Réquiem escrita por Ghanima


Capítulo 3
Clube do Arlequim




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Cap 4 – Clube do Arlequim

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Logo as quatro caem no mais profundo sono e sonham com a próxima reunião do Arlequim. A única expressão de liberdade que se tinha naqueles internatos, expressão clandestina é verdade, mas ainda sim, o maior prazer dos jovens estudantes de Konoha.

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We don't need no education
(Nós não precisamos de educação.)
We don't need no thought control

(Nós não precisamos de controle mental)
No dark sarcasm in the classroom

(Sem sarcasmo negro, na sala de aula)
Teachers leave them kids alone

(Professores deixem essas crianças em paz)
Hey teacher leave us kids alone

(Hei professores, deixem-nos em paz)
All in all you're just another brick in the wall

(No total você é somente mais um tijolo no muro)

(Pink Floyd – Another Brick In The Wall, part II)

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Como já era de se esperar, uma barulheira se fazia presente no refeitório do Internato Feminino de Konoha, várias jovens de muitas idades se distribuíam pelas enormes mesas e faziam barulho com os talheres sobre as mesmas.

Numa mesa próxima a uma enorme janela, Sakura e Tenten estavam sentadas defronte a Ino e Hinata e as amigas comiam tranqüilamente. Até Tenten quebrar o gelo.

- O calendário de exames já saiu, viram? – a jovem de olhos castanhos bebia um suco de laranja.

- Serão todos na mesma semana? – Hinata passava manteiga num pão.

- Sim. – Tenten responde.

- Que horror! Mais uma semana perdida. – reclama Ino antes de morder sua maçã.

- Nem me fale. – Sakura concorda e sinaliza para que as amigas se aproximem dela. – Tenten, já conseguiu falar com o Lee?

- Vou tentar hoje, mas vocês também podem tentar falar com alguém. – a morena sinaliza para as amigas se afastarem porque uma das professoras já tinha reparado na “reuniãozinha” das meninas.

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Elas encerram o papo e logo o sinal toca, indicando que as aulas começariam logo; não leva muito tempo para que as meninas que estavam no refeitório comecem a se espalhar pelas muitas salas do lugar. Ino e Tenten vão para a aula de música enquanto Hinata e Sakura foram para a aula de culinária.

A sala de música era um ambiente grande e construído no modelo de um anfiteatro, capaz de abrigar 40 alunas e vários instrumentos necessários. Naquele momento, apenas a professora de música ocupava o recinto e logo foi saudada pelas alunas que chegavam. As jovens começaram a se espalhar pela sala e a tomarem os seus lugares, próximas aos respectivos instrumentos.

- Não consigo me concentrar. – Ino sussurra e vira a página da partitura.

- Não é pra menos, a semana de provas é a próxima. – Tenten acertava as cordas do violino em suas mãos. – E ainda temos que ver como fica a reunião do Arlequim, né?

- É mesmo, temos que pensar em como chegar em um dos meninos pra sabermos como vai ser. – a Yamanaka pega o seu violino e imita a amiga. – E essas provas virão terríveis.

- Prefiro não pensar nisso... – a morena acerta o violino no ombro. – Pelo menos, não ainda.

O som dos violinos toma conta do ambiente e a aula transcorre sem nada de muito especial acontecendo, exceto pela notícia de que a professora decidira em segredo, que aquela aula seria a avaliação final. Claro que as jovens só souberam disso quando a professora começou a entregar certificados de conclusão para cada uma.

E aproveitando que isso fez com que a aula terminasse mais cedo, Tenten e Ino aproveitaram o tempo que tinham até a próxima aula para conseguirem escapolir até o Internato masculino que, para a sorte delas, não ficava longe. Tudo que precisavam fazer para chegar nele era pegar um pequeno atalho dentro de uma plantação.

Logo chegarão em seu destino e conseguiam ver alguns meninos passeando pelo jardim que ficava defronte ao prédio; alguns conversavam, uns jogavam e outros dormiam. E Ino conhecia bem um dos dorminhocos, o que tornaria sua missão ainda mais simples.

