O sol já estava se pondo no horizonte, o pergaminho esticado na mesa, a pena preparada e o ruivo pensando no que escrever. Concentrou-se apenas em uma coisa, o sorriso tímido de Hermione, abaixou a cabeça e começou a deslizar a pena sobre o pergaminho. Sua mão desenha com maestria e delicadeza as palavras que logo seriam lidas pela garota que sentiu seu perfume na poção do amor. E também na mesma garota que falou demais sobre seu irmão mais novo. Assim que terminou sorriu, selou o envelope e lhe entregou para Edwiges que em um voo sumiu na penumbra.

.....

Hermione estava sentada na janela de seu quarto, observando a lua-cheia que iluminava seu rosto, em sua mão seu fiel exemplar de capa marrom escuro. Avistou a diante um pequeno ponto branco, e logo um pio aguda lhe tomou os ouvidos e lhe encheu de felicidade. Era a coruja de Harry que carregava um envelope. Assim que pousou no parapeito da janela piou, recebeu um biscoito e caricias.

A garota sentou-se em sua cama, abriu o delicado envelope, encontrou um pequeno ramo de Almíscar selvagem e sorriu, deixou-o de lado por um instante e pegou a carta em seus dedos um tanto trêmulos.

“Hermione,

Sinto tanto por não poder estar ao seu lado nesse momento, observando suas caretas a cada palavra que lê, sei também que torceu os lábios. Sou muito observador como comentamos. Também lamento por essa volta à Hogwarts não estar sendo tão animadora quanto já foi para você.

Sinto que a cada palavra que escrevo meu peito se enche de mais saudade, queria poder te abraçar agora, como fizemos durante duas madrugadas, não? Confesso para a senhorita que passei a manhã inteira distraído, acho que por não ter nenhuma noticia sua.

Não se preocupe com Harry, tudo se resolverá. Enquanto à Ronald, podemos excluí-lo um pouco mais de nossas futuras cartas, não acha? E respondendo sua pergunta, convivo com o cabeça de cenoura há anos, já me acostumei a decifrar as frases. Deseje-lhe boa sorte no teste amanhã.

Deve ter visto que coloquei um ramo de Almíscar Selvagem dentro do envelope, queria que se lembrasse do meu perfume já que o sentiu na “poção do amor”, e sim Hermione, tem relevância, mas acredito que o significado nós dois saibamos com clareza.

Agora para não lhe cansar, vou lhe deixar descansar por ora. Em seus sonhos lembre-se de seu ruivo perfeito.

Com amor Carinho. F.W”

Hermione sorriu, “ruivo perfeito”, talvez em sua mente fosse. Ficou intrigada com a parte sobre comentar menos sobre Ronald, seria ciúme? Claro que não. Riu também da palavra “amor” riscado propositalmente. Agora podia dormir aliviada, sabia que ele sentia-se da mesma forma, caso contrario não teria respondido com tanta urgência. Guardou o pergaminho dobrado no envelope e inalou o aroma do Almíscar uma ultima vez, guardando-o em sua gaveta, deitou-se e dormiu.

“Os olhos verdes pareciam sorrir, os fios ruivos bagunçados lhe davam um toque de humor. Falava sobre como estava à vida contou sobre as novidades da loja e podia sentir vontade de beija-lo, podia sentir o perfume do rapaz, podia senti-lo tocando sua pele.”

Gina a sacudiu algumas vezes.

–Vamos preguiçosa. Precisamos descer. –Hermione olhou para a ruiva já vestida. –São os testes para a equipe de quadribol. E sei quanto Ron ficará chateado se você não for vê-lo.

Em um salto a morena estava fora da cama vestindo sua calça jeans, seu casaco e o par de luvas que agora já se fazia necessário pelo começo do outono. Ajeitou seus delicados cachos e desceu até o campo de quadribol, sentou-se na arquibancada e ficou analisando os amigos ali. Percebeu quando Córmaco a olhou e fez sinal para Ron que parecia engolir em seco.

McLaggen tinha uma vantagem sobre Ron, ele além de ser mais confiante também tinha total domínio da vassoura e sabia o que fazia ali em cima. Ron meio atrapalhado defendeu todos os goles lançadas, porém quase caiu da vassoura. No ultimo teste de McLaggen, Hermione tapou os lábios e sussurrou “confundus”. A vassoura do rapaz desliza para outro lado, deixando com que ele perdesse a goles. A garota ri timidamente e continua a assistir os testes. Depois do almoço foi colado um pergaminho com o nome de todos que haviam conseguido as vagas na equipe. Ronald levantou-se e se dirigiu até a parede. Hermione ficou do lado de Harry que ria.

