Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 56
Pedido


Notas iniciais do capítulo

Agora, finalmente, a Hayley pode chamar o Jesse de "seu.".



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"Eu tô falando sério, tenho esse jeito todo errado, mas eu te amo."

— Já tá melhorzinha meu amor? – ele perguntou no meu ouvido apertando seu corpo atrás do meu já dentro da nossa barraca.

Entrelacei minha perna na sua querendo senti-lo cada vez mais.

— Já sim. Obrigada. – fechei os olhos rapidamente ao sentir ele beijar meu pescoço. — Conta uma história? Até eu dormir.

O Jesse acabou narrando pra mim uma história um tanto fofa de quando ele era bem pequeno. O Jesse tinha medo de chuvas. Até hoje ele admiti ainda ter. Mas não é uma chuva qualquer. Medo daqueles temporais que relampeiam, que tem trovões, raios assustadores e ventos uivantes. Sempre que começava a chover ele corria pra baixo das cobertas e imaginava que ali era uma caverna onde ele poderia se proteger de qualquer coisa. Tentei imaginar a cena, queria ter ficado perto dele todas as vezes em que ele sentiu medo e estava sozinho. Queria ter dito a ele que era só uma chuva e que logo passaria. Como todas as coisas passam, menos o amor que sinto por ele.

Acordamos muito cedo para voltar pra casa. Arrumamos nossas coisas, recolhemos o lixo e conferimos se não deixamos nada para trás antes de sair. A viajem pareceu muito mais rápida. A Natalie acabou pedindo para o meu irmão que deixasse ela e o Eric no centro que eles pegariam um taxi para voltar pra casa dos pais dele onde passariam o resto das férias. Ela prometeu voltar assim que possível, o que duvidei muito.

Antes de entrar em casa, quando já tínhamos chegado e meu irmão levou minhas coisas com ele e a Amy para dentro, virei-me de frente para o Jesse pronta para me despedir dele.

— Ei, espera. Queria saber se você não quer dar uma volta comigo mais tarde. Pode ser?

Não tinha como rejeitar. Eu disse que sim dando um beijo nele e antes mesmo de entrar dentro de casa aguardaria ansiosamente pelo nosso passeio. Tomei café fresco enquanto o meu irmão e a Amy contava a mamãe tudo que fizemos na represa antes dela sair para a Confeitaria.

Ao subir para o meu quarto morta de cansada, ouvi eles dizerem que compareceriam na Confeitaria aquela tarde para começar a trabalhar, dando mais tempo a tia Jenna de aproveitar suas "férias" em nossa casa.

Acabei adormecendo pelo resto do dia enquanto assistia um filme no meu quarto. Era tanto sono que nem consegui ver o final do filme. Acordei somente um pouco antes da hora marcada para o passeio com o Jesse com o celular despertando na cabeceira da cama. Tomei um banho morno e vesti algo confortável. Nem sabia dizer para onde ele me levaria, nem o que faríamos ou como seria. Ele não deu nenhuma dica e não disse nada.

Acho que era só um passeio simples.

Desci correndo quando ouvi minha tia gritando meu nome dizendo que meu namoradinho já estava esperando por mim lá fora. Dei um beijinho nele e trocamos sorrisos, logo depois, estávamos andando de mãos dadas e eu ainda não sabia para onde.

Conforme íamos nos aproximando comecei a sorrir ao perceber onde estávamos chegando. Ele estava me levando até a Praça do Anjo.

— Lembra quando viemos aqui pela primeira vez? – ele virou-se pra mim, olhando-me atentamente. Assenti. Claro que lembrava. — Eu disse que foi aqui, nessa praça, que meu tio pediu Kristin em casamento.

Algo começou a me deixar nervosa como se pudesse sentir borboletas no estomago. Talvez a forma como ele sorria, me olhava e falava de maneira tão serena. O Jesse me deixou muito estampada quando ajoelhou-se diante de mim segurando minha mão esquerda.

De dentro do bolso do jeans ele tirou algo que fez meu coração disparar em batidas desiguais. Então, ele me estendeu uma caixinha aveludada e de dentro tirou uma aliança prata de compromisso que brilhava a luz do dia como uma joia rara.

— Hayley, aceita ser minha namorada?

Subitamente comecei a chorar. Não de tristeza, mas sim de emoção. Não era um choro descontrolável, com soluços ou o nariz escorrendo. Era um choro mansinho, silencioso, tranquilo. Certamente eu estava vermelha como um pimentão. Comecei a achar que iria desmaiar. Mas o contrário disso, eu me ajoelhei diante dele e o abracei muito mais forte que todas as vezes em que nos abraçamos assim. E o beijei devagar com toda minha paixão explodindo dentro do peito.

