Entre Dois Mundos escrita por Malu


Capítulo 17
Agitações


Notas iniciais do capítulo

Oi meus leitores queridos! Eu queria pedir mil desculpas pelos atrasos, e isso ainda não seria o suficiente. É que está realmente complicado para mim, eu não tenho mexido muito no pc, estou escrevendo praticamente tudo no celular e isso é outra coisa que atrapalha um pouco. Eu espero que nas férias eu consiga postar dois capítulos, não tenho certeza se vou conseguir, mas fora isso vai ser mais ou menos assim, um capítulo por mês. Mas aí está, tenham uma boa leitura!



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As aulas voltaram e com elas uma pilha de deveres. Passava a maior parte do tempo na biblioteca com o Grim, cada um com seus estudos. As meninas ainda não falavam comigo, porém a Emily havia começado a me tratar de maneira um pouco mais amigável, chegando até a me deixar uma xícara de chá na mesa em que dormi na sala comunal um dia.

Mais uma vez estava sendo atacada por uma acromântula gigante. Eu não sabia o que fazer e todas as outras crianças pareciam esperar que eu fizesse algo. Ela estava se aproximando cada vez mais do refeitório onde estávamos almoçando. Meu sangue estava gelado e eu não conseguia me mexer.

– Sophie? Sophie! - alguém chamava meu nome ao longe, mas eu ainda não conseguia reagir. - Sophie, acorde, por favor!

Abri os olhos, assustada. Havia sido apenas um pesadelo. Estava coberta de suor e enrolada nas cobertas. Não conseguia focar o quarto nem saber que horas eram. Tentei me sentar e tudo girou.

– Você está bem? - eu ainda não conseguia ver quem estava falando comigo. - Você estava se remexendo muito na cama e gemendo um pouco e eu acordei. Quer alguma coisa?

– Que horas são?

– Umas três horas da manhã…

– Desculpa te acordar… - mais uma vez tente me sentar, dessa vez conseguindo. Esfreguei os olhos e consegui enxergar melhor. Emily estava parada em pé ao lado da cabeceira da cama, com uma expressão preocupada. - Pode voltar a dormir, eu estou bem… - tentei dizer, mas minha garganta estava seca.

– Eu vou buscar um copo d’água pra você, já volto. - ela saiu e voltou pouco tempo depois com um copo cheio de água gelada que bebi em alguns goles.

– Obrigada. Você pode voltar a dormir, foi apenas um pesadelo, eu estou bem. Desculpa te acordar…

– Tudo bem. Eu vou dormir. Boa noite.

Fechei as cortinas ao redor da minha cama. Não pretendia dormir e não queria acordar ninguém outra vez. Acendi minha varinha e fui ler meu livro de mitologia grega. Porém minha dislexia não deixou eu continuar por muito tempo. Não estava com atenção suficiente para fazer dever e também não queria dormir de novo e ter mais pesadelos.

Levantei-me da cama, coloquei uma calça de pijama e um casaco e desci para a sala comunal com a minha mochila. Sentei em uma mesa meio escondida com um lampião aceso e comecei a desenhar, sem prestar muita atenção. Estava desenhando o acampamento como havia visto em meus sonhos.

De repente, um vento frio varreu a sala, espalhando algumas folhas que estavam em cima das mesas e apagando o lampião. Nos poucos minutos em que tudo ficou escuro e eu procurava pela minha varinha, senti uma presença estranha adentrar o ambiente.

– Lumos! - sussurrei e uma luz fraca surgiu na ponta da varinha iluminando levemente. Levantei e olhei ao redor. A sala estava uma bagunça, como se um furacão tivesse passado por lá. Senti um arrepio percorrer meu corpo e fiquei alarmada. Algo acertou minha cabeça e eu desmaiei.

– Sophie? Sophie! - alguém me sacudia, mas eu não conseguia acordar. - Por favor, acorde! Alguém me ajude aqui, por favor! Temos que levá-la para a ala hospitalar.

Senti que me levantavam e carregavam para algum lugar. Eu queria abrir os olhos, mas não consegui. As pessoas murmuravam algo, mas eu não conseguia compreender. Senti minha consciência sumir e mais uma vez me desliguei.

