The Prince Of My Ballerina escrita por Isabelle Masen


Capítulo 3
Capítulo 2 - Amuleto da Sorte


Notas iniciais do capítulo

Olá, minhas lindas! Quero agradecer imensamente aos reviews que ando recebendo, não sabem como eu fico feliz lendo cada um deles! Continuem mandando suas opiniões e críticas sobre a fic, não levarei pro lado ruim nem nada. Qualquer errinho podem soltar o verbo que eu estarei pronta para corrigí-lo!

Nos vemos lá em baixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/421479/chapter/3



 

Passou-se uma semana, mas parecia ter passado um dia.

Em minha casa a agonia por causa do tal evento da elite não cessara; minha mãe pegou um fósforo e ameaçou tocar fogo em minhas sapatilhas caso eu não comparecesse, e isso me fez ficar ainda mais chocada. Ela, que me criou desde pequena, ela que sempre foi calma e doce estava possessa por uma raiva que eu jamais pensei ser possível. O que me restou fazer foi pedir a ajuda de Alice para comprar uma roupa.

A conversa que tive com o belo homem ainda não sai de minha mente, tal como ele. Seria loucura dizer que sonhei com ele todos os dias desde que não nos vimos? Como apenas um conselho pode influenciar tanto minha vida a ponto de ele ser dono de meus sonhos e pensamentos mais profundos? Loucura.

–-- Rond de jambe à terre - a professora disse e eu realizei o passo, me dispersando de meus pensamentos.

–-- Maître, quando irá contratar uma nova pianista? - Rosalie perguntou atrás de mim.

–-- Os diretores contrataram um garoto que parece ser filho da falecida Esme. Ele deve chegar em alguns minutos. Intervalo! - ela anunciou e todas as bailarinas caíram no chão, cansadas. Fui até um canto e peguei minha garrafinha de água enquanto Alice me acompanhava.

–-- Bella! Iai, quando iremos pra festa? - perguntou, animada.

–-- Você vai? - franzi o cenho.

–-- Claro! Acha que eu iria perder a oportunidade de ir pra elite? Sabe a influência que eles tem em Nova York? Bella, eu poderia até levar meu tutu e me apresentar de graça pra eles! - falou de olhos arregalados rápido demais. Precisei de alguns segundos pra entender o que ela disse e formular uma resposta.

–-- Elite? Essa reunião não é privada só para os membros? - Rosalie disse se aproximando. Alice fez um biquinho.

–-- Alice é minha convidada - dei de ombros e a pequena sorriu novamente.

–-- E eu? - Rose cruzou os braços e eu revirei os olhos. Ela sorriu e as duas saíram dando pulinhos pelo extenso salão. Balancei a cabeça e deixei a água ao lado de minha bolsa, amaciando minhas sapatilhas.

Ouvi o som da porta do salão ser rompida, mas não me importei e passei a esfregar a sapatilha com ainda mais força. Meus pés doeram algumas vezes, e já que meus pais cortaram minha mesada eu não poderia comprar novas ou mandar amaciar. Sorri, lembrando do dia em que a professora disse que eu já poderia usar sapatilhas de ponta.


 

–-- Cinco minutos! - ouvi a professora anunciar e suspirei.

Fui até a minha barra e notei que Kate, Tania e Irina cochichavam em um canto com sorrisos perversos. Segui o olhar delas e meu coração falhou uma batida quando reconheci a figura masculina conversando com a maître. Engoli em seco. Que diabos ele faz aqui?


 

Ele não estava muito diferente da última vez que o vi; trajava uma camisa social vinho, um jeans largo e uma jaqueta de couro preta, com um dos sapatos desamarrado. Ele conversava calmamente e gesticulava com certa empolgação, como se tivesse tomado uma decisão importante. Os cabelos acobreados e os dedos largos que gesticulavam me fizeram sentir uma pontada de curiosidade. Ele me lembra alguém…

Meus pensamentos se foram quando ele encontrou o meu olhar e sorriu enquanto ainda falava, sussurrando alguma coisa para a maître e veio em minha direção. Senti vontade de correr pro banheiro e me esconder, afinal eu não estava “apresentável”.

–-- Olá, garota das decisões - sorriu divertido e eu esbocei um sorriso nervoso. Senti meu estômago gelar com suas palavras.

–-- Oi, garoto da escada - falei no mesmo tom.

