Hermione entregou uma xícara de chá para George que estava sentado em seu sofá, cabisbaixo olhava para os sapatos. Hermione sentou-se na sua frente, não tinha muito que falar, era um momento difícil para o dois.

—Obrigado. —Hermione levantou o rosto e observou George ainda olhando para o chão murmurar. Sorriu com o agradecimento. —Obrigado por ficar do meu lado, você sabe... Eu não conseguiria... Sozinho!

—George eu...

Foi interrompida pelo ruivo.

—Eu preciso ir! —Levantou-se.

—Eu... —Olhou para baixo e assentiu sem graça. —Tudo bem!

O ruivo se despediu com um delicado beijo na bochecha da garota e logo entrou na lareira que o engoliu com chamas verdes.

Hermione jogou-se contra o sofá e suspirou pesadamente. Esteve tão perto, mas tão distante ao mesmo tempo.

.....

Era natal, finalmente. Todos na Toca organizavam-se, Molly apressada ajeitava a mesa com sua saborosa ceia natalina. Gina sentada no colo de Harry conversava com Ron que tinha as orelhas avermelhadas como um tomate. Fleur cuidava de Victorie e Rose que brincavam, Hermione conversava com Gui que como sempre simpático falava de tudo um pouco. George mais ao longe falava com Carlinhos e Percy que voltara para as reuniões da família.

—O jantar está na mesa! —Molly entrou na sala sorridente, mostrando o caminho com uma das mãos. Em questão de segundos a mesa foi ocupada por cabeças ruivas, com exceção de Harry, Hermione e Fleur.

Molly carinhosamente disse algumas palavras antes do jantar, destacando de como seria difícil passar aquele primeiro Natal sem Fred e de como sofreria, mas sorriu ao finalizar a frase dizendo que uma parte dele sempre estaria ali.

Hermione sorriu e olhou para George que parecia segurar qualquer lágrima que pudesse aparecer em seu rosto. Abaixou o rosto e brindou com o resto da família. Após o jantar calmo e animado, Molly e Arthur chamaram todos para a entrega de presentes.

Gina entregou seu presente para Harry que logo lhe entregou outro, discretamente selaram os lábios sem que ninguém percebesse. Ronald aproximou-se de Hermione e lhe entregou um embrulho —meio amassado— vermelho com bolinhas amarelas.

—Obrigada! —Abraçou o amigo com toda força possível, sentiu um olhar sobre si, mas ignorou e andou até a árvore, pegou um embrulho azul e entregou ao amigo!

De repente Gina pulou em seu pescoço abraçando-a com força. Harry olhou para a amiga já roxa.

—É aquele perfume trouxa? —Hermione com o pouco ar que tinha assentiu.

—Obrigada! —Gina olhou sorridente para a amiga. Ron e Harry foram para o canto da sala convidar Gui e Carlinhos para uma “partida” de Snap Explosivo.

—De nada! —Hermione sorriu.

A ruiva riu maliciosamente.

—Seu presente... —Engoliu em seco. —Está atrás de você, mais precisamente escorado na parede!

Hermione correu os olhos pela sala e encontrou George olhando-a de soslaio.

—Gina! —Repreendeu a amiga. —Você falou com ele?

Gina negou com a cabeça.

—Mas acho que nem vou precisar! —Hermione revirou os olhos. —Adeusinho!

George não se aproximou, nem dirigiu a palavra à Hermione, assim como a mesma previra. Após algumas horas, a garota iniciou sua despedida.

—Deixe Rose aqui, ele está dormindo enrolada com Victoire! —Hermione assente e abraça Molly.

—Obrigada!

Acenou uma ultima vez para os amigos, caminhou até o gramado. Sem perceber foi seguida por um ruivo cabisbaixo e curioso.

Aparatou.