— Eu detesto ter que olhar pra sua mão e todas as vezes ver essa aliança aí. – ele fez uma careta. O Jesse se referia a aliança que o Tyler me deu quando me pediu em namoro.

Provavelmente foi bem mais cara que a que ele me comprou hoje para me dar. Mas não importa. Agora nesse momento, diferente do dia em que o Tyler me pediu em namoro, eu tenho total certeza do que quero e não há medo dentro de mim. Apenas vontade. Afinal, tudo que mais quero nesses últimos dias é ser sua namorada. Mesmo que ainda não tenha certeza que fim levou o meu relacionamento com o Tyler que sumiu do mapa desde que foi expulso. Tentei falar com ele, mas desde então não tive nenhuma respostas. Eu não podia simplesmente esperar para conversarmos, se tudo que eu queria estava bem ali na minha frente.

— Mas então – deixei que ele tirasse a aliança do Tyler e jogasse longe. Ainda parecíamos dois malucos ajoelhados no meio na praça que quase nunca está movimentada. — você ainda não me deu sua resposta.

— Claro que eu aceito meu amor! – tive que abraça-lo de novo sentindo cada vez mais lágrimas escorrerem por meu rosto. Minha voz parece que ficou presa na garganta. — É um sonho!

Substituindo a aliança do Tyler, o Jesse colocou a nossa no mesmo dedo bem devagarzinho sem tirar os olhos do meu. Depois se levantou e me ajudou, e então finalmente, ele me segurou e me deu um beijão.

— Tenho um convite especial pra você essa noite. – primeiro ele beijou meu dedo já com a aliança, depois me deu um beijo fofo na testa todo carinhoso. — Quer jantar comigo? Vamos comemorar.

Em casa, já era noite, logo depois de ter voltado no meu passeio com o Jesse na praça e ter mostrado a todos em casa a minha nova aliança que brilhavam mais que as estrelas mesmo a pouco luz. De frente para o espelho, fiquei confusa ao quanto ao que vestir aquela noite para o jantar.

— Eu não tenho nenhum vestido! – protestei, me achando estupidamente ridícula no meu próprio reflexo com o vestido branco que minha mãe me deu no final do ano passado. — Droga!

— Ei, calma. – a Amy reapareceu segurando algumas peças de roupas. — Não se preocupe tanto. O Jesse ama você, só de olhar pra ele dá pra perceber. Porque logo ele se importaria com a roupa que você vai vestir essa noite?

— Mas Amy – me virei de frente pra ela toda chorosa. — é um jantar especial. Vamos comemorar o primeiro dia de namoro.

Só de pensar que em todos os dias 29 de cada mês comemoraríamos mais um mês de namoro meu coração batia mais rápido.

— Tá. Eu sei. – ela revirou os olhos, depois riu. — Veja esse três vestidos que eu trouxe. São meus, mas se você quiser eu te empresto.

Nem precisei olhar para os outros dois, me apaixonei à primeira vista pelo azul clarinho rendado azul cor do céu. O vestido iria realçar a cor azul mais forte do meu cabelo. O sapato fechado preto não muito alto também peguei emprestado da Amy. Afinal, eu não tinha nada dessas coisas. Mas jurei a mim mesma que a partir de então começaria a adquirir esse tipo de coisa mais feminina. Já estava na hora de eu me valorizar como mulher, porque eu queria muito surpreender o Jesse. Mas que isso não significa que eu serei como todas elas. Ser diferente faz parte do meu eu, o que fez com que o Jesse se apaixonasse por mim.

Pra finalizar minha produção passei uma sombra em tons neutros, delineador, rímel e um batom rosa clarinho com gloss. Espirei perfume no meu pescoço, pulsos e próximo a orelha e passei creme pelas pernas e braços. Quando terminei, me olhei no espelho e gostei muito do que vi.

Confesso que nunca tinha me imaginado me vestindo pra me sentir bonita e pra chamar a atenção de um garoto. Não um garoto qualquer. O meu Jesse que merece o melhor de mim. Engraçado como algumas coisas podem mudar com o simples toque do amor.

— Hayley, seu namoradinho chegou. – outra vez tia Jenna gritou após a campainha ter tocado. Não me estressei com isso.

A Amy me deu um rápido abraço e me desejou sorte. Desci com cuidados as escadas por causa do sapato e me despedi de todos na sala de estar vendo a tevê que ficaram impressionados com a minha arrumação.