–-- Acho que nos veremos muito daqui em diante. E por isso acho que deveríamos saber os nomes um do outro - falou e eu ergui uma sobrancelha.

–-- Como assim “muito”?

–-- Bem, você está olhando pro novo pianista - falou abrindo os braços, ainda divertido - e você não respondeu minha pergunta.

–-- Isabella, bom… Bella. E você? - ele abria a boca pra responder, mas a maître chamou sua atenção e ele se despediu com um aceno de cabeça, caminhando cautelosamente até o piano da falecida Esme.

Só quando recuperei o fôlego pude ver que as garotas me olhavam um tanto espantadas, como se dissessem “por que ela?”. Ignorei como sempre e fui para meu lugar na barra.

–-- Danseurs, este é o novo pianista, E… - a maître falava e não consegui ouvir o resto, só consegui ver o homem acenando timidamente com um meio sorriso. Prestei atenção demais aos suspiros das garotas, mal percebendo que uma melodia começava a ecoar pelo salão.

De fato o som ao vivo é infinitamente melhor. Consegui uma flexibilidade que nem eu mesma sabia que tinha, e um choque de animação e empenho me deixaram tão solta quanto um cãozinho quando sai da coleira. Me sentia leve, como se estivesse dançando na mais macia nuvem do céu. Algo na música do homem era similar ao timbre da falecida Esme. As outras garotas dançavam da mesma maneira que eu, não sei se tentavam me copiar ou se estavam igualmente envolvidas pelo embalo da música do novo pianista. Ele tocava as notas com a cautela de Mozart e tinha a emoção de uma águia voraz em busca de alimento. Era suave e ao mesmo tempo atingia tons mais graves, formando uma perfeita sincronia musical. Não sabia que música era, mas era magnífica.

–-- Vamos lá, danseurs! Sigam o exemplo da Bella! - a maître incentivou as meninas e sorriu pra mim, maravilhada. Ouvi o riso sonoro do suposto Mozart e corei, fitando as sapatilhas enquanto dançava.

–-- Muito bem. Agora vamos tentar algo mais rápido - a maître bateu palmas e virou para o homem sussurrando algo, que prontamente aceitou e começou a tocar uma melodia baixa e lenta, mas logo se transformou em algo rápido.

–-- Façam uma Fouetté, Foietté en Tournant e Grand Battement, tudo em sequência! Rápido, vamos! - ela incentivou e algumas gemeram de desgosto enquanto eu fazia tudo sentindo a música. Algumas meninas reconheceram a música e começaram a cantarolar com a voz que supostamente seria do cantor, que no entanto era desconhecida por mim.

–-- Terceira linha - a maître falou e eu me virei, dando de cara com uma Alice suada com a aparência cansada. Podia ver os calombos em seus pés, frutos do esforço de seus ensaios.

Seus lábios tremeram e o Mozart parou de tocar. As garotas, até mesmos as que eram cruéis comigo fitaram-a com pena. Todos nesta sala sabiam de seus esforços e de seu afinco pela dança. E, no entanto, ela era vítima de um tipo de bullying. É nestes momentos que você percebe que não interessa o esforço que você fizer, não interessa o seu empenho ou até mesmo o seu talento. Vivemos em um mundo onde tudo é pela aparência, e que todos julgam o livro pela capa sem saber o conteúdo.

Minha amiga caminhou de cabeça baixa para a terceira linha e eu suspirei, piedosa. Ela não merecia isso.

O Mozart tocou a música novamente em um tom de complacência, mas não era mais aquela grave, e sim uma mais lenta como se dissesse “sinto muito”.


 

(...)


 

O resto da aula passou como se fosse uma marcha fúnebre para o enterro de alguém. A marcha fúnebre para o enterro do precioso talento de uma vítima da desatenção por conta do físico. Isso só mostra o quanto o interior vale menos que a aparência.

Minha amiga estava extremamente magoada. Eu, Rosalie e até as outras garotas a consolamos. Alice era uma pessoa muito querida e amável por todos, mesmo as mais metidas e as mais ambiciosas pela dança eram companheiras dela em seus momentos de fraqueza. Afinal, dificilmente vemos Alice Brandon se abater por alguma coisa.

No meio de seus prantos, ela disse que não poderia mais ir para a reunião por conta das dores agudas nos pés e Rosalie iria fazer uma massagem em seus pés e quem sabe animá-la novamente. Eu queria ir com elas, fazer uma festa do pijama ou algo do tipo, mas eu tinha que ir para a maldita reunião.

