Choram as Rosas escrita por Camy, Harumihatae


Capítulo 14
What' s Left Of Me


Notas iniciais do capítulo

Capa nova, música do capitulo é What' s Left Of Me (O Que Restou de Mim) que também é o nome do capitulo, achei que combinou... Culpa é só da minha amiga Camy, pois ideias eu tinha só que ela andou sumida do msn, então... Eu (Fernanda) realmente estou indo devagar com as minhas fics, que as le por favor tenham paciencia. Mais emoções, a seguir em "Choram As Rosa: Cap. What' s Left Of Me", não nos matem pelo que vocês vão ler. Tinhamos que fazer o que vocês vão ler, se não ia ser tornar uma fic muito melosa...



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Watch my life pass me by
Assisto minha vida passar
in the rearview mirror
Na visão de trás do espelho
Pictures frozen in time
Retratos paralisados no tempo
are becoming clearer
 Vão se tornando mais nítidas
I don’t wanna waste another day
Não quero desperdiçar mais um dia
Stuck in the shadow of my mistakes
Preso na sombra dos meus erros
yeah
yeah

 

     Max olhava pela janela de seu quarto. Há quanto tempo não via seu anjo? A resposta foi imediata. Duas semanas, três dias e doze horas.

     Suspirou ao perceber que ainda contava o tempo. Pareceram meses, mas sabia que não havia sido nem ao menos meio mês.

     Olhando para baixo viu Rana cuidando dos pokemons. A menina era bonita, isso não poderia negar e estava obviamente interessada nele, mas… havia um enorme problema com Rana.

     Ela não era Midori.

     Foi até Mika e colocou seu jogo preferido.

MAX: Pelo menos você não me abandona Mika-chan – ele resmunga começando a jogar em seu vídeo game.

     Caroline bateu na porta e chamou o filho que atendeu com uma cara de poucos amigos.

CAROLINE: Saia desse quarto e vá ajudar a Rana com os pokemons – ela ordena.

     Max olha para Mika e depois volta seu olhar para a mãe.

MAX: Mas… eu e a Mika-chan…

CAROLINE: Não quero saber. Agora Max.

     O moreno fica irritado, mas faz o que a mãe pediu. Vai até Mika e a desliga, para logo depois descer até Rana.

RANA: O-olá Max-kun – a menina murmura corada.

MAX: Oi – ele fala indiferente.

NORMAN: Max! Finalmente resolveu sair daquele quarto – o pai fala com um enorme sorriso.

MAX: Culpa da mamãe. Eu e a Mika-chan temos sérios problemas pra resolver – ele comenta com um olhar desafiador.

     Norman e Rana começam a rir, mas Max os ignora indo até os pokemons. Ele começa a brincar com os pequeninos e Rana começa a admirá-lo com um pequeno sorriso nos lábios.

NORMAN: Eu não sei o que aconteceu quando o Max estava em LaRousse – Rana o olhou – só sei que ele mudou. Traga de volta um sorriso ao rosto dele Rana – a menina olhou para Norman, estava completamente corada.

RANA: S-senhor Norman… eu não…

     Norman apenas sorriu e empurrou a garota na direção do filho, saindo logo em seguida.

     Rana se aproximou do garoto com o rosto completamente corado.

MAX: Teve que fazer muitas coisas quando eu estava fora? – ele pergunta para descontrair.

RANA: N-não o Senhor No-Norman foi muito legal comigo e eu não fiz quase n-nada.

MAX: Hm.

     Um silêncio um tanto incômodo se formou ali e Max olhou para algum outro lugar. Não estava mais acostumado a ficar sozinho com uma menina. Fechou os olhos e conseguiu ver plenamente a imagem de seu anjo. Ela é tão linda…

RANA: Max-kun? – a menina chama.

     Max balança a cabeça tentando afastar a imagem da sua garota. Mirou seus orbes castanhos na menina de cabelos verdes. Imediatamente pensou em Drew. Quase riu ao pensar nisso, mas conteve a risada com um simples sorriso.

MAX: Sim?

RANA: E-eu quero te… f-falar u-uma c-coisa – ela murmura corada.