Lá estava o Jesse todo sorridente parada na porta da minha casa, parecia um sonho. Ele estava segurando um buquê de flores que me entregou.

— Trouxe flores pra você. – ele me disse após um rápido beijo. — Essas são as nossas flores. Astromélias brancas.

Fomos andando até o centro, o lugar onde ele queria me levar para jantar. Não importava se o Jesse tinha carro ou não.

Como eu não disse nada até então, ele resolveu dizer.

— Eu não quero roubar o lugar do Brandon. – ele começou a se justificar. — Eu nem cheguei a conhece-lo, mas já gosto muito dele por ele ter feito por muito tempo você se sentir especial. Porque você é. E o amor que vocês tinham um pelo outro, ou ainda têm, sempre será de vocês. O sentimento mais puro e durável que eu já conheci. E a flor de vocês era o girassol. Mas quando eu passei essa tarde na floricultura, eu quis muito que tivéssemos algo só nosso. Mesmo sabendo que muitos casais por aí tiveram o mesmo pensamento que eu... Eu quis algo que representasse o nosso amor, que quando víssemos lembrássemos um do outro ou que pudéssemos sair dizendo por aí que as Astromélias são flores que nós dois mais gostamos. Já que agora somos um só.

Acho que ele estava se sentindo culpado por eu ter pensado na hipótese dele estar sendo grosseiro em querer tomar o lugar do Brandon, ou do Tyler ou de qualquer outro. Nem por um momento eu pensei nisso, sei que ele jamais agiria dessa maneira. Não seria o Jesse. Mas acima de tudo, nem tem porque ele querer tomar o lugar de ninguém, ele já tem, sempre teve, um lugar exclusivo no meu coração. Um lugar só dele onde ninguém mais vai entrar e tira-lo de mim.

— Jesse, tudo bem. – passei meu braço pela cintura dele. — Eu amei as flores meu amor. São lindas!

As surpresas para aquela noite estavam sendo muitas. Além do pedido de namoro, as nossas flores, agora ele estava me conduzindo até o restaurante no centro, o mesmo que nas férias de inferno ele me trouxe para jantar com ele e eu me senti ridiculamente feia por não estar vestida adequadamente para a ocasião. Diferente daquela noite, hoje eu estava e acima de tudo me sentia especial.

Entramos no estabelecimento, por coincidência ou não sentamos na mesma mesa discreta e afastada da última vez. O lugar não mudou em nada. Ainda era romântico, casual e discreto. Música clássica tocava ao fundo onde um senhor elegante estava atrás do piano. Pedimos novamente comida italiana e aguardamos o pedido de mãos dadas.

— Você está incrível essa noite. – disse ele com um meio sorriso, largando minha mão sobre a mesa para tocar meu cabelo.

Agradeci timidamente abaixando o olhar.

— Jess, nem acredito que esse dia esteja mesmo acontecendo finalmente, nós namorando, essa noite, nesse lugar, a música. – fixei meus olhos nele. — A nossa flor.

O buquê estava sobre a mesa, intacto.

— Pode ficar melhor. – ele me assustou,ao levantar. — Observe.

Fiquei desesperada ao vê-lo se afastar. O que ele faria? Ele estava delirando! Acompanhei com meus olhos o Jesse se aproximando do senhor atrás do piano, disse algo em seu ouvido e elegantemente o homem levantou-se dando espaço a ele. Todos pararam pra olhar, acho que não levaram a sério o que ele estava prestes a fazer. Sentir as bochechas arderem quando o Jesse olhou pra mim antes de começar a tocar.

Acho que estava me apaixonando cada vez mais por ele – se isso é mesmo possível. O Jesse parecia mais que um anjo, algo surreal, quase como se fosse de mentira. Aquela noite ele está usando uma camisa preta de manga 3/4 que acentua sua pele clara e os cabelos dourados, um jeans liso e escuro e sapatênis.

Comecei a identificar pouco a pouco o que ele estava tocando ao piano. A melodia era irreconhecível. Mesmo sem cantar, não demorei muito para reconhecer a primeira música que ele compôs. E em seguida, sem pausa, ele tocou a segunda. As nossas músicas. Quase chorei de emoção outra vez, ali diante de todas aquelas pessoas elegantes que me olhavam cheias de ternura por eu ser tão sortuda em ter o Jesse como namorado.

— Você quer me matar do coração? – brinquei com ele assim que voltou a mesa e se sentou de frente pra mim.

— Não era essa minha intensão. – ele sorriu de lado, e mesmo com todos ainda olhando para nós, ou só para ele, ele me beijou.