Levei minha amiga para o carro de Rosalie e elas foram juntas para a casa de Allie. Senti ter que continuar esperando pela limousine, mas era necessário. Hoje a noite poderia ter uma das possíveis piores noites de minha vida.

–-- Ei, Bella - ouvi uma voz suave e melodiosa me chamar, e virei a cabeça pra trás só pra encarar aquele deus grego descer as escadas com uma mochila nas costas e um cigarro entre os dedos. Abri um sorriso um tanto melancólico.

–-- Oi, Mozart - cumprimentei-o quando ele sentou ao meu lado, o joelho tocando o meu enquanto ele acentia seu cigarro.

–-- O que?

–-- Esse é o apelido que te dei por não saber o seu nome. A propósito, você toca muito bem, onde aprendeu? - ele fitou a mesma árvore da semana passada, a expressão vazia.

–-- Aprendi com alguém - senti certa melancolia na última palavra, então decidi fingir que não percebi para que a conversa não se tornasse desconfortável.

–-- Seja lá quem for, era muito bom. Você toca tão bem que me senti bem mais calma.

–-- Dizem que a música acalma as feras - falou com um sorrisinho e eu lhe dei uma cotovelada na costela, fazendo ele rir.

–-- Engraçadinho. E então, não vai me dizer o seu nome? - ergui uma sobrancelha e ele me olhou, com um sorriso divertido no canto dos lábios.

–-- Não - deu de ombros e eu franzi o cenho - gostei de ser chamado de Mozart. Sou o Mozart.

–-- Convencido.

–-- Não é isso, é só que é bom receber elogios alguma vez na vida - falou com a voz sombria fitando a árvore. Não sei por que, mas me identifiquei com essa frase. Quando notou meu silêncio, percebeu isso.

Em um gesto simples e surpreendente, tocou minha mão, me fazendo arrepiar. Reprimi um suspiro quando os dedos largos fizeram um circulo nas costas de minhas mãos que estavam caídas no colo. Eram incrivelmente macios e ao mesmo tempo tinham um toque persistente, as características necessárias para um bom pianista. Mesmo assim não encarei aquela ação como um feito malicioso, e sim um gesto de companheirismo. Senti-me confortada.

–-- Ei, você não devolveu meu celular - falei e ele sorriu minimamente, tirando algo do bolso.

–-- Ah, sim, tinha esquecido - falou me entregando o iPhone 4s. Guardei-o na bolsa rapidamente e voltei minha atenção pra ele - aliás, naquele dia você estava escutando Claire de Lune né? - assenti, confusa - eu pensei que fosse só por causa do momento, mas depois que vi direito você só tem músicas de piano.

–-- Mexeu em meu celular?

–-- Gosta só de música clássica? - ignorou minha pergunta e eu suspirei - não acredito. Preciso te apresentar outras bandas, cara…

–-- Gosto de músicas que me acalmem, não ligo muito pra esteriótipos adolescentes - falei e ele franziu o cenho.

–-- Antigas e clássicas. Me sinto como se falasse com minha avó.

–-- Eu gosto de músicas com conteúdo, que se encaixem em minha vida e que, milagrosamente, me dêem respostas para as minhas aflições - falei sincera.

–-- Eu sei, mas as vezes não precisa ser apenas piano. Há baixo, bateria… Guitarra… - falou e me olhou sugestivamente. Ergui uma sobrancelha, inocente. E ele me olhou com um sorriso malicioso de um leão prestes a atacar um cordeiro.


 

(...)


 

–-- Mozart, o que está fazendo? Não era pra estarmos aqui! - falei mas ele já tinha adentrado sem permissão na sala de instrumentos, e foi logo pegando uma guitarra e ligando na caixa de som. Olhei pela porta se alguém estava nos vendo, e quando constatei que não, fechei-a atrás de mim e fiquei parada, observando o que o maluco iria fazer.

E ele pegou uma guitarra vermelha e começou a dedilhar, fechando os olhos e dando um pulo no chão. O amplificador estava alto, fazendo as portas tremerem e minha audição piscar.


 

–-- Oh, Oh, Oh, minha doce criança ( Oh, Oh, Oh, Sweet Child O’ Mine) - ele tinha uma voz realmente timbrada para o solo elétrico. A guitarra era ele, a voz dele era a guitarra! Que incrível!

