Eu,ela e Minhas Ex-namoradas escrita por Claire_Bartoon


Capítulo 5
Cap. 5 - Rodrigo


Notas iniciais do capítulo

Leia a outra versão da História - Eu,ele e SUAS ex-namoradas.

—//_



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“Putz, putz putz putz”, essa é a bela musiquinha do meu celular e ela acabava de ecoar pelo meu apartamento me fazendo acordar completamente assustado, eu ergui o pescoço a procura do celular e ao mesmo tempo do relógio. Eram 4 e 21 da manhã, esfreguei os olhos tateando a mesinha ao lado da minha cama, me sentia embriagado de sono ainda. Abri o celular levando a orelha em seguida, sabia que eu não ia conseguir ler quem era então preferi atender de uma vez por todas.

-Alô? – eu falei com uma voz de sono.

-“Alô?? DANTE!!” – eu escutei uma voz feliz do outro lado da linha, a pessoa parecia tão feliz e ao mesmo tempo, tão. Tão BÊBADA?

-Rodrigo? – eu perguntei bocejando em seguida.

-“Dante!” – ele repetiu rindo em seguida todo contente e divertido, eu pude escutar uma voz mais grossa ao fundo, uma pequena confusão e em seguida outra pessoa atendeu.

-“Alô? Você é o Dante?” – eu escutava um pouco assustado.

-Sou!? – eu falei sem muita certeza, afinal de contas eu nem sabia quem estava falando do outro lado.

-“Aqui é do 21° departamento de polícia é o Delegado Santana que está falando senhor. Desculpe perturba-lo há essa hora, mas o senhor conhece esse rapaz que acaba de te ligar, o senhor Rodrigo Castro?”

-Sim sim conheço ele é meu amigo! – respondi um pouco assustado, que merda que o Rodrigo havia ido fazer na delegacia?

-“Bom, ele está aqui detido na delegacia, nós o encontramos dormindo bêbado na rua e ele parece não lembrar outro número de telefone que não seja o seu, o senhor poderia vir buscá-lo, por favor?”

A “mudou”, eu olhei novamente para o relógio e senti uma certa raiva, eu devia era deixar ele passar a noite na delegacia isso sim, ele não era mais criança pra ter de ter um adulto indo busca-lo na delegacia. Eu já estava bravo, como aquele bêbado cara de pau tinha me ligado pra fazer isso logo depois de me dar um soco?

-Eu vou! – suspirei um pouco derrotado, Rodrigo ainda, infelizmente, era meu amigo.

Peguei o endereço da tal delegacia e terminei de me vestir, já que eu costumava sempre dormir de cuecas não tive de trocar de roupa, apenas tive de colocá-las. Optei por pegar um táxi, ir a delegacia de moto e voltar com um bêbado na garupa era pedir pro animal cair na primeira arrancada que eu desse.

Após preencher a papelada caminhei até o banco onde Rodrigo parecia adormecido, comecei a cutuca-lo pra que ele despertasse. Eu não ia carregar o bêbado até o carro não mesmo.

-Anda, acorda Rodrigo! Anda logo! – eu balançava ele fazendo-o se mover um pouco e enfim tentar abrir um dos olhos, Rodrigo abriu um largo sorriso ao me ver, abriu os braços e me abraçou

-Meu grande amigo Dante! – ele começou me abraçando totalmente desajeitado. Eu o puxei fazendo-o levantar, preferi não me estressar, não ali.

– Anda anda, vamos pra casa!! – dizia puxando-o pra fora da delegacia tentando manter ele em linha reta pra que pudesse entrar no táxi.

-Não, pra casa não!! – ele me pediu virando-se pra mim instantaneamente. –Meus pais estão lá! – ele continuava dizendo. Que foi, agora ele ia ter vergonha de entrar em casa bêbado? Devia ter pensado nisso antes. E porque merda ele ainda morava com os pais. Ta eu sei que nem eram muitas pessoas com 24 anos que conseguiam sustentar um lar, mas eu e Rodrigo tivemos a sorte de arrumar um bom emprego logo depois da faculdade e de juntar pra conseguir morar juntos, manter algo pequeno mas pelo menos era decente, porque ele ainda morava com os pais? Merda.