As duas jovens saíram agachadas do atalho e se esconderam atrás de uma enorme árvore que ficava do lado das grades do edifício, Tenten pegou uma pedra e, sabendo em quem deveria acertar, lançou-a com força e acertou seu alvo com precisão. O atingido despertou de seu sono e começou a olhar para os lados, à procura de quem havia feito.

- Shikamaru! – a voz de Ino chamou o rapaz de cabelos e olhos castanhos, que se assustou ao ver as meninas naquele lugar.

Shikamaru Nara foi andando despreocupadamente até a grade e fingiu olhar para o nada.

- O que faz aqui, problemática? – ele pergunta ao mesmo tempo em que a loira engatinhava até próximo das grades.

- Arlequim.

- Festa na sede, dia 20, às 23:00 em ponto. Senha: Alea jacta est.(N/A: É uma expressão latina dita pro Júlio César, significa: A sorte está lançada.) – o jovem ficou de costas para a loira, não porque quisesse ignorá-la, mas sim, escondê-la. – A reunião da cachoeira foi uma idéia do Sasuke pra irmos todos juntos.

- Entendi... – antes que Ino pudesse completar, o sinal toca e Shikamaru vai se afastando. – E o passaporte?

O Nara volta-se na direção da loira e joga um objeto na direção dela. Um dado preto e vermelho.

- Obrigada. – ela engatinha até a árvore e logo se põe a correr ao lado de Tenten, pois se o intervalo dos meninos tinha terminado, o delas estaria próximo também. Dentro de cinco minutos, as jovens chegam aos terrenos da escola e por pouco, não são vistas pela professora Anko, que vai entrando e as amigas o fazem depois da professora ter sumido.

Subindo as escadas, as jovens são interceptadas por Hinata e Sakura, que arfavam.

- Onde vocês foram? – Sakura se curva e põe as mãos nos joelhos.

- Procuramos vocês por todo lugar... – Hinata se apóia na parede.

- É sobre o Arlequim. – a Hyuuga e a Aromo se entreolham e depois olham para as amigas.

- Aconteceu alguma coisa pra vocês procurarem a gente? – Ino tira umas folhinhas que estavam presas em seu uniforme.

- Adiantaram as provas... – Tenten e Ino quase enfartam. – Começam amanhã!

Isso foi o suficiente pra transformar aquele edifício num caos! Várias meninas carregavam livros, folhas e penas para todos os lados; a biblioteca estava cheia de meninas sentadas pelo chão, pelas cadeiras e até mesmo sobre as mesas, tentando estudar o máximo possível.

Nenhuma viva alma naquele Internato, pelo menos entre as alunas, conseguiu pregar o olho naquela noite. As luzes dos quartos ficaram acesas toda a madrugada e os passeios pela marquise foram uma constante até perto do sol raiar.

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OoOoOoOoOo Uma semana depois oOoOoOoOoO

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As várias carruagens levavam os alunos e alunas dos internatos de volta aos seus lares, muito embora alguns tenham decidido parar pelo caminho e seguirem depois. Esse foi o caso das quatro amigas, que por sorte, moravam relativamente perto umas das outras. Naquele momento, elas estavam no segundo andar de uma confeitaria, começando a saborear o doce gosto do fim das aulas.

- Descanso enfim! – Sakura se espreguiça na cadeira.

- Coisa boa. – Tenten bebia um copo de suco.

- Liberdade! – Ino leva os braços ao ar, causando risadas nas amigas, exceto a de Hinata.

A jovem Hyuuga estava silenciosa e parecia triste.

- O que houve, Hinata-chan? – a morena põe sua mão esquerda sobre a da menina dos olhos perolados. – Você está tão cabisbaixa.

- Está assim desde que saímos do colégio. – Sakura toma um gole de chocolate quente.

- Algum problema? – Ino pergunta enquanto pega um escolhe um bombom da caixa.

- A reunião do Clã Hyuuga é amanhã. – as amigas se arrependem de terem feito as perguntas. – Acho que vão decidir lá... – Hinata empalidece começa a tremer levemente.