Sorri e cruzei os braços, observando ele cantar um tipo de rock.

Ele parou apertando os olhos e com a cabeça voltada na direção do teto, como se levasse um tiro na barriga. Estava quase de joelhos e quando deu uma última dedilhada nos acordes, deslizou de joelhos pelo chão e fez um símbolo com a mão gritando um “YEAH!”.

Bati palmas e me aproximei.

–-- Isso foi incrível - admiti e ele levantou sorrindo.

–-- Isso é rock’n’roll baby! - levantou-se e eu o ajudei a colocar a guitarra no lugar.

–-- Guns N Roses. Conhece? - perguntou-me e eu uni as sobrancelhas, fazendo ele abrir uma extensa interrogação em seu rosto - como você nasceu?

–-- Ei Mozart, não venha tirar uma com a minha cara. Eu já disse que não sei e pronto.

–-- Chuck Berry, Joan Jett, Tio Serj, Anthony, Eddie Van Halen, Duane Allman…? - perguntava me seguindo enquanto eu ia para a porta.

–-- Não, não conheço ninguém.

–-- Miley Cyrus? - perguntou em tom de zombaria e eu virei o rosto pra fitá-lo, confusa.

–-- Quem?

–-- Nada não. Eu preciso te mostrar muita coisa, garota - falou rindo e eu continuei sem entender.

–-- Sabe Mozart, você não é tão culto como eu pensei.

–-- Pensou que eu fosse culto?

–-- Um pouquinho. Mas só pelo jeito que falava - olhei pra ele e ele elevou uma sobrancelha.

–-- Quem vê pensa, quem conhece sabe - suspirei e ele riu - não sei se te contei, mas também sou compositor e escrevo.

–-- Você é muitas coisas.

–-- E eu ainda não sei nada sobre você além de ser uma ótima bailarina, ter um único estilo musical e ser muito bonita - falou e eu corei. Ele me chamou de bonita?


 

Ele sorriu quando percebeu meu nervosismo. Quando o olhei, ardi em brasa quando ele começou a rir.

–-- E fica linda nervosa - acrescentou e gargalhou ainda mais.

–-- E você é um ótimo pianista, tem uma alma poética, é convencido e um tanto sombrio - falei e ele reduziu o passo, andando mais devagar.

–-- Sombrio? - perguntou confuso.

–-- É, mais ou menos. Você fala algumas coisas que são privadas demais, e eu não sei sobre o que é, mas me sinto meio perturbada.


 

–-- É isso? - ele se encostou na pilastra da fachada da Juilliard antes das escadas e fitou o chão, pensativo. Coloquei uma mão na cintura e levei a outra à alça de minha bolsa, tentando disfarçar o nervosismo. - então pra tirar essa minha imagem de sua cabeça preciso te colocar por dentro de minha vida, não é mesmo? - assenti - que tal amanhã? Poderíamos ir, sei lá, comer um algodão doce no Central Park - me animei com a ideia. Jamais fui ao Central Park para vadiar, apenas passava de carro regularmente e avaliava as belas árvores, as belas praças e os sorrisos das pessoas que rondavam ali… Como um comercial de manteiga.


 

–-- Você também é bastante impulsivo - dito isso ouvi o som estridente da buzina da limousine. O suposto Mozart a olhou e ergueu uma sobrancelha, bestificado.

–-- Então está marcado? - perguntou enquanto eu descia os degraus e eu parei repentinamente, uma ideia se formulando em minha cabeça. Um sorriso surgiu imediatamente em meu rosto na medida que eu me virava.

–-- Tem algo planejado para daqui há quatro horas, mais ou menos?

–-- Não, por que? - perguntou coçando a nuca.

–-- Esteja aqui as 19h que passarei para pegá-lo - falei e ele uniu as sobrancelhas, mas sorriu.

–-- Tudo bem. Só não tente me sequestrar - piscou e eu revirei os olhos rindo, voltando a andar pelo carro.

O Mozart corajoso seria meu amuleto da sorte na reunião da elite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo grandinho... rsrs'
Iai, o que será que vai acontecer nessa reunião? Curiosas? HM.... Eu já to quase encerrando ele aqui, alguém quer um spoiler? hahahaha xD sou muito má.
Até o próximo, lindas! :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Prince Of My Ballerina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.