No Pain,No Gain. escrita por Nani_meyer


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Relooou!
Entre contratempos e bons momentos, aqui está o novo capítulo. Quis fazê-lo de uma maneira que vocês entendessem mais o Edward primeiramente :P. E principalmente de uma maneira realista das coisas, visto que a fic só está no começo. Peço que entendam :).
Próximo a gente estuda mais o lado Bella de ver o mundo. E possivelmente... Começar a dar lances sobre o que aconteceu de fato com ela no passado.
Um beijo p/ vocês!
E gente... Sei que é chato ficar pedindo comentário, não escrevo pra isso, mas é meio desanimador. Gostaria de ver o que vocês estão achando,ok?
Por enquanto é só,
Abraços,
Nani.



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Bella POV

–Já vai!!- gritei para Charlie. Meu pai nunca fora uma pessoa insistente, mas depois da quarta vez me chamando da sala, eu estranhei. E estranhei mais ainda ao ver Edward Cullen sentado no meu sofá. No meu lugar preferido.

Aquele moleque do cabelo escroto só podia estar de brincadeira comigo. Havia pedido para que eu fosse ao Homecoming com ele para Charlie, como aqueles meninos adolescentes em filmes americanos. E estava todo contente depois do ‘’ sim ‘’ do meu velho.

Expliquei que quem teria que aceitar ou não era eu, mas não adiantou. Fomos para a cozinha e lá soltei o que estava engolindo na frente do Cullen, que continuou sentado em meu lugar preferido, com ar vitorioso.

–Pai, parece que o senhor está me dando em casamento!! Eu odeio Edward Cullen e ele também me odeia. Deve estar... – pensei rápido em alguma resposta idiota.-Deve estar só querendo zoar com a minha cara!

–Bella, Edward parece um bom garoto e Mary Cullen é uma pessoa querida minha, creio que você ficará bem. Bells, ei, Bells.- ele falou quando eu fechei a cara e fiquei encarando a janela.- Você nunca sai. Só aquele cinema com Jasper e agora Alice, mas fora isso você não faz mais nada do que adolescentes normais de 17 anos fazem! Só fica ensaiando, ensaiando o tempo todo e ...

–Pai, você sabe o que o balé significa para mim. Sabe o quanto estou batalhando para alcançar o meu sonho.- nisso, desviei meu olhar do dele.

–Eu sei, Bella, eu a admiro muito por isso. – o tom de sua voz me pegou de surpresa.- Eu fico nesta casa o tempo todo... E no trabalho. Foram as formas que eu encontrei para me distrair da dor. Isso e você.- pegou no meu ombro e me fez olhar para ele.- Daria tudo para que você não fizesse isso também. Não fique presa, Bells.

Quando não respondi de primeira, Charlie continuou.- Ele também é assim, Bells. Posso ver no jeito que ele se comporta, fala, anda. Parece... Com o pai de Renné. – estremeceu, lembrando-se do meu falecido avô Thomas, que era famoso por fazer os outros se sentirem com 90 anos.

Charlie perceptivo? Essa era nova.

–Sou policial, Bella. Tenho que saber ler as pessoas. Principalmente o cara que quer sair com a minha filha. Enfim... Só não façam nenhuma besteira. Senão eu pego minha arma e atiro no sa...

–Táááá bom,pai. Tá bom.

E foi isso que me levou a estar nesse vestido verde-água, esvoaçante e cheio de babados, trança embutida com um coque e com aquela redinha no cabelo com enfeites esmeraldas e sapatilhas marrons. Senti-me uma personagem de Shakespeare, apesar da noite insuportável que certamente passarei com o Cullen.

O Universo deve estar se inquirindo porque eu não dedurei o ruivo para Charlie. Primeiro de tudo é que o motivo por si só já é estranho e o Cullen foi sincero comigo em relação a isso. Mais babaca do que chamar uma garota ao baile por um acordo com a tia seria fazê-lo sem ter me contado. Caso eu descobrisse depois, as bolas ruivas daquele garoto estariam penduradas na porta da Forks High School

Segundo... Eu fiquei com pena dele. Cara, Charlie ia dar-lhe um belo de uma surra, nada bonito de se ver. Ele era só um garoto sem vida social e excluído, reprimido por algum motivo que não quero saber, comportando-se como meu avô.

