As semanas passaram e Sansa e Margaery haviam se tornado boas amigas. Esta havia inclusive proposto a Sansa que se casasse com seu irmão Loras, assim ela poderia casar com o cavaleiro que sempre sonhara e partir de kingslanding estando em longe do rei. Segura e sem ser vítima dos seus desvaneios de Joffrey, que se havia tornado cada vez mais frequentes.

Sansa agradecia aos deuses o facto de nunca se ter deparado com a situação de estar sozinha na presença do rei.

Notícias chagavam acerca do seu irmão Robb e acerca de Winterfell que havia sido tomado por Theon Greyjoy. Tudo parecia estar a desmoronar e se antes Sansa tinha como futuro ser mãe dos filhos do rei, agora ela apenas vagueava pelas muralhas como um fantasma sem casa.

Haveria outro conselho naquela tarde então Sansa dirigiu-se a sala do trono onde permanecera junto de outras mulheres numa das varandas perto da escadaria.  O conselho serviria para anunciar a data do casamento de Joffrey e Margaery que parecia estar a ser apressado por ambas as casas. Margaery parecia ser uma boa anfitriã e seria ainda melhor rainha uma vez que o povo parecia torcer por ela.

Quando Joffrey entrou na sala o coração de Sansa disparara, não pelo rei mas pelo cão de caça que estava ao lado do trono onde se costumava posicionar anteriormente. Ele não trazia a capa branca como fazia antigamente. Sansa pensou que talvez o fossem executar, cortar a cabeça tal como fizeram com seu pai, mas então percebeu que ele ainda vestia armadura e espada. Que tipo de execução permitia que o criminoso fosse ser decapitado com uma espada na bainha? Ele havia voltado à guarda real, essa era a única explicação.

Os olhares cruzaram-se e Sansa tremeu com medo, o seu olhar continuava cheio de odio e sede de sangue. Porque que razão ele teria voltado? Como havia sido aceite novamente na guarda após ter desertado na batalha de blackwater?

Sansa teria 2 coisas a temer a partir de agora. Joffrey e  cão de caça.  Ela tinha-o visto num momento mais frágil e nenhum homem gosta de ser visto assim, muito menos um assassino.

Lembrou se daquela noite em que ele lhe pediu para cantar, as suas atitudes haviam alternado entre uma atitude protetora e violenta. Recordou a proximidade dos corpos quando ele a puxou e a forma como atirou para a cama onde a ameaçou com um punhal no pescoço. Naquela noite ele estava lá a sua espera, apenas a sua espera, poderia ter fugido logo mas permanecera no quarto de Sansa até esta chegar para a assustar e dar esperanças com uma conversa sem nexo causada por bebida a mais. Quando ela tocou na sua face esta parecia ter algo misturado com suor e sangue, lagrimas talvez. As últimas palavras que disse foram “pequeno pássaro”.

Sansa sabia de mais e tinha visto demais. Os seus olhos sempre a assustaram e agora ela tinha a certeza que mais cedo e mais tarde seria violada por Joffrey, pelo cão e por outros cavaleiros. Os seus olhos se encheram de lágrimas e ela fora obrigada a abraçar o próprio corpo para controlar a sua respiração.

Como se não bastasse as novas notícias de winterfell magoaram Sansa como punhais. A sua terra estava destruída e os seus pequenos irmãos tinham morrido. Era difícil perceber que não tinha mais ninguém e não era nada nem ninguém naquele sítio. Cada momento que passava naquela sala era mais desesperante que o anterior, ela precisava sair dali. desaparecer.