Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 5
{capítulo 5.}


Notas iniciais do capítulo

TUTS TUTS TUTS TUTS TUTS ♫ Oi gente, tudo bem? Cá está mais um capítulo saindo, provavelmente, ás 00:00, porquê agora são 23:59.
Então, boa leitura, espero que gostem, e me desculpem qualquer erro, meus companheiros e companheiras u_u



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Essa noite deve ter sido a pior de toda a minha vida. Tive pesadelos com Hinata, que ao mesmo tempo também era Ino. Acordei berrando e me debatendo na cama, e foi meu pai quem me socorreu dizendo que estava “tudo bem”, e estava “tudo bem”. Estou com medo de ir para a escola agora, e sei que não posso faltar porquê ainda é o primeiro dia. Ás vezes acho que a vida odeia a minha cara, assim como Hinata. Estou encarando as minhas roupas enquanto tento achar algo que preste; o uniforme é somente uma blusa, então eu não vou precisar usar saias ou algo assim –– o que eu agradeço aos céus. E eu vou estudar pela parte da manhã, o que me permite livremente ir todos os dias com as minhas blusas de frio sem que ninguém me ache estranha.

Naruto só hoje me mandou 20 mensagens seguidas perguntando se eu estava bem, e é claro que eu respondi que sim. Acho que dizer que não estou bem ainda não é o suficiente para o estado em que me encontro agora, e não dizer não causa preocupação em ninguém, então as coisas vão ficar desse jeitinho até que eu descubra o que fazer.

Uma das desvantagens de estudar pela parte da manhã, é que você tem que tomar banho. Eu sei que é sempre importante estar com o banho em dia e etc, mas vai dizer que não é foda tomar um banho que se torna extremamente frio ás 05:30? Eu posso sair daqui 05:55, e ainda vou chegar cedo, mas a minha mãe acha que sempre devemos nos arrumar antes, para que aparentemos estar de bem com a vida, o que não é mesmo o meu caso. O meu pai achou injustiça eu acordar nessa hora, porquê ele sabe que eu tenho insônia, e essa madrugada também não foi diferente. Depois dos pesadelos com Hinata, e meu pai me consolar, eu fiquei acordada até que o alarme tocasse. Minha cara deve estar horrível, mas pouco me importo com o que vão achar ou não de mim.

–– Oh, oh, espere, fique congeladinha desse jeito aí! –– manda meu pai quando chego na escada pronta para partir. Ele vai até alguma gaveta e puxa de lá uma câmera. Não acredito nisso. –– Agora, sorria!

Eu nem quero ver o resultado dessa foto depois, porquê já sei que deve ter saído um horror. Eu não sorri como meu pai disse, apenas fiquei congelada. Ele parece não ter gostado do jeito que saí pela cara que fez.

–– Eu disse para você sorrir! –– ele reclama, se sentando ao meu lado na mesa. Olho para tudo ali em cima, e não sinto vontade de ingerir nada. –– Vai comer, certo? Certo. Pegue isso aqui... E isso aqui também, porquê eu vi que é saudável na TV esses dias atrás.

–– Pai, eu não quero. –– digo, e então ele desiste. –– Cadê a minha mãe?

–– Onde você acha? No quarto, se arrumando, como sempre. –– ele responde. Meu pai nunca gostou dessas coisas de maquiagens, jóias e todo o resto disso. Ele sempre me disse que a minha mãe era idiota por sempre estar passando aquilo, porquê quando ele a conheceu, ela não sabia nem como se passar um lápis de olho.

Gritei para que a minha mãe viesse logo, porquê eu já queria ir. Sabia que essa desculpa faria ela parar de se arrumar, e antes que eu e meu pai pudemos contar 1 minuto, ela estava do meu lado me mandando entrar no carro. Me despedi do meu pai com um “tchau, e até mais tarde”, como sempre fazia quando ainda estudava. Já dentro do carro, eu fiquei olhando para as casas passando, com a cabeça encostada no vidro. Hoje tinha muita neblina, e por exatos 3 centímetros, eu e minha mãe não morremos. Quando chegamos a escola, suspirei fundo.

