Nós Estaremos Juntos escrita por Nyo


Capítulo 1
Mesmo após a morte


Notas iniciais do capítulo

Eu morro de chorar ouvindo essa música e morri de chorar escrevendo essa fic, aconselho ler ouvindo a música (primeiro leiam a tradução).Boa leitura. ~foge~



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Whiskey Lullaby

(Brad Paisley)

Não conseguia acreditar que depois de tanto tempo estava viajando para os Estados Unidos novamente. Claro que ia lá sempre para as reuniões mundiais, mas mesmo assim, aquele dia era diferente. Já fazia quatrocentos anos. Longos quatrocentos anos...

Suspirou lembrando-se daquele dia. Assim que a primeira lembrança tocou sua mente, em um movimento súbito curvou-se para frente. Sentiu sangue em sua boca e lágrimas nos olhos. Era sempre assim...

Sentou-se novamente tentando afastar as maldosas lembranças. Mesmo depois de tanto tempo aquele dia ainda estava fresco em sua memória.

Sentiu a turbulência da descida. Finalmente haviam chegado a Nova Iorque. Assim que o avião pousou o inglês levantou-se e foi até a pequena mesa. O minúsculo embrulho ainda estava lá do jeito que deixara quando embarcou. Pegou o pacote e dirigiu-se a saída.

O sol escureceu sua visão por um segundo, mas assim que tudo voltou ao normal pode ver o esplendor do local. O aeroporto estava decorado com faixas com as cores do país, mostrando quanto patriotismo os cidadãos tinham. Todos amavam seu país. Arthur suspirou novamente. Nunca poderia imaginar que Alfred conseguiria se tornar tão grande sozinho. Sentindo uma nova queimação no estômago começou a caminhar, aquele não era o local onde tinham combinado.

Assim que chegou ao Central Park, reparou na decoração. As árvores estavam cheias de enfeites, havia pequenas bandeiras espalhadas pelo local, e mesas cheias de salgados. Ele havia caprichado esse ano. Ouviu seu nome ser chamado por aquela voz com a qual sonhava todas as noites.

– Ei! Arthur! – Alfred o chamava animadamente.

O inglês se virou com calma para encarar o americano aniversariante. Ele estava sorrindo tão alegremente. Arthur queria poder sorrir daquele jeito, realmente queria poder parabenizar Alfred pelo aniversário, mas não podia, não com o peso que tinha em seu coração, não com aquela saudade e arrependimento...

Deixando seus lábios formarem o mais próximo de um sorriso verdadeiro que podia ele se aproximou.

– Oi América.

O outro fez um beicinho.

– Já disse para não me chamar de América. Chame-me de Alfred!

Arthur riu seco. Não que não quisesse chama-lo pelo nome. Só não conseguia. Sempre que tentava lembrava-se do passado, e aquilo era sua pior maldição.

– Toma aqui. – Atirou o embrulho para o outro. – Este é o seu presente.

O Americano abriu seu presente e por sua face o inglês tinha certeza que ele estava decepcionado.

– O que foi? – Perguntou Arthur.

Alfred tirou o pequeno colar de dentro da embalagem.

– É que... Eu esperava algo melhor de você Inglaterra, isso é tão... pequeno.

O inglês olhou surpreso e enraivecido para o americano. Como ele ousava dizer aquilo?

– Seu idiota, o que você esperava? Eu não posso te dar algo imenso sempre.

O rapaz de olhos azuis fitou-o com um olhar infantil.

– Sei lá, mas você poderia ter se esforçado mais para fazer isso né?

– Ora seu... Como ousa dizer isso? Você é só um idiota consumista mesmo!

A paciência do americano também acabou naquele momento.

– Eu? Seu velho idiota. Eu só quero um presente que valha a pena no meu aniversário!

– Esse é problema, você só pensa no seu presente! E quanto a mim?

Essa frase não deveria ter saído da boca do inglês, porém o outro nem a notou.

– Há! Olha quem falando. Você por acaso se importa?

Arthur viu que o mais novo não percebeu seu erro.

– Eu me importo! Por isso estou aqui. É você que não presta atenção, se prestasse nunca teria feito tudo o que fez. Se prestasse atenção...

Antes que pudesse terminar sua frase cortou-se. Se prestasse atenção o que? Teria visto que eu te amo? Não podia dizer isso ao outro.

– Olha, eu não preciso de você mesmo. É só um velho sobrancelhudo idiota que é tão fraco que não consegue nem ouvir falar sobre a minha independência!

