Estou procurando a Cami e a Fran, para falar sobre o pedido de namoro do Leon. Não que Camila Torres e Francesca Reys sejam do tipo especialistas em sonhos que estão querendo te namorar, mas elas me ajudaram bastante uma vez que eu precisei terminar com o Tomás.

Andando freneticamente pelo Studio, encontro Francesca, conversando com Maxi.

– Francesca! Eu tenho que falar com você! E a Cami também!

– Mas... Vilu, o que está acontecendo?

Balanço a cabeça, e pego ela pelo braço levando-a em direção á saída, e no caminho, pego o da Camila também, que tinha acabado de sair da sala de dança.

– Ei, Violetta, o que está acontecendo? – pergunta Cami, sentando em um banquinho de praça.

– Eu preciso falar com vocês, e é muito importante para a gente falar no Studio.

Francesca suspira.

– É sobre o Leon, Vilu?

Balanço a cabeça.

– Gente, ele... Ele me pediu em namoro.

As duas soltam gritinhos de alegria, e começam a perguntar coisas como 'você aceitou, não foi?' 'como é namorar um sonho?' 'e o seu pai, como vai ficar?'. Então, eu fecho os olhos e balanço a cabeça negativamente.

– Eu não aceitei.

– O quê? – dizem, em um uníssono.

– E também não recusei. Eu disse que precisava pensar, gente. Leon é um sonho. E se eu precisar dele? Ele está só na minha mente. Eu quero ele aqui, comigo. Por isso foi o que desejei.

– Desejou o quê? – questiona Francesca, confusa.

– Desejei que Leon existisse nas duas realidades. Para uma estrela cadente dos sonhos.

Elas me encaram com gravidade, e então começam a cochichar algo entre si.

– O que foi, meninas?! Qual o problema?

– Vilu, você sonha em série, seus sonhos mudam de acordo com seu humor, e você conseguiu criar alguém com sua mente e sonhar essa pessoa todas as noites. – sussurra Camila.

– E o que tem?

– Amiga, cá entre nós, isso não é muito normal. – diz a Fran. – Quem foi que disse que desejando algo em um desses sonhos aí a coisa não vira realidade?

– Ai, gente, não venham me dizer que vocês acreditam nesse tipo de coisa.

Olho para suas expressões. Sérias como eu nunca vi. Franzo a testa. Leon parecia um pouco sério quando desejei que ele fosse real nas minhas duas realidades. Pela primeira vez a possibilidade de Leon aparecer aqui entra na minha cabeça. E eu sorrio.

– Meninas, porque estão assim, sérias?! Leon poderia se tornar realidade! Isso... Isso é espetacular!

Cami solta um sorrisinho.

​– Bem, é que... Isso não é o tipo de coisa que a gente vê todo dia, né?

– Sonhos se tornarem realidade? Acho que você já viu isso acontecer, sim.

– É, mas não literalmente. – diz a Fran, sorrindo também.

Uma onda de esperança me atinge e eu entro em estado eufórico. Leon aqui. Seria mais grandioso do que todos os meus sonhos.

* * *

Me preparo para encontrar com Leon hoje. Será que ele sabe que pode virar realidade? Estou com uma mistura estranha de emoções e nem consigo me concentrar em como estou me sentindo. Só sei que, quando começo a pegar no sono, sorrio involuntariamente e penso: "aqui vou eu".

* * *

Estou em um lugar que venta muito, com grama, e montanhas ao longe, e um única árvore grande e frondosa no descampado.

Sei que Leon irá aparecer a qualquer momento, então deito á sombra da árvore. O tempo vai passando, e Leon não chega.

Ao olhar para o céu claro, penso: E se ele estiver existindo, mas fora dos meus sonhos? E se ele estiver em algum lugar lá fora, em qualquer lugar, na China, nos EUA, talvez até na América Central... E se eu tiver perdido ele pra sempre?

Uma lágrima solitária percorre meu rosto ao pensar que talvez eu nunca mais veja Leon. Talvez aquele desejo tenha sido a maior besteira que eu já fiz em toda a minha vida.

Fico soluçando até o céu começar a ficar tremido e eu sentir que estou acordando.

* * *

Andando pelas ruas, que parecem tão sem esperança sem o pensamento de poder ver o Leon de novo. O parque que um dia me pareceu tão colorido agora está triste e cinzento.

Até que vejo alguém sentado em um banco olhando tranquilamente uma rosa vermelha. Não pode ser. Tem que ser uma ilusão. Ele não estaria aqui, assim. Então, tomo coragem, e me arrisco a perguntar:

– Leon?

Ele olha para mim, deixando a rosa de lado, e correndo para me abraçar.

– Violetta! É você mesmo?!

– S-sim... Sou eu!

Seguro com força o tecido da camiseta vermelha dele, a mesma que usou ontem á noite. Segurando a minha cintura, ele me ergue do chão, e me gira no ar, me fazendo ter uma crise de risadas.

– Então... Esse é o seu mundo? – pergunta ele, olhando ao redor.

– É, é sim.

– Prefiro o nosso mundo – sussurra, colocando o dedo indicador na minha cabeça.

Dou uma risada, e digo:

– Eu também!

O puxo para um abraço, mas, pelo contrário, ele me segura, e me beija. Eu respondo, mais feliz do que nunca ao saber que isso é verdade agora. Então, ao me separar dele, o abraço novamente. Eu estava super feliz até ouvir uma voz indesejável:

– Violetta, quem é esse garoto?