–– Ok, ok, ok. –– minha mãe diz, com um sorriso enorme. –– Boa sorte!

–– Obrigada. –– respondo embora eu já saiba que eu não vou ter sorte depois que abrir a porta desse carro.

E então eu desci, mesmo que morrendo de medo e tremendo até o último fio de cabelo. Mais fumaça saía da minha boca conforme eu respirava mais e mais forte, para tentar encontrar coragem para entrar de vez. Sei que a minha mãe está atrás de mim ainda, e se não fosse por isso, eu já teria corrido. Passo pelo portão, percebendo que todos estão olhando para mim e falando entre si. Odeio esse preconceito que as pessoas costumam ter com as pessoas novatas. E sim, eu sei como é isso, porquê passei metade da minha vida mudando de escolas, e em nenhuma eu fui bem recebida. Estou começando a tremer de novo conforte entro mais na escola; a possibilidade de encontrar Hinata agora me faz ter vontade de gritar e entrar em pânico.

–– Ei! –– cumprimenta Naruto se colocando na minha frente. Hoje ele está de bom humor, ou eu acho que sim. –– Imagine só? Vamos ficar na mesma sala!

–– É sério? –– pergunto em resposta, me sentindo mais do que alegre por dentro. E sem pensar no que eu deveria estar, pulo no pescoço de Naruto, o abraçando forte. Queria saber desde quando eu recomecei a aprender como abraçar alguém... –– Ah, desculpe.

–– Você está mesmo pedindo desculpas por me abraçar? –– ele pergunta, sorrindo mais do que nunca. –– Por favor, não precisa de tudo isso. E aliás, eu gostei de ontem.

–– Como assim? –– pergunto tentando não respirar tanto, porquê está indo muita fumaça para perto dos olhos de Naruto.

–– Você sabe, o abraço. Espero que eu possa receber mais abraços seus. –– ele explica, e um sorriso idiota acaba se formando nos meus lábios. –– Oh meu Deus, você está sorrindo mesmo?!

–– Acredite, eu estou sorrindo para não chorar. –– digo, o olhando um pouco triste. Só porquê temos nos aproximado bastante ultimamente, não significa que eu vá dizer o motivo real disso... –– Eu estou nervosa, muito nervosa. Ser novata nunca é algo bom.

–– Não se preocupe com isso... –– Naruto me surpreende colocando sua testa na minha, e olhando profundamente nos meus olhos. –– E qualquer coisa, eu estarei lá para você. Quer dizer, eu sempre estarei tanto lá quanto aqui... Quando você precisar de mim, para qualquer pequena coisa que for, pode ter certeza de que eu não vou sumir ou algo assim, eu te prometo. Ouviu?

E novamente eu fico sem palavras para isso. Sorrio com a ideia de que isso é mesmo verdade... Eu queria muito que pessoas como Naruto estivessem espalhadas pelo mundo; pessoas que me entendem perfeitamente, e que fazem eu me sentir um pouquinho bem quando tudo parece insuportável. E eu também queria que essa promessa durasse para sempre, que em um futuro que eu não sei o que vai acontecer, ele ainda estivesse do meu lado, com esse mesmo sorriso e com esse mesmo brilho no olhar. Quando estou com Naruto, me pergunto se algum dia ainda serei como ele; cheio de esperança de voltar a ser pessoa que era antes. Mas sempre que eu penso nisso, percebo que será impossível, porquê nem eu mesma consigo me lembrar mais de como era.

–– Oi, Sakura! –– Sinto como se tudo parasse ao meu redor assim que a voz de Hinata chega aos meus ouvidos. Naruto ainda está com sua testa na minha, e parece entender o porquê de eu agora estar respirando rápido e quase começando a chorar. –– Você já sabe em que sala vai ficar?

–– Ele vai ficar na nossa, Hinata. –– ele responde por mim, porquê sabe que se eu tentar falar agora, não vai sair nada além de soluços.

–– Ah, que ótimo! –– ela comemora dando um pulinho, e começa a me olhar fixadamente. –– Te vejo lá, então.