-Tá não vou te levar pra casa, talvez a Mah...-eu mal tinha terminado de falar e ele já me agarrava pela camiseta e me chacoalhava dentro do táxi.

            -Ela não, qualquer um menos ela! – ele olhava pra minha cara quase como se fosse chorar, eu estava assustado ele estava surtando o que eu devia fazer?

            -Ta bom, já entendi! – fiz ele me soltar após ser um pouco grosso e mandei o taxista voltar pro meu apartamento. Assim que chegamos eu levei ele até meu apartamento, eu morava no sétimo andar, era um apartamento pequeno e aconchegante de apenas um quarto. Era perfeito pra mim que era um solteiro.

            Eu o arrastei até o sofá fazendo-o se sentar e antes que eu começasse o meu discurso ele começou a chorar enquanto escondia as mãos no rosto e chorava e chorava, eu apenas assisti aquela cena patética. Sim patética, porque eu tinha que agüentar um amigo bêbado e chorão ainda por cima.

            -Ela me odeia! – ele começou limpando as lágrimas nas mangas do casaco sujo dele. – Ela me odeia Dante! – ele dizia enquanto chorava.

            -Quem?? – perguntei sem entender.

            - A Marcela! – ele falou bravo comigo, como se eu tivesse que ler a mente dele. Agora fazia sentido, agora eu sabia porque ele não queria ir pra casa dela, eles haviam brigado só podia.

            -O que aconteceu?? – perguntei caminhando até a cozinha pra dar um copo de água pra ele.

            -Eu não faço nada direito, eu sou tão burro...burro.. – ele começou levando a almofada até a cabeça e começou a se golpear.

            -Para! – exclamei largando o copo sobre a mesa e indo até ele impedir que ficasse se golpeando. – Não tem como gostar de um idiota bêbado feito você Rodrigo, quer parar! – eu disse agora mais bravo deixando a almofada longe dele.

            -Você vai me ajudar?? – ele novamente me segurou pela camiseta e me puxou pelo colarinho me chacoalhando em seguida. – Me ajuda Dante, eu quero ela de volta!! Você sempre foi bom com as mulheres, me ajuda!

            Eu já não estava muito paciente e com ele me chacoalhando tava ficando mais difícil ficar calmo.

            - Para Rodrigo! – eu tentei novamente me soltar, mas ele não soltou. Eu o empurrei com mais força até um pouco assustado e enfim ele soltou voltando a cair sentado no sofá. – Eu vou te ajudar! Agora quer se acalmar!!

            -Obrigado, obrigado! – e agora ele se atirava aos meus pés abraçando minhas pernas, eu comecei a andar um pouco pro lado fugindo dele.

            -Digo! – chamei ele uma vez. – Digo se levanta! – reclamei de novo e na terceira vez eu já estava sendo estúpido. – Rodrigo! – reclamei mais alto puxando-o do chão e enfim empurrei ele porta a dentro do banheiro, uma ducha de água fria devia resolver um pedaço daquela bebedeira toda.

            Eu coloquei ele dentro do chuveiro de roupa e tudo, Rodrigo bateu contra a parede e foi escorregando enquanto a água caia sobre a cara dele, por um momento eu achei que ele ia morrer afogado no chuveiro e quando fui levantar ele do chão ele moveu a cabeça como em um espasmo e respirou fundo.

            -Quando você terminar me chama eu te arrumo umas roupas limpas! – falei pra ele antes de puxar a camiseta dele de qualquer jeito, eu não estava nem um pouco acostumado a ficar despindo um homem, se é que me entendem.

            Deixei o banheiro, mas mantive a porta aberta pra se caso Digo levasse um tombo eu pelo menos pudesse ouvir. Olhei a janela do apartamento, já estava amanhecendo e meus olhos ardiam devido ao sono. Esfreguei meus olhos e caminhei até a pia da cozinha pra lavar o meu rosto. Quando olhei novamente pro banheiro lá estava Rodrigo todo ensopado no corredor só de cueca, ele olhava pra minha cara ainda parecendo zonzo.

