A Garota Que Sugava Almas. escrita por Jubs


Capítulo 10
10. Hursola


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores!
Vou começar o capítulo sendo chata, fiquei muito chateada com vocês, o último capítulo só tive 2 reviews, poxa, gente, sei que ultimamente ando demorando a postar, mas essa quantidade de comentários me desmotiva, juro que pensei até em abandonar a história. Mas enfim, aqui está o capítulo novo e o próximo já está sendo preparado e devo mandar para minha beta essa semana mesmo! Uhu!
Espero que gostem e boa leitura, beijinhos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/415441/chapter/10

Hursola.

Deitada em minha cama eu observava o teto branco de meu quarto. Estava em choque. As lembranças do que eu acreditava que não passara de um sonho voltavam na velocidade da luz. Eu estava marcada. Eu havia encontrado a minha mãe naquela misteriosa estrada sem fim, e o pior: havia adquirido a marca da Lorien.

Algo me dizia que eu não tinha mais volta. Eu havia feito a minha escolha. A minha maldita escolha. Agora nós estávamos interligadas, a minha alma era posse da Lorien e saber que isso era a realidade fazia com que meu peito apertasse e um sentimento estranho tomasse conta de mim. Eu não podia ter me deixado levar asporsuas manipulações! Não podia ser tão fraca!

Passei a língua sobre meus lábios secos, estava faminta novamente. Lorien havia me dito antes que eu aprenderia a controlar essa fome sobrenatural, porém isso me parecia uma missão semi-impossível. Tudo o que desejava naquele momento era uma alma pura e quente.

Mesmo sem ver meu reflexo, sabia que olheiras grandes tomavam conta de meu rosto e que meu físico, que sempre foi magro, estava ainda mais, já que agora raramente me alimentava de comida de verdade. Maldição! Eu não podia deixar que minha vida fosse sugada aos poucos, não podia!

— Super Doroth? — Jaxon adentrava em meu quarto sem pedir permissão, interrompendo meus pensamentos. — Você está tão estranha. O que aconteceu?

— Nada, garoto! — A minha voz saía mais grossa que o esperado e minhas palavras eram como rugidos. — Me dê licença, filhote de aberração. Não tenho paz nem no fim de semana neste inferno?

— O que eu fiz? — Lágrimas brotavam nos olhos infantis de meu irmão. Aquela cena não me afetara nem um pouco, diferente de antes. — Eu só estava com saudades da minha antiga irmãzinha. O monstro já te levou embora! Eu sei!

— Vá brincar com seus amiguinhos imaginários de merda, Jaxon! — Minha voz saia alta e potente, porém, não desgrudava meus olhos do teto e minha expressão continuava inalterada. Era como aqueles filmes de exorcismo, quando o personagem estava sendo possuído. — Saia daqui antes que eu não responda por mim, ande.

Jaxon saiu de meu quarto visivelmente pálido e assustado, nos seus curtos cinco anos de vida nunca me vira ser tão rude e má com ele. Sempre tentava ser cuidadosa com meu irmão, porém agora eu não era apenas a antiga Doroth, sentia-me diferente, estava surgindo um novo alguém em mim. Um alguém bem melhor, já que nesse momento eu me sentia mais leve e nada mais importava, nada se passava em minha mente, tudo que eu havia vivido eram apenas cenas, lembranças inúteis.

Levantei-me de me minha cama, sentindo meus braços e pernas doerem um pouco. Adentrei o banheiro de meu quarto, logo tirando minhas roupas e mergulhando na água quente e corrente de meu chuveiro. Não iria me deixar levar, iria mostrar a Lorien o poder que eu tinha e o melhor jeito era mostrando uma aparência firme.

Enrolei-me na toalha e peguei em meu guarda roupas um short jeans e uma blusa preta vestindo-me logo em seguida e pintando meus olhos com lápis pretos. Apesar de me sentir como uma adolescente em fase rebelde, não estava nada mal. Calcei meu par de tênis velhos e soltei meus cabelos cacheados antes de descer as escadas de minha casa.

— Para onde você vai com toda essa maquiagem nos olhos? — Gregory me olhou de canto de olho. — Está parecendo uma palhaça.