O garçom chegou com a comida segundos depois.

— Parabéns jovem! – o homem disse. — Você é bastante talentoso. Tem um futuro brilhante pela frente!

Era difícil não notar o quanto ele é talentoso para a música. O Jesse nasceu pra isso.

— Bem lembrado! – estávamos comendo calados até então. Passei o guardanapo cuidadosamente na boca e olhei pra ele. — Amanhã cedinho eu vou pra casa do Jonathan, da banda, sabe? Eu marquei com os meninos. Vou ficar por lá por dois dias. Tudo bem pra você?

Não. Mas era compreensível. O que eu poderia fazer?

— Eu vou morrer de saudades! – fiz um biquinho de garota mimada e egoísta. O Jesse soltou um risinho lindo e me deu um beijo pra compensar.

— Também vou sentir muita saudade sua! – ele observou. — Mas enquanto estiver por lá nesses dois dias, vou pensar a todo instante em você e mesmo de longe, farei umas surpresinhas pra você.

Fiquei imaginando que tipo de surpresinhas. O Jesse seria do tipo de namorado que me surpreenderia dia após dia. Me perguntei mentalmente se eu era a pessoa certa para ele.

Aproveitamos ao máximo aquela noite. Como ele mesmo havia me apelidado de princesa, eu me senta exatamente como uma. Já era tarde quando o Jesse me levou de volta pra casa. Eu queria muito dormir com ele essa noite, já pensando que ficaria dois dias sem vê-lo. Mas achei que seria abusar muito da sorte.

Enquanto voltávamos para casa ele me encobriu com seus braços para impedir que a brisa da noite me deixasse com frio. Passamos por muitas calçadas no centro, algumas vazias, outras já bem movimentadas. Passamos também pelos lugares que eu costumava frequentava no passado, com muita bebida, cigarro, colegas e dança. Na boate e no Pub. Vi alguns conhecidos, mas mal falei com eles. Apenas acenei por educação, e eles estranharam o fato de eu não ter parado pra dar uma passadinha por ali ou por eu estar tão bem acompanhada.

A verdade é que não sinto mais vontade de frequentar esse tipo de lugar, ou estar entre essas pessoas, fazendo determinados tipos de coisas que costumavam me divertir muito. Eu mudei. Não sou mais aquela Hayley que só quer curtir a vida e não ter que dar satisfação a ninguém, agora eu tenho um namorado, o Jesse, e valorizo a minha família, que são maravilhoso comigo mesmo depois de todos os erros que cometi no passado. Não quero mais decepcionar as pessoas com a minha imaturidade.

— Pensamos que chegaria mais tarde. – mamãe comentou. Estava ela, meu pai e tia Jenna espalhados no sofá da sala ainda vendo tevê.

— Quando é que ele vem pedir oficialmente sua mão em namoro? – pai perguntou. A princípio pensei que era sério. Mas quando todos riram eu respirei profundamente aliviada por não ter que passar por aquilo.

Isso é muito careta. Mas fico feliz por a minha família gostar tanto do Jesse, desde o principio, desde quando eramos só amigos. Ele é o tipo de namorado educado, gentil, inteligente, com um futuro promissor que todo pai deseja para sua filha. Eu é que não estou dentro dos "padrões" certos para ser a melhor namorada do mundo. Como o próprio Alexander uma vez disse. E com isso fico me perguntando se sou merecedora de tanto amor, atenção, carinho, romantismos...

Não quero pensar nessas coisas. Não quero me aborrecer com esse tipo de pensamentos. Não quero estragar essa noite.

— Cadê a Amy e o Oliver? – quis saber após voltar da cozinha e ter bebido um copo com água.

— Seu irmão deve ter se sentido mal pela a Amy ter ficado tão animada com o seu encontro romântico com o Jesse. – mamãe explicou pacientemente. — Então, ele decidiu também leva-la pra sair.

Bem típico do novo Oliver.

Aproveitei que por alguns minutos o quarto era só meu e nada da Amy. Tirei aquela roupa, os sapatos e a maquiagem, vesti meu pijama e me joguei na cama deixando o rádio ligado bem baixinho na minha estação preferida de rock clássico romântico.

Antes de pegar no sono, peguei meu celular e digitei uma mensagem rapidinho para o Jesse ler antes de dormir.

Você me completa de uma forma que só eu entendo.

Três minutos depois ele também me mandou algo.