     Max sentiu um arrepio. Não queria ouvir essa menina tão doce dizer o que ele pensava que ela ia falar.

MAX: Não precisa eu…

RANA: Mas eu quero! – ela fala numa súbita onda de coragem que nem mesmo ela sabia de onde viera.

     O moreno ficou quieto Rana respirou fundo, ficando completamente corada.

RANA: Eu… eu acho que eu… amo você Max – a menina falou. O rosto estava completamente corado, mas ela tinha quase certeza de que ele falaria que também gostava dela.

     Max respirou fundo. Não conseguiria ficar com Rana, mas não queria magoa-la.

MAX: Rana eu… eu não gosto de você desse jeito.

     Lágrimas se formaram nos olhos da pequena garota.

RANA: Mas…

MAX: Não. Você é minha amiga Rana. E eu adoro você, mas não do jeito que você gosta de mim – ele explica.

     Algumas lágrimas solitárias escaparam dos olhos da menina.

RANA: Eu… deixa só eu tentar fazer você feliz Max – a menina pede.

     Max a olha. Com um suspiro ele nega com a cabeça.

MAX: Você vai sair machucada Rana. Eu não quero isso.

RANA: Mas eu quero – ela exclama – só uma tentativa.

     Ela pega nas mãos dele com os olhos desesperados.

MAX: Rana…

RANA: Eu prometo que se não der certo até o se aniversário eu nunca mais te peço isso, mas, por favor, Max me dê esses meses pra tentar fazer você me amar – a menininha pede. Se ela ao menos soubesse o que é o amor…

     Mesmo a contra gosto o menino assente com a cabeça.

     Com um sorriso enorme a menina se atira em seus braços. Max retribui, mas não é a imagem de Rana que aparece em sua mente. É uma outra imagem, de uma outra pessoa.

     Talvez ficar com Rana o fizesse esquecer Midori. Ele ignorou a culpa por aceitar esse namoro por um motivo tão egoísta. Ignorou o fato de ter adicionado mais um erro à sua coleção.

 

cause I want you
 Porque eu quero você
and I feel you
E eu sinto você
crawling underneath my skin
Espalhando-se debaixo da minha pele

like a hunger

Como a fome
like a burning
Como uma queimadura
to find the place I’ve never been
 Para achar um lugar que eu nunca estive
now I’m broken

Agora estou despedaçado

and I’m fading

E estou perdendo força

I’m half the man I thought I would be

Não sou metade do homem que eu pensei que seria

But you can have

Mas você pode ficar com
What’s left of me
O que restou de mim

 

     Yukina, Luna e Daisuke estavam na casa de Drew, mais especificamente no quarto provisório das meninas.

DAISUKE: Está tudo pronto? – pergunta. Havia um brilho em seus olhos. Estava ansioso para acabar com o namoro perfeito de May e Drew.

LUNA: Por mim poderíamos começar agora, mas preciso ajeitar as minhas unhas.

     Daisuke abre um sorrisinho irônico e um brilho divertido invade seus olhos. Yukina olha para os dois com um estranho aperto no peito.

DAISUKE: Patricinha, mais uma coisa para eu estragar? – pergunta se aproximando dela e a fazendo borrar o esmalte.

      Uma veia de irritação aparece na testa da morena e ela joga o esmalte em Daisuke, sujando um pouco a camiseta Polo branca dele.

LUNA: Bem feito – fala ao ver os olhos do moreno ficar vermelhos de raiva – isso é pelo meu vestido.

DAISUKE: Maluca!

     Porém, antes que a briga pudesse se prolongar Yukina interrompe fria.

YUKINA: Parem com isso os dois! Esqueçam essa briga idiota, quando juntarmos vocês com May e Drew vocês dois nunca mais irão se ver! Então esqueçam essa briga e trabalhem o mais rápido possível, assim o sofrimento de vocês acaba mais cedo.

     Luna olha para a amiga com um olhar um pouco apavorado. Nunca havia pensado desse modo, nunca imaginou Daisuke longe dela. Tudo bem que se conheciam há poucos dias, mas… não se imaginava mais sem ele. Balançou a cabeça negando esses pensamentos.