- Decidir? – Sakura pergunta baixo a Tenten.

- Sobre o casamento, Testuda! – Ino responde entre dentes e se volta pra Hinata. – Já existe algum pretendente de uma família que tenha agradado seu pai?

Hinata pensa um pouco e morde o lábio inferior.

- Sim.

- É tão ruim assim? – a garota de cabelos rosados pergunta e ao ver a sobrancelha erguida de Hinata, continua. – Pra você estar com tanto medo?

- Não mas... – a Hyuuga vai se afundando na cadeira. – E se ele não quiser? – essa frase foi feita mais para a própria Hinata do que para as outras

A amiga acha estranha essa divagação e começam a pensar sobre a mesma. O tom que a jovem de olhos perolados usou não expressava medo, mas sim, ansiedade, como se ela desejasse aquilo, mas estivesse muito preocupada com a reação do possível candidato. E se somarmos a isso, o brilho que apareceu nos olhos de Hinata, o pretendente só poderia ser um.

- Sakura-chaaaannnnn! – uma voz masculina e jovial atinge os ouvidos das meninas que vêem um rapaz loiro, de olhos azuis e expressão brincalhona, subindo as escadas da confeitaria. Este era Naruto Uzumaki, neto dos governantes de Konoha e um dos indivíduos mais barulhentos que se podia conhecer. Além de ser o pretendente de Hinata.

- Naruto, pára de gritar! – fala um outro garoto de olhos e cabelos negros somados à um ar de indiferença latente, que subia as escadas lentamente. Sasuke Uchiha, um dos solteiros mais cobiçados do país e o amor de infância de Ino e paixão eterna de Sakura.

Os dois rapazes se aproximam da mesa.

- Viemos deixar isso pra vocês. – Sasuke deixa um saco de papel em cima da mesa e vai saindo.

- Até! – Naruto fala com o mesmo tom de antes e segue o Uchiha.

Tenten se ocupa em abrir o saco, lá dentro estavam quatro sacos menores de veludo, contendo dados pretos e vermelhos, sendo que um dos sacos estava vazio. Os passaportes pro Arlequim e os saquinhos para as doações.

- Falta um dado. – comenta Sakura.

- É mesmo. – fala Hinata que se recuperara do choque de ter tido Naruto tão próximo de si.

- Não falta, não. Eu já tenho. – Ino explica e tira um dado igual ao das amigas de dentro de sua bolsa. – O Shikamaru me deu quando fui ao internato masculino.

A conversa das amigas durou até metade da tarde, mas logo elas teriam que se separar, indo cada uma para a sua respectiva casa.

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A tarde já ia sumindo quando Ino se aproximava de casa, a carruagem balançara pouco e a jovem aproveitou isso para cochilar. Não demorou muito para que os empregados viessem recolher os seus pertences e sua mãe vir recepcioná-la com um caloroso abraço.

- Minha filha, que saudade! – a senhora Yamanaka trajava um vestido creme e de mangas longas. – Você deve estar exausta.

- Nem tanto, eu cochilei no caminho. – as duas iam entrando e a mãe de Ino foi logo guiando a filha para o quarto da mesma.

- Espere aqui. Pedirei para uma empregada preparar o seu banho. – a mãe sai apressada do quarto e Ino estranha àquela atitude, era como se a mulher desejasse que a filha não visse algo que estava fora do quarto, visto a violência com a qual a porta da mesma foi fechada.

Uma empregada vem e auxilia a jovem Yamanaka em seu banho e depois dele, trazendo para ela a bandeja com o jantar. Outra coisa estranha, pois a família sempre jantava junta. Quando Ino termina a refeição, ela decide ir até a sala de música, apenas para se distrair um pouco.

Descendo as escadas, ela pega de relance a imagem de três pessoas dentro do escritório; uma delas era o seu pai, sentado em uma poltrona e visivelmente apreensivo já os outros não se podia dizer como era. A loira esperou e logo teve que subir as escadas rapidamente, pois os homens saiam do escritório, e se escondeu atrás de uma pilastra próxima e ajoelhou-se, tentando ficar incógnita.

