Safe And Sound escrita por GarotaDoValdez


Capítulo 4
Capítulo 4 - Primeiras Estratégias




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Shawny nos leva até um carro na porta do Prédio Central. Entro nele, seguida pela mulher e por Aiden e o veículo começa a andar.

Nossa representante começa a falar muitas coisas sobre o trem que iremos pegar, sobre nossas oportunidades de representar nosso distrito e sobre outras coisas que não prestei atenção.

Segurei tanto as lágrimas que perdi o controle no carro e deixei elas rolarem pelo meu rosto. Sei que vão ter câmeras por todos os lados perto do nosso trem, e que vão transmitir meu rosto inchado para Panem inteira, mas não ligo. Preciso colocar minha tristeza para fora. Preciso mostrar que eu sou fraca sim, e não importa o quanto eu tente, não vou conseguir ganhar os Jogos Vorazes.

Aiden não mostra um sinal sequer de descontrole. Ele permanece sério, sem expressão alguma, olhando intensamente para frente, mas acho que o menino também não presta atenção ao que Shawny diz. Afinal, quem prestaria, sabendo que há uma grande possibilidade de estar andando em um caminho que vai até a morte?

Sinto que o carro para. Saímos, e como presumi, há várias câmeras na estação. Não sei porque, mas abaixo o rosto. De repente não quero mais me mostrar fraca para os Carreiristas. Ao contrário de mim, o irmão de minha amiga empina o nariz e anda normalmente até o vagão que tem as portas abertas para nós entrarmos. Como ele consegue fingir tão bem? Sei que o garoto fez teatro na escola, mas ele não pode ser tão bem a ponto de convencer a Capital... ou pode? Será que ele finge ser o que é de verdade? Na minha frente ele nunca se passou como um covarde, mas e se essa fosse sua verdadeira identidade?

Tiro esses pensamentos da minha cabeça e me dirijo rapidamente a entrada do trem.

Bom, para um trem BEM GRANDE, se posso dizer assim.

O vagão em que entramos parece ser um restaurante. Várias mesas estão dispostas, todas cheias de comidas que com certeza nunca provei antes. Nosso distrito só entendia da energia, então nunca tivemos uma comida tecnicamente boa. Nos alimentávamos do que um ser humano precisava para trabalhar, e com certeza um ser humano não precisa de sete tipos diferentes de queijos para trabalhar.

No meio de todas as comidas uma grande mesa retangular toda vermelha tinha alguns pratos em cima dela. Acho que as refeições seriam ali.

No entanto, não percebi o pequeno espaço com quatro poltronas bem no canto do vagão-restaurante. Aiden está lá. Com o rosto enterrado nas mãos. Corro até lá, desviando das mesas e sento ao lado do menino.

– Aiden? - Chamo. O garoto tira as mãos do rosto do seu esconderijo e olha para mim, fazendo meus pensamentos se tornarem realidade. Ele está chorando.

- M-minha irmã falou para você sob-bre não formarmos um-ma aliança aliança lá? - ele diz soluçando. Afirmo com a cabeça. Começo a dizer alguma coisa, mas Terie Stone senta na nossa frente, sério.

- Meninos preciso falar com vocês antes de chegarmos na Capital. - o homem coloca as mãos nos ombros de Aiden - Garoto, pare de chorar. Esse é o primeiro passo. Vocês não podem demonstrar fraqueza para os carreiristas. 

- E se eu aparentar ou ser fraca mesmo sem chorar? - pergunto tremendo. Porque estou tremendo. Por que estou tremendo? 

- Claro que você não está falando de você, certo, Fay? - é a primeira vez que ouço o irmão de minha amiga me chamar pelo apelido - Você está falando de mim, não é?

- Ficou bobo de repente, Aiden? - digo, inconformada com o que acabei de ouvur - Você foi excelente lá fora! Não chorou nem um pouco! - não muito forte, aperto o seu braço com alguns músculos - E, de verdade, você acha que tem cara de fraco? Olha pra mim! Não aguentei segurar as lágrimas, sou pequena... Eu tenho 14 anos! E eu não só aparento ser fraca, como sou  fraca!

- Não é! - Aiden começa a levantar a voz.

- Acalmem-se! Os dois! - intervem Terie - Vocês não vão aparentar fracos, nem aparentam! E vocês são do Distrito 5! Não são fracos!

- Desculpa, Den. - resolvo usar o apelido de Aiden, não sei porque. Mas me sinto muito melhor com isso.

- Continuando - diz o mentor - O abraço lá no palco foi inesperado. Preciso que hajam como se vocês tivessem uma conexão.

- Não sei se consigo fingir ser namorado da amiga da minha irmã. - o garoto sentado do meu lado murmura baixinho.

- Não! - Terie arregala os olhos. - Não quero dizer como "namorados", quero dizer... Como se vocês fossem da mesma família. Como se vocês fossem primos.

- Primos!? - pergunto - Como vou conseguir me passar por prima de um garoto que não tem nada haver comigo?

- Como se fosse. - o homem de 22 anos me assegura - Não é isso que vocês tem que dizer para os patrocinadores. Agora...

O mentor começa a falar, mas Shawny aparece atrás dele, e vejo que ela mudou seu vestido amarelo usado na Colheita por uma blusa apertada roxa e uma calça branca. Ela dá dois tapinhas no ombro de Terie e depois sai andando.

- Vocês precisam se trocar nos seus quartos. - o homem diz, e em seguida se levanta, pega uma das guloseimas de uma certa mesa e sai do vagão.

Aiden se levanta e estende a mão.

- Você vem?

Pego na mão dele sem dizer nada e ele me guia até o vagão que tem meu quarto, meu banheiro, meus aposentos. O quarto do garoto é no próximo vagão. O hall do lugar é bem simples: um papel de parede vermelho com listras laranjas e amarelas, e alguns desenhos em azul, representando a energia da água que usamos. No fim do hall, há um elaborado espelho. Quando olho, não vejo Faith Meinerz. Vejo uma menina com o nariz vermelho e inchado, usando um vestido que de repente parece muito curto e um casaco que parece muito quente, ao lado de um menino grande e um pouco forte com cabelos louros e olhos castanhos que parecem reconfortantes. Não sou eu. Não pode ser.

- Muito bonito, o que você fez no cabelo. - sinto os dedos de Aiden tocando nos meus cabelos dourados e percebo que nem vi o que minha mãe fez neles.

Me viro de lado para o espelho e vejo uma trança muito bem feita, porém folgada o bastante para não causar dores. 

- Obrigada. - olha intensamente para os olhos castanhos do menino ao meu lado pelo espelho - Acho que não posso dizer o mesmo do seu cabelo, já que... - me viro, me levanto na ponta dos pés e passo a mão no pequeno topete do garoto - É. Você só passou gel.

Rimos um pouco. Isso é bom, saber que você ainda consegue rir mesmo que esteja indo para talvez o último lugar que você verá na vida.


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Notas finais do capítulo

chapter 3 guys *u*
hehe
reviews !!



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