            -Porque ela gosta mais de você do que de mim?? – ele me perguntou e eu não pude conter a risada da cena.

            -Porque eu não molho a casa inteira dela! – eu disse rindo dele, ele não podia estar falando sério.

            -É sério Dante! – ele reclamou como se fosse uma criança, começou a se debater fazendo birra.- Explica pra mim, o que você fez com ela??

            - Para de enlouquecer Rodrigo! – eu reclamei deixando a cozinha e caminhando até o banheiro puxando minha toalha e jogando sobre a cabeça dele. – Por isso que você e ela vivem brigando! Eu e a Marcela não temos nada, deu pra você entender??

            - Conta pra mim Dante.. – ele segurou meu braço e me puxou. – O que você fez com ela? O que você faz com elas? Porque elas sempre querem você??

            Eu não estava entendendo onde ele tava querendo chegar, pra falar a verdade eu não estava gostando muito do rumo da conversa.

            -Cuma? – eu olhei indignado pra ele.

            - Você tem algum feitiço? Magia negra, macumba?? – e em seguida ele puxou minhas calças como se tentasse ver dentro delas pra ver se eu usava algum tipo de roupa mágica. Só podia ser coisa de bêbado.

            -Quer parar! – eu disse fazendo ele soltar minhas calças e me afastei dele, caminhei até o quarto ligando a luz do mesmo e chutando meu tênis pra longe, agora eu já estava mais confortável, fui pulando e tirando as meias dos meus pés até que me sentei na minha cama.

            -Você ta evitando o assunto, isso quer dizer que tem alguma coisa!

            Meu deus, ele insistia. Eu logo revirei os olhos mais uma vez vendo-o entrar no meu quarto secando-se na toalha. Os olhos dele estavam vermelhos.

            -Você andou fumando alguma coisa? – perguntei um pouco assustado pra ele, só faltava agora ele ter se drogado também.

            -Não! – ele bradou um pouco agressivamente enquanto se aproximava de mim e enfim se abaixou na minha frente me encarando. Eu apenas encarei ele com uma ar de “ o que é que foi agora?”

            Ta, se liga, vai ser muito estranho o que eu vou contar agora, mas pensem foi mais estranho pra mim do que pra vocês que estão ai de fora, lendo, mas quando eu ia falar algo do nada ele puxou a minha nuca e me Beijou. Aham, ele me beijou, exatamente isso que vocês estão lendo.

            Tenho certeza que o beijo não durou nem mais de um segundo porque no momento que senti minha nuca puxada e as bocas se colando eu já estava com as duas mãos contra o peito dele empurrando-o pra trás.

            - O QUE É QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!?! – eu berrei virando a cara tentando afastar a minha boca o máximo possível da dele.

            - Eu quero saber por que é que elas gostam tanto! – dizia ele tentando ir pra cima de mim.

            -Saí!!! – eu gritei me afastando mais dele caindo pelo outro lado da cama, ele estava bêbado, eu estava tentando relevar isso, mas não ia funcionar não mesmo. Rodrigo sempre foi um pouco maior que eu e sempre um pouco mais forte também, mas eu estava consciente, só precisava ser mais esperto, não ia deixar ele me agarrar.

            Vi ele passar por cima da cama vindo na minha direção e eu então me posicionei levando meu pé até a testa dele e o empurrando pra longe de mim, enquanto ele apoiava o peso do corpo na testa e sobre o meu pé esticando a língua como se tivesse a esperança que ela alcançasse minha boca.

            -Para!! – eu disse nervoso mais uma vez pegando a primeira coisa que vi na frente, que foi o meu travesseiro, não, eu não queria socá-lo, nunca fui muito adepto dessas violências, mas bem que ele tava pedindo – Eu tenho um travesseiro e não tenho medo de usar!