     Daisuke olhou de canto para a morena maluca que acabara de jogar um esmalte em si. Por mais que ela fosse irritante, gostava de ver a cara dela quando estragava alguma coisa. Nunca mais vê-la? Isso seria… possível? Quando parou de odiá-la? A pergunta ficou rodando por sua mente por um bom tempo, mesmo depois de já ter saído do quarto.

LUNA: Não… não vejo a hora para esse dia chegar – a voz não era mais tão confiante, mas ela disfarçou pegando uma acetona e limpando o estrago feito por Daisuke.

DAISUKE: Nem eu – mas a voz era fraca e não aparentava veracidade.

      O coração de Yukina apertou. Não. Eles não poderiam se apaixonar um pelo outro, se fizessem isso seus planos já eram. Resolveu acabar com aquilo imediatamente.

YUKINA: Então vamos acabar com esse namoro – o brilho perverso em seus olhos animou os outros dois jovens – agora.

     Os três foram até a porta. Quando os olhares de Daisuke e Luna se encontraram havia indecisão em ambos, mas logo a morena colocou aquele olhar de superioridade irritante e passou por Daisuke com um sorriso vitorioso e o nariz empinado.

     A vontade de ficar longe dela aumentou. Essa garota o fazia perder o controle de suas emoções. Ficava com raiva mais facilmente e… apenas raiva ficou repetindo para si.

     Nem mesmo quando estava com May sentia essas coisas. Fechou a porta atrás de si deixando todos esses pensamentos para trás.

 

I’ve been dying inside
 Estou morrendo por dentro
Little by little
Aos poucos
Nowhere to go
Sem rumo
But goin’ out of my mind
 Mas perdendo a cabeça
In endless cirlcles
Em círculos que não acabam
runnin’ from myself until
Fugindo de mim mesmo até
You gave me a reason for standing still
Que você me dê uma razão pra continuar de pé

 

     Soledad entrou no quarto do Centro Pokémon com velocidade impressionante. Algumas lágrimas estavam presas em seus olhos.

     “Ele está tão bonito” esse era o único pensamento coerente que passava pela mente dela. O resto era uma mistura de imagens do passado que faziam as lágrimas transbordarem, mesmo que a morena não quisesse que elas o fizessem.

    Midori encarava a irmã com um aperto no peito. Odiava Masato profundamente por fazer sua irmã sofrer desse jeito. E tinha muito medo de amar e passar pelo que a irmã estava passando.

     Medo até demais.

MIDORI: Sol… toma um banho. Assim você relaxa. Depois eu te dou colinho e você me fala tudo o que está preso na sua garganta tudo bem?

     Soledade olha para a irmã e assente com a cabeça.

     Quando Midori escuta o barulho do chuveiro solta um suspiro aliviado e arruma a cama para que Soledad fique confortável. A menina morde o lábio inferior nervosa. Estava revivendo um pesadelo. Lembrava-se perfeitamente dos primeiros meses depois do fim do namoro da irmã. Foram tempos complicados, Soledad sofrera muito e… ainda sofria.

     A menina observa a irmã se aproximar e deixar no travesseiro que estava sobre suas pernas. Midori começa a acariciar os cabelos molhados de Soledad e uma lágrima escapa dos olhos da mais velha.

MIDORI: Por que você deixou de amar Sol?

     A pergunta pegou a mais velha de surpresa. Midori acariciou os cabelos de Soledad com ainda mais carinho e ela respirou fundo antes de responder.

SOLEDAD: Eu sofri muito por causa do amor Dori-chan – ela deixou escapar mais algumas lágrimas – mas não deixei de amar. Eu ainda amo você. Ainda amo meus amigos e…

     A voz sumiu e ela apenas soluçou mais uma vez.

MIDORI: Você ainda ama o Masato Sol? – estava curiosa. A irmã ainda seria capaz de amar alguém que a fez sofrer tanto?

     Soledad mordeu o lábio inferior, mas isso foi inútil. O soluço que a morena tentou reprimir foi alto e Midori abraçou Soledad, que agarrou o braço da mais nova.

     Midori ficou apenas acariciando a cabeça de Soledad e a abraçando enquanto ouvia a irmã chorar.

