Entre Dois Mundos escrita por Malu


Capítulo 11
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o pequeno atraso. Com tudo isso de Natal, fim de ano e tals eu não tenho escrito direito. Mas aí está. Boa leitura e um Feliz Natal a vocês. ^^



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Depois que eu voltei a falar com o Grim, comecei a aproveitar ainda mais a escola. Não sei o motivo, mas ele andava passando mais tempo comigo do que com os amigos antigos. Eu não perguntei nada, mas fiquei um pouco curiosa. Outra coisa que estava me atormentando um pouco mas que eu ainda não tocara no assunto era o que ele havia me falado sobre eu não ser normal. Porém, como não queria brigar com ele nem forçar nada, não toquei no assunto.

Grim havia me falado algo e ele tinha razão. Se as garotas quisessem me ignorar tudo bem, mas eu não iria deixar isto passar em branco. Tínhamos pensado em várias “brincadeiras” para fazermos com elas, uma mais engraçada do que a outra. Também treinamos vários feitiços para o caso de algum engraçadinho tentar fazer alguma brincadeira de mau gosto. E também para o caso de alguma das meninas tentar revidar. Isto se eu fizer alguma coisa.

O dia das bruxas se aproximava e era possível ouvir comentários sobre a festa. Cada ano uma surpresa. Alguns diziam que este ano haveria uma caça-ao-tesouro. Outros falavam de um acampamento na Floresta Proibida. Umas garotas do quinto ano andaram espalhando boatos de que seria um baile à moda antiga. Eu não fazia ideia do que seria, muito menos se participaria.

Outra coisa que vinha me incomodando dia após dia eram meus pesadelos. Algumas noites eu acordava no meio da madrugada, ofegante e coberta de suor. Não contara para ninguém, nem para o meu pai. Eles eram tão realistas que eu sempre demorava para dormir de novo, como se tivessem acontecido de verdade. Alguns se repetiam algumas vezes, como aquele em que uma mulher alta, loira e com os olhos do mesmo tom cinza dos meus, vestida em trajes gregos antigos, embalava uma criança recém-nascida em seus braços, lágrimas saiam de seus olhos. Em seguida, ela a colocava em um pequeno berço de ouro e observava enquanto ele flutuava para longe. Não sabia o que significava, mas sempre acordava chorando e ficava meio triste quando tinha esse sonho. Também tinha a impressão de que essa mulher poderia muito bem ser a minha mãe, considerando que tínhamos os mesmos olhos cinzas, o mesmo cabelo loiro cacheado, o mesmo franzir da testa de quando estou preocupada. Pensei em contar para o meu pai, mas logo depois decidi que era melhor não. Ele sempre desviava o assunto quando eu falava da minha mãe…

Várias vezes, depois de ter tido este sonho, enquanto estava estudando ou conversando com o Grim, minha mente se desligava do mundo ao meu redor e eu lembrava do rosto daquela mulher e uma sensação estranha percorria meu corpo. Desde pequena sempre acreditara que era orfã de mãe. Mas estava começando a pensar o contrário. Eu tinha uma mãe e iria encontrá-la.

Esse sentimento não me largava mais e toda noite eu tinha o mesmo sonho. No começo era algo reconfortante, mas estava se tornando angustiante. Eu queria saber quem era aquela mulher. Decidi que, apesar de ele não gostar de falar sobre, eu teria que perguntar para o meu pai. Mandei uma carta contando o sonho e perguntando se ele tinha algo para dizer, porém não disse nada sobre o sentimento que o acompanhava.

No dia seguinte meu pai me enviou a resposta. Estava com o Grim tomando café da manhã, num sábado, quando uma coruja caiu na minha xícara de chá. Rindo, peguei-a nas mãos, tirei a carta que ela trazia e soltei-a, mas o animal ficou mordiscando uma torrada. Não havia contado nada para o garoto, então ele ficou me olhando curioso, porém eu simplesmente me levantei e corri para o dormitório.

“Querida filha,

Precisamos conversar. Não quero dizer em cartas, pode acontecer algo e ela não chegar a você. Mas, por enquanto, digo apenas para você esquecer isto e se focar nos seus estudos. Como estão as coisas por aí? Os estudos, os amigos, essas coisas? Espero que bem. Um beijo do seu pai que te ama muito.”

– Grande resposta! Agora, mais ainda, eu quero saber quem é essa mulher! - comentei, um pouco mais alto do que gostaria. Olhei ao redor, mas não tinha ninguém por perto. De mau-humor, desci as escadas, lembrando que havia deixado o Grim sozinho. Encontrei-o sentado em uma mesinha, esperando que eu lhe dissesse o que acontecera.

– Aqui não. Vamos em algum outro lugar.

– Ok, vamos então. - mesmo sem ter combinado nada, fomos juntos para a Torre de Astronomia. Por sorte, não encontramos ninguém no caminho. A chuva caia forte lá fora e as pessoas deviam estar em suas salas comunais se esquentando. - E então, vai me dizer o que houve?

– É uma longa história… Tudo começou com um sonho… - contei para ele resumidamente o sonho e como vinha me sentindo desde então. Falei da carta que tinha enviado para meu pai e da resposta dele. O garoto não demonstrou reação, apenas ficou olhando para baixo. - Pronto agora?

– Isso é estranho. Pelo que você me falou, essa tal mulher se parece com você. E pareceu que seu pai sabe de alguma coisa. Por que não manda outra carta e pergunta mais?

– Não. Ele vai se irritar comigo. Mas acho que essa mulher pode ser sim minha mãe. Ou então alguma parente. Vou esperar um pouco. Depois da festa do dia das bruxas eu mando outra carta para ele.

– Ou seja, daqui a uma semana.

– É. Não queria tocar no assunto, mas lembra da última vez que viemos aqui?

– Lembro…

– Tem algo mais para me dizer sobre aquilo? Fiquei bem curiosa desde então…

– Eu… Eu tive um sonho com você.

– Que sonho?

– Não foi nada muito claro, mas haviam várias pessoas diferentes em um salão, cada uma em um trono, e você no centro. Estava tudo muito embaçado, confuso e não dava para ouvir nada, mas parecia que eles estavam falando de você.

– Sabe que isto não faz sentido, não é? Eu não fiz nada de errado, é a primeira vez que fico longe de casa e do meu pai…

– Eu lhe disse que você era especial…

– Isto é só um sonho, nada demais. Sonhos não significam nada, não é?

– Não… Eu espero que não… - ele falou mais baixo, acho que não era para eu ter escutado. Infelizmente, eu ouvira e uma sensação percorreu meu corpo.

– Também espero que não.

Uma sensação nada boa.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenham gostado. Não se esqueçam de comentar. Boas Festas e até a próxima. ^^



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