Ao entrar em casa desamarrou os cabelos ondulados, tomou um rápido banho e vestiu seu pijama que consistia em uma calça de moletom e uma camiseta de manga cumprida com detalhes em cinza e rosa. Preparava chocolate quente quando ouviu alguém bater na porta. Desconfiada segurou a varinha e abriu a porta, respirou fundo ao ver duas mãos para cima em sinal de rendição.

—O que está fazendo aqui? —O tom usado saiu mais grosseiro do que queria.

—Para ser sincero não tenho tanta certeza! —George observava cada expressão de Hermione o mais minuciosamente possível. A garota abriu passagem para que o ruivo entrasse, não queria conversar, mas por impulso agiu e logo fechou a porta atrás de si. Ofereceu uma xícara de chocolate quente para George que aceitou de bom grado. O local estaria mais silencioso se não fosse pelo crepitar da lareira. Hermione sentou-seno tapete felpudo, apoiando as costas no sofá.

George sentou da mesma forma que a garota, um pouco afastado.

—Hermione...

A garota o interrompeu.

—George eu... —Suspirou e bebericou seu chocolate. —...Eu não quero brigar, não quero passar por tudo aquilo de novo. Não quero ficar magoada novamente.

Limpou uma única lágrima com a manga da camiseta.

—Eu também não! —Repirou pensando nas próximas palavras que usaria. —Não suporto ficar desse jeito com você, eu preciso conversar com você, ouvir sua voz pelo menos um pouco!

Hermione abriu a boca para protestar, mas George foi mais rápido e continuou seu discurso improvisado.

—Apenas escute! —Hermione assentiu. —Sou péssimo com palavras, não sei o que falar e acredite ensaiei isso várias vezes, durante vários dias e ainda não sei o que... Certo, vamos lá! Hermione eu simplesmente não consigo dormir seu vê-la, sem saber que está bem, se está viva. Durante esse tempo que ficamos afastados fiquei me martirizando e acredite se quiser, mas não entendo o motivo idiota da nossa briga. Eu reagia a um comentário seu. Você estava lá, fiel ao meu lado e eu explodi. Eu fui um grosso, um trasgo com você em um dia ruim e você nem sabe o por quê!

Hermione segurou o braço do ruivo.

—Me explique!

—Eu lhe disse que haviam sido comensais, mas não expliquei porque me meti em uma briga com eles. —Hermione assentiu novamente e virou sua xícara, bebendo o ultimo gole da bebida quente. —Eu estava saindo da Floreios e Borrões quando passei evitando encara-los. Um deles me reconheceu daquela noite que você foi atacada, e ele... —O ruivo fechou o punho com força. —Insinuou algo sobre você!

Hermione abriu a boca em um grande “Oh”.

—Não me segurei e ataquei o comensal da forma trouxa, você sabe! —Abriu os olhos para encarar Hermione por um momento. —Mas eles estavam em maior número e não consegui tirar a varinha de dentro da camisa a tempo.

Hermione estava com os olhos marejados. George ao perceber se esticou evitando a proximidade exagerada para aquele momento. Acariciou o rosto da garota e limpou os olhos úmidos da mesma.

Hermione olhava nos olhos verdes oliva do ruivo que olhava da mesma forma para seus olhos castanhos.

—Me perdoa por ter partido sem te deixar explicar? —Hermione agora sentia-se mais relaxada.

George olhou-a com compaixão, carinho e ternura.

—Sou eu que preciso pedir desculpas, se eu não estivesse tão irritado com tudo aquilo!

Hermione movimentou-se com velocidade, abraçando o ruivo que quase caiu. Apertou Hermione contra seu peito, sentia falta se senti-la em seus braços. Afagou os cabelos da garota e enterrou seu rosto na curva do pescoço de Hermione.

—Senti tanto a sua falta! —Falou com a voz tranquila.

—Foi um ano e dois meses sem nos falarmos! —O ruivo respondeu precisamente recebendo um satisfatório sorriso tímido da garota em seus braços.