Estou subindo as escadas lentamente. As semanas estão passando, e o tempo piorando, a auto-estima de Leon se deteriorando e a mídia se aglomerando.

Diego e Lara têm sido de grande ajuda para nós ultimamente. Soube que estão hospedados em um hotel aqui perto. Disseram aos jornalistas que colocaram efeitos especiais no vídeo, e que o Leon estava falando coisa com coisa. Mas pelo visto, os caras não se deram por vencidos: Ainda se perguntam qual o propósito desse vídeo? Para quê alguém colocaria efeitos especiais na manifestação midiática de um louco?

Ninguém merece esses caras.

– Violetta?

Alguém me chama e eu me viro, para ver meu pai parado ao pé da escada.

– Sim?

– Preciso conversar com você. Tenho feito perguntas, e você fugido delas.

Abaixo a cabeça, o cabelo caindo para frente. Isso iria acontecer, cedo ou tarde. Balanço a cabeça, e desço as escadas, me dirigindo o sofá, sentando-me logo em seguida.

– É... Sobre o Leon, não é? – digo, em voz baixa.

– Sim. Violetta, diga-me a verdade. O Leon é mesmo algo estranho, ou... Ou ele é louco...?

– Ele não é louco!

– Então o que ele estava falando naquele vídeo? Analisei-o inúmeras vezes, e não encontrei algo que fizesse sentido ali.

– Ele só é diferente dos outros indivíduos.

– Diferente? Diferente como?

– Ele... O Leon... Ele é... Um sonho meu...

– Um sonho seu?! Como assim um sonho seu?!

E aí está um dos vários defeitos do meu pai. Ele não ouve as outras partes da história, já vai questionando tudo, e tomando suas próprias conclusões.

– Ele... Bem, digamos que ele foi criado pela minha mente... Pelo meu subconsciente... E aí, ele virou realidade, e...

– Peraí... Você está tentando me dizer que sonhou com Leon, e ele se tornou realidade? Filha, acho que quem está ficando louca deve ser você. Ou será que esse menino te contagiou?

– É sério, pai! Não estou brincando! Eu sonhei com ele durante meses, aí veio uma estrela cadente, e nós...

– Violetta, chega! Chega, Violetta, eu não quero mais saber dessa história. Também não te quero mais perto desse garoto, entendeu? Está fazendo mal á sua saúde mental, e aos seus hormônios.

– Você pediu a verdade, e isso é a verdade!

– Essa conversa está acabada! Vá para seu quarto!

Balanço a cabeça, e subo as escadas com raiva, sem acreditar no que acabei de ouvir. Não acredito, não acredito mesmo. Mas não importa o que meu pai disser, ele nunca vai conseguir me separar de Leon. Ele mora comigo, está comigo o tempo inteiro, sabe sempre o que se passa na minha mente, sem precisar lê-la, ou entrar nela. Digamos apenas que somos inseparáveis, e fim.

Entro no quarto, e ele está deitado na cama, simplesmente atirado. Estou começando a me acostumar com ele aí, e atualmente acho melhor quando ele está aí relaxado, do que quando ele está tenso caminhando pelo quarto inteiro. Além disso, tiramos a conclusão de que como esse quarto é a casa dele, essa cama é dele, sendo assim... Ele pode ficar aí quando quiser.

– Por quê demorou tanto? – pergunta.

– Contei a verdade a meu pai.

– E aí?

– Ele não acreditou. Acha que você é louco, e está me influenciando. Mandou eu me afastar de você porque estou enlouquecendo.

Ele se senta, e pega minhas mãos, me puxando para perto, sorrindo.

– Ninguém consegue tirar a Lady de seu Leon.

– Eu sei.

Selamos nossos lábios profundamente, um beijo cheio de paixão, e principalmente saudades. Leon tem estado tão auto-depreciativo que quase esquece de me beijar. Senti tanto a falta dele...

– Faz tempo que não fazemos isso com frequência, certo, Lady?

– Certíssimo. Eu senti saudades. Por favor, faça-me o favor de não me esquecer. De não esquecer o que há entre nós. No meio desse furacão de coisas... Tem horas que eu só preciso de... Você.

Ele me toma em um abraço. Ele não vai me abandonar. Fico pensando nas coisas que estão por vir. Nas coisas que podem acontecer conosco, nas coisas que as pessoas podem fazer. Pensando sobre meu pai, e sua "proibição", pensando que talvez Ludmila não esteja disposta a parar agora.

Mas o que mais penso no momento é que Leon é meu porto seguro, e estou torcendo para ele não desabar. Se ele cai, eu caio com ele.