Sentindo-se mal Arthur cuspiu sangue no chão. Se prestasse atenção teria visto a sombra de preocupação que passou pelo rosto de Alfred.

– Tudo bem. – Disse limpando o rosto com as costas da mão. – Se você não precisa de mim eu vou embora.

Arthur virou-se deixando as lágrimas caírem silenciosamente. Se Alfred não precisava dele não iria obriga-lo a nada, não de novo, simplesmente iria embora.

Alfred, porém, não viu que o inglês chorava, e também não viu sua própria tristeza. Uma sensação ruim crescia em seu âmago.

She put him out like the burnin' end of a midnight cigarette

He broke his heart he spent his whole life tryin' to forget

We watched him drink his pain away a little at a time

But he never could get drunk enough to get him off his mind

Until the night

A primeira coisa que fez ao chegar em casa foi ligar para o francês.

– O que você quer Arthur? Achei que estaria comemorando com o Alfred.

Sem medir a dor em sua voz Arthur respondeu:

– Ele? Não, Francis... eu preciso de alguém para beber comigo, por favor.

Ao ouvir a voz de Arthur, Francis, que tinha pensado em ser sarcástico, desistiu completamente. O britânico não estava bem.

– Tudo bem Arthur. Eu vou.

Meia hora depois o francês estava com Arthur, que no pior silêncio de sua vida abria a primeira garrafa.

– Então Arthur, o que houve?

O francês tentou puxar conversa, porém recebeu um olhar assassino do Inglês. Depois de um minuto o mais novo só pode suspirar.

– Nós brigamos, novamente. Porém dessa vez foi pior, ele nunca jogou na minha cara que eu sou fraco, nunca me machucou tanto.

Francis parou. Sabia que Arthur era sensível com o assunto, tanto quanto sabia que o inglês tinha uma relação complicada com Alfred.

– Então... O que você deu pra ele de aniversário?

Arthur serviu um copo de uma bebida que Francis não reconheceu, e para o francês ele serviu vinho.

– Um igual a esse. – Atirou um cordão de prata para o mais velho.

Francis analisou o colar, era muito bonito, feito de pura prata com uma inscrição. Alfred deveria ter gostado do presente.

– Ele deve ter adorado. – Francis disse.

– Eu também achei que sim, mas parece que ele não gostou.

De novo o silêncio recaiu sobre o local.

– Ahh... – O francês suspirou. – Um brinde, ao nada.

Arthur sorriu sem achar graça e concordou.

– Um brinde ao nada.

Porém livrar-se de suas memórias seria mais difícil do que ele previa. Mesmo depois de tomar três garrafas, os acontecimentos da tarde ainda não haviam deixado suam mente. O sol ainda não havia se posto por lá, ainda havia festa na América.

He put that bottle to his head and pulled the trigger

And finally drank away her memory

Life is short but this time it was bigger

Than the strength he had to get up off his knees

We found him with his face down in the pillow

With a note that said I'll love her till I die

And when we buried him beneath the willow

The angels sang a whiskey lullaby

Já passava de meia noite quando Arthur conseguiu esquecer. Naquele ponto Francis, que resolveu não beber muito, já estava assustado com as atitudes do inglês a sua frente.

O mais novo falava tudo, desde coisas com nexo, até coisas sem nexo. Desde o tempo até sobre seus sentimentos, Francis nunca viu nada parecido. Pelo lado de Arthur, este se sentia com a mente límpida, já sabia o que iria fazer, o que queria fazer, achava que sempre soube, mas só agora lhe cresceu coragem. Um sorriso passou por seus lábios e ele começou a chorar, assustando o francês.

– Arthur fique calmo. – Francis tentou consola-lo.

– Francis, eu deveria ter feito isso há muito tempo. Sou realmente um idiota por resistir até agora.

O francês olhou pra ele sem entender o que se passava na mente bêbada do inglês.

Arthur levantou-se de sua cadeira, e foi até a sala pegar um papel.

– Eu quero que você vá me ver apenas daqui meia hora. Tudo bem? – Perguntou o inglês.

–Certo.

Arthur olhou para ele e sorriu.

– Obrigado.

Mesmo se entender o francês ficou parado seguindo os passos de Arthur com seus olhos.

Depois de pegar um papel Arthur subiu até seu quarto, procurando aquilo que precisava. Quando encontrou mais lágrimas vieram. Não podia Deixar de chorar ao lembrar daquele dia. O dia em que perdeu seu irmão, seu conforto, e o amor de sua vida.

Sentou-se na cômoda do quarto, e usando toda sua concentração caprichou na caligrafia.

