Pov’s Clove

O caminho em direção ao local da festa foi tudo em silêncio com Cato dirigindo eu sentada ao seu lado, e Avril Katniss e Peeta no banco de trás observando as coisas pela janela do carro.

Assim que chegamos Katniss e Peeta logo se afastaram, Avril disse que viu uma amiga dela e também se afastou deixando somente eu Cato sozinhos.

–Clove, a gente pode conversar um pouco? -perguntou Cato segurando minha mão, eu assenti e ele me guiou até uma mesa onde nos sentamos -Clove, eu queria saber... De quem o Luke é filho?

–Eu já disse Cato, é de um cara que eu conheci e fiquei a 4 anos atrás, depois a gente perdeu o contato. -digo desviando o olhar de Cato para qualquer outro canto do grande salão de festas.

–Mas eu quero saber o nome. -Cato insistiu enquanto segurava o meu rosto entre as duas mãos me forçando a encará-lo, meus olhos se encheram de lágrimas, eu não podia contar, estava tudo tão bem até Cato aparecer - É o Noah, não é?

–Cato... Eu... -gaguejei sentindo um nó se formar em minha garganta, não conseguia mais falar nada nem olhar para o rosto do meu amado.

–Não precisa dizer mais nada, eu já sei de tudo. -disse Hancks se erguendo da cadeira e balançando a cabeça - Espero que você encontre o Noah logo, aí vocês vão poder ficar em família de novo. -Cato se afastou lentamente de onde eu estava.

Eu vi aquele corpo musculoso se afastar novamente, e como da ultima vez em Las Vegas eu não fiz nada, apenas deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto impossibilitando minha visão das coisas a minha volta.

Levantei-me da cadeira e fui a procura de um banheiro a fim de ver como estava meu rosto, no meio do caminho esbarrei em uma pessoa. -Desculpe... -digo baixinho enxugando as lágrimas que insistiam em cair.

–Tudo bem. -o rapaz disse segurando minha mão, olhei para ele e vi a unica pessoa que desejava não ver agora -Olá Clove. -os olhos de Noah brilharam com o desejo bem no fundo deles. -Você está maravilhosa esta noite, se arrumou somente para mim?

Fiquei paralisada sobre sua inspeção perigosa - Me deixe em paz Noah. -digo tentando me soltar de seu aperto em meu braço, uma tentativa em vão.

-Onde está o nosso filhinho Clove? –perguntou Noah em tom ameaçador e só então percebi que ele não me queria, ele queria Luke.

-Por que você o quer? –questiono perdendo o medo que sentia dele - Ele nem é seu filho. –digo nervosa.

-Por isso mesmo, quero fazer o Cato sofrer com a perda do filhinho querido e da amante vadia. –Noah me puxou para fora do salão e eu gritava pedindo ajuda.

Enquanto o moreno me arrastava pelo salão eu puxava a blusa ou o vestido de quem encontrasse no caminho e em uma dessas puxadas acabei arrancando a gravata de alguém.

Noah me levou até a entrada do lugar e me soltou, a única coisa que pensei em fazer foi sair correndo, mas Noah fora mais rápido e puxou meu braço de volta. Dei-lhe um tapa no rosto deixando a marca dos meus cinco dedos em sua bochecha.

-Vaca. –ele disse passando a mão pela bochecha vermelha e me empurrando contra um carro preto que estava ali deduzi que aquele carro era dele. –Agora você vai pagar.

-Não... –sussurrei e apertei a gravata que ainda segurava nas mãos - Socorro! Socorro! –gritei o mais alto que conseguia e pude ver alguém saindo do salão - Socorro! –gritei mais uma vez e a pessoa me olhou assustada. –Cato! Cato!

-Clove. –a pessoa que havia saído do salão era Cato a pessoa que iria me salvar. O loiro começou a se aproximar de nós, mas isso nem intimidou Noah que me balançou para frente e para trás batendo minhas costas com força no carro. –Solta ela. –gritou Cato puxando Noah de cima de mim.

Antes de Noah sair de mim ele me lançou no chão e eu bati a cabeça com força no asfalto duro da rua. Tentei me erguer do chão, mas eu não tinha mais força. Olhei para frente e vi Cato socar a cara de Noah diversas vezes até ele ficar com o rosto bem deformado e a namorada dele, Abbie, aparecer e pedir para que Hancks pare.

Senti cheiro de sangue próximo a mim e vi que havia se formado uma poça próxima ao meu crânio, Cato se aproximou de mim com os olhos azuis marejados. –Clove... –ele pegou meu rosto com delicadeza, eu já não sentia mais nada.

