Doce Tormenta escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 6
Maldita Clausula.


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco mas voltei.
Boa leitura.



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– Nathan

Fiquei ali apenas a observando partir. Gostaria de sabe o que estava acontecendo comigo, talvez um dia eu encontrasse a resposta.

Bati na porta de Susan e entrei.

– Olá querido. – disse ela vindo ao meu encontro e me dando um abraço.

– Oi Suzzie. – eu realmente amava essa mulher, ela era maravilhosa, cuidara de mim e Adden desde que mamãe falecera.

– Algum dia ira parar de me chamar assim Nate? – ela sempre dizia isso, porem ela sempre seria a minha Suzzie.

– Não. - respondi rindo. As nossas “consultas” já não eram consultas de fato a muito tempo , eu vinha e tomávamos café , conversávamos. Com o trabalho eu não tinha tempo e a única forma que encontrei era agendar um horário semanalmente para ver Susan. Também nos víamos aos domingos, o que não era suficiente.

Sentei-me na poltrona de frente a ela. – Tenho algo para perguntar Suzzie. – ela assentiu, então continuei. – A garota que estava aqui agora pouco, minha nova secretária, você a conhece a quanto tempo?

Susan fitou-me por um longo tempo antes de responder.

– Desde que sua mãe morreu, Kristen Davis, seu marido Charles Baker a assassinou na frente de Melanie, quando ela era pequena. – sua expressão era vazia como se aquilo lhe trouxesse lembranças dolorosas.

Não sabia o que dizer, apenas fiquei pensando na dor que Melanie carregava consigo. Teria o telefonema de hoje algo a ver com isso? Não pude deixar de me perguntar.

– Charles fugiu recentemente da cadeia e Melanie acredita que ele esteja atrás dela. – não queria acreditar em nada do que acabara de ouvir. Uma raiva repentina começou a crescer em mim.

                                               ~~ ~~

Uma hora depois me encontrava em um restaurante no centro de São Francisco com Hanna, minha antiga noiva. Não pretendia vir, porém ela insistira tanto que temi que ela aparecesse em meu apartamento.

– Porque estamos aqui Hanna?- perguntei após alguns minutos.

– Porque não deveríamos estar? Porque não jantar em um restaurante maravilhoso como este? - ela respondeu  apontando o lugar.

Essa era a nova Hanna, superficial. Nos amávamos a alguns anos, tínhamos uma casa e íamos nos casar. Alguns meses antes do grande dia, descobrimos que ela estava grávida e tivera um aborto espontâneo. Ela surtou, entrou em depressão e nunca mais foi a mesma. Duas semanas antes do casamento ela sumiu, deixando apenas uma carta dizendo que não estava preparada para se casar e que partiria num voo para a Grécia no mesmo dia.

– Gostou do meu novo corte?- olhei-a como não fazia a muito tempo, ela parecia madura e inteligente. Seus cabelos louros estavam curtos na altura dos ombros agora. Ela era alta, esbelta, extremamente linda, sempre fora. Era estanho olha-la e já não sentir mais nada, eu era grato por isso.

– Você esta ótima, como sempre. - falei sinceramente.

– Obriga, você também Nate. Tem algo que eu gostaria de lhe dizer, não surte. - fiquei observando  enquanto ela tirava algo da bolsa.

Petrificado a vi estender para mim o anel de noivado que eu havia lhe dado.

– Quero muito ser digna de usa-lo novamente Nate.- seus grandes olhos verdes agora estavam marejados.

Não sabia o que dizer ou como me sentir, Hanna era um assunto difícil mesmo que  já não a amasse mais.

– Sei que o que fiz a você é irreparável Nathan, mas espero que um dia você possa me perdoar. – uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

Sem pensar levantei-me.

– Sinto muito Hanna, eu a perdoei a muito tempo, mas não acho que posso aceita-la de volta. Com licença.