Com o bilhete em sua palma e uma última olhada no segredo do colar compartilhado por ele e Alfred, olhou para a janela mais uma vez. “O céu está lindo para está data especial, feliz aniversário Alfred.” Com esse pensamento e suas lágrimas correndo como nunca antes Arthur sentou-se na cama. Pensou em como sua vida foi comprida, ele viveu muito e teve poucas alegrias, porém as alegrias que teve valeram a pena. Sabia que sua maior alegria estava lá junto com ele, em sua memória e em seu coração. Aquele rosto estaria em sua mente até o final, porém não seria triste, não seria como o viu hoje, com raiva, queria lembrar-se dele sorrindo e feliz, como deveria ser. “Adeus”

(Sing lullaby)

Do andar de baixo Francis ouviu um pequeno estouro. Assustando correu para o andar de cima, apenas para encontrar Arthur. Quando estava para perguntar o que houve, as palavras morreram em sua garganta. Viu o corpo do Inglês deitado na cama com uma mancha vermelha.

– Arthur... – Fora a única coisa que conseguiu pronunciar.

The rumors flew but nobody knew how much she blamed herself

For years and years she tried to hide the whiskey on his breath

She finally drank her pain away a little at a time

But she never could get drunk enough to get him off her mind

Until the night

Aquela foi a primeira vez que Alfred bebeu. Já fazia uma semana. Alfred nunca gostou de beber, teve experiências ruins quando viu Arthur daquele jeito, mas agora já não parecia mais importar. A bebida queimava sua garganta, detestava-a mais que tudo, porém nada lhe impediria, não enquanto aquela memória estivesse viva:

“Já estava dormindo depois de divertir-se o dia inteiro em sua festa de aniversário. Uma sensação ruim havia se instalado dentro de si, porém não se sentiu incomodado durante o dia. O telefone tocou como se soubesse o pânico da pessoa do outro lado da linha. Acalentado pelo sono, e assustado com o barulho repentino Alfred se levantou para atendê-lo, a sensação agora o incomodava.

– Alô? – Perguntou ao por o aparelho no ouvido.

– Alfred... – A voz era de Francis. – Nós precisamos de você aqui agora.

Rindo com sono Alfred perguntou:

– Não pode esperar até amanhã? Estou com sono. O que é tão importante, por acaso alguém morreu?

A linha ficou muda. Do outro lado Francis se perguntava se o americano já sabia, porém descartou a ideia.

– Alô? Francis?

– Na verdade, Alfred...

Alfred nem terminou de ouvir o que Francis estava dizendo. O telefone caiu de sua mão, fazendo um barulho alto. Alfred ficou estático, aquilo não podia ser verdade. Pegou suas coisas o mais rápido possível e foi até a casa de Arthur.

Sua reação foi a pior possível, mas no momento ele não viu nada. Simplesmente agarrou-se ao pequeno corpo em cima da cama. Estava desesperado.

– Alfred, - Francis chamou-o com Matthew ao seu lado – Você não pode fazer nada... Eu não pude fazer nada, sinto muito.

Chorando, Alfred agarrou-se ainda mais forte ao corpo.

– Arthur, não pode ser. Arthur... Por favor! Arthur. – Os soluços dificultavam sua tarefa.

– Alfred, e nós encontramos isso. – Francis entregou-lhe um papel amaçado. – É pra você.

Alfred abriu o pequeno papel. Estava escrito com uma bela caligrafia, desde sempre o americano adorou a caligrafia do inglês, ela era tão bem desenhada. Seus olhos passaram pelo papel com calma sem acreditar. O sorriso pela lembrança se desfez, dando lugar para uma expressão de dor.

Me desculpe, eu te amo. Até mesmo depois da morte, eu te amo Alfred. ’

Aquilo foi a gota d’água. Algo que Alfred percebeu foi que aquela fora a primeira vez que o inglês o chamava de Alfred, e não haveria mais uma. Se o loiro nunca havia chorado de verdade em sua vida, aquela foi a primeira de muitas vezes...”

Não foi no funeral, era fraco demais para aguentar. A única coisa que lhe restava fazer era beber para esquecer a dor. Todas as noites, chorava e bebia, agarrado ao pequeno presente que ganhou e a última mensagem de Arthur para si.

Culpa-se. Culpava-se pela última coisa que disse ao inglês, pela raiva que sentiu. E isso o fazia chorar mais ainda.

A última coisa que queria era viver sua vida sem Arthur.

