–– Não. –– respondo segundos depois de pensar se o que aconteceu no cinema, foi algo que tinha o objetivo de me machucar. Até que deu certo, mas eu não saí com nenhum arranhão por fora, e sim por dentro.

–– Se ela fizer qualquer coisinha, me avise. –– ele continua, sério.

–– Porquê? O que você faria? –– pergunto achando que Kiba ainda estava brincando comigo.

–– Eu faria ela parar. –– ele responde, e ficamos em silêncio.

O que seria isso, afinal? Kiba tem me ajudado de uns tempos para cá, e... Será que ele está gostando de mim?! Ah, espere, eu sou Sakura Haruno, a garota deslocada que não sabe nem o que é ou para onde vai, é claro que ninguém no mundo seria capaz de se apaixonar por mim. Dizer ou supor isso é quase como contar uma piada. E tem outra, ele é um cara um pouco popular e deve ter todas as garotas que quiser na escola, mas continuo desconfiando de tudo o que tem feito por mim.

–– Tudo bem, pare de brincadeira. –– meio que mando. –– Eu vou ter que desligar antes que os meus pais acabem acordando. Até amanhã, ou hoje. –– E desligo antes que ele possa dizer mais alguma coisa.

Juro que estou tentando não acreditar em tudo o que ele diz, porquê sei que vou acabar me ferrando por isso mais para frente, igual a Naruto. Eu simplesmente tenho que fazer uma coisa muito simples: não confiar nas pessoas, mas continuar a falar com elas. Isso serviu bastante na época em que eu fazia parte do grupinho da Ino; a coisa funcionava mais ou menos assim: você conhecia uma garota que era “inferior” e fingia gostar dela, e depois de um tempo, fazia ela passar alguma vergonha. Eu fingia que gostava, e Ino fazia o trabalho final, porquê nunca na minha vida eu praticaria bullying com uma pessoa por mais que ela não seja íntima minha.

Eu estou sentindo a falta do Naruto. Eu estou me odiando ainda mais por estar sentindo isso, mas essa é ou deve ser a verdade. E se eu mandasse uma mensagem para ele agora? Será que ele me responderia? Tenho quase certeza de que não. Mas eu continuo com insônia e o meu remédio não está aqui para mim... Me levanto e vou andando pela casa. Não estou achando um caminho certo para seguir, talvez, se eu ficar andando aqui de um lado para o outro, eu encontre alguma coisa interessante. Tudo nesse lugar parece me lembrar Sasori, e a minha mãe ainda não tirou aquelas fotos de nós dois juntos. Dor. É isso o que eu sinto quando ando por aqui. Começo a olhar para as “legandas” das fotos; “Sakura e eu fazendo natação pela primeira vez.”; “Sakura se achando só porquê conseguiu alguma coisa que eu nem sei o que.” Passo mais para a frente, e a última me machuca ainda mais; “Eu e Sakura em seu primeiro show (dia inesquecível).

Sou surpreendida com um barulho de algo caindo no chão que me faz virar mesmo não tendo nada atrás de mim. Vou seguindo o tal barulho até entrar no porão, e para a minha supresa, meu pai estava lá, e escrevendo. O sorriso mais fraco de todos os tempos se abriu em seu rosto assim que me viu, e retribui. Me sentei na antiga cama de Sasori, e meu pai não conseguiu mais escrever comigo do lado.

–– Quer ajuda? –– pergunto mesmo sem saber o que estou propondo.

–– Como assim? –– ele pergunta de volta olhando para mim.

–– Não sei... –– respondo, pensando em mais alguma coisa. –– Talvez queira que alguém escreva para você.

–– Eu acho que foi uma má ideia isso. –– ele diz suspirando triste.

Nesse exato momento, está chovendo muito forte lá fora. Quando eu era pequena, eu morria de medo desses relâmpagos e raios. Teve uma vez em que estava chovendo muito forte tipo agora, e ela tinha que ir para o trabalho. Quase chorei para ela não ir, mas mesmo assim, ela foi. Me lembro de como comecei a chorar depois de ela ir, e de como os relâmpagos reluziam no espelho que tinha perto de mim. Então, eu comecei a gritar; comecei a fazer isso justamente para alguém vir e me salvar daquela barulheira que estava me deixando louca, e foi alguns minutos depois que meu pai apareceu. Ele me abraçou bem na hora em que um relâmpago estourou, fazendo as paredes da casa até tremerem. Me senti a pessoa mais protegida do mundo naquele dia, e ele não me soltou até que tivesse certeza de que eu estava realmente bem. Não sei porquê estou me lembrando disso agora, mas sei que apesar de tudo, o meu pai foi uma das pessoas que nunca me abandonou em meio a tudo que já aconteceu conosco. Talvez eu devesse ser uma filha melhor, talvez eu devesse começar a tentar me curar de verdade, ou talvez eu deveria ter nascido outra pessoa.

–– Pai... –– o chamei, e ele me olhou. –– Eu... eu gosto muito de você.

Em toda a minha vida, eu acho que devo ter dito “eu te amo” apenas uma vez. Eu não sei o que há comigo quando a questão é essa, porquê eu simplesmente não consigo dizer e não sai nada. Acho que ele entendeu o que eu quis dizer, porquê sorriu por um tempo, voou para cima de mim me abraçando, e depois de alguns minutos, disse:

–– Eu também amo você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uma última coisa: ainda vai enrolar sim até que Naruto e Sakura fiquem de bem, porquê eu gosto de torturar vocês u_u



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Echo." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.