Além do que, não ia doer ir ao Baile. Queria só ver a cara da vagabunda da Lauren quando eu entrasse com o Mr. Sedução da escola naquele salão.

E o último motivo... Eu ainda não sei.

–Pelo menos você tem um carro para levar a gente, certo?

–Boa noite para você também, Isabella. E sim, eu tenho um carro... Tia Mary me emprestou o primeiro carro do meu primo Emmett . – falou, assim que eu avistava um clássico dos anos 80. Um Mustang preto.- É antigo, mas está em ótimas condições e assim o vento congelante dessa cidade não bagunça seu cabelo todo enfeitado.

–Rá-rá.

–Você não está nada mal, Isabella. – disse, abrindo a porta do passageiro para que eu entrasse, como um perfeito cavalheiro.

–Você também não está tão horrível assim, Cullen.

E não estava mesmo. Edward vestia um modelo parecidíssimo com o de Romeu da versão de 1963. O traje estava impecável, em contraste com o cabelo que pelo o que notei brilhava um pouco pelo gel que tentara domá-lo. Não sei o porquê, mas gostei mais dele todo bagunçado mesmo.

O caminho até o Baile fora um pouco estranho; pouquíssimas palavras foram trocadas e o vento não estava cortante como geralmente está. Peguei minha bolsinha marrom, mandando uma mensagem para Jasper avisando que estava chegando ao baile.

Minutos depois o bipe do meu celular bipou, avisando que tinha chegado um torpedo.

De: Alice

Para: Bella

– Mentira que você tá vindo!! Não me diga, sua bandida, que está com o Cullen!

Tinha que ser. Jasper me conhecia o suficiente para não me encher de perguntas até que eu chegasse, mas Alice era assim: nascida de 6 meses.

De: Bella

Para: Miúda

–Espere e verá, ser pequeno.

Ri com a minha presunção. Mas o Cullen nem desconfiava de que era o gato do colégio do momento. Eu acho.

–Seus amigos sabem que estamos indo ao baile juntos? – perguntou o seboso do gel, com um ar meio preocupado.

–Não, decidi fazer uma surpresa. – e sorri, sincera.

–Claro, claro... Chegar com o novato de surpresa é bem mais emocionante.

Essa ela me pegou de surpresa. Ele acha que eu sou tão babaca assim? Que eu lembre, tinha mais outros motivos pela qual eu estava indo para o baile com o Cullen.

–Você não me conhece, Seboso, para ficar pressupondo coisas. Olha aí, chegamos. Amém!- levantei os braços em aleluia.

A decoração, pela primeira vez em todo o Ensino Médio, estava apresentável. O Ginásio do FHS estava decorado com várias máscaras gigantes aquelas com o símbolo do Teatro – a tragédia e a comédia- que caiam do teto junto a fitas coloridas em tons pastéis. As paredes e as fitas estavam enfeitadas com flores silvestres, falsas é claro, e o ambiente estava iluminado com luzes coloridas em tons de verde, dando ao local um ar de floresta. A banda, uma pequena orquestra, tocava algumas músicas clássicas. As mesas estavam decoradas com um pano branco com bordados na beirada e havia um arranjo de flores em cada uma delas.

Enquanto eu e o Cullen babávamos pelo capricho, um som distante me acordou ‘’ Ei, sua piri!!!’’

Jasper estava ridículo. A roupa de Romeu não ficou tão bem nele quanto no Cullen. Mais parecia um nerd que se vestia igual aos seus joguinhos favoritos de RPG medievais do que um mocinho Shakesperiano. O pior de tudo é que o retardado ainda fizera o favor de colocar uma peruca, com o cabelo castanho e com corte de ‘’coco’’ , como estava o cabelo do protagonista de 1963.

–Que desgraça de se olhar, Jazz, tenha dó! Só faltou um óculos fundo de garrafa pra completar o visú medonho!- quase morri de rir. Não aguentei, peguei o celular e tirei uma foto dele.

–Seu par veio com a mesma roupa que eu, sua vadia.- disse, apontando com a cabeça para Edward, que andava quieto ao meu lado, todo estranho.

–Mas nele ficou ótimo. Já em você...

–Eu ouvi um elogio para mim? – metido disse.

–Não vai se acostumando, Seboso.