- Acho que é tempo suficiente, senhor Yamanaka. – fala um dos estranhos. Era alto, com pele escura e cabelos pretos, sua roupa era da cor dos cabelos e nas mãos trazia uma pasta. Sua voz era baixa e ameaçadora.

- É uma escolha muito complicada que...-

- O senhor poderia ter previsto a bastante tempo. – o outro homem vestia um longo casaco marrom e também trazia um pasta. Seus cabelos eram espetados e alaranjados, sua voz era inexpressiva. – O senhor tem duas semanas para nos dar a resposta, antes que algo mais atraia as atenções do meu cliente.

Inoshi Yamanaka se mostra resignado e vai acompanhando os homens até a porta.

- Tenha uma boa noite. – dizem os desconhecidos que logo somem porta afora.

O pai de Ino se apóia na porta e logo ganha a companhia da esposa, eles dizem algo um pro outro que a filha não consegue ouvir. Inoshi anda a passos pesados de volta ao escritório e bate a porta, a esposa fica parada na entrada, com um dos braços cruzado e o outro apoiando sua cabeça que estava para baixo. Algo não estava nem um pouco bem, e Ino descobriria o que era mas não naquele momento.

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Hoje.
Hoje é meu dia de gente
Hoje é proibido dormir

Hoje.
Hoje é meu dia de gente
Até o amanhecer
Quero estar com você

( Kid Abelha – Eu Contra a Noite)

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A noite de sábado chegara quente e Ino se arrumava em seu quarto, a festa do Arlequim seria naquela noite e ela não perderia isso por nada. Seus pais haviam ido para a festa de um amigo e não voltariam cedo, isso era certo, o que daria tempo para a jovem aproveitar bastante a festa.

Estava usando um vestido azul escuro que possuía um certo decote, seus cabelos estavam presos numa trança e tudo que a adornava era um cordão com um triângulo invertido, inserido num círculo. Ela não se lembrava onde arranjara tal acessório, mas não se importava nem um pouco.

Ela abriu a porta da sacada de seu quarto e empoleirou-se no galho de uma árvore que ficava colada na sacada. Desceu com cuidado e foi andando até uma bicicleta que sempre a levava para as reuniões e festas do Arlequim.

Depois de uns 25 minutos, a jovem chegou numa região próxima de um rio e atravessou uma ponte de madeira que fora construída há pouco tempo. Mais algumas pedaladas a levaram a um enorme templo abandonado ao qual ninguém dava atenção.

Deixou sua bicicleta escondida embaixo das escadas e foi entrando no templo, vendo logo uma enorme estátua foi andando para o lado direito da mesma e tirou um tatame do chão, e foi descendo por uma escada, não sem antes devolver o tatame ao lugar.

Uns segundos de caminhada a levaram a uma pesada porta de madeira, batendo três vezes, ela ouviu uma voz do outro lado.

- Codinome?

- Zubeneschamali . – as mulheres do Arlequim usavam como codinome, uma estrela da constelação de seu signo.(N/A: Pra quem não sabe, a Ino é do signo de Libra e Zubeneschamali ou Beta Librae é a estrela mais brilhante dessa constelação).

- Nome?

- Ino Yamanaka.

- Senha?

- Alea jacta est. – isso era irritante, mas necessário.

- Passaporte. – uma portinhola se abriu e Ino entregou o dado e o saquinho preto.

A porta se abriu e ela finalmente pode entrar. O ambiente era enorme; com uma bancada grande para bebidas, mesas de biliar e de cartas, almofadas jogadas pelo chão, pinturas psicodélicas nas paredes, velas coloridas e perfumadas espalhadas sobre as mesinhas, no centro estava uma piscina rasa e redonda, com flores e velas boiando, uma banda tocava uma música animada e vários rostos.

- Demorou, hein? – Ino se vira e vê Shikamaru vestido com uma calça marrom e uma blusa verde, trazendo um copo de rum na mão. – Achei que não vinha mais, problemática?