~X~

Francis estava andando pelo pequeno campo sozinho. Já fazia quase exatamente um ano desde o acontecimento que chocou a todos os países. Alfred, ele sabia, estava dilacerado, não apareceu para o funeral um ano atrás, mas Francis sabia que ele se culpava. Era impossível não ver as marcas de noites em claro, os olhos constantemente vermelhos e o cheiro de bebida, agora permanente, do americano. Aquilo machucava o francês, tinha medo, só não sabia de que. Parou em frente á lápide de Arthur, que ficava abaixo de um lindo salgueiro. Poucos sabiam, mas aquele lugar era onde o inglês ficava com Alfred quando moravam juntos. Era o lugar predileto de Arthur, provavelmente em toda a terra. O colar do inglês estava pendurado na lápide, que continha uma inscrição pedra que dizia:

Aqui, jaz Arthur Kirkland. Idiota apaixonado.”

Sorriu diante daquela frase, fora ideia de Matthew e Francis achou apropriada. Sabia que Arthur havia morrido por amor. Olhou mais um pouco para o tumulo até perceber um pequeno vazo, dentro havia uma solitária tulipa vermelha. A flor preferida de Arthur. Francis sorriu, sua intuição dizia que sabia bem quem colocou a flor ali.

He put that bottle to his head and pulled the trigger

And finally drank away his memory

Life is short but this time it was bigger

Than the strength he had to get up off his knees

We found him with his face down in the pillow

Clinging to his picture for dear life

We laid him next to him beneath the willow

While the angels sang a whiskey lullaby

Já fazia um ano. Hoje era novamente dia 4 de julho, aniversário de Alfred, porém ele não tinha a menor vontade de comemorar. A cidade estava toda em clima de festa, porém não ele. Para tornar sua dor ainda maior fazia um ano que havia perdido sua pessoa amada. Teve muito tempo para pensar, e chegou naquela conclusão. Alfred amava Arthur, ainda ama, porém, nunca lhe deu o valor que devia. Agora sabia. As pessoas nunca valorizam o que tem até perder. Ter sido tão idiota pesava ainda mais em sua mente. Constantemente quando adormecia pensava, se eles tivessem ficado juntos, como poderia ter sido a vida. Eles poderiam ter sido felizes. Tinha certeza que sim, mas por causa de um erro, aquilo era impossível agora. Sentou-se na cadeira da cozinha, lembrando-se da única vez que tomaram café juntos lá. Os dois sorriam felizes, conversando como se o mundo fosse perfeito, e não existissem problemas. Alfred levou a garrafa até sua boca tomando mais um gole. Sabia que nunca se acostumaria com aquele gosto horrível, porém nada faria para mudar aquilo.

Já estava anoitecendo, mas Alfred ainda não estava bêbado, queria ficar o mais rápido possível. À noite era sempre o momento em que suas memórias voltavam com mais força. Não queria lembrar.

Tomava gole atrás de gole sentindo sua garganta queimar. Aos poucos suas memórias sumiam a angustia da briga, a dor da perda, o ódio por si mesmo, tudo sumindo junto com sua sanidade. Quanto mais perto da meia noite chegava, mais Alfred sentia que estava se acabando. Nunca bebeu tanto de uma vez, e agora mais que nunca se sentia definhar. Sabia de suas condições, o quanto parecia, e estava péssimo, porém não podia fazer nada. Ou podia? Conforme ficava bêbado, uma ideia se formava em sua mente. Estava com saudade, sozinho e já não aguentava mais. Mais do que tudo no mundo queria Arthur consigo, e aquele poderia ser o único jeito. Sabia que seria encontrado. Matthew iria lá ao outro dia como vinha fazendo, então não precisava se preocupar.

Leu novamente o bilhete, em um ano já o havia lido mais de mil vezes, até já o havia decorado, porém as palavras ali ainda o marcavam muito, apertou-o contra o peito. Lentamente foi até seu quarto pegar a arma, a mesma arma que usou para se tornar independente. Um sorriso seco escapou de seus lábios. Com essa arma esteve um dia disposto a tirar a vida de Arthur, e hoje com ela tiraria a sua.

– A vida é hilária não? – Disse para o nada.

Quando estava bêbado todas a besteiras saiam de sua boca. Ouviu um barulho, era a corrente que ganhara de Arthur. Ela estava... aberta?

Pegou o pequeno pingente e viu que era de abrir. Era um compartimento para fotos. Quase o derrubando de novo olhou o que tinha dentro. Seu coração parou.