Mas Hinata não vai embora. Ela continua lá, parada, olhando para mim com um sorrisinho de lado sendo que provavelmente agora quer me matar de vez por me pegar com Naruto daquele jeito.

–– Vamos? –– Naruto pergunta, estendendo a mão para mim. A pego em resposta, e começamos a andar.

Antes que eu entrei no corredor que dá direto para a minha nova sala, vejo Hinata fazer a mesma coisa de ontem; passar os dedos sobre os dois braços. E então só agora percebo o quanto é importante que eu fique calada sobre o que ela fez comigo –– ou que ainda vai vir a fazer, porquê tenho certeza de que ela não vai deixar barato para mim. Se o meu segredo for espalhado por ela, que ao que me parece até agora, é a garota mais popular daqui, então eu estarei completamente ferrada. Porquê uma vez a minha mãe me obrigou a entrar em uma escola em uma sexta-feira, e no dia anterior eu tinha me cortado. Não era o tempo frio de agora, estava MUITO calor, e um garoto veio até o meu lugar me perguntar se eu também não estava sentindo. Fiz que não com a cabeça, a fim de que ele fosse embora, mas ele não foi, exatamente como Hinata fez alguns segundos atrás. E para o meu desespero total, ele puxou a minha blusa de frio de um jeito que todos viram os meus cortes e começaram a rir de mim. A única coisa que eu consegui ouvir além das risadas, foi “Ah, que ótimo, mais uma pessoa louca na escola”. E aquilo está na minha cabeça até o dia de hoje, e eu não duvido de que fique aqui para sempre. Eu nunca me esqueço das coisas, embora diga que sim.

Hoje eu tenho psicóloga, infelizmente. Achei que voltando para a escola, eu ficaria livre disso, mas não foi assim que a minha mãe achou. Ela foi lá e mudou o meu horário para a tarde, e Naruto fez a mesma coisa, porquê quando cheguei na clínica, ele estava em um dos bancos fazendo sabe-se lá o que. Talvez agora, depois de tudo que nós dois passamos, ele seja meu “amigo”.

–– Você vai se sentar bem aqui. –– ele diz, mostrando o meu lugar atrás dele.

–– Tem certeza de que não tem ninguém sentado aí? –– pergunto por puro nervosismo. Meu coração está parando e voltando, parando e voltando....

–– É claro que tenho! –– ele responde, rindo de mim. É estranho, porquê quando Naruto faz isso, eu não me sinto tão mal. –– Então, sente.

Me sento ainda tremendo, e tento ao máximo parecer normal. Meu coração ainda está parando e voltando, parando e voltando... E ele parece parar de vez quando Naruto pega a minha mão por debaixo da mesa. A pego com força, e percebo o quanto continuo fria. Em vez de tentar parecer normal, estou tentando buscar coragem na mão dele. Eu acho que eu nunca tive um amigo tão engraçado e carinhoso como ele antes em toda a minha vida... Meu coração volta a bater quando uma professora entra na sala. Mas Naruto não solta a minha mão de jeito nenhum, embora ele precise dela para escrever.

–– Como todos sabem, hoje temos uma nova aluna conosco. –– anuncia a professora, e como ela está olhando para mim, todo o restante da sala faz a mesma coisa. –– Bem-vinda á classe, Sakura. Meu nome é Kurenai e estaremos juntas até o final do ano.

–– O-Obrigada. –– respondo, e é como se eu tirasse um peso enorme das costas por não ter falado na errado. “Kurenai” vira sua atenção para o quadro, e aproveitando a oportunidade, chego perto do ouvido de Naruto. –– Pode soltar a minha mão.

–– Eu não vou soltar enquanto achar que você não está acreditando em si mesma. –– ele responde, virando o rosto para me lançar um sorriso de lado. Estou tremendo de novo. –– Viu? Como eu posso soltar a sua mão enquanto você está desse jeito?

–– Eu sempre estou tremendo assim, é algo normal. –– retruco, porquê logo vão perceber como nós dois estamos, e também vão começar com aquela coisa idiota de “namorados”. –– É melhor soltar antes que percebam.

–– Bem, que percebam. –– ele diz, ainda me olhando. –– Já fui bastante zuado na vida, então acho que o que eles forem fazer, não vai ter efeito em mim.

