Saí de casa, e fui caminhando. A casa da Emyli não ficava tão longe assim. Mas ela passava a algumas casas que eu nem gosto de chegar perto. Sim...As casas dos colegas de sala.

Eu não sei por quê, os pais do Stefan ( lindo) e o do Steven se mudaram para a rua de baixo agora!!! Não, e eu só fiquei sabendo disso no momento em que os vi jogando futebol em frente a nova casa deles.

Sabe aquele momento em que você não esperava encontrar uma pessoa?!?!Isso mesmo, leitores...Eu definitivamente não esperava!!

Eu tinha a péssima mania, de quando levar um susto ou surpresa ficar encarando até a ficha cair. E por tristeza mesmo...Eu fiz isso com os dois. E como eu tinha muita sorte, acabei levando uma bolada na cabeça!!!

Cai sentadinha no chão, e peguei a bola:

–Parabéns Stefan!Mais você é uma anta mesmo...-fala Steven vindo correndo:

–Foi sem querer!Eu não a vi!-falou Stefan vindo também.

Eles pararam na minha frente, e pela primeira vez na vida, eu havia visto que eles se pareciam...

O mesmo tom de pele, a mesma cor de cabelo e olhos, o mesmo jeito do cabelo. Apenas suas fisionomias eram diferentes:

–Luna...Você está bem?-pergunta, uma deles. Para vocês verem eu nem consegui identificá-los:

–É Steven ou o Stefan?-eu pergunto.

E os dois riem. Me Deus!! Até os sorrisos se pareciam!!

–Steven!-fala ele me ajudando a levantar:

–Foi mal Luna, eu juro que não te vi!-fala Stefan:

–Não tem problema...-eu digo sorrindo:

–E aí?Você está doente?-perguntou Steven:

–Não...Por quê?-pergunto:

–É que você não foi na aula, então...-fala Stefan:

–É claro!Eu perdi a hora...Não me culpem, culpem o despertador!-eu digo e eles riem:-E eu não sabia que tinham se mudado, para mim continuavam na rua depois da minha e não na anterior!

–Ah...É que tem horas que os pais são meio...-começa Steven:

–Burros?!-pergunta Stefan:

–Eu ia dizer desatento, mas pode ser isso sim...-ele diz e eu riu

–Então, onde estava indo?-perguntou Stefan:

–A casa da Emyli!Vou pegar os cadernos...-eu digo:

–Não quer um dos nossos não?-pergunta Steven meio nervoso:

–Por que?-pergunto:

–A Emyli surtou na aula hoje...Sério, já estou ficando com medo dessa menina!-fala Stefan:

–O que aconteceu?-perguntei sentando na calçada:

–Do nada ela começou a gritar, e a sair correndo na sala de aula!falou Steven:-Como se alguém a perseguisse!

–Ela gritava para deixarem ela em paz...Que ela não queria saber de nada!-falou Stefan:

–Até que a enfermeira chegou e lhe deu um sedativo!-falou Steven:

–Nossa...Isso está ficando sério.-eu digo:

–Está sim!-fala os dois:

–Mas eu vou até a casa dela, mesmo assim!-eu digo e eles arregalam os olhos. Que olhos lindo, Stefan!

É...Eu era meio pertubadinha...:

–Ficou maluca?!Vai até lá?-perguntou Steven:

–E qual o problema, ela é minha amiga!Eu vou!-eu digo indo:

–Sozinha?-perguntou Stefan:

–Sim...Vejo vocês amanhã na escola!-eu digo acenando para eles:

–Até...-falou Stefan:

–Qualquer coisa grita, nós iremos lá correndo!-fala Steven:

–Fale só por você...-ouvi Stefan dizer:

–Cala a boca!-retrucou Steven.

O que será que havia com Emyli? Eu não me parava de fazer essa pergunta...Mal sabia eu que a resposta eu mesma descobriria.

Cheguei em frente a sua casa, e o jardim ela estava incrível, como os lá de casa. A mãe de Emyli e a minha eram como..."Colegas".

Havia petúnias roxas e margaridas em toda parte. Dois pés de maçã, e algumas rosas azuis magníficas.

Abri o portãozinho e fui até a varanda, toquei a campainha.

Não demorou muito para uma mulher velha aparecer, primeiramente imaginei ser a avó dela, mas foi só Emyli aparecer e a chamar pelo nome, foi que entendi que era a empregada indo embora:

–Até amanhã sr. Stuart!-ela gritou para a mulher.

Ela parecia normal, os mesmos cabelos loiros compridos, os óculos imensos no rosto, os lindos olhos mel. Ela estava usando um vestido branco com rosas vermelhas e uma sapatilha também vermelha:

–Oi, Luna!-ela disse sorrindo:

–Oi!-eu respondi:

–Por que não foi a escola, hoje?-ela perguntou:

–Perdi a hora...-eu digo e nós sorrimos:

–Isso as vezes acontece comigo.-ela diz:

–Eu queria saber se você poderia me emprestar os cadernos que deram matéria?-eu perguntei meio sem jeito:

–É claro que sim...Entra!-ela pede:

–Obrigada!Seus pais estão?-pergunto:

–Não..Reunião do irmão mais novo!-ela fala e levo um susto:

–Não sabia que tinha uma irmão mais novo!-eu digo:

–E tenho...Edward!De onze anos...-ela fala:-Vem, meu quarto é por aqui!