Não fiquei para ver sua reação a minhas palavras, apenas fui embora o mais rápido que pude.

Dirigi por horas, meu pensamentos em Melanie, Hanna. O relógio no painel marcava dez horas, decidi que era hora de ir para casa. A caminho de meu apartamento, vi uma moça cruzando o sinal. Ela ia em direção a um café na esquina oposta, quando um idiota buzinou e ela virou-se mostrando o dedo do meio, Melanie, era ela fazendo sinal feio para o babaca que havia buzinado.

Então ela entrou no café. Sem pensar fiz o cruzamento e estacionei em frente ao pequeno estabelecimento. Entrei e lá estava ela, linda como sempre, notei que ela estava lendo um livro, especificamente Harry Potter. Quem lia Harry Potter aos 26 anos? fingi não a ver e caminhei até o balcão. Fiz meu pedido, um cappuccino duplo para viagem como algumas rosquinhas. Caminhei até a porta e seus olhos capturaram os meus.

Fingi não tê-la visto até agora, céus o que eu era agora, um adolescente cheio de hormônios?

– Olá Srta. Davis. – a cumprimentei.

– Olá Nathan. – droga, até meu nome parecia diferente saindo daqueles belos lábios rosados. – Gostaria de se sentar?

Puxei a cadeira e quando me inclinei para sentar, bati o braço no copo dela, derrubando todo o café nela e em seu livro estupido. Eu posso ter corado um pouco.

Rapidamente peguei aqueles papéis toalhas em uma tentativa patética de limpar o estrago que havia feito. Para minha surpresa Melanie começou a rir. Acho que fiquei ainda mais vermelho.

– Tá tudo bem. - ela não parecia chateada, Deus eu era um idiota. Sentei de novo, dessa vez com mais cautela. Ela continuou a rir, eu já estava penando em ir embora quando ela segurou minha mão. Faíscas subiram por todo o meu braço.

– Serio Nathan, tudo bem. – assenti embora o livro dela não parecesse nada bem, de fato eu o havia destruído.

– Sinto muito pelo livro. - realmente me sentia mal pelo livro estupido.

Ela o olhou triste, - Minha mãe me comprou ele antes de morrer, ela adorava toda a história.

O sentimento de culpa me tomou. – Eu... Eu - não sabia o que dizer.

– Não tem problema, de qualquer forma eu precisava de um novo mesmo. – seu sorriso era genuíno, então apenas assenti.

– Ainda ira almoçar comigo amanhã?- perguntei.

– Claro. – aquele maldito sorriso fazia com que eu sentisse vontade de sorrir também. 

Ficamos por lá mais alguns minutos conversando. Ela tentava me explicar sobre o que era o tal livro, ficou chocada quando eu disse que nunca havia nem mesmo visto os filmes. Quando a garçonete começou a fechar o café, perguntei se ela precisava de uma carona, ela recusou dizendo que morava a algumas quadras dali. Embora não quisesse deixa-la na rua tão tarde me dei por vencido quando ela disse algo sobre aulas de muay thai e ter batido em um suposto assaltante. Saímos do café e me despedi dando um beijo em sua bochecha. Ela era ainda mais lind aquando corava. Caminhei até o carro sentindo seus olhos em mim.

Cheguei em casa e após uma ducha fui me deitar ainda pensando naquelas bochechas coradas e aquele maldito sorriso. Embora cansado o sono demorou a vir. Quando finalmente consegui adormecer o despertador tocou. Frustrado levantei, me vesti e desci até a cozinha. O céu lá fora indicava que ainda não havia amanhecido. Todas as manhãs eu corro, me sinto bem quando o faço.

                                          ~~ ~~

Duas horas depois, após uma ducha e um café, dirigi até o trabalho, eu havia dado uma semana de férias a Jeffrey, meu motorista.

