O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Valdemar



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/417917/chapter/2

Nas minhas brincadeiras apesar de ser e estar sempre sozinha, com o tempo adquiri algumas amizades com os animais da fazenda e os meus prediletos eram uma porquinha bem pequena e magrinha que eu a chamava carinhosamente de Neguinha e um pintinho manco que era sempre excluído pelo bando, que o apelidei de amarelinho.

Neguinha era minha parceira fiel de aventura, onde eu estava lá estava ela, na esperança de ganhar algo que eu estivesse comendo, por vezes sentei no lombo de Neguinha para passear pelo quintal da fazenda, ate minha mãe ver e acabar com a brincadeira. Neguinha me carregava, tínhamos sintonia, seus olhos negros, como as noites pareciam sempre me entender.

Amarelinho o pintinho manco estava sempre em desvantagem na corrida em busca do alimento, sempre que ele chegava ao destino todo o alimento já havia sido consumido pelo bando de galinhas e patos. Até que um dia eu percebendo que ele estava sempre atrasado e em desvantagem, joguei ao longe a comida para as aves, sendo que essas iniciavam uma frenética corrida, disputando entre si quem chegava primeiro e comia mais, nisso peguei Amarelinho nas mãos e corri na frente do bando de aves e consegui chegar primeiro com o amarelinho, e quando as galinhas viram Amarelinho já estava com o papo cheio de milho. Dessa forma esses dois Neguinha e Amarelinho eram os meus amigos prediletos.

Na fazenda minha mãe trabalhava de forma extenuante, eu não entendia muito porque ela se submetia a uma rotina tão árdua. Apesar de ser criança contribuía com minha mãe em algumas tarefas como dar comida as aves, leia-se, milho debulhado as aves. Após realizar essa tarefa, bem simples, mas que me fazia sentir importante, eu ganhava o quintal e entrava de vez no meu mundo particular de bruxas, magos, espíritos do mal, duendes e muitos amigos e inimigos imaginários.

Gozava de uma liberdade invejável, corria ao ar livre, brincava, comia frutas recém-colhidas no pé, como laranja, pokan, goiabas, e a mais deliciosa e esperada de todas, a rainha a jabuticaba, ahhh, passava horas colhendo e deliciando de uma por uma.

Ate que notei ao longe um vulto, alguém me chamava, parecia precisar de ajuda, não entendi, mas procurei me aproximar, e pude ver que era um homem, estatura média, magro, moreno tingido do sol. Ah é o homem que trabalha aqui na fazenda, o Valdemar. Chamava-me incansavelmente fui ver o que era e já estava escurecendo.

Naquele dia eu estava somente de calcinha, azul celeste de babado branco, não estava de chinelas. Ao me aproximar ele me disse: _Vem cá. Pertinho do tio. – eu sem entender nada, me aproximei para ver o que ele realmente queria. Nisso ele se aproximou mais, abaixou de forma que ficasse na minha altura, e sem pensar foi tirando minha calcinha.

Puxou minha calcinha ate metade das minhas pernas, deixando-me como vim ao mundo. Não entendi nada, e por não entender nada, assustei-me muito com tudo aquilo, assustei de tal forma que expressei todo o meu medo, meu pavor, em formas de gritos, gritos descomunais que rasgaram os céus.

Gritei com toda a minha alma, com todo o meu ser, e a plenos pulmões, esses gritos ecoaram em todo o espaço vazio a minha frente, na esperança de alguém me ouvir, minha mãe de preferência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Quarto Rosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.