Chego no hospital o mais rápido que posso e encontro Uriah de mãos dadas com uma Marlene na cadeira de rodas sendo empurrada por Zeke, a família e os outros amigos de Marlene também estão aqui. Olho para Marlene, mesmo sendo expulsa ainda está com um olhar confiante, mas Uriah está acabado.

-Oi, Tris! - Marlene fala abrindo os braços e eu corro até ela e a abraço.

-Você não pode, você... - começo a falar, mas não sei o que dizer.

-Está tudo bem, graças ao pessoal da Abnegação os - Marlene exita um pouco - sem-facção não vivem tão mal assim.

-Você tem razão - falo enxugando uma lágrima e agradecendo mentalmente meu pai e minha mãe.

Depois disso Lilly, Christina e Will chegam, eu fico um pouco sem saber o que fazer, então decido ir ficar ao lado de Zeke. Christina e Lilly abraçam Marlene e Will fala palavras reconfortantes, Marlene esboça um sorriso, não aquele sorriso de quando estamos feliz, estava mais para um sorriso de "obrigada".

-Então ta, né? Vamos? - Marlene parece querer acabar com isso de uma vez, Uriah se desespera.

-Não, só espere eu me despedir da minha mãe e do meu pai e eu vou com você - Uriah não parece o Uriah confiante de sempre.

-Não, Uri - Marlene acaricia sua mão - eu nunca me perdoaria por isso, você tem um futuro brilhante aqui.

-Mas eu não que... - Uriah começa.

-Uriah, por favor - diz Zeke.

-Mas... - Uriah é muito insistente e está decidido.

-Não! - Marlene grita - se você sair da Audácia hoje ou em qualquer outro dia eu nunca vou te perdoar! Não torne as coisas mais difíceis do que realmente são - seus olhos se enchem de lágrimas, mas Marlene as segura.

-Vamos Uri - falo colocando uma das mãos em seu ombro - você é forte  vai conseguir.

Depois disso Zeke começa a empurrar a cadeira de rodas e nós entramos pelos corredores da Audácia, estamos andando devagar e de repente alguém encosta em mim, fico esperançosa talvez Tobias tenha me perdoado.

-Oi - diz Peter, o que me desanima - você está bem?

-Ah, oi - eu digo - como eu estaria bem? O cara que eu amo só fala o necessário comigo, uma das minhas amigas está sendo expulsa, Christina nem olha para a minha cara... e tudo isso é culpa minha - termino de falar e percebo que acabei de me abrir com Peter, o que é mais estranho do que quando eu namorava Tobias.

-Olha, Tris - Peter fala - o Quatro é um idiota e não merece o seu amor - "Quem não merece o amor dele sou eu" foi o que me deu vontade de falar, mas eu me segurei e deixei Peter continuar - a culpa não é sua se a Marlene torceu o pé e não conseguiu pular e você e Christina já já vão se entender.

-Obrigada - falo e continuamos a andar em silêncio, até que chegamos perto dos trilhos, onde devemos deixar Marlene para que ela vá sozinha com sua cadeira de rodas até onde ficam os sem-facção.

-Adeus pessoal - Marlene fala e começa a ir embora, eu achava que ela ia se despedir melhor.

-Não! - Uriah corre - eu vou te levar até lá.

-Você não pode e eu não quero - Marlene exita como se estivesse pensando em falar ou não - Uri, você é o melhor garoto que eu já conheci, eu... te amo.

Depois disso Uriah se abaixa e a beija, eu começo a chorar, mas Peter segura meus ombros tentando me reconfortar, eu acho isso estranho, mas não recuso.

-E se você também me ama - Marlene continua - me deixe ir.

Depois disso Uriah a solta e ela segue sozinha, eu vejo a família de Marlene e alguns amigos chorando, mas eu controlo o meu choro e me solto de Peter, vou até Uriah.

-Vamos - digo a ele - o Eric vai dar aquele discurso idiota e nós temos que estar lá para dizer o quanto a Marlene é incrível.

*****

Chego no refeitório e vemos algumas pessoas já no refeitório com bebidas nas mãos, olho ao redor e vejo Tobias, percebo que ele não está bebendo, o que é bom e está evitando as garotas também, depois disso percebo que estou com um sorriso de alívio, eu paro de andar e só olho para ele, como se mais nada existisse e percebo que ele começou a me olhar também.

-Tudo bem, Tris? - Peter me corta e eu olho para ele.

-Ah, sim... - olho para Tobias novamente e percebo que ele parou de me olhar - só estava pensando... vamos!

Nos sentamos nas nossas mesas e Eric dá o seu discurso idiota, quando ele acaba percebo que estou mais deprimida que o normal e vejo uma garrafa de bebida alcoólica em cima da mesa, penso um pouco e então a pego e viro boa parte dela, eu quero esquecer tudo isso.

-Tem certeza, Tris? - Will fala para mim e percebo a cara amarrada de Christina.

-Não sou mais uma careta, está na hora deu me libertar de vez - falo mais lento que o normal, é a primeira vez que bebo uma bebida tão forte assim, meus pensamentos já não estão tão claros.

-Tudo bem, mas pega leve por favor, a primeira vez é sempre a pior - Will fala.

-Isso é exatamente o que eu não vou fazer, não aguento mais segurar esse peso - respondo e viro a garrafa.