SOLEDAD: Eu ainda o amo muito Midori – as lágrimas caíam – muito mesmo.

MIDORI: Mas ele já te fez sofrer tanto…

SOLEDAD: Meu cérebro sabe que eu devo parar de amá-lo, mas meu coração não escuta e continua batendo a cada dia mais forte por esse baka. Ele… me fez sofrer muito, mas a felicidade que ele me trouxe foi infinitamente maior.

     Midori ficou calada perante as palavras da irmã. Cada palavra parecia flutuar no quarto.

MIDORI: Sol… não importa o que acontecer eu sempre vou estar aqui com você – ela falou para a irmã que apenas a abraçou mais forte, agradecendo sem usar palavras.

      Midori jurou para si mesma que jamais passaria pelo que a irmã estava passando. Jurou a si mesma jamais se apaixonar tão perdidamente por alguém.

 

And I want you
Porque eu quero você
and I feel you
E eu sinto você
crawling underneath my skin
Espalhando-se debaixo da minha pele
like a hunger
Como a fome
like a burning
Como uma queimadura
to find the place I’ve never been
Para achar um lugar que eu nunca estive
now I’m broken
Agora estou despedaçado
and I’m fading
 E estou perdendo força
I’m half the man I thought I would be
Não sou metade do homem que eu pensei que seria

But you can have

Mas você pode ficar com
What’s left of me
O que restou de mim

 

    May e Drew caminhavam pelo parque com um sorriso. Eles foram até o Centro Pokémon se informarem sobre o concurso. Seria em pouco tempo.

     Saíram enquanto caminhavam com os dedos entrelaçados. O namoro ia de ótimo a perfeito. May sentia que estava vivendo um sonho a cada segundo ao lado de Drew. Um sonho perfeito e que não acabaria nunca.

MAY: Eu sinto como se isso fosse um sonho – ela fala com uma voz sonhadora.

     Drew sorri e aperta um pouco sua mão, puxando-a para si e passando seu braço ao redor da cintura fina da morena.

DREW: Se isso realmente for um sonho meu amor, então eu nunca mais quero acordar – ele sorriu e tomou os lábios dela em um beijo apaixonado.

     May se sentia no maior dos paraísos. Sorriu abobalhada enquanto acompanhava o namorado.

     Infelizmente depois de um tempo eles tiveram que se separar. Ele foi para casa enquanto a morena ia visitar Soledad no Centro Pokémon.

     Luna observava os dois. Daisuke estava ao seu lado e Yukina estava no apartamento do primo.

     Ela olhou para o moreno e mordeu o lábio inferior, indecisa. O que esse garoto estava fazendo com os seus sentimentos?

DAISUKE: Eu vou indo agora… então… até depois.

     Eles trocaram um olhar significativo, os olhos e o coração tentavam falar o que a boca não queria dizer.

     Luna acenou com a cabeça e começou a seguir Drew. Com uma sensação de perda Daisuke começou a seguir May também. Estava começando a se irritar consigo mesmo por causa desses sentimentos que estavam nascendo por causa da morena.

 

Falling faster
Caindo rapidamente
Barely breathing
Mal consigo respirar
Give me somethin’ to believe in
Dê-me algo em que acreditar
Tell me it’s not all in my head
Diga-me que não é tudo da minha cabeça

 

     Rana sorria animada enquanto caminhava com Max pela cidade. O moreno havia aceitado ir ao cinema com ela e isso não poderia fazê-la mais feliz.

     Sabia que havia alguma coisa bem ruim acontecendo, mas ela não se importava apenas ter Max ao seu lado já fazia seu coração se encher de alegria. Por enquanto não precisava saber dos seus problemas, apenas queria aproveitar a companhia do moreno.

RANA: Que filme nós vamos assistir Max-kun? – a menina doce perguntava com um tom vermelho em suas bochechas.

MAX: Sei lá Rana. Qualquer um.

     O moreno dá de ombros e não parece se importar muito. Rana sente um aperto no peito, mas ignora. Tinha pouco tempo para conquistar o moreno, afinal, o aniversário dele seria em menos de um mês.

