Ele não via, não ouvia, não sentia nada. Érico e Vinny praticamente o carregaram até o carro, e depois para o apartamento. Chegando lá, a polícia havia interditado o local, e foi preciso um pouco de discussão do sócio para deixarem que eles entrassem. O ex-badboy só foi reagir quando chegou a porta de seu quarto, encontrando os lençóis revirados e se dando conta de que Giane realmente não estava ali.

_ Fabinho. – Malu correu até o irmão, o abraçando apertado. Por um momento, ele não reagiu, mas logo afundou o rosto no ombro da irmã e desabou em lágrimas.

_ Como aquela maluca entrou aqui? – perguntou Érico.

_ Não foi ela... Foi a Socorro e outro cara. – explicou Maurício, fazendo os recém-chegados se surpreenderem – Foram conferir as fitas de segurança. Não sabemos onde eles conseguiram o controle da garagem, mas eles entraram e pegaram a chave que o Fabinho tinha deixado para nós dois...

_ A Giane me ligou, mas quando eu atendi, ela não respondia nada. Eu ouvi alguns sussurros e o barulho de alguém correndo, e o celular desligou. Então nós viemos para cá, pensando que ela estava passando mal. Quando chegamos, a porta estava destrancada e aquilo estava na cama... – a pedagoga apontou a caixa que a polícia analisava.

Fabinho se aproximou, e após discutir com o policial, pode ver o conteúdo, com as luvas da perícia. Maurício continuou a explicar para Vinny e Érico o que havia acontecido, incluindo a burrice de Socorro de subir sem proteger o rosto e na hora de fugir com a grávida, terem colocado gorros.

_ Que espécie de amador faz esse tipo de coisa? – perguntou Vinny – Eles viram isso em que raio de filme policial de baixo orçamento?

Enquanto isso, Fabinho observava tudo na caixa. Cada uma das amoras, a grife na lateral da caixa, cada uma das palavras escritas no bilhete.

_ Filho, nós viemos assim que soubemos. – Margot entrou, com Silvério e Bento nos calcanhares. O homem mais velho parecia em desespero, logo sendo amparado por Érico, que começou a explicar o que havia ocorrido para ele e Margot, após dizer que Fabinho estava em choque. Vinny foi auxiliá-lo, enquanto Maurício e Bento se aproximavam de Fabinho e Malu.

_ Eu não acredito que aquela bisca teve coragem de fazer isso. – rosnou Fabinho, as lágrimas escorrendo pelo rosto – Querer destruir a vida de uma criança... – ele soluçou, sendo abraçado por Malu – Eu vou matar essa desgraçada quando eu colocar minhas mãos nela.

_ Calma Fabinho, nós precisamos é pensar em como achar a Giane e o Lucas. – Maurício tentou acalmar o cunhado. Bento estava em silêncio, observando a caixa e o bilhete.

_ Tem alguma coisa errada aqui... – o florista comentou, apontando o bilhete – Essa não é a letra da Amora.

_ Pode ser da Socorro. – Malu lembrou, mas Bento negou.

_ Eu conheço a letra dela. Essa letra não é de nenhuma das duas. – Bento explicou – E também... Isso tá óbvio demais.

_ O que tá óbvio demais Zé Florzinha? Que aquela fruta podre tem problemas? – perguntou Fabinho nervoso, mas o florista negou.

_ Fabinho, se desveste dessa raiva e presta atenção. – Bento pediu, chamando a atenção dos três – Vocês melhor do que eu, sabem quando a Amora está aprontando. Vocês acham que ela faria isso e deixaria tão evidente que foi ela? Caixa de sapato, amoras, um bilhete quase que repetindo o que ela havia dito para Giane quando a ameaçou?

_ Realmente não faz o estilo dela. – Malu concordou, deixando Fabinho indignado.

_ Vocês tão protegendo a cocotinha? – ele rosnou, e os dois trataram de negar.

_ Fabinho, pensa com a gente... Se a Amora tivesse mandado dois lacaios fazer o serviço sujo, você acha que ela ia assinar assim, deixando na cara que foi ela? Pensa com clareza, sem essa raiva toda. – Malu pediu, e o irmão começou a entender o que ela dizia.

_ Ela pode estar tentando enganar a gente, não pode? – Maurício perguntou, e Malu concordou.

_ Mas ela tá fugindo faz tempo... Ela não ia colocar tudo a perder agora. – Fabinho assegurou – Eu entendo um pouco a mente daquela bisca... Se ela mandou mesmo dois capangas, ela não teria deixado um letreiro luminoso avisando que ela quem havia feito isso.

_ Com licença... – um policial entrou no quarto, atraindo a atenção de todos – Localizamos a suspeita do vídeo, Sabrina do Socorro.

_ E onde aquela desmiolada está? – perguntou Érico, nervoso.

_ Sendo encaminhada para o hospital. Ela foi encontrada por um fazendeiro, com três tiros no tronco. – explicou o policial, espantando a todos – Mas acham que vai sobreviver. Porém ainda é um caso grave, e dificilmente conseguiremos falar com ela pelos próximos dias.

_ E esse fazendeiro? Não tem nenhuma pista. – perguntou Silvério afoito.

_ Seguiram o rastro do carro e o acharam abandonado em um campo aberto. E pelo estado do local, suspeitam que um helicóptero tenha decolado dali. – explicou o homem, e Fabinho desabou novamente.

_ C-c-como nós vamos encontrar eles? Não sabemos para onde esse helicóptero foi. – o rapaz soluçou, sendo abraçado pela mãe e pela irmã.

_ Estamos fazendo o possível para localizar o helicóptero. – prometeu o policial. Silvério, Érico e Vinny se aproximaram do homem, começando a conversar com ele, enquanto Margot tentava acalmar o filho.

_ Dona Margot, fica com o seu Silvério, nós vamos levar o Fabinho para a casa de vocês. – propôs Bento, e o rapaz negou – Anda logo marginal, você aqui não vai mudar nada.

_ O Bento tá certo cara... Vamos para a casa da sua mãe, damos notícias para o pessoal da Casa Verde, e o Plínio e a Irene vão para lá com o Marcos. – Maurício falou. Demorou um pouco, mas por fim convenceram Fabinho.

Desceram encontrando um mar de fotógrafos. Bento propôs que Malu fosse atrás com o irmão, e pediu para Maurício que o deixasse dirigir. Saíram de lá quase atropelando os jornalistas, que tentavam pular no carro.

_ Bento, esse não é o caminho da Casa Verde. – observou Malu, após alguns minutos.

_ Não, é o do aeroporto. – explicou o florista, espantando os três – Eu acho que sei para onde podem ter levado a Giane.