Fico pensando sobre isso, e imaginando como foram que as pessoas já o maltrataram antes. Aposto que ele deve ter sofrido muito mais que eu –– a perda dos pais, o bullying, tentativa de suicídio ––, mas porquê ele sempre está alegre e eu não? Porquê ele sempre está cheio de esperança, e eu sempre estou depressiva e infeliz? Talvez mais tarde ele me ajude a responder essas perguntas tão complicadas.

Quando a aula realmente começa, Naruto muda a mão para que possa escrever, e eu faço a mesma coisa. Senti como se estivesse sendo observada e eu estava mesmo, porquê Hinata me fuzilou praticamente as três primeiras aulas inteiras. E o seu olhar, antes doce e agradável, agora era frio e eu sinto medo não somente do seu olhar. E porquê será que ela está descontando o ciúmes de Naruto em mim? Eu não tenho culpa se ele disse tudo aquilo, e ainda completou que gostava mais de mim do que dela. Outra coisa que pensei ontem depois dos pesadelos, foi o que Tenten disse sobre Hinata ter arruinado a vida dela. Será que ela também sofreu? Essa resposta me parece óbvia, mas eu queria saber mesmo, é o que aconteceu. Não sou amiga de Tenten, e ela não é da minha sala, então acho que a melhor coisa a fazer agora é ficar quieta e calada, fazer os meus deveres sem chamar a atenção de ninguém, e assim voltar para a casa despreocupada de que mais alguém –– além de Hinata ––, vai estar me esperando quando eu sair da escola.

Quando bateu o sinal para o recreio, eu não saí, e Naruto também não. Ficamos apenas nós dois dentro da sala, com as duas mãos dadas, enquanto eu estava quase recomeçando a chorar. Ele repetia, e repetia sobre a promessa que tinha me feito, e nesse exato segundo, eu estou acreditando que ela talvez possa durar por algumas semanas. Como ele consegue me passar tanta confiança assim, sendo que deveria estar fazendo isso consigo mesmo?

–– Eu acho que você deveria pedir para ir embora. –– ele diz, vendo o meu estado. –– Você não está bem não, de verdade.

–– Não, eu estou bem. –– retruco, levantando o olhar. –– Eu vou continuar aqui até acabar.

–– Tudo bem, mas só não quero que acabe passando mal. –– ele explica, sorrindo pela a minha mera coragem. –– Porquê se isso acontecesse, ia ser um saco ficar aqui sem você.

Consigo sorrir depois do que ele fala, e Naruto começa a rir tentando fazer com que eu o acompanhe, mas eu ainda não consigo rir do mesmo jeito que ele.

–– Eu vou no banheiro. –– digo, tentando me levantar, mas ele me puxa de volta.

–– Promete que não vai demorar? –– ele pergunta, e essa palavra “promete” é um pouco forte para mim.

–– Não vou demorar. –– respondo, porquê prometer algo a esse ponto do campeonato em que estou, é outra coisa impossível. Naruto ainda não me soltou. –– O que foi?

–– Jura que não vai fazer nada? –– ele volta a perguntar, mal piscando para não perder nenhum movimento meu. –– Sakura, por favor, não passe nem perto da Hinata. Eu sei que foi ela quem fez aquilo com você no banheiro ontem.

Fico parada por um tempo, e agora somos os dois que não piscamos. Desisto da ideia de ir no banheiro e me sento de novo, mais interessada que nunca no que ele tinha para falar comigo.

–– Como você sabe? –– pergunto.

–– O jeito que você ficou desesperada quando ouviu a voz dela hoje mais cedo, dava para perceber pelo os seus olhos. –– ele responde, balançando a minha mão enquanto fala. –– Tenho tentado me afastar dela, mas Hinata tem me perseguido desde o primeiro dia em que cheguei aqui.

–– Você sabe o que ela fez com a Tenten? –– pergunto novamente, cheia de esperança.