RANA: Que tal uma comédia romântica? – pergunta com um brilho no olhar.

     “O primeiro filme que eu vi com a Mi-chan foi uma comédia romântica” – esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça dele.

     Max fica irritado consigo mesmo e se obriga a sorrir para Rana.

MAX: Pode ser Rana.

     Rana sorri ainda mais animada. Ela estava adorando passar esse tempo com ele.

     Chegaram ao cinema. Rana esbanjando sorrisos e Max com um pequeno e quase minúsculo sorriso em seus lábios.

     Rana comprou os ingressos e Max pagou a pipoca e o refrigerante que ambos comeriam juntos. Comprou um pacote de balas também.

     Eles entraram na sala e ambos sentaram-se quase no meio do cinema. Max tentou prestar atenção no filme. Realmente tentou, mas…

     Mas Midori não saía de sua cabeça. Imagens da vez em que fora ao cinema com a irmã de Soledad surgiram de repente. Lembrou-se perfeitamente de cada gargalhada que ambos deram juntos. Lembrou-se perfeitamente de cada mínimo detalhe do filme. Lembrou-se do rosto delicado dela, esboçando um belo sorriso. Lembrou-se de cada suspiro que ela deu nas partes românticas.

     Max lembrava-se perfeitamente da briga pelo pote de pipocas. Lembrava-se perfeitamente que teve que comprar outro refrigerante, pois ambos haviam bebido tudo.

     Um sorriso escapou de seus lábios e Rana ficou animada com a possibilidade do moreno estar gostando disso tudo.

     Não haviam assumido para os pais dele. Apenas o fariam se ele quisesse ficar com ela depois do aniversário de Max.

     O filme foi passando e Max nem ao menos percebia. O sorriso ainda enfeitava seus lábios. Lembrava-se de todos os momentos perto de Midori. Cada segundo ao lado da garota estavam grudados em sua mente com superbonder.

     Rana encarava o garoto com mágoa nos olhos. Passara boa parte do filme e ele nem ao menos parecera notar ela ali ao seu lado. Não abrira os benditos olhos, mas Rana sabia que o moreno estava acordado.

     O aperto aumentou quando percebeu que comera quase toda a pipoca sozinha. Ele nem ao menos tocara na pipoca e nem no refrigerante. Não era assim que a menina pensara que seria o primeiro encontro deles. Sentiu os olhos ficarem úmidos, mas não permitiu que as lágrimas caíssem.

     Max foi acordado de seus devaneios quando Rana o cutucou. Havia um pouco de mágoa em seu olhar, mas o sorriso doce em seus lábios contradizia o que seus olhos quase gritavam.

MAX: Que foi Rana? – pergunta ainda um pouco desorientado.

RANA: Você não prestou atenção ao filme né Max? – ele estranhou a falta do sufixo “-kun” ao final de seu nome, mas não comentou.

MAX: Desculpa Rana, acho que eu ande viajando um pouco – ele sorri sem graça.

     Internamente Max atirava pedras em si mesmo de tanta raiva. Como pode viajar assim durante todo o filme?

     Por que Midori não saía de sua cabeça?

     Se pudesse fazer um único pedido esse seria poder esquecer esse amor não correspondido. Queria tanto poder abraçar a garota… tanto…

RANA: N-não tem problema – ela comenta. A voz embargada pelo choro contido – eu só queria fazer um programa legal pra nós dois…

MAX: Mas eu gostei – Rana levanta uma sobrancelha para ele – sério. É só que eu andei viajando sabe… pensando sobre outros assuntos.

     Rana sabia que esses “outros assuntos” ao qual Max se referira tinha a ver com outra garota. Não tinha certeza de como sabia, apenas sentia isso. Intuição feminina? Talvez fosse isso.

     As pessoas se retiravam do cinema e nem pareciam perceber o jovem casal infeliz que ali estava. Cada um tinha seus próprios problemas com os quais se preocuparem.

RANA: Tudo bem – ela murmura com a voz fraca. Uma lágrima escorre de seus grandes olhos e Max a limpa.

     O moreno sabia o motivo do choro da garota, mas não estava muito a fim de conversar sobre isso.