            E não minha ameaça não pareceu surtir efeito ele movimentou o corpo de novo, iria se soltar daquela posição dramática então eu não pensei mais, fechei os olhos e com as duas mãos acertei com o travesseiro na cara dele fazendo-o cambalear e cair da cama um pouco mais longe de mim. Eu não pensei duas vezes antes de me levantar e sair de perto dele ainda com o travesseiro na mão. Assisti ele se movimentar no chão um pouco atordoado e eu com um dos braços esticados como de quem pede distância e na outra mão o travesseiro, já fui logo falando:

            -Fica longe de mim!!

            - Era só um beijo! – ele reclamou com as duas mãos no rosto, devia mesmo ter machucado, meu travesseiro era aqueles de pena, pesados e tinha pegado bem em cheio no rosto dele.

            -Eu não sou gay! – ele já foi logo se corrigindo enquanto se sentava no chão e me olhava em seguida. – Eu só queria saber o que é que você tem que elas gostam tanto!! – ele continuou.

            Olha a conversa ali seria ótima pra massagear o meu ego, mas no momento eu estava assustado demais pela tentativa de estupro do meu melhor amigo.

            -Olha eu não quero saber se você é gay Rodrigo, no momento eu ficaria satisfeito se você saísse do meu quarto! – disse apontando a porta do mesmo.

            - Dante! –ele tentou concertar e logo se levantou, no instante seguinte eu  já balançava o travesseiro em sinal de ameaça como se realmente ele fosse algum tipo de marreta ou a espada de um grande guerreiro.

            -Você prometeu que ia me ajudar com ela! – ele disse agora com a voz mais fraca e enfim baixou a cabeça. – Me desculpa!

            Eu olhava pra ele, sentia meu coração acelerado ainda, eu olhei pra janela, a luz do sol já a invadia o quarto e agora meu despertador começava a apitar anunciando que já era hora de eu acordar pra ir trabalhar. Ele ergueu o rosto e me encarou mais uma vez com um ar de arrependido.

            -Tá! – comecei. – Eu vou te ajudar, mas se você me prometer uma coisa!

            - O que? – ele pareceu esperançoso.

            -Que nunca mais, nunca mais mesmo na sua vida você vai fazer isso de novo! – eu dizia baixando o travesseiro.

            - Eu prometo! – ele falou

            Eu finalmente baixei a guarda, deixei o travesseiro cair na cama e logo desci da mesma desligando o despertador.

            -Antes de qualquer coisa é melhor você dormir, você está com uma cara horrível e ta muito feio mesmo! – disse sem olhar pra ele apontando a porta do meu quarto. Vi ele sair porta a fora e enfim o deixei descansar no sofá aquela manhã. Voltei ao meu quarto um pouco agitado e até mesmo abalado pelas coisas que tinham acontecido aquela manhã. Meu amigo, meu amigo de anos de faculdade tinha acabado de tentar me agarrar. Sei que talvez tenha sido crise da bebedeira, mas ainda sim é um lance traumático.

            Mas eu tinha feito uma promessa a ele, eu tinha que fazer ele reconquistar Marcela, eu poderia não saber qual era o motivo da briga deles mas eu tinha que fazer isso. Peguei na mesa onde ficava meu lap top uma folha de papel sulfite e uma caneta e comecei a fazer uma lista de coisas que Marcela gostava, desde a sua cor favorita o Verde Claro até a flor que no caso eram as Margaridas, eu sabia sua comida favorita, seu filme favorito, seu livro e escritora predileta. Lembrei-me até mesmo da data de aniversario de seu primeiro cachorro, o Flufy, lembrava-me até mesmo das histórias que ela gostava tanto de contar de como o cachorrinho era arteiro e adorava correr atrás da bolinha vermelha que ela havia ganhado no Mcdonalds, também me lembrei dela contado quanto havia chorado quando seu pobre cachorrinho havia morrido atropelado. Ela no dia tinha até contado dando algumas risadas como a pobre menininha de 11 anos havia perdido traumaticamente o seu cachorrinho. Eram histórias que provavelmente eu tinha que relembrar Rodrigo, histórias que toda a mulher gosta de ver que seu namorado se lembrou. Mulheres sempre gostavam de saber que não eram ignoradas.