–Seboso?

–Bellinhaaaaaaaaaaaaa!!!!- um negócio brilhante pulou em mim. Alice estava... Alice. Um vestido rosa parecido com o meu, mas claro, ela tinha incrementado o mesmo com alguns detalhes... Babados, fitinhas e muito, muito glitter! Mas estava linda. Estava, como eu já disse, Alice. – Porque não contou que vinha?? Tínhamos passado pra te pegar!!

–Foi meio... Em cima da hora,sabe?? Sabia que vocês já tinham planos, não quis interromper. Aaah, galera.- puxei o Seboso pela gola bufante dele e o virei pro pessoal.- Este é Edward Cullen. Cullen, estes são Jasper, Alice, Angela, Ben, Jessica e Mike. E ... Espere, quem é você?

Uma criatura pequena e com olhos puxados estava sentada na ponta da mesa, meio encolhida, jogando num troço, creio que um PSP. É um menino?

–Aaah, Bella, este é Eric Yorkie. Tava todo sozinho na festa, chamamos ele pra sentar com a gente. – falou Angela, toda educada. Essa menina ainda vai pro céu. O estranho só me deu um aceno e voltou a jogar.

–Tá bom...

Edward só se limitava a sorrir e cumprimentou todos educadamente, sempre muito reservado. Sério, como aquele cara vivia?

Já sabia que a noite seria longa.

Edward POV

A festa estava um saco. Aquela porra de música clássica ainda tava tocando e nenhum dos assuntos que os amigos tapados de Bella falavam eram de meu interesse. Fora a menina que eu acho que se chama Angela, que quer fazer Medicina também, mas na University of Washington.

–Sério que você vai tentar Yale? Muita coragem sua. Eu sou boa aluna, mas não tão boa quanto a Bella e agora muito menos quanto você!

–Bella era a nerdzona do nosso grupo, agora você chegou e ela perdeu o pódio.- falou Jasper. Acho que ele era especial mesmo, ficava olhando para Alice e babando, que nem cachorro quando fica vendo aqueles frangos cozinhando.

–Cala a porra da boca, Jazz!

–Que linguajar é esse, bitch crazy? Estamos numa festa de gala!

– Que de gala, ô animal, é Shakespeare!

–Eu não sei nem escrever isso, não dou a mínima.

Mas uma coisa eu tinha percebido até então: eles se divertiam muito falando tanta besteira. E riam delas, como se realmente fossem engraçadas. Apesar de não participar ativamente da conversa, depois de um tempo comecei a me sentir mais confortável e a rir um pouco. Bella, para minha surpresa, era o centro das piadas junto com Jasper. Percebi que eram bons amigos.

–Aaaah, Edward, Mike, Ben e Jazz... Podem ir pegar ponche para nós? Por favor?- disse Alice, piscando os olhos.

–E eu? – o bisonho do canto perguntou.

–Você não conta, fica na tua aí. Mas ... Pensando melhor, vai lá, pega uns aperitivos pra gente, vai.

–Tá bom!- o cara realmente levantou todo feliz e foi em direção às mesas de comida. Lá tinha uma garota alta e loira e o cara... Começou a paquerar a garota. Preocupante.

–Fala sério! Qual é a sua, Ally, de convidar o cara pra sentar com a gente?

–Sou uma pessoa que detesta bulliyng e defende a igualdade!

Realmente, parecia que se ele não tivesse sentado com a gente, teria ficado sozinho a noite toda. E isso é um saco.

–Não faço caridade.

–Bella!

–Brincadeira, brincadeira! – dessa eu que rir um pouco, o que fez todos da mesa olharem para mim como se eu fosse um alienígena. Tudo bem que eu sou uma pessoa séria, mas não vamos exagerar. Levantei-me, incomodado e chamei os rapazes para ir pegar logo a droga dos ponches.

–Então... Sobre o que acha que elas estão falando? –perguntou Ben. Levantei as sobrancelhas em sinal de dúvida e três me olharam de novo como se eu fosse um retardado mental.

–Edward, meu jovem, mulheres tem estratégias para falarem a sós. Dois de nós já seriam necessários para pegar os ponches. Enfim, depois dessa explicação óbvia- Jasper reclamou, ajeitando seu cabelo de coco, que estava mal posicionado.- O que você acha? Eu tenho certeza de que estão fofocando sobre você, cara.- Mike e Ben concordaram, me deixando confuso.