— Não perguntei a sua opinião. — Falei indiferente, mordendo uma maçã que pegara na fruteira na tentativa de controlar minha estranha fome. — A Natallie não quer mais te dar? É esse o motivo do mau humor?

— Já te falei que você me deve respeito. — Em um movimento brusco ele segurou um de meus braços. — A mim e a Natallie.

— E eu já te falei que você não pode mandar em mim. — Soltei-me de suas mãos com facilidade, uma das vantagens de ser o brinquedo da Lorien era que eu tinha uma força inacreditável. — Babaca.

— Papai, não mecha com a Doroth! — Jaxon se colocou entre nós antes que meu pai tomasse uma nova iniciativa. — Ela é um monstro agora.

Empurrei Jaxon e caminhei até a porta de saída, correndo em direção à rua. Sentia que tinha uma série de coisas a fazer e a primeira pessoa que eu devia ver nesse momento era Asher, algo em mim sentia uma forte atração por ele, por mais que meu verdadeiro eu quisesse o manter distante, para sua própria proteção.

Caminhei pelas ruas, que no momento estavam ensolaradas, em direção à casa de Asher. Não me lembrava ao certo o percurso, até porque só estive lá uma vez e fora em um momento bem desagradável, quando eu estava desacordada e recebera também a notícia de que uma de minhas primeiras vítimas era a sua irmã caçula, mas isso não vinha ao caso agora.

Apressando os passos a ponto de ter minha respiração irregular, eu contava os segundos para que chegasse logo à casade Asher.

Para minha felicidade, após uns quinze minutos de caminhada, lá estava eu. Toquei a campanhia apreensiva, algo dentro de mim se agitava por saber que estava ainda mais perto dele, todo meu corpo se arrepiava e meu coração acelerava, mas meu verdadeiro eu tentava gritar para que corresse e fosse embora para longe daquela casa o mais rápido possível.

— Doroth? — A porta se abriu e Asher me atendeu com uma expressão que demonstrava confusão, vestido apenas com um bermudão largo e chinelos de borracha. — O que você esta fazendo aqui?

— Eu estava com saudades. — As palavras saíam de minha boca sem minha permissão, como se algo muito mais forte me controlasse. — Me dê um abraço!

— Você está com febre? — Asher riu sem jeito e colocou as costas de uma das mãos em minha testa, estranhando o jeito como eu estava agindo. — Doroth, você usou alguma coisa?

Joguei-me em seus braços, o abraçando com força. Seu corpo era quente e seu cheiro era entorpecedor. Ele demorou alguns segundos, mas retribuiu meu gesto sem jeito.

Por mais que internamente estivesse odiando aquilo que estava fazendo, seu abraço era acolhedor e fez com que meus pensamentos se clareassem, Asher era um tipo de colírio, onde ele clareava minha visão e meus pensamentos, para mim e eu odiava assumir isso para mim mesma.

— Desculpa. — Falei ainda abraçada a ele, estava agindo por mim agora, mas seu abraço era acolhedor a ponto de eu não querer soltá-lo nunca mais. — Eu só estou confusa.

— Você quer entrar? — Asher afastou-me de seus braços e perguntou, ainda mais confuso que eu. — Você pode me falar o que aconteceu, você não me parece nada bem. Você anda dormindo? Anda comendo?

— Não precisa se preocupar. — Lágrimas queriam escorrer de meus olhos, eu odiava demonstrar fraqueza, nunca demonstrava fraqueza. O que estava havendo comigo? — Eu só queria te ver.

— Vai ficar tudo bem, Doroth. — Asher pareceu não saber o que dizer então simplesmente me abraçou novamente. — Entra, por favor, você precisa comer algo e deixo você ir embora quando estiver melhor.

Adentrei a casa dele sem dizer nenhuma palavra, já que estava lá não adiantava mais fugir, e sentei-me no sofá enquanto ele buscava algo na cozinha, provavelmente seria algo para comermos.

— Biscoitos de baunilha e suco de laranja, que tal? — Asher tentava agir normalmente diante de meu estado deplorável e sorria ao olhar para mim, falando com animação. — Ah, mas só te deixarei comer depois de lavar esse rosto. Gosto muito mais de você sem essa maquiagem macabra.

— Tudo bem. — Falei dando uma risadinha frouxa. — Onde que fica o banheiro? Esse lápis está fazendo meus olhos coçarem, confesso.