Você é a garota certa pra mim. Eu soube disso no mesmo instante em que te conheci. E por nada no mundo vou te deixar escapar. Jamais partirei seu coração, porque agora ele está comigo. Vou cuidar bem dele, eu te prometo. Serei justo todo o tempo, não vou te ferir e nem causar danos ao seu coração. Eu te amo, Hayley.

Suas mensagem, suas palavras, acabaram como qualquer duvida minha.

Deixei escapar uma lágrimas do meu olho. Como não se emocionar como esse amor? Por um momento senti que meu peito ia explodir, ou transbordar uma hora ou outra. Era demais pra mim. Ele acabou de dizer as sábias palavras que sua mãe disse antes de morrer.

Com suas palavras ecoando em minha mente, junto do seu belo sorriso, como se ele próprio tivesse me dito aquilo frente a frente, acabei adormecendo no mesmo instante.

Acordei no outro dia com uma dorzinha no coração só de imaginar que não iria ver o Jesse por dois dias. Eu até poderia estar exagerando, mas agora que ele é meu namorado, não queria ficar longe dele nenhum minuto a mais. Tomei café com o outros e fiquei pensando no que faria do dia.

Tentava assistir alguma coisa na tevê quando a campainha tocou, e lá fui eu ver quem era. O carteiro com uma entrega pra mim. Assinei e peguei a caixa. Sentei no sofá empolgada ao ver que era do Jesse, a primeira surpresinha pra mim como ele mesmo havia prometido. Um urso de pelúcia, especificamente uma ovelha. E um bilhetinho.

“Eu te amo, e sinto uma necessidade absurda de estar com você. Não por dependência ou carência. Mas sim, porque é bom estar com você, com o corpo junto, as bocas coladas, o coração batendo junto, ouvindo sua respiração. Eu me sinto como se estivesse em casa.”

Queria gritar por mundo inteiro que eu o amava mais do que achava ser possível.

Convenci a Amy de deixar meu irmão por algumas horinhas, afinal, não custava nada. Esperei a mamãe fechar a Confeitaria no finalzinho da tarde e chamei a tia Jenna para termos uma noite entre “meninas”. Fomos até o cinema, compramos tudo que tivemos direito, pipocas, doces e refrigerante. Dessa forma, me distraindo com as pessoas que eu amo o tempo passou bem mais depressa sem o Jesse.

Em casa, enquanto mamãe contava para o papai toda animada como havia sido a nossa noite no cinema – ela estava mesmo feliz agora que somos uma família de verdade – e antes de sair pra fora com o celular para ligar para o Jesse acabei ouvindo o papai falar o que ele o Oliver havia feito sozinhos enquanto estivemos fora de casa.

Eles pediram pizza, cerveja e assistiram ao futebol na tevê. Nem sei se dava pra imaginar uma cena dessas. É engraçado.

Suspirei ao ouvir a voz do meu namorado. Conversamos mais ou menos uma hora e meia. Ele contou como estava sendo os ensaios da banda na casa do tal Jonathan, falou de como os pais dele eram legais, da irmãzinha pequena toda bonitinha interessada pelas músicas, falou das brincadeiras entre os meninos, dos momentos de pausa, mas que ainda assim sentia muito a minha falta. Eu também disse o quanto sentia a dele, mas que acabei me distraindo com as meninas no cinema.

Quando o Jesse perguntou se eu sabia dizer como estava o seu tio, olhei para o outro lado da rua (para a casa de Alexander) e me surpreendi ao ver a minha tia saindo de lá toda sorridente acompanhada por Alec. Eu não imaginava algo assim, aquilo estava muito suspeito. Comentei o fato com o Jesse pelo telefone, não resistimos com a possibilidades daqueles dois estarem juntos sendo tão diferentes, e caímos na risada.

— Jess, vou desligar. Mamãe já está me gritando lá dentro. Mesmo depois de ter comido tudo que tinha direito no cinema ela ainda quer que a gente jante antes de dormir. – ouvi ele soltar um risinho. — Mal posso esperar pra te ver depois de manhã. Beijos! Amo você.

Entrei dentro de casa sorrindo. Imaginando o quão engraçada eu estou sendo toda carinhosa, romântica, com ar de sonhadora, cheias de suspiro pra cá e pra lá agora que eu e o Jesse estamos namorando. Quem me conheceu há um tempo atrás, jamais diria que essa sou eu. Mas se voltarmos um pouquinho no tempo, quando eu namorava com o Brandon, não sou muito diferente agora de quando éramos só eu e ele.

A questão é que eu estou apaixonada de verdade e me sinto como se estivesse no mundo da lua onde tudo é perfeito e magico.


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Notas finais do capítulo

Já estou pensando no final para a fic.



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