–– Parece que a Tenten estava namorando com o primo dela, e disse para Hinata que não gostava dele, e dizem que depois que ela descobriu, a Tenten tentou suicídio lá de cima. –– Ele aponta para o teto, e fico imaginando como deve ter sido a cena. –– Só que parece que ela apenas quebrou a perna. Eu não sei o que Hinata disse ou fez, mas para ela ter pulado desse jeito, não deve ter sido algo bom.

–– Será que ela faz isso com outras pessoas? –– pergunto mais uma vez. Estou começando a me preocupar.

–– Me disseram que ela não aceita traição. –– ele responde, sua voz um pouco mais séria do que antes. –– Então eu acho que é por isso que aquelas duas companheiras dela, nunca mentiram para ela.

–– Quem são as companheiras dela? –– pergunto de novo. Estou fazendo tantas perguntas que me sinto como um detetive entrevistando uma testemunha.

–– Karin e Shion. –– ele responde, e em meio a tentas perguntas e respostas, nossos rostos estão próximos, e eu não sei quando fomos ficar assim. –– Karin é minha prima, mas não nos falamos muito além de quando tem alguma festa de família ou algo assim. E Shion, é aquela garota da psicóloga que você achou que era a minha namorada.

Por um segundo eu precisei pensar para me lembrar da tal Shion, e então a imagem dela me veio á cabeça. Mas ainda não sei quem é Karin... A minha sorte, talvez, é que elas não estão na mesma sala que eu.

–– E também tem uma aluna que eu soube que mudou de escola por alguma coisa que Hinata fez. –– Naruto continua, chamando minha atenção. –– Se eu não me engano, o nome dela era Ino.

Meu coração parou de vez, e eu fiquei sem piscar ou respirar por pelo menos dois minutos antes de voltar a mim mesma. Como assim, “Ino”? Então quer dizer que ela já passou por aqui, sofreu, e depois mudou de escola? Eu não fico feliz com isso, mas também não fico triste, porquê ela tem o crédito por tudo o que aconteceu comigo, e o que me tornei hoje. Os meus cortes e cicatrizes, noites de insônia e remédios até para andar na rua, isso é tudo culpa dela. O sinal bateu e todos voltaram para dentro. A primeira coisa que Hinata fez quando entrou, foi olhar para onde eu e Naruto estávamos, dar um sorrisinho falso, e então ir para o seu lugar. Eu pude ver perfeitamente ela mudar a expressão assim que estava esperando impaciente.

Então era isso; a garota mais popular da escola, Hinata Hyuuga, praticava bullying por não aceitar traição. E o mais curioso é que ninguém abria a boca para contar para a diretora, ou para os pais. Eu não culpo ninguém por isso, porquê sei como é ter que agüentar tudo sozinha á base de ameaças, como agora. E o problema do bullying, é que quanto mais a vítima sofre, mais as pessoas gostam, e se isso acontece, mais o praticador vai acabar com você sem dó.

Não prestei mais atenção nas últimas aulas, pensando somente nessa história de Hinata, e em todas as outras pessoas que ela já deve ter feito sofrer. De uma forma ou de outra, eu preciso mostrar quem é essa garota; mesmo que eu apanhe, e mesmo que eu acabe pensando em cometer suicídio. Eu simplesmente não posso deixar que ela continue por aí, machucando as pessoas e as ameaçando. Só desperto quando Naruto chama meu nome e diz que a aula acabou. Lá fora agora está sol, mas eu não me importo mais com isso. Eu estava quase chegando na porta quando Hinata esbarrou comigo de propósito, fazendo com que nós duas caíssemos.

–– Oh, me desculpe, Sakura. –– ela diz, me ajudando a levantar. –– Mas tome mais cuidado da próxima vez, ou corre o risco de você se machucar, tá bem? Até amanhã.

–– Eu odeio essa garota. –– eu e Naruto falamos ao mesmo tempo, e sorrio ao perceber o que tínhamos acabado de fazer.

Então agora eu tenho psicóloga... Como que eu devo encarar a cara da “Tsunade”? Como será que eu devo agir com ela agora depois de faltar dois dias? Para ser sincera, eu estou quase como o Naruto, e qualquer dia desses eu nunca mais vou aparecer lá. E talvez eu também nunca mais apareça em lugar nenhum. Sempre tive essas ideias de fugir de casa, ir para um lugar onde ninguém consiga me encontrar, mas eu não tenho lugar nenhum para fugir. E se eu fizesse mesmo isso, o máximo que eu chegaria seria no fim da cidade.