A casa da Emyli era linda, e o quarto dela, era maravilhoso.

Enquanto o meu era lilás, com um monte de coisas espelhadas e nunca em seu devido lugar...O dela era organizadíssimo! Era com a parede branca, repleto de flores, e borboletas:

–Nossa!Seu quarto é lindo!-eu digo:

–Obrigada...Eu gosto das coisas naturais.-ela fala abrindo a mochila e pegando os cadernos:

–Posso te perguntar uma coisa?-pergunto me sentando na cama junto a ela:

–Claro..-ela fala ajeitando os óculos:

–Por que de vez em quando você...Surta?-pergunto e ela me olha com um olhar muito triste:-Não querendo te ofender nem nada...Eu só queria te ajudar, pode se abrir para mim!

Eu digo lhe dando as mãos, ela se levanta e começa a andar pelo quarto:

–E-Eu não posso te contar, Luna!-ela diz:

–Por que não?Você tem síndrome do pânico, por acaso?-pergunto me levantando também:

–Mais ou menos...É mais...Impossível!-ela diz:

–Como assim?!-pergunto e ela abaixa o olhar.

Eu entendi que ela não estava pronta para falar, mas uma hora ela estaria, então me dei por vencida:

–Tudo bem, não precisa me dizer agora!Diga quando estiver pronta!-eu digo e ela sorri:-Então...Você já deu uma olhada em Romeu e Julieta?

–Já sim...-ela diz rindo e me mostra o livro:-Sabe...Acho que você seria uma ótima Julieta!Tenta o papel...

–Eu?!Você enloqueceu?Não tenho nada da Julieta!E nem sei representar!-eu digo e ela sorri:

–Sabe sim, tenho certeza!-ela fala:

–Como pode ter tanta certeza?-pergunto:

–Uma amiga me contou!-ela diz:

–Quem?Eu conheço?-pergunto:

–Conhecia...-ela diz e olha para a parede e sorri:-Mas isso não importa!Amanhã você vem ensaiar aqui em casa e vai fazer aquele teste!

–Eu só faço se você fizer também!-eu digo e ela me olha, e por incrível que pareça ela aceitou:

–Feito!Que papel?-ela pergunta, e falo o primeiro que vem em minha mente:

–O da mãe da Julieta!-eu digo ela sorri:

–Feito!-ela fala:-Então...Você quer comer alguma coisa?Posso preparar!

–Ah, eu ia adorar...mas meus pais vão chegar a qualquer momento e eu tenho que estar em casa.-eu digo?

–Que pena mais amanhã você vem?-pela pergunta:

–É claro!-eu digo:

–Que bom!Amanhã, só vai ficar a gente a sr. Stuart!Ela é bem legal, você vai gostar!-ela diz e eu riu.

Depois ela me levou até a porta e nos despedimos com um abraço:

–Até!-ela fala entrando em sua casa:

–Até!-eu digo a acenando.

Passo novamente na casa de Stefan e Steven, mas eles não estão lá.

Então sigo o caminho. Começa a chover e saio correndo.

Chego em casa ensopada e tinha uma carta em frente a porta:

"Rosas são vermelhas, violetas são azuis... Clara você é minha princesa a luz que me conduz...!" Stefan....

Eu queria rasgar essa carta em milhões de pedaços de raiva que eu avia ficado.

Eu sentia as lágrimas novamente, querendo se manifestar. Não! Eu pensava, eu tinha que aprender a conviver com essa dor e a não chorar por isso. Já tinha aprendido por outros motivos. Só era mais um.

Subi no quarto de Clara e deixei a carta em cima de sua cama, e fui até a cozinha pegar uns biscoitos para comer.

Quando cheguei lá, a janela estava um pouco aberta e nela havia, uma rosa linda branca e um bilhete ao seu lado:

"Te olho tão linda e alegre indo em busca do desconhecido, que meu coração só quer te acompanhar aonde você for, te vejo sorrindo timidamente e fico pensando o quão linda pode ainda ser...

Essa é a flor que eu não temerei a colher e a chamar de minha...Só espero que me olhe muito além do que sou, que me olhe mais do que a ele, que não merece seu amor..."

Apaixonei-me pelas lindas palavras, era ainda mais bonito do que o de Clara. Mas quem me mandara isso?!

Quando fui pegar a flor, eu espetei meu dedo em um único espinho que ali tinha, e sangrou em cima das pétalas brancas e belas da rosa...Ao olhar para aquilo me arrepiei.

A rosa estava suja de sangue, o meu sangue...

Isso seria um sinal? Ou não?

Não poderia havia pensado e fui para o banheiro lavar meu dedo...