–Ele conseguiu não foi? –Hermione pergunta ao amigo que assente.

–Eu entrei! –Ronald grita e corre até Hermione que o abraça.

–Agora é só treinar e defender! –Hermione diz, mas sente-se estranha. –É assim que se fala?

Os garotos riem.

–Precisa estudar um pouco mais de quadribol Mi. –Harry diz sorrindo.

O dia passa com velocidade, Hermione apenas consegue começar a responder a carta de Fred depois que todos já dormiam. Sentou-se perto da lareira no salão comunal e começou a deslizar a pena sobre o pergaminho. Não tinha certeza quanto tempo ficou ali, mas se surpreendeu quando Harry tocou seu ombro.

–O que faz acordada? –Perguntou em meio a um longo bocejo.

–Respondendo a carta de Fred. –Responde quase em um sussurro. –E você?

–Acordei e não consegui dormir novamente, por causa dos roncos de Ron. –Jogou seu corpo no sofá. Hermione apenas ri pelo nariz.

–Sei como é, Lilá também tem alguns surtos de alergia e ronca durante algum tempo. –Fala para o amigo que ri.

–Estamos bem de companheiros de quarto, não? –Harry diz e ambos riem. –Vem! Amanhã você manda isso. –Diz o rapaz batendo com a mão no sofá, sem seguida a garota senta-se ao seu lado e é abraçado pelo amigo que não demora muito a dormir. Hermione adormece ali mesmo.

.....

Com um sacolejo forte em seu corpo Hermione acorda e encara um ruivo sério.

–Vocês dormiram aí? –Pergunta encarando os amigos que levantavam com os rostos amassados.

–Acho que sim. –Hermione diz ficando de pé. –Vou subir e me vestir.

Enquanto subia as escadas pode ouvir Ron enchendo Harry de perguntas. Vestiu-se e segurou a carta em suas mãos e logo guardou em suas vestes pretas. Desceu e viu que não havia ninguém no salão comunal, então aproveitou e correu até o corujal, entregando novamente a carta para Edwiges que piou e levantou voo. As aulas daquela tarde pareciam se arrastar, mas na verdade Hermione apenas queria que Fred respondesse a carta.

.....

–Edwiges? –George falou enquanto olhava a coruja entrar e o encarar confusa. Pegou então a carta do bico do animal e leu o nome de seu irmão perfeitamente desenhado. –Fred! Carta para você.

O ruivo então aparece e pega a carta, senta-se perto da escrivaninha bagunçada e inicia sua leitura.

“Fred,

Primeiramente queria agradecer o ramo de Almíscar Selvagem, o cheiro é realmente encantador que me lembra um certo ruivo.

Em segundo, aquilo na sua carta foi uma pontada de ciúmes? Se for não se preocupe, Ronald é apenas meu melhor amigo, assim como Harry. Ah, desculpe-me por não ter respondido ontem sua carta, mas o dia foi cheio de atividades como, por exemplo, os testes para a equipe de quadribol.

Também tenho algumas novidades, sei que você talvez não goste, mas tenho que lhe dizer que ser irmão conseguiu a vaga de goleiro. Harry sabe sobre nós e visitaremos Hogsmeade no próximo final de semana. Estou tão ansiosa, finalmente poderemos conversar sem ser através de um pergaminho, o que me faz lembrar que preciso comprar uma coruja, Edwiges deve estar cansada de tanto voar.

Nos encontraremos na estrada para Hogsmeade? Espero ansiosa para lhe ver! E para finalizar, não pense que não percebei a palavra “amor” riscada.

Com carinho! H.G”

O garoto ri do final, mas pensou em seu suposto ciúme. Quando viu George com Hermione não gostou nem um pouco da conversa baixa no ouvido da garota. Será que era realmente ciúme?

–Só posso estar enlouquecendo! –Disse para si mesmo.

–Sinto lhe informar irmão, mas você está apaixonado pela sabe-tudo Granger. –George ri enquanto saboreava uma tortinha de abóbora.

A pena novamente rabiscava o pergaminho, agitada, talvez um pouco trêmula. Assim que terminou, Fred guardou a carta em uma gaveta e saiu apressado pela loja. Apenas disse que precisava fazer algo importante.