http://www.youtube.com/watch?v=T0CScxTL904&list=PLRREudXdLKZv49DcAzUvda552lsHMQlZf

(Escutem em quanto leem)

Acordei.

Meu peito doía a cada vez que eu respirava. Meus olhos estavam pesados de tanto chorar.

Levantei-me, todos já tinham saído do dormitório.

Fiz minha tudo o que tinha de fazer no piloto automático.

Tudo parecia tão cinza.

Desci as escadas do salão comunal, olhei para a lareira que crepitava um fogo vívido. Mas eu só via cinza.

Fui até o salão principal. Todos já tomavam o café da manhã, conversavam alegremente. Verde, vermelho, amarelo e azul, cores vivas e alegres. Mas novamente eu só via cinza.

Andei em direção à mesa e forcei um sorriso. Fui andando calmamente olhando para o chão, quando esparrei em alguém.

Caí no chão. Meu olhos continuaram fitando o chão – que parecia tão interessante – por uns cinco segundos, até que juntei coragem e olhei para a pessoa.

Os cabelos ruivos antes tão brilhantes, agora eram foscos e sem graça. E seus olhos.

Ah, seus olhos.

Tão vivos e cheios de alegria, sempre prontos para alegrar o dia de qualquer um, agora eram sem vida, quase mortos. Completamente assustador.

Haviam duas semanas que eu não falava com Fred, nem mesmo o via, ele parecia acabado. Apesar disso, eu não ligo.

– Hermione, eu...

Levantei-me, ignorando-o. Virei de costas e fui andando.

***

Nada realmente me deixava feliz.

Só tinha alguns momentos felizes, como quando Córmaco tentava me alegrar. Não funcionava muito bem, mas era uma distração.

Os dias se passavam lentamente, eu contava cada dia para as férias de natal.

Eu queria poder não ver mais a cara dele nunca mais, mas eu tinha que permanecer forte. Harry precisava de mim, mais do que nunca. Voldemort tinha voltado, e as coisas pareciam cada vez mais difíceis.

E eu estava com raiva de mim. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, eu só conseguia pensar nas palavras de Fred.

O baile de Slughorn seria amanhã, e eu não faço ideia de quem convidar. Lilá não iria gostar se eu convidasse Ron, Jorge não gosta de bailes, e Fred...

Saí da aula de DCAT e dei de cara com Córmaco.

– Ah, oi – disse me recuperando do susto.

Ele sorriu.

– Posso te acompanhar até sua próxima aula, mademoiselle? – disse com um péssimo sotaque francês.

Definitivamente, ele não era engraçado.

– Claro hm – peguei minha grade de horários – agora eu tenho Poções...

Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça Córmaco...

– Córmaco? – chamei.

– Sim?

– Você vai fazer o que amanhã a noite? – perguntei.

– Nada – respondeu pensativo – Por quê?

Fiquei com vergonha de repente.

– Hm... Quer ir ao baile do Slughorn comigo? – corei.

Ele sorriu abertamente.

– Claro – riu e me acompanhou até minha sala.

***

Ajeitei meu cabelo.

Hoje é o dia do baile.

Passei a mão pelo vestido, desamassando-o. Passei o batom vermelho claro em meus lábios e coloquei perfume.

Estava pronta.

Eu olhava meu reflexo, mas não via nada. Era só um corpo sem vida, sem emoção. Escondendo as marcas na alma, que já não estava mais ali.

Coloquei os sapatos e desci as escadas.

Parei em frente a lareira, e fiquei observando o fogo crepitar, continuava tão cinza quanto hoje de manhã.

Ouvi alguém descendo as escadas e me virei, esperando que fosse Córmaco. Mas não.

Ele me olhou de cima à baixo, e quando nossos olhos se encontraram eu os vi brilhar por um segundo.

–Hermione, você está ai? – ouvi Córmaco gritar.

Desviei meus olhos dos de Fred rapidamente.

– Ah, você tá ai. – Disse.

Ele desceu a escada correndo, esbarrando em Fred e quase o fazendo cair.

– Vamos? – estendeu o braço pra mim.

Olhei para o ruivo por uns segundo, e depois peguei o braço do loiro.

– Sim.

***

– Me esconde – sussurrei para Harry e puxei-o pelo braço.

Parei de puxa-lo e meu virei para encara-lo.

– O que foi?- perguntou.

– Córmaco – respondi – eu não fazia ideia que ele era tão tarado assim.

Ele riu, franzi o cenho.

– Porque não pensei em te convidar antes? – murmurei – Ou melhor, porque eu vim pra esse baile mesmo? – gemi em frustação.