MAX: Vamos para casa – ele fala pegando na mão da menina e a puxando para fora.

     Rana apenas o seguiu. Algo dentro de si dizia que aquilo não daria certo, mas seu coração berrava por um pouco de atenção do moreno. Pelo menos um pouquinho.

     O caminho foi feito sem muitas conversas.

 

Take what’s left of this man
 Leve o que restou desse homem
Make me whole once again
Torne-me completo novamente

 

     Drew chegou a sua casa e viu a prima ali com um sorriso malicioso. Não entendia o que estava acontecendo, apenas soube que não gostaria de saber.

     Luna entrou logo depois dele e Yukina saiu trocando um olhar cumplice com a amiga. Drew encarou Luna com uma sobrancelha erguida.

     Luna olhou para o lado e mordeu o lábio inferior. Sabia que se fizesse o que haviam combinado provavelmente nunca mais veria Daisuke e por algum motivo que ela ainda não conseguia entender não gostava nem um pouco dessa ideia.

     Daisuke havia mexido de um jeito com ela que nem mesmo ela poderia descrever. Sentia um aperto enorme no peito só de se imaginar longe dele, que dirá nunca mais o vê-lo.

     Olhou para Drew. Ele ainda a encarava com uma sobrancelha erguida.

     Pensou em Kina. Sua melhor amiga. A única pessoa que nunca a abandonara. Ela sempre estivera ali. Fora Kina quem lhe consolara quando pensara ter perdido Drew. Fora Kina a única pessoa que não havia a abandonado quando perdeu a mãe.

     Kina era sua família e isso nunca mudaria. Pensou em tudo o que a irmã passara para que ela conseguisse aquela chance. Sim. Irmã. Porque para ela, era isso o que Yukina e ela eram. Irmãs. Tomou uma decisão.

     “Pela Kina” – pensou com o coração na mão.

LUNA: Precisamos conversar Drew.

     Yukina saiu da casa e viu sua tia caminhando ali por perto. Foi até ela com uma cara de desespero.

YUKINA: Tia – a voz era doentia e fraca.

MARY: O que foi querida? – perguntou preocupada. Mesmo que não gostasse muito da garota, Yukina ainda era sua sobrinha e não podia deixar de sentir um pouco de afeto por ela. Bem pouco.

YUKINA: Eu não me sinto bem – Mary colocou sua mão sobre a testa da garota de olhos verdes e arregalou um pouco os olhos.

MARY: Está com febre meu amor – ela comenta preocupada – vamos até o hospital. Lá eles vão cuidar de você.

     Yukina apenas assente fracamente com a cabeça e começa a seguir a tia que chama um táxi. O caminho inteiro ela gemeu de dor.

MARY: Por que Luna não está com você?

YUKINA: Ela teve que dar uma saidinha e então eu passei mal. Ai tia tá tudo doendo.

     Yukina era uma atriz excelente. Parecia estar realmente doente e a pele naturalmente clara dava um ar doentio à jovem menina.

     Se Mary não fosse tão boazinha e tivesse desconfiado da sobrinha, provavelmente Drew não estaria passando por aquele sufoco. Mas ela era boazinha e estava realmente preocupada com a sobrinha.

 

’cause I want you
Porque eu quero você
and I feel you
E eu sinto você
crawling underneath my skin
Espalhando-se debaixo da minha pele
like a hunger
Como a fome
like a burning
Como uma queimadura
to find the place I’ve never been
Para achar um lugar que eu nunca estive
now I’m broken
Agora estou despedaçado
and I’m fading
E estou perdendo força
I’m half the man I thought I would be
Não sou metade do homem que eu pensei que seria
You can have
Mas você pode ficar com
All that’s left
Tudo o que restou de mim
Yeah, yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah
What’s left of me
O que restou de mim

 

     May saía do Centro Pokémon com o coração na mão. Nunca imaginara ver a amiga tão mal, mas a entendia. Midori estava sendo bastante forte ao suportar a dor da irmã daquele jeito.

     Sentia tanta pena da amiga, queria ficar mais, mas tinha que voltar para a casa do namorado antes que alguém ficasse preocupado.