–Só porque eu vim ao baile?

–Também. Mas você veio ao baile com a Bella, cara. Ela é a minha melhor amiga, gente finíssima, mas eu, que sou eu sensacional, não consigo tirá-la de casa a não ser nas segundas-feiras. E ela não olha pra nenhum garoto desde aquele menino estranho indígena, acho que era Jason... Ja... Jacob! Isso Jacob. E isso faz uns 5 anos.

Olhei para Bella que ria despreocupada de alguma coisa que Alice dizia. Assim como Jasper havia dito, todas estavam esperando Bella dizer alguma coisa, olhando para ela com expectativa. E a garota corou.

–Terra chamando Seboso!

–Desculpe. – Seboso não pareceu tão legal saindo da boca de Jasper. Peraí, isso não fica legal saindo da boca de ninguém!-E bom, para responder isso, eu só... Quis vir ao baile, oras. E Bella senta ao meu lado em duas aulas consecutivas, provavelmente a única pessoa com quem eu falo aqui... E a única menina que não fica me olhando com cara de fome. Na verdade, a gente se odeia.

Os três se olharam cúmplices e depois deram de ombros. Pegamos os ponches e voltamos à mesa.

–Boa sorte, Cullen.- Jasper disse.

Bella POV

–Eles já estão voltando, gente! Pelo amor de Deus. – tive que revirar os olhos diante da atitude infantil e ‘’’garotinha’’ delas. Perguntaram se eu estava a fim do Seboso.

A. FIM. DO. SEBOSO!

–Acho que vai ser bom para você , sabe. Percebi que você é uma garota bastante ativa, Bells, mas meio solitária.

–Eu não sou solitária. Estou aqui num baile com vocês, né?

–Quem é solitária?- Eric perguntou, voltando para a mesa com uma porrada de comida.

–Não é disso que estou falando. – Alice terminou a fala, ignorando o japa estranho, meio triste, e logo em seguida sorriu para Jasper que trazia seu ponche, dando-lhe um selinho de agradecimento. Edward sentou-se novamente ao meu lado e continuamos assim até iniciar as cerimônias de rainha e rei do Baile.

Como de costume, Lauren ganhou. Claro, só podia ser, ela estava vestida mais como puta do que qualquer outra coisa. E o rei do Baile para surpresa não só minha, mas de toda a comunidade do FHS foi... O Cullen.

Uma salva de palmas tomaram conta do salão enquanto Edward ia atônito até o palco receber sua coroa. Minha boca estava mais aberta do que nunca, mas ao vê-lo todo desajeitado e tímido, logo ele que se dizia dono da verdade e dos ‘’não-me-toques’’, tive que sorrir. Lauren sorriu mais ainda, porque ia dançar uma música lenta com o Seboso.

Ela com certeza tinha burlado os votos só pra ter esse momento de glória. Não era surpresa para ninguém que ela queria comer cada pedaço de Edward. Este desconfortavelmente se movia em direção ao centro do salão, com luzes direcionadas a ele e Lauren. De lá, sorriu para mim e eu o encorajei sorrindo de volta. Não sei porque.

–Estou perplexa.- disse Jessica.

–Por Edward ter ganhado, por ele estar dançando Mariah Carey ou por ele estar sorrindo, e para Bella ainda? – perguntou Alice, fazendo-me olhá-la inquisidora.

–Pelos três, Alice. Pelos três.- respondeu, me deixando ainda mais brava.

Edward POV

–Pode descer sua mão mais um pouco, se quiser.- a garota disse, imediatamente levando minha mão até pouco antes de sua bunda. Apenas retirei-a de lá, voltando a dançar aquela música porre lenta.

–Não quero, obrigada.

–Por que não? – ela parecia verdadeiramente magoada e atônita.

–Desculpe, Lauren... Mas você é sexo fácil. E estou cansado disso. – falei, enquanto a música terminava. Vários casais haviam se juntado a nós. E eu me despedi dela, dirigindo-me de volta à mesa e à menina que eu odiava.