Harry riu mais ainda.

– Onde está Luna? – perguntei.

– Ela começou a falar sobre zonzóbulos , ai eu fui pegar alguma bebida – passou a mão pelo cabelo – e quando eu voltei, ela não estava mais lá.

Agora eu ria.

Continuamos a conversar, até que Harry sussurra:

– Córmaco vem ai – disse.

Arregalei os olhos e fui rapidamente para debaixo da mesa.

– Você viu a Hermione? – perguntou o loiro para meu amigo.

– Vi sim – respondeu – Ela foi para lá. – apontou para uma direção qualquer.

Ele assentiu e seguiu na direção que Harry apontou.

– Pode sair – disse.

Saí de debaixo da mesa.

– Obrigada Harry – agradeci.

Ele olhou para alguma coisa atrás de mim e franziu o cenho.

– Hermione... – hesitou – eu vou ver uma coisa. Já volto.

Nem tive tempo de responder alguma coisa e ele saiu.

Depois que Harry saiu minha noite só piorou.

***

Acordei no dia seguinte lembrando dos acontecimentos da noite passada.

Depois que Harry me deixou sozinha – ele não foi falar comigo depois – Fui procurar alguém para conversar. Gina estava com Dino, ninguém sabia onde Luna estava, Harry sumiu e me deixou sozinha e Neville não podia conversar pois estava “trabalhando”.

Depois de várias vezes fugindo de Córmaco, para a minha infelicidade, ele me achou. Eu estava sentada, veio andando em minha direção. Mas ele não tinha visto Neville em sua frente, e os dois acabaram se esbarrando.

E para melhorar mais ainda, Snape estava do lado dos dois, fazendo com que todo o liquido de dentro das taças caísse em sua roupa.

Seboso ficou tão bravo que descontou 100 pontos da grifinória.

Eu ri muito na hora. Aquela foi uma das primeiras vezes que eu ri depois do que tinha acontecido.

Depois disso tudo, voltei para o salão da grifinória para fugir de Córmaco. E acabei adormecendo no sofá, olhando o fogo da lareira.

Terminei de guardar as minhas coisas no malão. Começam hoje as férias de natal.E eu vou passar em minha casa por alguns motivos.

Primeiro: Eu estou brigada com Fred e não quero mesmo ver a cara dele.

Segundo: Sinto saudades de meus pais.

E terceiro e mais importante: Uma guerra está prestes a começar, então não sei quando verei meus pais novamente.

Suspirei e tentei afastar esses pensamentos tristes da minha cabeça.

Pequei minha mala, bichento e desci as escadas. Harry, Ron, Gina e Lilá me esperavam.

– Mione! – gritou Gina – você demorou de mais!

Desculpei-me.

– Tá, vamos logo – disse Ron – Quero pegar uma cabine boa.

Ele pôs um braço em volta do ombro de Lilá e saiu com Harry. Eu ia saindo, mas Gina me parou.

– Herms, você tá bem? – perguntou.

– Claro Gina, por quê não estaria? – sorri.

Acho que meu sorriso não foi nem um pouco convincente. A ruiva fez uma expressão triste e me abraçou.

– Vai ficar tudo bem, você vai ver. Não fique assim pelo idiota do meu irmão – disse.

Senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, mas limpei rapidamente.

– Obrigada Gina – disse me separando do abraço – Vamos?

Ela sorriu.

Fomos andando até o trem, conversamos e rimos. Gina sempre me lançava olhares do tipo “vai ficar melhor” e eu sorria.

Fomos procurar a cabine em que os garotos estavam e eu acabei esbarrando em uma cabeleira loira.

Eu, por um segundo, tive a ilusão, a esperança de que fosse Luna.

Infelizmente não era.

Elissandra Hertel estava na minha frente. Pensei que ela iria fazer alguma coisa, ou fazer alguém comentário desnecessário.

Mas não.

Ela fez uma cara de nojo e depois saiu de minha frente.

Troquei um olhar com Gina. A mesma deu de ombros e continuou a procurar a cabine dos garotos.

***

Depois de achar a cabine, eu e meus amigos ficamos conversando até eu pegar no sono. Sonhei com uma lhama, ela cantava “Happy” do 2NE1 e saltitava toda feliz por ai.

Acho que esse foi o sonho mais estranho e louco que já tive em toda minha vida.

Abri os olhos lentamente, dei um bocejo.

Dei de cara com um ruivo, primeiramente pensei que fosse Rony.

Mas não.

– Hermione – disse lentamente – precisamos conversar.

Era Fred.