Voltei ao quarto de Steve tentando me acalmar. Assim que entrei ele estava sentado em sua cama com uma mala preta nas mãos.

-Você só tem isso para levar? –Perguntei indignada.

-Não me sobrou muita coisa depois de setenta anos. Isso foi tudo que o Fury me deu.

-Precisamos fazer umas comprinhas depois que saímos daqui.

Caminhamos juntos até o estacionamento da S.H.I.E.L.D aonde estava meu lindo carro, um Audi preto me esperando, assim que abri o carro senti o Capitão paralisar  um pouco, o olhei aborrecida dizendo:

-Você não é do tipo machista que acha que mulher não pode dirigir né?

-Não, é que no meu tempo não existiam carros assim. Apenas estou admirando.

-Ainda bem, algumas pessoas que fui obrigada a trabalhar achavam que eu sou uma péssima motorista. Se você não quer ter uma inimiga, por favor, não diga isso.

-Não tenho razões nenhuma para ofender a senhorita.

-Acho que vamos nos dar muito bem se você continuar nesse ritmo.

Então nós dois entramos no carro e dirigi até o lugar que Steve ficaria instalado. Acho que Steve precisa de um lugar no mínimo que ele se lembre de quem é. Não poderia colocar ele no centro de New York sem ter certeza que se adaptaria, então resolvi comprar um apartamento no Brooklin aonde sei que reconheceria.

-Soube que morou no Brooklin, você gostava de lá?

-Confesso que lá é um bairro adorável, a única parte ruim eram as surras que os rapazes de lá me davam.

-Que horror! Por que faziam isso com você?

-Eu de alguma forma sempre os irritavam, e meu porte físico não me ajudava para se defender.

-Aposto que hoje em dia você daria uma surra neles.

-Não concordo com esse tipo de violência. Por mais que eu não gosto de tiranos nunca abusaria da vantagem que ganhei por vingança.

-Nossa você me faz sentir como se eu fosse um monstro ao seu lado. Não tenho todo esse caráter que você tem Steve.

-Não acredito que você seja um monstro Lily.

-Você ainda não me conhece direito Capitão, ainda não tem direito de achar nada.

Ele sorriu com a minha resposta, e eu o acompanhei. Com todos os homens que conheci sempre fui um pouco mais grossa do que eles mereciam. Não tinha toda a paciência necessária para ficar aguentando todas aquelas conversinhas fúteis e egoístas sobre a vida dele. Se eu não perguntei eles não tinham o porquê ficar me falando. Ficamos em silencio por algum tempo até que

-Você realmente tem o humor de seu pai.

-Olha, se ficar me comparando ao meu pai toda hora juro que ficarei um pouco chateada.

-Não gosta que a compare a ele?

-Não.

-Por quê?

-Isso realmente te importa? Porque não parece ter a mínima importância você ficar sabendo alguma coisa de mim.

Percebi que ele se ofendeu com a minha resposta. Não era pessoal, mais eu tinha um sistema de defesa para qualquer pessoa que tentasse ultrapassar a barreira do relacionamento social. A única que conseguia derrubar todas as minhas defesas era Pepper, aquela mulher chegava é já sabia o que estava acontecendo comigo. Eu contava exatamente tudo a ela, até meu trabalho na S.H.I.E.L.D ela sabia. Ao contrario do que imaginava que meu irmão faria, ela achou interessante o fato de eu ser uma agente secreta, dizia que eu ficava sexy de roupa preta e colada, e eu a amava por me aceitar.

Eu e Steve Rogers não nós conhecíamos o suficiente para ele saber das coisas que eu penso. Mais mesmo assim eu me senti culpada por ter o respondido daquela forma, ele fora tão educado comigo e eu havia sido rude demais. Então eu disse;

-Me desculpe por te responder desse jeito. E que tem assuntos que não gosto de falar abertamente.

-Sinto que em relação a sua família você fica meio receosa em entrar em detalhes. Desculpe-me por ter te aborrecido.

-Ah Steve! Você precisa parar de ser tão fofo e educado assim. Se vamos conviver juntos, precisa parar de ser assim, se não eu nunca poderei ficar irritada com você.

-Por falar no assunto, me diga como você ira ser minha babá?

-Ainda bem que você entende o que essa missão é.

-Eu já estava adivinhando que a S.H.I.E.L.D iria fazer isso. Eles tentaram me enganar tentando fazer com que, eu acreditasse ainda estava no ano em que cai no mar.

-Serio? Eu não acredito. Eu disse uns milhões de vezes que você nunca iria cair nisso. Mais o que entregou a verdade?

-O rádio. Estava narrando um jogo que eu estava lá pessoalmente.

Comecei a dar risada do que Steve falou, o mesmo ficou olhando para mim com um olhar confuso até que comentei:

-Eu disse ao Coulson que isso nunca iria funcionar. Eu adoro quando estou certa.

-Bem, você ainda não me disse como vai ser?

-Tudo bem eu já vou dizer. Estou pensando que o melhor será você voltar para o Brooklin e ficarmos por um tempo lá até você se estabilizar.

-Você ira também para o Brooklin?

-Claro que sim. Não posso deixar você se cuidar sozinho, preciso te dar a comida na sua boca, te dar banho, colocar sua fralda, sabe coisas que as babás fazem.