Eram duas fotos, uma de Arthur com ele criança no colo e outra dos dois em tempos atuais, quando foram em um parque de diversões com Matthew e Francis. Se... Se tivesse visto aquilo antes... Sentiu-se ainda mais idiota. Por que as lembranças insistiam em persegui-lo? Tomou mais um gole, sentiu a bebida começar a dispersar sua mente novamente.

Estava cansado, queria ir embora logo. Viver sem Arthur, estando sempre lotado de coisas, trabalho, problemas, não aguentava mais. Pegou o colar com uma mão, e também o papel de Arthur. Parou em frente a sua cama com um pensamento “A minha vida foi boa, pena que fui tão idiota para não aproveita-la corretamente, talvez a partir de agora...” Seu tempo de vida foi longo, sabia que não tão comprido quanto o de outros países, mas fora longo. Ele queria poder ter feito valer mais apena. Tinha certeza que não cometeria o mesmo erro outra vez. O rosto de Arthur lhe veio à mente, o inglês estava sorrindo, o que vez Alfred sorrir também, queria que aquela fosse sua última lembrança de seu amado. “Adeus”.

Como que para marcar o exto um ano da morte de Arthur, um barulho foi ouvido por ninguém na escuridão, o tiro de uma arma sendo disparada mais uma vez.

~X~

O dia daquela manhã de verão estava lindo. Francis e Matthew tinham o dia inteiro planejado para passar juntos, e sua primeira parada já estava próxima.

O imenso campo estava do jeito que lembravam, a grama reta e o grande salgueiro no topo de uma pequena colina. Sorrindo um para o outro eles subiram a pequena encosta em direção ao seu destino. Francis foi o primeiro a ver o pequeno local. Estava em perfeito estado. Ele e Matthew pararam para observar.

Aqui jazem Arthur Kirkland e Alfred F. Jones, dois idiotas.”

– Idiotas. – Francis falou.

– Não deveria ter deixado você, escolher a frase da sepultura.

O francês riu

– Metthieu mon amur, você sabe, eles eram apenas dois idiotas...

O canadense olhou para a pedra e suspirou.

– ...Eles eram apenas dois idiotas que se amavam. Eu sei... – O canadense completou com um suspiro.

O mais velho concordou com um aceno de cabeça. Matthew sabia que o maior estava certo. Nunca teria coragem de negar que o amor daqueles idiotas era verdadeiro.

Francis e Matthew apenas ficaram parados, sentindo a brisa fresca que soprava e a saudade que o tempo trazia aos poucos. O dia estava maravilhoso. E o francês tinha certeza, Alfred e Arthur estavam adorando.

O vento soprou mais uma vez, balançando os cabelos dos dois, e também, os pequenos pingentes pendurados na lápide compartilhada.

O francês agora olhava para dois pequenos adornos, sempre que iam lá eles cuidavam das flores que ali viviam. Duas pequenas tulipas vermelhas. Elas simbolizam o amor eterno Matthew lhe disse certa vez, e por ser a flor preferida daqueles dois Francis achou que deveria manter dois botões ali. Dessa vez coincidentemente os dois botões estava cruzados, um apoiando-se no outro, como um abraço. Francis riu. Provavelmente Alfred e Arthur estavam fazendo uma pegadinha com ele.

Os dois ficaram ali observando, cada um mergulhado em seus pensamentos sem dizer uma palavra. O que eles não sabiam, era que um americano e um inglês os observavam.

– Artie, e agora? – O americano perguntou ainda olhando para os dois.

– Nós vamos ficar juntos para sempre Alfie. – Respondeu o inglês desviando os olhos e beijando a bochecha do mais alto ao seu lado.

Francis pegou a mão do namorado como um gesto de proteção, pensou ter visto algo em sua frente, porém achou que estava louco era impossível Alfred e Arthur estarem ali com eles. Mas, mesmo que fosse contra tudo nesse mundo ele sabia que sim, mesmo na morte os dois estavam juntos, mais próximos e felizes que nunca.

~X~

Os dois anjos sentaram-se abaixo do salgueiro. As lembranças já não doíam mais. Agora eram só pesadelos dos quais acordaram para sua eternidade juntos.

– Eu te amo.

– Eu te amo.

(Sing lullaby)


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Notas finais do capítulo

Bom, para aqueles que me odeiam a partir de agora, fico feliz que são espertos. Essa fic me matou também. O final até que ficou feliz né?Quero comentários (porque não sei escrever a palavra reviws).~Corre das pedradas~
Nota: A segunda parte da música é no feminino, mas eu mudei para o masculino