Cheguei ao prédio, feliz pelo sistema ter retornado, assim podia usar meu elevador privado. Apenas os empregados de meu setor podiam usa-lo que não eram muitos, apenas Melanie e Pamela. Adentrei o hall e segui até minha sala. Melanie já havia chegado? Não pude deixar de me perguntar.

20 Minutos depois, absorto em alguns documentos, não a vi entrar. Ela estava ainda mais linda do que ontem com sua roupa de ginastica, seus cabelos chocolates estavam presos em um elegante rabo de cavalo, ela usava uma blusa de seda azul que realçava seus belos olhos e uma saia preta, alguns minúsculos centímetros acima do joelho. Minha atenção se perdeu naquelas pernas, e que pernas, ela completava o look com um sapato preto extremamente alto. Deixando meu devaneio, disse:

– Em que posso ajuda-la?- acho que querer ajuda-la a chegar até a minha cama não vinha ao caso.

– Austin Adams esta aqui e espera vê-lo, ele disse que é importante. - ela sorria. Teria ela notado meu súbito interesse em suas pernas?

– Claro, mande-o entrar. – ela virou e saiu ainda sorrindo. Aquele maldito sorriso, eu queria sorrir quando o vinha, porem odiava sorrir, eu tinha covinhas, malditas covinhas que me faziam parecer um garoto tolo quando ria.

Logo que ela deixou a sala, Austin entrou.

– Olá Nate você parece ótimo cara, tem malhado? E por favor, me diga onde arranjou aquela secretária. - imediatamente fechei a cara com seu comentário, decidi ignora-lo. Austin era o advogado das Indústrias Clark e um velho amigo. Quando seu pai Henri nosso antigo advogado decidiu se aposentar, Austin assumiu seu lugar.

– Você também parece ótimo, como vai Megan? – Austin se casara recentemente com Megan, uma garota excepcional que conhecemos na faculdade.

– Está bem. – ele pareceu meio vago ao responder, nervoso.

– Algo errado? –perguntei.

– Sim, não, não sei como lhe contar.

– Comece pelo começo ora. - indiquei a cadeira a minha frente e ele sentou-se. Fiquei observando enquanto ele abria sua maleta e tirava de lá um papel. Em seguida o estende-o para mim. Curioso o peguei e comecei a ler. O papel era um documento, mais especificamente falando, uma clausula antiga do testamento do meu pai. No terceiro paragrafo tive uma surpresa.

– Santo Deus! Ele não pode ter feito isso. - não queria acreditar no que meu pai havia feito, a raiva tomou-me. Reli a droga do terceiro paragrafo:

“Deixo meu filho primogênito com posse total das Indústrias Clark, tendo ele de se casar em um ano após assumir o cargo provisoriamente até consumar o ato. Caso ele não o faça as Indústrias devem ser postas a leilão”.

Não podia e não queria acreditar no que acabara de ler, velho idiota. Raiva, frustação, medo, eu sentia cada uma dessas emoções.

– Posso recorrer tentar algo? - perguntei, mas para mim mesmo do que para Austin.

– Não sinto muito Nate.- respondeu ele, me olhando com pena.

                                            ~~ ~~

30 minutos depois eu ainda estava absorto na maldita clausula, quando ouvi uma batida na porta.

– Entre. 

– Oi, - era Melanie, ela parecia receosa. – são 1h. - oh, droga eu tinha me esquecido de nosso almoço.

– Claro, sinto muito, perdi a noção do tempo. - disse me levantando. - Podemos ir?- perguntei e ela assentiu sorrindo. Deus ela tinha que ser tão adorável? Sorrindo também peguei a mão dela. Sua expressão foi de surpresa, porem logo foi substituída por um sorriso que lhe tocava os olhos. Aquele maldito sorriso.


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Notas finais do capítulo

Capitulo longo né? rs Mas valeu a pena.
Não deixem de ler Sob a pele http://fanfiction.com.br/historia/418172/Sob_A_Pele/
Beijo Beijo.