            Quando estava perto das 8 horas da manhã eu liguei para o trabalho, tinha de avisa Anna que eu não iria trabalhar hoje. Diria a ela que não estava passando bem, mas que no dia seguinte eu voltaria a trabalhar normalmente, depois da minha cena de quem corria até o banheiro no dia anterior era bem possível que as pessoas de lá acreditassem que eu estava mesmo passando mal. Mas quem liga? Eu tinha toda uma noite pra preparar, tinha que ajudar o meu amigo a reconquistar a namorada dele. Valia o esforço. Eu acho.

            Peguei o telefone dez minutos antes do horário que eu deveria chegar ao trabalho, disquei o número do celular de Anna e logo o escutei chamar.

            -“Alô? Dante!!!” – ela pareceu feliz em ver que era meu número, talvez ela estivesse pensando que eu estava ligando pra me desculpar do dia anterior.

            -Anna? – comecei olhando pra porta do quarto em direção ao corredor que dava a sala vendo a sombra de Rodrigo se mexer no sofá da sala.

            -“Você pensou na proposta??” – ela perguntou um pouco mais animada.

            É eu não estava errado, ela achou que eu tinha ligado exatamente pra isso.

            -Não Anna, é só que... – agora eu estava um pouco desconfortável pra falar, me sentia quase culpado. – Eu estou ligando pra avisar que não estou passando bem hoje! – fui falando.

            -“O que é que você tem?” – ela perguntou em tom preocupado.

            -Nada demais, digamos que eu passei a noite no banheiro!! – tentei acalma-la.

            -“Você quer que eu vá até aí??

            -Não, não precisa, eu estou legal, acho que só preciso de um dia de descanso e nada mais! – tentei argumentar pra ela.

            -“Tem certeza??” – ela continuou

            -Absoluta, fica tranqüila! – continuei com um leve sorriso. – Obrigado por se preocupar!

            -“Eu sempre me preocupo com você Dante!” – ela disse isso em modo carinhoso o que fez com que eu me sentisse o pior ser da terra, me afundei um pouco na cama soltando um leve suspiro.

            -Obrigado! – agradeci mais uma vez. – Um beijo Anna! –falei antes de desligar o telefone e afundar minha cara no travesseiro. Eu tinha feito minha parte de bom funcionário, tinha ao menos avisado a chefe da minha ausência.

            Pensei em dormir um pouco antes de me levantar e começar a resolver as coisas pra aquele dia. Minha cabeça borbulhava, eu estava mais preocupado com o relacionamento do meu amigo do que ele próprio que agora parecia apenas roncar no sofá da sala como se aquele lugar fosse a melhor cama que ele jamais tivera na vida.

Bufei e resolvei me aprontar pra sair, eu tinha que comprar algumas coisas, pensar em outras.

            Tomei me banho e em seguida me vesti, com uma roupa bem comum jeans e camiseta, eu queria só sair de casa e nada mais. Passei por Rodrigo aos roncos na sala e coloquei a chave do apartamento sobre a mesa e um bilhete pra se caso ele acordasse que me esperasse em casa que logo, logo eu voltaria para que eu pudesse dizer a ele o que foi que eu planejei.

            Minha primeira parada aquela manhã foi no Shopping, eu tinha que comprar uma roupa decente ao meu amigo, algo apresentável longe daquelas roupas largadas e velhas que ele estava acostumado a usar, algo que o deixasse mais apresentável. Vocês podem achar isso um pouco Gay, mas as mulheres gostam de saber que nós homens nos arrumamos pra elas assim como adoramos vê-las se arrumarem pra gente, mesmo que algumas vezes elas só se arrumem pra que elas mesmas possam se sentir bonitas, ou que as outras mulheres as achem mais bonitas, mas abafa, finge que eu não disse isso.