Durante o que me pareceram horas, fiquei num estado de semi-consciência. Não sabia direito o que estava acontecendo, algumas vezes conseguia ouvir vozes preocupadas ao meu redor. Não conseguia abrir os olhos e mais de uma vez acabei cedendo ao torpor que tomava conta de mim. Não conseguia lembrar o que havia acontecido, só esperava que passasse logo.

– Não sei o que aconteceu. Eu ouvi um barulho estranho e fui ver o que era. Ela estava desmaiada no chão e a sala comunal estava uma bagunça. - finalmente consegui ouvir com clareza o que estava acontecendo. Alguém segurava minha mão com firmeza. Não estava com vontade de abrir os olhos, fiquei apenas ouvindo.

– Não havia mais ninguém com ela? Você tem certeza?

– Olha, professora, eu não sei o que aconteceu, eu já falei isso. Aquele garoto do segundo ano, o Grim, ele apareceu logo depois, ele deve saber de alguma coisa!

Era uma garota que falava. Eu não tinha certeza, mas achava que era a Emily. A outra pessoa era a Professora McGonagall. Havia ainda outra pessoa que eu não sabia quem era, pois nenhuma das duas segurava a minha mão, suas vozes não estava próximas o suficiente.

– Se você acha isso… Chame-o para mim o mais rápido possível, por favor.

– Sim senhora! - ouvi barulho de passos e imaginei que ela saiu correndo.

– O senhor sabe o que pode estar acontecendo, não é?

– Sim, eu sei… - meu coração deu um salto ao reconhecer a voz do meu pai. Então era ele que segurava minha mão! Ele apertou um pouco e eu percebi que ele estava nervoso. - Eu vou tomar as devidas providências, não precisa se preocupar.

– Mandou me chamar, Professora? - o Grim entrou no local. Senti quando ele se sentou na beirada da cama, colocando a mão no meu pé.

– Sim. Falaram que o senhor chegou em poucos segundos na sala comunal depois do que aconteceu. Por algum acaso sabe me dizer o que houve?

– Eu tinha acabado de acordar depois de um pesadelo… - ele hesitou por alguns segundos. - Ouvi alguma coisa acontecendo na sala comunal e desci ver o que tinha acontecido. Estava uma bagunça, parecia que alguém tinha mexido em tudo. Não acho que a Sophie tenha feito isso. Havia uma garota debruçada sobre ela, sacudindo-a, mas ela não reagia. Eu não pensei duas vezes, peguei-a no colo e trouxe para cá.

– Não havia mais ninguém lá? Nada suspeito, nem no caminho?

– Não, senhora.

– Esse pesadelo… - meu pai falou em voz baixa. - Tem alguma coisa a ver com a minha filha?

– Não tenho certeza, senhor… - percebi que ele não queria falar. Eu poderia perguntar para ele depois. Abri os olhos com um gemido. - Sophie?

– Filha! - meu pai me abraçou com força. Eu estava na ala hospitalar como imaginara. Grim se levantou e foi para o lado da Professora McGonagall, que estava parada ao pé da cama. - Fiquei tão preocupado!

– O que aconteceu? - perguntei, com a voz fraca.

– Você veio para cá de madrugada no colo dele. Ninguém sabe o que aconteceu.

– E que horas são?

– São quatro horas da tarde. Sorte que hoje é domingo, você não perdeu nenhuma aula.

– Mas por que chamou meu pai se isso aconteceu hoje?

– Não me leve a mal, filha, eu pedi para a Professora McGonagall me avisar se acontecesse algo com você, por mais simples que fosse.

– Por que isso? Pai, eu não sou uma garotinha indefesa!

– Eu sei, filha, mas eu prefiro que seja assim. E deu pra perceber que você tem um pequeno imã para problemas…

– Não tenho culpa, pai, as coisas só acontecem comigo… O que é que eu tenho, hein?

– Nada, filha, é só por acaso. E é bem provável que você não fique sabendo, mas as coisas acontecem com todo mundo.

– Desculpe, senhores, mas ela tem que descansar. - a Madame Pomfrey entrou na ala hospitalar com um vidro de remédio. -Beba isto, minha querida, vai ajudar com a dor de cabeça. Aliás, a batida foi feia, o que aconteceu?

– Eu não me lembro muito bem… Estava na sala comunal desenhando, quando um vento apagou o lampião e ficou tudo escuro. Eu fiquei procurando minha varinha por um tempinho e quando eu achei vi que alguma coisa tinha bagunçado a sala toda. Eu não sei o que me atingiu, só sei que algo bateu forte na minha cabeça. E depois eu acordei aqui.