     A morena não gostava de se gabar das coisas, mas depois da história que a amiga contou ficou com uma vontade de agarrar seu namorado e não o largar mais… sentia que algo muito ruim estava para acontecer e ela não gostava nem um pouco dessa sensação.

     Já havia a sentido antes e não gostara nem um pouco.

     Viu Daisuke se aproximando com o sorriso sarcástico que a irritava profundamente nos lábios. Contou até dez para não arriscar. Não estava de bom humor e tinha certeza de que Daisuke não tinha boas intenções e que não gostaria daquela conversa.

DAISUKE: Olá May.

MAY: Oi – murmurou mal humorada.

DAISUKE: Nossa que mau humor – comenta irônico.

     May o fuzila com o olhar. Ainda não havia perdoado a traição do ex-namorado. Provavelmente nunca o faria.

MAY: Fale logo o que quer e me deixe em paz.

DAISUKE: É exatamente isso o que eu quero. Paz – May ergue uma sobrancelha – antes de começarmos a namorar nós dois éramos muito amigos May. Quero essa amizade de volta.

     May ficou desconfiada, mas a sinceridade no olhar dele a surpreendeu.

MAY: Certo… mas…

DAISUKE: Era isso o que eu queria. Está indo para casa? – o tom casual com o qual seu tom de voz saiu era anormal, mas May se sentiu bem.

MAY: Claro, por que não me acompanha? – pergunta com um sorriso. Em sua mente, todos mereciam uma segunda chance.

     Daisuke sorri para a morena e ambos caminham calmamente até a casa do verdinho. Por algum motivo Daisuke ficou com vontade de impedir May de ir até a casa do namorado, assim eles não terminariam o namoro e ele e Luna continuariam juntos.

     Bateu-se internamente ao pensar nisso. Tinha é que estar feliz por ficar longe dessa lombriga de vestido Italiano.

     Tentou colocar na própria cabeça que não se importava com a morena. Infelizmente isso não aconteceu.

     Ambos entraram no hotel. Subiram pelo elevador. A cada segundo Daisuke suava mais frio. O elevador parou e eles começaram a ouvir vozes. Daisuke sabia que não poderia deixar May ouvir muito então fingiu que caiu no corredor. Esse seria o aviso de Luna.

 

I’ve been dying inside you see
Eu estou morrendo por dentro, veja
I’m going out of my mind
Estou perdendo a cabeça
Out of my mind
Perdendo a cabeça
I’m just runnin’ in circles all the time
Estou simplesmente correndo em círculos o tempo todo

Will you take what’s left

Você vai levar o que restou?
Will you take what’s left
 Você vai levar o que restou?
Will you take what’s left
 Você vai levar o que restou?
Of me

De mim
Just runnin’ in circles all the time
Simplesmente correndo em círculos o tempo todo
Will you take what’s left
Você vai levar o que restou?
Will you take what’s left
Você vai levar o que restou?

Will you take what’s left

Você vai levar o que restou?

Take what’s left of me

Levar o que restou de mim…

 

     Ao ouvir o barulho no corredor Luna se jogou nos braços de Drew e o beijou. Um beijo longo e teve vontade de soltá-lo antes que a porta fosse aberta, mas não o fez.

     Daisuke e May entraram e viram Drew e Luna se beijando. Daisuke ficou com vontade de arrancar Luna dos braços de Drew, mesmo que ele não estivesse envolvendo-a em seus braços.

     Drew afastou Luna assim que conseguiu se livrar do susto. Infelizmente já era tarde demais.

MAY: DREW!

     O garoto olha para trás a tempo de ver uma mão bater com força contra seu rosto. Viu os olhos azuis que tanto amava cheios de lágrimas que caíam compulsivamente.

DREW: May… – foi o que conseguiu murmurar bobamente.

MAY: CACHORRO! EU CONFIEI EM TI! EU TE DEI TODO O MEU AMOR E OLHA O QUE EU RECEBO EM TROCA – ela gritava em desespero. Drew tentou tocá-la, mas recebeu um tapa na mão – NÃO ME TOCA! NUNCA MAIS QUERO TE VER NA MINHA FRENTE! EU TE ODEIO – a garota saiu correndo em desespero.