            Eu entrei em uma das lojas de roupa masculinas e passei a separar camisas sociais, não que eu fosse colocar um terno no Rodrigo, longe disso, mas deixaria meu amigo um cara mais apresentável. Depois de comprar umas duas opções de camisa eu escolhi a calça, Rodrigo e eu vestíamos quase o mesmo número, eu sabia que o meu amigo era um pouco maior que eu então optei por um número a mais, no pior dos casos eu pegava a calça pra mim e já era. Enfim passei quase a manhã inteira correndo atrás das coisas pro encontro de Rodrigo e Marcela. Eu devia mesmo estar enlouquecendo.

            Quando eram 2 horas da tarde eu mandei uma mensagem no celular de Marcela.

            “Mah, oi, só pra te avisar, espera eu chegar aí no trampo as 17, preciso falar com você!”

            Eu queria avisá-la pra que ela não fosse embora pra casa caso Rodrigo se atrasasse. Eu recebi uma mensagem de resposta dela.

            “Ok, você ta bem? A Anna disse que você estava passando mal!”

            Eu sorri ao ver a resposta dela, ela estava mesmo preocupada, chegava a ser um sorriso carinhoso sabe, ficava admirado como minha amiga se importava comigo mesmo ela tendo no dia anterior brigado com o namorado.

            “Eu to bem, relaxa!”

            Foi a última coisa que respondi enquanto voltava ao táxi, eu ainda tinha que resolver uma última coisa, o restaurante que Rodrigo a levaria. Pensei em algo bem badalado, Mah era fã de massas e essa coisa, melhor lugar do que um bom restaurante italiano não poderia haver certo?

            O único problema é que o restaurante não tinha lugar pra essa noite, tive de desembolsar uns 100 reais ao garçom pra que ele me arrumasse uma vaga por algumas horas aquela noite, tinha que dar certo porque aquela briga entre os dois estava me saindo bem carinha pra falar a verdade. Peguei o panfleto do restaurante com o endereço e o mapa do lugar pra que Rodrigo não se perdesse ao ir até lá, só faltava ele estragar tudo perdendo a hora sem conseguir chegar ao restaurante.

            Quando eram 3 e 30 eu voltei pra casa e encontrei Rodrigo na mesma posição que eu o havia deixado. Soltei um suspiro, deixando as sacolas sobre a mesa e comecei a gritar pra acordá-lo.

            -Anda bela adormecida!! Hora de se levantar! – eu o puxava do sofá e juntamente o cobertor que ele usava pra se cobrir.

            -Ah pera aí! – ele reclamava enquanto em seguida ficou de pé, já que eu o puxava com vontade pra ele se levantar.

            - Vai pro banho! – falei a ele apontando a porta do banheiro novamente.

            -Minha cabeça dói! – ele respondeu levando a mão a cabeça atordoado.

            -É eu imagino, ontem você não bebeu pouco! – concluí o deixando ir pro banheiro – Vai logo que você tem uma hora pra estar pronto! – eu gritei pra ele enquanto ele já entrava no chuveiro.

            Eu procurei entre os armários onde poderia haver a droga de uma aspirina até encontrá-la, eu quase nunca usava aspirinas sabe (isso foi irônico). Não demorou muito e deixou o banheiro enrolado na toalha com aquela cara de sono. Eu ri divertido.

            -Cara o seu estado está tão deplorável, sério, eu não sei que milagre eu vou fazer pra você e a Marcela se entenderem! –eu negava com a cabeça como se estivesse prevendo a grande confusão.

            -Você vai mesmo me ajudar? – ele abriu um sorriso.

            -Vou né, eu prometi! Agora toma! – eu entreguei pra ele as sacolas de roupas. – Tem umas cuecas novas aí, eu não sei qual o tamanho que você usa então se vira, eu não ia te emprestar uma cueca minha! Mas vai lá pro meu quarto e se ajeita, e não demora você tem que buscar a Marcela as 17 horas no trabalho e a gente ainda tem que passar na sua casa pra pegar o carro!

            -Tá... – ele falou um pouco assustado e enfim foi até o meu quarto fechando a porta. Em seguida eu escutei ele me chamar. Caminhei até ele e abri a porta vendo-o vestido com aquela camisa social.