- Demorei mas cheguei! – ela pega o copo de Shikamaru e bebe um gole. – Onde você está sentado?

- Vem. – ele puxa a loira pelas mãos e eles vão até uma outra porta, perto das bebidas.

Entrando por aquela porta, via-se um ambiente mais calmo, mas decorado de forma semelhante ao anterior. Numa mesinha do canto, estava um rapaz gordinho e de cabelos avermelhados, vestido com uma blusa bege e uma calça verde escura, esse era Chouji Akimichi. Ao lado deste, estava Sakura com um vestido verde e cinza e com ela estava Sasuke trajando uma calça preta e uma blusa azul escura.

- Chegou cedo pra amanhã, Porquinha! – Sakura belisca uns petiscos da mesa.

- Não começa, Testuda. – Ino se senta numa das almofadas e Shikamaru ao seu lado. – Boa noite, gente. – a loira cumprimenta os outros.

- Olá. – Chouji sorri gentilmente e bebe um copo de vinho

Sasuke apenas dá um aceno curto com a cabeça e uma nova roda de conversas e bebidas se inicia. O tempo vai passando, mas não sem ser visto através do relógio que ficava numa parede. Sem que eles percebam, uma nova pessoa surge na conversa.

- Cadê o resto da patota? – o quinteto toma um susto com a voz e vêem uma mulher de cabelos olhos e cabelos castanhos gargalhando com a reação deles.

- Rin-senpai, que susto! – Sakura reclama.

- Perdão, crianças. Só que eu estranhei não ver o resto do grupo aqui. - a mulher chamada Rin bebe de seu copo.

- Rin-chan, para de dar susto nas crianças. – um homem de cabelos espetados e olhos negros chega e abraça a mulher por trás. – Olá, pessoas.

- Obito-senpai. – os jovens cumprimentam.

- Que se passa aqui, hein? – um outro homem se aproxima, este com cabelos brancos e uma máscara cobrindo metade do rosto. – E aí, miniaturas? – ele se dirige aos adolescentes. – Casal 20, temos coisas pra resolver. – os adultos de despedem e saindo do ambiente.

Estes três eram os fundadores do Clube do Arlequim, há 15 anos: Kakashi Hatake, Rin e Obito Uchiha. Amigos de infância e os maiores desordeiros que Konoha já vira, pelo menos assim o foram durante a adolescência. Eles foram os criadores dos mais eficazes métodos de cola e caos que os alunos de Konoha usariam durante seu período escolar e universitário.

Kakashi era o filho de um grande general que cometeu suicídio e desde esse dia, o homem de cabelos espetados escondia o seu rosto. Conhecido por ser preguiçoso, despreocupado e pervertido, era o namorado-noivo-e afins de Anko Mitarashi.

Rin era a chefe dos médicos do maior hospital de Konoha e a esposa de Obito. Calma, inteligente e conciliadora, era a voz da razão no meio daqueles loucos.

Obito era um professor universitário e uma das “ovelhas negras” do Clã Uchiha, muito provavelmente por causa do seu desprezo às tradições da família. Era divertido, dinâmico e levemente avoado.

Esse trio estranho formou o Clube apenas como uma brincadeira de reunir amigos e sair pra se divertir, em segredo, pois muitos dos membros eram mulheres, e afiliações a esse tipo de coisa não eram bem vistas pela sociedade.

O que começara como um grupo de brincadeiras foi evoluindo até se tornar quase uma sociedade secreta de membros seletos, onde diversões, debates e trocas de informação e ajudas eram constantes. Os saquinhos pretos eram distribuídos aos membros para fazerem doações ao clube e esse dinheiro servia para a manutenção da sede, ajuda aos membros e custeio das festas.

O nome de Clube do Arlequim foi uma sugestão dada por Rin, já que ela via o personagem (1) como o mascote perfeito para um grupo de “subversivos” cujo maior desejo era a liberdade e a diversão. Com o crescimento, o Arlequim se tornou uma dor de cabeça constante para a conservadora sociedade de Konoha que o via como um caminho para a perdição dos jovens.