– Bem, depois vocês conversam melhor sobre isso… É melhor você dormir um pouco, querida, amanhã você terá alta para voltar para as aulas. E não se preocupe com comida, lhe dei uma poção que vai suprir todas as suas necessidades de hoje.

– Obrigada. - bebi todo o conteúdo do copo que ela me deu. Senti meus olhos pesarem e pouco depois eu dormi.

Acordei durante a madrugada sem saber o porquê. A porta da ala hospitalar estava entreaberta e um fio de luz entrava. Sentei-me, tentando ver algo na penumbra. Aparentemente estava sozinha. Percebi então o que me acordara. Um zumbido baixo e constante enchia o ar. Procurei descobrir de onde vinha, mas não encontrei nada. Deduzi que vinha de fora.

Um vulto passou pela porta e pouco depois uma sombra cobriu a fresta de luz. Meu coração estava acelerado. Inspirei profundamente para controlar minha respiração, do jeito que estava poderiam me ouvir do lado de fora. Tentei me levantar, mas minhas pernas estavam pesadas. Uma brisa gelada entrou, me fazendo estremecer. Eu queria sair daquela cama e ver quem estava do lado de fora, mas estava paralisada pelo medo.

Tão repentinamente como surgiu, a sombra saiu e o vulto passou mais uma vez em frente a porta. Tentei identificar quem o que era, sem sucesso. O zumbido foi morrendo aos poucos, a luz se apagou e tudo voltou ao normal. Aos poucos minha respiração foi se normalizando e eu finalmente dormi.

Acordei no dia seguinte com os primeiros raios de sol. O castelo estava silencioso, o que me fez pensar que ainda era muito cedo. Madame Pomfrey provavelmente ainda estava dormindo. Sentei-me na cama, mas minha cabeça girou e deitei novamente. Fechei os olhos, pensando no que acontecera de madrugada. Não tinha certeza se foi real ou apenas um sonho.

Estava pensando nessas coisas quando ouvi passos se aproximando. Continuei do olhos fechados, como se estivesse dormindo. Quem quer que fosse, parou ao meu lado e sentou ao pé da cama. Não consegui controlar minha curiosidade e abri os olhos.

– Então você acordou...

– Emily? O que você está fazendo aqui?

– Eu vim ver como você estava. O que aconteceu?

– Eu não sei... Depois que você deitou eu fui pra sala comunal desenhar e alguma coisa acertou minha cabeça.

– Eu ainda não tinha dormido direito quando ouvi um barulho estranho e fui ver o que era. Você estava caída no chão, desmaiada. E eu não sei como nem por que, mas pouco depois aquele amigo seu apareceu e te trouxe para cá. Aí eu fui dormir.

– Desculpa ter te incomodado...

– Não foi nada. Agora eu tenho que ir. Tchau! - sem esperar uma resposta, ela saiu correndo, me deixando sozinha.

Madame Pomfrey entrou, trazendo outro copo com algum remédio. Tomei em silêncio e ela me deixou sair. Fui direto para o dormitório pegar meu material. Aparentemente alguém levou minhas coisas para lá, eu havia deixado tudo na sala comunal. Provavelmente tinha sido a Emily, eu teria que agradecer depois.

Não estava com fome, fui direto para a sala de Feitiços. Ainda estava fechada. Sentei-me no chão ao lado da porta e esperei. Peguei meu livro de mitologia e abri em uma página aleatória. Falava sobre Atena, a deusa da guerra, da civilização, da sabedoria, da estratégia em batalha, das artes, da justiça e da habilidade. Desde que comecei a me interessar por mitologia grega, ela era minha deusa preferida. Continuei lendo e uma sensação estranha tomou conta de mim, como se alguém estivesse me observando. Olhei ao redor, mas as poucas pessoas que passavam por lá pareciam nem me notar. Meus olhos se encheram de lágrimas e, se o professor não tivesse chego nessa hora, eu teria começado a chorar. Eu estava cansada, os últimos acontecimentos haviam esgotado minhas energias.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado. Por favor, comente, favoritem, recomendem e tudo o mais. E eu peço que tenham paciência e não me abandonem, eu escrevo para vocês! Bem, é isso. Um beijo e até a próxima!



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