-Mais isso não lhe incomoda? Ter que se mudar por causa de mim?

-Olha não é que o Brooklin seja meu lugar favorito de NY, mais será ótimo passar um tempo longe de todos os trânsitos e xingamentos que ouvia.

-Você mora em qual lugar em NY?

-Morar é uma palavra muito forte, eu passo muito tempo em Manhattan. Tenho um apartamento em que fico quando tenho que descansar um pouco.

-Não sente saudade de morar com alguém da sua família?

-Você esta entrando no assunto família de novo. -O lembrei em tom de brincadeira, percebi que corou um pouco se sentindo envergonhado.

-Desculpe, não quis ofende-la. Mais uma vez.

-Tudo bem, acho que posso responder essa pergunta. Quando dois Stark’s  estão no mesmo ambiente o local tem tendência a ser destruído entende? Eu e o meu irmão não nos damos muito bem, e essa historia é muito confusa e longa para explicar agora.

-Então quer dizer que me contara um dia?

-Quando tivermos algum tipo de amizade ou algo parecido, quem sabe.

Steve sorriu um pouco e eu estacionei na frente do apartamento que ele ficaria. Descemos juntos e olhamos a sua estrutura. O prédio era conhecido por ser o mais velho do bairro o que achei que Steve ficaria um pouco mais a vontade ali, sem muita tecnologia nada que ele tenha dificuldade de entender.

-Então é aqui que irei ficar?-Perguntou interessado.

-Se você gostou sim. Se não pode dormir na rua. - Respondi brincando com a cara dele, deu um sorriso garantindo que era brincadeira. Algo estava acontecendo comigo, eu estava sorrindo demais perto dele. E dentro do carro, eu queria falar a verdadeira relação entre eu e Anthony, sentia que minhas defesas perto dele se retrocediam e ficava com medo disso. Se apenas a um dia que o conheço isso já esta acontecendo imagina o resto do tempo que irei passar?

-Eu gostei daqui, lembra um pouco como eram as coisas no meu tempo.

-Fico feliz que gostou, porque eu não gostaria de ter gastado dinheiro pra nada.

-Você comprou um apartamento pra mim?

-Não eu, a S.H.I.E.L.D pagou. Eu apenas indiquei, porque achei que você iria gostar. E eu estou certa, como sempre.

-Acho que a S.H.I.E.L.D está fazendo muita coisa por mim. Espero ter um modo de retribuir.

-Capitão, você lutou por nós na segunda guerra mundial. Nós livrou de uma catástrofe, por que diabos tem que retribuir algo?

-Porque eu quero isso. Lily quero encontrar uma maneira de ajudar.

-Não agora. Escute – Entrei em sua frente e o fiz olhar em meus olhos, tudo bem que a altura não colaborava mais ele precisava me escutar. - Preciso ver se todo aquele tempo no gelo não lhe causou danos, por mais que tenha acordado e esta saudável aparentemente, ainda sim não sei se está pronto para enfrentar tudo que enfrentava no passado.

-Então terei que ficar paralisado mais tempo do que já fiquei?

-Sim se quiser poder fazer algo um dia. Se eu não acreditar que você se esforçara para se recuperar totalmente eu largo essa missão e você nunca mais poderá voltar a ser o Capitão América.

Tudo bem, que eu estava mentindo para ele. A recuperação era necessária mais não podia abandonar a missão, não daria esse gostinho ao Nick.

-Está tudo bem. Faremos do seu jeito.

Dei um sorriso confirmando o que ele falou então me separei dele um pouco constrangida por estar tão próxima a ele.

-Vamos olhar o apartamento?-Sugeriu Steve com as bochecha coradas.

-Vamos.

Ele começou a caminhar em direção ao apartamento e eu fechei o carro. Antes de entrar o mesmo me esperou para me acompanhar. Paramos na entrada do apartamento, Steve abriu a porta me dando espaço para entrar. Sorri timidamente com toda a sua educação, nenhum homem havia feito isso pra mim. Até porque eu entrava no apartamento deles de um modo pouco diferente daquele. O interior do prédio era até que limpo e organizado, chegamos na recepção e o atendente veio até nós. O pobre velhinho nós contou que havia herdado esse prédio dos seus pais que morreram enquanto era jovem na guerra e ele não queria se desfazer do prédio. Steve me pareceu criar um tipo de camaradagem com o velhinho o que me deixou mais contente por ter escolhido o local.

Nós mostrou o apartamento que comprei e disse enquanto nós deixava lá;

-Espero que aproveitem bastante Casal.Sejam bem-vindo.

Depois que ele saiu, uma gargalhada saiu dos meus lábios, Steve estava com uma cara confusa o que só me fez rir mais.

-Ele nós chamou de casal?

-Sim, mais deixa que pense assim. Pelo menos será uma desculpa por eu te visitar tanto. Agora precisamos ir.

-Aonde?

-Precisamos ir comprar umas roupas para você. E só uma dica; Se perguntarem o que somos enquanto estivermos fora daqui apenas diga que é meu primo tá?

-Por que?Não quer ser vista como namorada do Capitão América

-E uma longa historia mais isso tem mais haver com como sou conhecida, não tem nada a ver com você.

-E eu posso saber dessa historia?

-Você saberá de uma maneira ou de outra. Apenas espero que seja um pouco mais tarde.