–Vamos embora? Já fui torturado o suficiente por esta noite. –falei perto de seu ouvido e juro que a senti tremer. Bella levantou seus olhos para mim e me olhou de uma forma estranha. Nesse instante, creio que uma batida de David Guetta começou a tocar e Bella livrando-se do semblante estranho, aproximou-se do meu ouvido, tirou minha coroa e disse:

–Só depois de dançar algumas músicas, Seboso.- prontamente levantou da cadeira, com as mãos para cima.- WORK HARD, PLAY HARD,WORK HARD, PLAY HARD, UHUUUUUUL!!!

Arregalei meus olhos assustado com sua attitude extremada, mas ri. Todos na mesa a seguiram para a pista de dança, para onde Bella ia se dirigindo movendo-se muito, muito bem ao ritmo da música. E eu não consegui tirar meus olhos dela.

A noite estava ficando cada vez mais estranha.

Tentei acompanhar a batida, mas estava difícil. Estávamos numa rodinha, todos dançando como se não houvesse amanhã, e eu ali, movendo-se de um lado para o outro apenas.

–Você tem que aprender uma coisa sobre Bella, cara. –falou Jasper para mim e fiz um esforço para poder ouví-lo.

–Mas eu não quero...

–Você tem que deixá-la dançar.- disse, ignorando-me.

Aquela frase me fez olhá-la. Ela dançava como se estivesse sozinha no salão e ... Estivesse muito bem com isso. Uma sensação de liberdade preencheu-me, algo que não me lembro ter sentido há anos. Ignorando todas as minhas vontades, estas completamente novas para mim, parti em direção ao banheiro. Precisava mijar.

Encontrei um casal se agarrando, provavelmente bêbados, numa cabine ao lado da minha. Super anti-higiênico, pelo menos para a menina. Enfim. Estava com os pensamentos a mil. Desde que cheguei a essa droga de baile, só coisas estranhas vem acontecendo: eu sorrindo de coisas idiotas, eu gostando da companhia de idiotas, eu sendo rei do baile, dançando uma música da Mariah Carey, eu sussurrando no ouvido de Bella... Eu... dançando David Guetta.

Bella dançando. Lembrei-me de quando a espionei na academia de Balé... Bella era quase um sinônimo de liberdade dançava. Quase um orgasmo da alma. E eu nunca havia sentido tamanha sensação em minha vida. E isso me assustou pra caralho.

Pelo amor de Deus, onde eu estou com a cabeça?

Medicina. Yale.Carlilsle.

Peguei minhas chaves e com passos firmes e a cabeça confusa cheguei até meu carro no estacionamento lotado do FHS. Decidido a ir embora o mais rápido possível, coloquei as chaves na porta... Quando ouvi um grito.

–SEBOSO, ONDE PENSA QUE VAI SEM ME LEVAR PRA CASA?

Claro. Bella. De novo, onde estou com a cabeça?

–Desculpe, eu...- falei quando a mesma me alcançou. Chegando lá, prontamente pulou em cima do capô do carro de Emmet, ajeitando seu vestido e deitando. Lutei contra a minha vontade de falar ‘’Não deite no capô, sua irresponsável. Este carro é muito velho, pode até quebrar’’.

–Relaxa. Eu estou estranhamente de bom humor agora.- eu estava parado na frente da porta do carro, que jazia fechada. A noite estava estrelada e eu estava fugindo como o diabo foge da cruz. Fechei os olhos e reuni o pouco de coragem que me restava- e o pouco do homem que ainda existia em mim também- e me dirigi ao lado de Bella. Com cuidado, deitei -me e olhei para o céu, tentando colocar algumas palavras coerentes na minha cabeça.

–Sabe...- falei, depois de um tempo; ela estava de olhos fechados, com as mãos atrás da cabeça.- Eu nunca havia sentado no capô de um carro antes.

O par de olhos cor de avelã me encaravam surpresos. Depois, para minha estranheza, eles me olharam piedosos. Bella sorriu e encarou o céu.

–Você só existe, Edward. Qual a graça nisso?

Cada dia me surpreendia mais com ela. Sua facilidade em usar as palavras, se expressar e ainda mais a sua coragem em tocar em assuntos que ninguém mais tocaria se estivesse na mesma situação que ela são admiráveis. Ainda mais estando com um cara como eu. Não questionou meus motivos de estar naquele estado, o que me intrigou.

Segurei-me para não responder de maneira rude- afinal, quem estava indo embora sem levá-la em casa era eu.