–– Psicóloga... –– Naruto diz depois que saímos. –– Eu não quero ir para lá.

–– Eu também não, mas o que a gente pode fazer? –– pergunto, dando de ombros.

–– Fugir. –– ele responde abrindo um sorriso. –– O que você acha?

–– De novo? Nem pensa nisso. –– respondo. E agora isso é uma má ideia, porquê quando cheguei em casa naquele dia tão tarde e atrasada, a minha mãe berrou tanto comigo, que quase pensei que a minha cabeça fosse explodir. –– Você não tem uma mãe ou um pai, então não entende como é quando se chega atrasada em casa e eles estão com vontade de matar você.

Só depois de perceber o que eu tinha acabado de dizer, é que fui me arrepender. Naruto agora está olhando para mim de um jeito triste, embora tente sorrir. Eu não sirvo como amiga, e nem para qualquer outra coisa no mundo.

–– Naruto, me desculpa! –– peço, dessa vez pegando em sua mão. –– Sério, eu não queria ter falado isso.

–– Não tem problema. –– ele diz e pisca várias vezes para que eu não veja as lágrimas que já estão escorrendo por seu rosto, mas é inútil. –– Com o tempo eu me acostumei.

–– Não fala algo assim, eu sei que você não se acostumou. –– digo o abraçando sem perceber, mas eu não quero o largar. –– E agora eu quero fugir.

–– Para onde? –– ele pergunta, sua voz quase irreconhecível por causa do choro.

–– Para a sua casa. –– respondo, pensando que talvez não seja uma má ideia. –– Pode?

–– Pode. –– ele responde, me surpreendendo quando me levanta no ar. –– Mas só não garanto que o meu avô não fale alguma besteira para você.

Sorrio em resposta e então recomeçamos a andar. Quem olhar de longe, provavelmente vai supor que somos namorados, porquê Naruto está a todo segundo beijando o meu rosto, ou a minha testa, ou até mesmo o topo da minha cabeça. Também estamos de mãos dadas, e ele algumas vezes as balança no ar. Agora eu me sinto tão bem perto de Naruto que chega a ser difícil explicar o quanto. Naruto não mora tão longe da escola, e a sua casa é ENORME para somente duas pessoas morarem. No caminho, ele estava dizendo sobre sua casa e em como era pequena, mas eu retruquei que deveria ser gigantesca, e teria milhões de elevadores, e bem, até que eu ganhei na conversa, mas não na parte dos elevadores.

No mesmo segundo que entramos, seu avô veio até onde estávamos, e ele me deu uma olhada muito... desconfiada. Eu já sei mais ou menos qual é o pensamento dele sobre isso: que eu sou a namorada de Naruto, porquê qualquer pessoa pensaria assim. Imagine que seu neto chegue de mãos dadas com uma garota, é óbvio que você não vai pensar que ela é amiga dele.

–– Oi, vô. –– cumprimenta Naruto, mas eu ainda continuo parada. –– Bem, essa aqui é a Sakura, e ela é a minha...

–– Então você não me contou que tinha uma namorada, hein? –– o avô que eu ainda não sei o nome disse, e antes que eu pudesse imaginar, ele me abraçou. –– Seja bem-vinda, Sakura. Eu gosto do seu nome... Colocarei ele em uma personagem no meu livro novo.

–– Ah, obrigada... –– respondo, tentando respirar. –– E o senhor é escritor?

–– Eu não diria escritor, pequena... –– Naruto diz ao meu lado, mas como eu não encontro a graça e nem seu avô, ele logo se cala.

–– Eu escrevo sim, Sakura. –– ele me responde, fazendo com que eu entre na casa de uma vez. –– Mas porquê ficou tão empolgada por isso?

–– É porquê eu também já pensei em começar a escrever, mas não sei sobre o que exatamente falar. –– confesso algo que nunca contei a ninguém antes. Os meus sonhos (os que me sobraram), é ser fotógrafa ou escritora, ou tudo ao mesmo tempo. –– Será que me mostraria um dos seus livros?