            -Ae, até parece gente! – falei assistindo ele fechar os botões da camisa e eu como se fosse um pai ensinando um filho ajeitei as mangas da camisa dele. – Agora sim a Marcela vai gostar!

            -Eu odeio essas camisas! – ele reclamou fazendo uma careta.

            -É, mas faz um esforço, você vai superar! – eu falei a tempo de escutar o interfone tocar. As flores deviam ter chegado, assim que atendi eu confirmei isso.

            -Já venho Rodrigo! – gritei pra ele lá de fora e fui buscar as flores, e assim que voltei ao apartamento com o buquê Rodrigo me esperava sentado no sofá como um ar de nervosismo, parecia que era o primeiro encontro da vida dele. Eu ri.

            -Que foi, você vai me dar flores agora? – ele começou zombando de mim.

            Eu apenas fiz uma careta e neguei com a cabeça.

            -É pra ela, a Mah adora Margaridas! – eu comentei entregando o buquê pra ele.

            -E como você sabe disso?? – ele perguntou me olhando um pouco assustado.

            -Não sei, só sei que eu simplesmente sei! – disse tentando encerrar o assunto enquanto eu tirava do bolso a lista de coisas que eu sabia que Marcela adorava e entreguei pra ele. – Olha, tem aí uma série de coisas legais que ela gosta. Coisas que ela vai gostar de saber que você se importa! – eu comecei dizendo a ele.

            -Plufy?? – ele perguntou.

            -É Flufy! – eu o corrigir. – Era o cachorro dela! – continuei.

            -Era?

            -Era Rodrigo, por um acaso você não escuta o que a sua namorada fala? Ela adorava esse cachorro!

            -Porra, ela tinha um cachorro chamado Puffy! – ele reclamou mais uma vez.

            -É Flufy!! – eu falei um pouco impaciente. – E seria legal se você fingisse que se importa um pouco com essas coisas! – eu o puxei do sofá fazendo-o ficar de pé. – Agora decora essa lista e faz o favor de não errar o nome do cachorro! – eu o estava aconselhando, a pior coisa é tentar agradar uma mulher e fazer tudo errado porque de príncipe encantado você passava a grande canalha que não se importava com absolutamente nada.

            Rodrigo continuava a prestar atenção do papel com a lista de coisas.

            -Ei, ei, presta atenção em mim! – eu o chamei enquanto ele soltava risada de um ou outro item. – Ow! –falei mais alto. – Presta atenção em mim! – continuei até ele finalmente me olhar – Não tem o que dar errado! É só agir naturalmente, se vocês forem discutir a relação evite o máximo possível contrariar ela, sei que no começo vai ser difícil, mas é pra ela gostar de sair com você essa noite, deixa a briga pro dia seguinte, se lá vai faz sexo com ela e depois discute, você ta ouvindo o que eu estou falando??? – eu perguntei mesmo porque ele já estava olhando a lista mais uma vez soltando mais algumas risadas, eu puxei o papel da mão dele.

            -Rodrigo! – o repreendi.

            -Tá já entendi, fazer sexo com ela! – ele falou um pouco irritado.

            -Não!! – eu gritei nervoso. – Você não entendeu nada!! Não é só pra fazer sexo com ela, tem que fazer ela sentir que você ta arrependido! – eu tentava explicar, mas a cada segundo eu sentia como isso era inútil.

            -Mas eu estou arrependido!! – ele falou

            -Eu sei, mas não é pra mim que você tem que dizer isso cara! – eu retruquei respirando fundo pra não perder mais da minha preciosa paciência. – Olha cara, eu quero que isso dê certo tanto quanto você, mas você vai ter que cooperar!

            -Você acha que precisa mesmo de tudo isso??

            -Não tem falha! Ser romântico às vezes é mesmo a solução! – em seguida eu tirei o folheto do tal restaurante que eu havia reservado as mesas do bolso – Leva ela nesse lugar, tem uma mesa reservada pra vocês lá!

            Ele pegou o folheto abrindo-o em seguida.