Asher guiou-me até a porta do banheiro e seguiu para a sala novamente, deixando-me lá para lavar meu rosto e tirar minha maquiagem borrada e mal feita. Aquilo era tão constrangedor, mas ao mesmo tempo tão bom, sentia-me como se estivesse sendo cuidada e protegida por ele.

Tranquei a porta do banheiro e olhei-me no espelho, realmente eu estava parecendo uma palhaça com todo aquele lápis preto. Dei uma gargalhada baixa para meu reflexo e lavei meu rosto com um sabonete com cheiro de morango que tinha ao lado da pia.

Saí do banheiro, agora com meu rosto limpo e minhas olheiras mais evidentes por sinal, voltando para sala e evitando pensar no que estava fazendo naquele momento. Sabia que aquele era o último lugar em que eu devia estar.

— Bem melhor assim. — Ele abriu um grande sorriso ao me ver. — Saiba que você é linda desse jeitinho, tudo bem?

— Não aproveite meu momento de fraqueza para me dizer essas coisas. — Falei brincando e me sentando ao seu lado. Por um lado, eu me sentia ridícula e tosca ao receber seus elogios, e isso me dava vontade de xingá-lo. — Estou triste, mas ainda posso te dar um grande soco se ficar com essas gracinhas.

— Desculpa, sempre esqueço que você é super feroz. — Asher gargalhou e pegou um dos biscoitos do pacote. — Mas que tal partimos para os biscoitos agora?

— Opa, esses biscoitos estão dando água na minha boca. — Peguei um biscoito para mim, rindo também e mordendo-o logo em seguida. — Está uma delícia.

— Com certeza. — Ele enfiou um dos biscoitos inteiros na boca. — Mas também, quem foi que escolheu? O tudo de bom do Asher, né.

— Não se ache tanto. — Fingi desprezo, imitando uma falsa gargalhada.— Se eu estivesse escolhido teria sido bem melhor, acredite.

— Eu acredito. — Ele falou sorrindo para mim e dando um gole em seu suco. — Mas, me diga, por que veio aqui? Você estava muito estranha, estou preocupado com você.

— Eu não sei o porquê. — Confessei, abaixando os olhos e corando como uma menininha. — Eu só senti sua falta, algo me guiou até aqui, acho que estou enlouquecendo, e por que diabos to falando isso? Ah, merda, desculpa se incomodei e...

— Não, não! — Ele falou rapidamente, interrompendo-me em minha confusão, e colocou um dos braços sobre meu ombro. — Você não incomodou, você não incomoda nunca! Entendo o que está passando.

Sorri aliviada, algo em Asher me fazia sentir como uma adolescente normal e feliz. Meu coração batia mais rápido quando eu estava perto dele, um frio tomava conta de meu estômago e isso era tão bom, mas ao mesmo tempo tão ruim.

— Primeiramente, não, você não entende. Mas mesmo assim, obrigada mesmo. — O abracei, finalmente. — Obrigada por tudo.

— Eu quem digo obrigado — E em um movimento rápido e imprevisível, Asher me beijou.

Assim que seus lábios quentes tocaram os meus, que estavam gélidos, talvez pelo nervoso do momento, um choque térmico tomou conta de todo meu corpo, demorei alguns segundos para cair na real do que estava acontecendo, mas logo retribuí o seu beijo. Suas mãos que estavam em meus ombros foram para minha nuca, puxando-me para mais perto dele. Borboletas tomaram conta de meu estômago e eu não podia acreditar que aquilo era real. Nossas respirações estavam ofegantes e nossos corações batiam acelerados na mesma medida.

— Oh, meu Deus, o que eu fiz? — Asher se separou de mim rapidamente, quebrando todo o clima da situação. — Foi um impulso, juro. Não me ache o maior imbecil do mundo, por favor.

— Não, tudo bem. — Falei, controlando minha respiração acelerada. — Você não é imbecil, talvez eu até goste um pouquinho de você, mas não se anime. Agora eu preciso ir.

Levantei-me do sofá e saí pela porta sem esperar resposta, Asher dessa vez não chamou meu nome nem nada do tipo, permaneceu estático diante de toda aquela situação. Eu o entendia, também estava em choque. Naquele beijo eu sentira coisas que nunca havia sentindo, e eu tinha medo dessas coisas, não podia gostar dele, eu não podia gostar de ninguém.