-Cato... –sussurro, meus sentidos falhando... Não! Não posso morrer agora, eu tenho um filho para cuidar. Não! Ajude-me, socorro! –Hospital... –tentei dizer algo, mas as palavras saíam cortadas.

-Claro baixinha. –ele pegou o celular do bolso e discou algo, eu não entendi o que ele dizia, mas pude ver que ele chamara uma ambulância. Tarde demais, ela não vai chegar a tempo. –Clove, eles já estão vindo... Fica por favor. Eu amo você. O Luke ama você. Fica por ele. Fica por mim.

Hancks juntou seus lábios nos meus e senti uma chama se acender em mim, o amor que eu sentia por Cato se reacendeu, eu me sentia viva apesar do meu sangue escorrer para fora do meu corpo.

Porque quando beijo você os meus sentidos ganham vida

Quase como peças do quebra-cabeça que eu estive tentando encontrar

Cai direto no lugar

E é você quem pega

Minhas dúvidas desaparecem

Quando eu beijo você

Quando eu beijo você

Tudo começa a fazer sentido

E todas as perguntas que tenho em minha cabeça

Como "Você é o certo?"

Devo realmente confiar?

Se esclarecem quando eu beijo você

Quando ele se afastou eu pude sorrir - Amo você... –sussurro e ouço o barulho das sirenes se aproximando. –Diga ao Luke... Que eu amo ele... –Cato assente e se afasta para que os paramédicos pudessem me colocar na maca.

A única coisa que consigo sentir é ser erguida do chão e ser colocada em algo macio, mas depois disso eu desmaio, ou morro.

Pov’s Cato

-Eu preciso ir com ela. –disse Katniss aos paramédicos enquanto colocavam Clove com cuidado dentro da ambulância.

Vejo o braço de Clove tombar para o lado e não sei o que isso significa, mas parece que não existe mais Clove Everdeen nesse mundo, somente um corpo vazio.

Recomeço a chorar, minha vida nunca fez tanto sentido até que eu encontrei a Clove na despedida de solteira dela. Depois nós tivemos de nos separar e agora que nos reencontramos ela tem de partir.

Eu nunca senti nada assim

Você está fazendo eu me abrir

Não há sentido em sequer tentar combater isso

Sinto que isso é amor.

Depois que a ambulância saiu cantando pneu até o hospital levando junto Peeta e Katniss eu peguei meu carro e voltei para a casa de Clove junto de Avril.

-Oi filho, como foi a festa? –perguntou minha mãe assim que eu entrei na casa, ignorei sua pergunta e fui até a sala, lá encontrei Luke assistindo Tv e Mellod deitada no sofá dormindo.

-Luke... –peguei o garotinho no colo e o abracei, percebi que atrás de mim Avril contava tudo para Calissa que apenas ouvia e soluçava baixinho.

-Cada a mamãe? –perguntou Luke, sua voz parecia estar carregada de preocupação e seus olhos azuis quase brancos marejaram por simples segundos.

-Ela disse que ama você. E que em breve vocês vão se ver de novo. –digo baixinho e Luke assente, olho para ele direito e recomeço a chorar. Luke é igual a mãe, pele clara, cabelos negros... –Vai ficar tudo bem Luke. – abraço-o novamente e ele retribui.

-Que tal hoje a gente dormir aqui? –perguntou Calissa e eu assenti.

Fiquei assistindo Tv com Luke até ele pegar no sono. Coloquei Luke em meus braços e o levei até o seu quarto, assim que entrei no mesmo eu vi que ele fora totalmente decorado pela Clove, ela adora essas coisas diferentes.

Coloquei Luke na cama e saí do quarto sem fazer barulho, andei em passos calmos até o quarto de Everdeen. Me arrependi bem na hora em que fiz isso, assim que eu entrei eu vi fotos espalhadas pelo lugar:

Fotos dela com o Luke desde que pequenino. Fotos dela com a irmã. Fotos dela com a família. Fotos dela sozinha. E fotos dela comigo.

Sentei-me na cama da morena e agarrei o travesseiro aspirando o doce cheiro de rosas que ela sempre teve. As lágrimas insistiam em rolar pelo meu rosto, eu sabia que Clove não iria sobreviver depois de bater a cabeça no chão e perder tanto sangue, então eu precisava guardar lembranças vivas dela em minha mente.

Deitei-me na cama e adormeci abraçado ao travesseiro imaginando ser Clove ali.