            -E como eu vou pagar esse lugar?? – ele me olhou fazendo uma careta, eu revirei os olhos, será que eu tinha que pensar em tudo?

            -Você não tem dinheiro? Cartão de crédito?

            -Dante, eu to devendo até as cuecas faz quase três meses que eu não arrumo um emprego!! – ele me respondeu como se fosse algo obvio.

            -Porra cara e tu gastou tudo do fundo de garantia??

            -Ah cara aconteceu, eu tive que comprar umas coisas lá pra minha casa né?

            Mais uma vez eu revirei os olhos, ou meu amigo era muito burro ou era muito burro.

            -Tá! – eu tinha mesmo previsto isso, acho que o que eu tinha ali iria dar pra aquela noite. – Escuta!! – eu disse tirando os 150 reais da carteira e ele já vinha com aquela mãozona esperançosa querendo pegar. – Me escuta! – eu repeti afastando o dinheiro dele.

            -O que é cara?? – ele falou mais uma vez impaciente.

            -Isso é pra pagar o jantar, ta me entendendo?? Não é pra você gastar com outra coisa!!

            -Tá ta.. – ele tirou o dinheiro da minha mão e começou a contá-lo.

            -É sério Rodrigo! Para de fazer a Mah pagar tudo pra você! Isso é chato!

            -Eu não sei por que, elas tentaram anos lutar por direitos iguais, nada demais pagar um jantar.

            Eu não respondi apenas enfiei a mão na cabeça dele em mais um pedala.

            -Agora saí daqui e vai buscar ela! E vê se faz direito!

            -Eu sempre faço direito! – ele me respondeu caminhando até a porta.

            -Pega um táxi lá embaixo e vai buscar o carro na sua casa que se não você vai chegar atrasado!

            Eu o vi saindo com as flores, a roupa e o meu dinheiro. Tinha devolvido a lista de coisas que Marcela gostava pra ele, só esperava que desse certo, com Rodrigo aprontando tudo era possível. Tudo mesmo.

            Fechei a porta do apartamento depois de me despedir dele e olhei pra aspirina em cima do balcão da cozinha, só esperava que a dor de cabeça dele não atrapalhasse as coisas. Preferi então voltar pra arrumar o apartamento, estava uma zona, toalha jogada no quarto, o sofá e a cama uma bagunça, não que eu fosse muito adepto de organização, mas manter a casa organizada, quando se é um “solteiro” é bom, porque depois vai acumulado, acumulando e Maria, a moça que vem limpar o meu apartamento duas vezes por semana, não fazia milagre não é mesmo?

            Após terminar de arrumar as coisas foi a minha vez de entrar no chuveiro, eu havia passado a tarde inteira aprontando as coisas para Rodrigo e Marcela quase como se fosse um encontro pra mim, deixei a água escorrer pelo meu corpo lentamente enquanto tentava imaginar se tudo aquilo daria certo. Cheguei a imaginar ela abrindo aquele sorriso quando Rodrigo falasse sobre o cachorro, ou fizesse alguma piadinha sobre um dos itens da lista só pra faze-la dar uma risada. Me peguei imaginando como seria o fim da noite deles quando Rodrigo tivesse provado pra ela que a amava, saísse de mãos dadas com ela do restaurante um pouco altos pelo vinho, os dois chegando ao apartamento de Marcela abraçados. Por um instante naquele meu solitário banheiro eu senti certa inveja dele, só que eu não consegui entender o porque. Não sabia se era inveja da noite que ele teria, ou inveja dele ter alguém como ela pra se apaixonar.

            Fechei a água do chuveiro e puxei a toalha secando meu rosto lentamente e enfim me encarei no espelho. Joguei meus cabelos molhados pra trás enquanto ainda me encarava, abri um sorriso divertido, apontei pra minha imagem e pisquei.

            -Cara, você é mesmo um bom amigo! – falei a mim mesmo. Me sentia feliz e satisfeito aquele dia, eu tinha feito uma boa ação, talvez ainda fosse pro céu. Talvez.


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