Bella POV

Era óbvio que o Seboso estava conturbado. Claro, eu estava com uma puta raiva dele, de sua atitude infantil de fugir das coisas e principalmente, ME ESQUECER, mas ele estava como uma criança assustada. Como quando vê a montanha-russa pela primeira vez e só vê o lado tenebroso da coisa e não o quanto a montanha- russa pode ser divertida.

Surpreendi-me quando ele apenas respondeu que nunca havia subido num capô antes. Seus olhos arregalaram com a minha reação e só pude me sentir mal por ele. Edward não deve ter tido muitos momentos divertidos na vida, muito menos uma infância boa e saudável.

–Você só existe, Edward. Qual a graça nisso? – e voltei a encarar o céu. O silêncio que se instalou era ao mesmo tempo confortável e estranho- nós que passamos a semana nos olhando feio e brigando, começamos a noite com o pé esquerdo... Mas ali naquele momento era quase que agradável ficar perto dele.

–Não tem graça nenhuma.- e engoliu seco, fechando novamente os olhos.

E me senti triste. Porque lembro o quão horrível é se sentir vazia- não pelos mesmos motivos de Edward, sabia que tinha alguma coisa a mais na sua história- mas a sensação de vazio na alma era algo terrível. E que corroía.

Decidi fazer um trato.

–Ok... Olha só. Te perdoou pela mancada da carona se você entrar e dançar comigo, Cullen. Só duas músicas.

–Isso é sério?- ele se apoio no cotovelo e me olhou incrédulo.

–Seríssimo. Aproveite meu bom humor, seu escroto, porque senão eu conto pro Chefe Charlie que você ia me abandonando aqui.

Edward POV

Fiquei sem palavras diante da ‘’Bella paciente ‘’. E da sua ameaça também. Ela desceu e ficou em pé. Assim também o fiz, ajeitando minha roupa um pouco amassada, pensando sobre sua proposta.

–E então, Cullen Seboso... Quer dançar comigo?

Pensei no que Bella estava propondo, rodeado de dúvidas. Era ... Era muito mais do que isso, e ela sabia. Num ímpeto, entre decisões com medo e receio, fiz que ‘’não’’ com um gesto simples com a cabeça. Vi que o semblante de Bella passou de esperançoso, não sei o porquê, para um de raiva, talvez até mágoa. Ela olhou para os lados, como se estivesse constrangida, mas logo depois recuperou a postura e me olhou com compreensão- um pouco relutante- mas mesmo assim, com compreensão.

Senti-me bem diante de sua não insistência e nem reforço da ameaça- outro indício da Bella paciente, que não entendia- e pedi, com toda educação do mundo e me sentindo um fracassado, para irmos para casa. Ela apenas concordou com a cabeça e voltou para se despedir dos amigos, prometendo voltar logo.

Sei que o universo deve estar pensando... Por que raios, Edward? Nem eu compreendo direito. Só acho que foram muitas mudanças numa simples noite, não posso tirar a proeza de Bella de ter feito isso... Nem de Mary. Ou de mim mesmo. Me sentira vivo como nunca antes, o que confrontara com toda a estrutura racional e rígida na qual eu cresci. Precisava de um tempo para digerir o fato de que eu por um momento esqueci tudo e fui apenas eu mesmo. Eu estava sendo um verdadeiro covarde com esse papo de ‘’preciso de um tempo’’, mas eu precisava, também pela primeira vez na minha vida, respeitar os meus limites.

Ela retornou ao carro com um sorriso triste, mas tentando disfarçar. Senti-me mal por ela, até porque fora eu quem a convidara e a metera nisso acima de tudo, mas não podia voltar atrás. Entramos no Mustang e partimos de volta para casa.

Abri a porta para Bella e a acompanhei até a varanda de sua casa. Lá, antes de se virar e entrar, olhou para mim e disse :

–Eu... Er... Obrigada pela noite. Foi estranhamente agradável, como um todo, quero dizer. Você não é tão pé no saco assim.

–Valeu, Idosa. E eu que agradeço, de verdade. Não sabe a paz de espírito que acarretou vindo comigo hoje. De verdade, te devo uma.

–Hum... E é mesmo? Me deve uma, Cullen?- e sorriu marota.


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