E nenhum membro se ocupava em desmentir isso. Principalmente, porque nenhum Pierrô (2) (os homens do Clube) ou Colombina (2) (as mulheres) se assumia como tal. Isso era o que mantinha a segurança do Clube e o deixava de cabelo em pé os que não eram membros. E falando em membros...

- Aproveitando, cadê o resto do pessoal? – Ino pergunta, ao perceber a demora dos amigos.

- Naruto, Hinata e Tenten estão na reunião do Clã Hyuuga. – Sasuke começa. - Kiba está doente e Sai viajou.

- Quando será que vão anunciar a data do casamento? – Chouji comenta.

- Logo, imagino que o pai da Hinata esteja louco pra filha sair de casa... – Sakura mexe nos cabelos. – E o pai do Neji já deixou ele demorar demais pra marcar uma data.

- Coitados... – é tudo que Shikamaru diz antes de se largar nas almofadas. – Tão jovens e tão ferrados.

- Logo será a sua vez, tenha certeza. – a ironia no comentário de Sasuke faz todos rirem.

- Vamos dançar, gente? – Ino sugere e os outros vão com ela para o outro cômodo.

A diversão dura até as 02:00 quando o quinteto vai seguindo seu caminho. Sasuke segue sozinho, Chouji acompanha Sakura e Shikamaru vai com Ino.

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Shikamaru vinha pedalando e Ino vinha sentada á sua frente e quase dormindo, apoiando a cabeça loira no seu braço direito e o Nara não estava nem um pouco incomodado com isso. O percurso transcorreu com calma e rapidamente estavam na Mansão Yamanaka.

- Acorda, Ino. – Shikamaru balança um pouco o braço direito. – Chegamos.

A loira da um longo bocejo e o amigo não consegue segurar um sorriso.

- Obrigada por me trazer, Shika. – ela sai da bicicleta e se espreguiça.

- De nada, problemática. – ele também sai da bicicleta e a entrega pra Ino. – Vou seguir a pé.

- Pode usá-la, se quiser. – a Yamanaka aponta para a bicicleta. – Eu não vou dormir tranqüila se você for a pé.

Shikamaru não percebe quando sua mão direita tira uma mecha que caia sobre a testa da jovem, e esta se deixa tocar por ele.

- Vai dormir sim. – ele tira suas mão dos fios loiros. – Além disso, nós dois bebemos e não vai ter chance de... –

Ele é calado pelos lábios quentes da loira, colidindo com os seus num beijo tímido. Ele quase cai, mas se rende e enlaça a cintura fina da amiga, que logo leva seus braços ao pescoço do Nara. O beijo evolui de tímido e gentil para quente e provocante. Os dois se separam pela falta de ar e Ino se aproxima da orelha de Shikamaru.

- Boa noite. – ela diz e se embrenha no jardim, deixando um confuso rapaz plantado no mesmo lugar.

Quando sua mente volta pro lugar, ele se lembra das palavras de Sasuke

- "Logo será a sua vez, tenha certeza."

Talvez a idéia não seja de todo ruim.

- Tomara mesmo. – é tudo que o rapaz pensa antes de seguir o seu caminho.

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Continua


(1)Personagem da Commedia Dell’Arte italiana. Um bufão vestido com roupas multicoloridas,em geral em forma de losango,cuja função era divertir o público. Era um sujeito desejoso, engraçado e ardiloso; uma criatura do desejo e da luxúria.

(2)Personagem da Commedia Dell’Arte, apaixonado pela Colombina, mas não é correspondido. Representa a idealização do amor, e é um sonhador e ingênuo, tradicionalmente retratado com uma lágrima escorrendo pelo rosto e vestindo blusa e calças bufantes brancas. Quando Arlequim faz seus truques, apenas o Pierrô é capturado e punido.

(3)Personagem da Commedia Dell'Arte. Em geral, aparece como uma serva ou empregada de alguma dama e é caracterizada como uma moça linda e inteligente, de humor rápido e irônico, sempre envolvida em intrigas e fofocas, apaixonada por Arlequim, amada em segredo pelo romântico Pierrô.


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