     Drew estava confuso ainda pelos tapas que recebera. May acabara de vê-lo beijando Luna. Na verdade, acabara de ver Luna o agarrando, mas ele sabia que conseguiria convencê-la de que não tinha culpa.

DREW: É TUDO CULPA SUA – grita para Luna. A morena não estava melhor, ainda encarava a porta de onde Daisuke havia desaparecido logo após de May – eu preciso falar com ela.

     A morena rapidamente se lembrou da segunda parte do plano. E soltou uma gargalhada sarcástica.

LUNA: Eu te fiz um favor, assim você não vai acabar como o corno dessa história – ela comenta rindo.

DREW: Cala a boca, você não sabe do que fala – ele exclama com os olhos brilhando de raiva. Ele começa a seguir até a porta, mas para ao ouvir as próximas palavras ditas por ela.

LUNA: Então por que Daisuke e May entraram aqui juntos? – ela pergunta com um sorrisinho irônico.

DREW: Porque vocês arquitetaram esse plano juntos!

LUNA: Não acha que se fosse planejado Kina estaria aqui?

DREW: Ela deve estar fazendo alguma outra coisa, eu vi o olhar de vocês duas antes.

LUNA: Então por que Daisuke ainda não saiu daqui? – bingo. Essa pergunta deixou Drew sem ação – ele estava aqui apenas por causa do garoto não é? Mas o tal do… Max não é? Mas ele já foi embora. Por que May não o expulsou ainda?

DREW: Por que… por que… porque ela quis.

     Ele engoliu em seco. Realmente não sabia o motivo de Daisuke ainda não ter ido embora de sua casa. Luna agradeceu mentalmente o fato de o garoto estar de costas e não ver a lágrima que escorreu de seus olhos.

     Drew saiu correndo e se trancou em seu quarto. Ainda não conseguia acreditar que May traíra-o.

     May apenas corria para longe. O sonho havia acabado e ela encontrava-se em uma terrível realidade. Daisuke a seguiu, mas a morena não estava com paciência para ele. Não queria incomodar Soledad. A amiga já tinha seus próprios problemas. Correu até a praça e ali chorou.

     Daisuke sentou-se ao seu lado e acariciou o braço dela.

DAISUKE: Desculpa May… eu já sabia – ele murmurou.

     May lançou lhe um olhar zangado. Daisuke piscou, fingindo confusão.

MAY: A CULPA É TODA SUA! SUA E DAQUELAS DUAS COBRAS – ela grita.

     Daisuke pisca mais uma vez confuso.

DAISUKE: May… eu não tenho nada a ver com isso. Acredite em mim – ele pediu.

     Infelizmente a morena não conseguia.  Daisuke então criou uma desculpa improvisada.

MAY: Nunca mais confiarei em você.

DAISUKE: Eu e Luna acabamos nos aproximando – ele comenta. May ainda chorava, mas levanta as orbes safira para encará-lo – e… acho que eu me apaixonei por aquela idiota – a morena espantou-se ao ver que ele falava sério. A boca pode mentir, mas os olhos não – ela me contava das vezes em que ficava com Drew.

     A garota viu tanta sinceridade no olhar do moreno que não conseguiu duvidar. Agarrou a camiseta de Daisuke e chorou no ombro dele. O moreno apenas acariciou seus cabelos enquanto lembrava as palavras de Yukina.

     “Parem com isso os dois! Esqueçam essa briga idiota, quando juntarmos vocês com May e Drew vocês dois nunca mais irão se ver! Então esqueçam essa briga e trabalhem o mais rápido possível, assim o sofrimento de vocês acaba mais cedo.”

     Nunca mais vê-la… nunca mais ver Luna.

     May apertou ainda mais sua camiseta e ele retribuiu fortemente ao abraço da ex-namorada.

     Sem que percebesse uma lágrima solitária escapou de seus olhos ao ficar remoendo as palavras de Yukina. “Eu nunca mais irei vê-la” e então, ele chora baixinho. May está tão concentrada no próprio sofrimento que nem percebe. Internamente Daisuke agradece por isso. O moreno ainda não conseguia acreditar que se apaixonara por Luna.

Continua…


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