–– Claro que sim! –– ele responde, indo até uma estante enorme, e começa a procurar algum livro por lá.

–– Não vai mostrar coisa nenhuma. –– Naruto diz, e só então percebo que ele continua ao meu lado. –– Ela não vai querer ler essas coisas, velho. Ou vai, pequena? –– Ele não me dá tempo para responder. –– Viu? Ela ficou até sem palavras. Ela não vai ler.

E agora eu estou totalmente confusa. Eu não sei sobre o que deve ser esse livro, e porquê Naruto do nada não quer que eu leia. Será que é algo impróprio ou violento demais? Eu geralmente lia essas coisas escondida da minha mãe, mas acho que usar isso ao meu favor agora não vai adiantar muito. Enquanto estou pensando no que fazer, percebo o quanto apesar de tudo o que aconteceu, esses dois são felizes –– ou parecem ser. Eu queria que minha família também fosse assim; alegre, e não ficasse fingindo alegria como eu.

–– ACHEI! –– grita o vô de Naruto, e traz o livro até mim. –– Se gostar, pode ficar com ele.

–– Você deve estar de brincadeira comigo, não é? –– Naruto pergunta, e antes que eu possa pegar o livro, ele tampa os meus olhos. –– Eu disse que ela não vai ler isso aí.

–– Se for algo impróprio, não precisa se preocupar, eu já li muito isso antes. –– digo, e aposto que todos estão olhando para mim, porquê ninguém está falando algo. –– Bem, eu achei que falando isso, iria servir de certa forma...

–– Viu? –– ouço o vô de Naruto imitar sua voz, e apesar dos meus olhos ainda estarem tampados, ele me entrega o livro. Até que é pesadinho. –– E o meu nome é Jiraiya.

–– Ah, prazer. –– respondo, e então me lembro do que ele me disse antes. –– E se estiver escrevendo mesmo um livro, e ele for impróprio, não coloque o meu nome. Acho que o de Naruto ficaria bem mais legal.

–– Ei, de que lado você está?! –– Naruto pergunta, me virando para olhá-lo. –– Está percebendo o que você está fazendo, velho? Agora ela até mudou de lado.

–– Eu não tenho culpa. –– Jiraiya diz, rindo logo em seguida. –– E, Sakura, eu tenho alguns papéis ali, e também tenho que sair... Será que se importaria de arrumá-los para mim?

–– Mas é claro que ela se importaria! –– Naruto diz, balançando a cabeça negativamente. –– Ela é visita, como você manda uma visita arrumar as coisas para você?

–– Não tem problema, eu arrumo mesmo assim. –– respondo os dois ao mesmo tempo, e para provocar Naruto, balanço o livro bem perto de seu rosto antes de dizer: –– E depois eu leio.

Ele me olhou com os olhos cerrados, como se estivesse com raiva de mim, e até eu mesma fiquei surpresa com o que aconteceu depois; eu ri. Não sorri, como sempre faço, ri mesmo, quase como Naruto. E eu não faço a mínima ideia de qual foi a última vez que eu fiz isso na minha vida. Naruto riu de volta e ficamos parecendo idiotas rindo juntos, até que Jiraiya disse para que parássemos, porquê estávamos muito estranhos daquele jeito. E depois de alguns minutos, ele saiu. Eu e Naruto fomos para sala, prendi meu cabelo em um coque com um lápis, e enquanto ele assistia TV, eu arrumava as coisas para o vô dele. Não é tanta coisa assim, e acho que logo, logo vou terminar.

–– Quando riu agorinha, foi de verdade? –– Naruto pergunta do nada, me fazendo olhá-lo.

Eu não respondi no mesmo segundo, é claro. Fiquei pensando um tempinho, como sempre faço, mas ele não desviou seu olhar de mim enquanto eu fazia isso.

–– É, foi sim. –– respondo, e ele sorri, e faço a mesma coisa alguns segundos depois.

Hoje, ele provou que não está mais na classe “amigo”, e sim, “melhor amigo”.


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