De tudo que estava acontecendo comigo, o meu maior medo era amar.

Precisava ver a Lorien, precisava ordenar que ela me deixasse em paz, tudo aquilo acontecera por culpa dela e desta coisa que ela marcara em mim. Precisava mostrar a ela que não estava tão acabada como provavelmente ela acreditava que estaria, que eu ainda tinha controle.

Caminhei até o bosque lentamente, sorrindo para o céu, as lembranças do beijo de Asher não saíam de minha cabeça, por mais que eu quisesse esquecer tudo aquilo.

Não demorei muito a chegar ao bosque, que continuava silencioso e acolhedor como sempre. As folhas secas faziam barulho enquanto eu passava e as árvores pareciam me observar e me dar boas vindas. E não, eu não estava louca, quanto mais eu frequentava aquele lugar, mas vida ele parecia ter.

Adentrei o bosque lentamente, não o conhecia muito bem apesar de tantas “aventuras” que já presenciara lá. Após alguns longos minutos de caminhada finalmente encontrei a caverna da qual acordara um tempo atrásheia de hematomas e arranhões, lá a presença da Lorien era ainda mais forte, eu sabia que ela habitava aquele lugar

— Lorien, querida. — Falei com ironia, afinando a voz e cantando as palavras. — Apareça, quero trocar umas palavrinhas com você. Não vai abandonar sua filhinha, estou certa?

Silêncio. Minha tentativa de chamar a atenção da Lorien fora totalmente falha e ignorada, o que fez o sangue subir em minha cabeça, eu era realmente seu brinquedinho e bastava ela estalar os dedos que lá estava eu fazendo o que ela queria.

Provavelmente ela estava escondida em algum lugar me observando e se divertindo às minhas custas.

Suspirei com frustração, sentando-me em uma das pedras, olhando para as gotículas de água que pingavam pelas pedras e árvores que havia no local, fechando meus olhos logo em seguida. Um rangido ecoou em meus ouvidos e nos quatros cantos da caverna fazendo com que eu despertasse rapidamente.

Abri os olhos, espiando devagar. O rangido ecoava novamente. Estava vindo de uma árvore lá perto, uma árvore gigantesca e velha que parecia estar prestes a cair.

Caminhei até o centro do ruído sorrateiramente, contando meus passos e prestando atenção em todos os detalhes do local. Aproximei-me da árvore, no meio dela haviauma pequena porta camuflada, onde parecia que alguém a arranhava por dentro tentando sair.

— Tem alguém ai? — Bati na porta, perguntando baixo.

— Abra, por favor. — Uma voz feminina, com um sotaque estranho e enrolado, implorava com voz chorosa. — Antes que ele volte, ele vai voltar logo.

Engoli em seco, assustada. Tinha uma pessoa dentro daquela árvore, eu não estava louca.

— Como faço para abrir isso? — Perguntei novamente, com voz trêmula. — Isso não tem abertura.

— A senha! — Era falava apavorada. — Coloque a senha!

— Que senha? — O seu pavor passava para mim e eu sentia vontade de chorar e gritar por ela. — Ah, céus! Não sei o que fazer!

Observei em meio meu desespero pequenos símbolos desenhados na árvore, havia vários triângulos semelhantes o que tinha marcado em minha pele. Passei meus dedos lentamente sobre os símbolos, que queimaram meus dedos.

— Ora, ora. — Um arrepio percorreu em minha nuca e deparei-me com Lorien, com uma expressão raivosa. — Vi que estava se intrometendo em meus assuntos pessoais, querida Doroth.

Dei um pulo, assustada.

— O que você está fazendo? — Perguntei, demonstrando a raiva e o medo em minha voz. — Quem esta aqui dentro?

— Sou Hursola! — A voz de dentro da árvore gritou antes que Lorien fizesse algo. — Ele vai roubar sua vida também! Ele quer tomar posse de seu corpo!

Congelei com as palavras daquela mulher. Não podia ser verdade, Hursola era a empregada do Magno, o velho que transformara a Lorien nesse monstro, ela devia estar morta há muito tempo e caso fosse ela de verdade, que diabos estava falando?

O olhar de Lorien se escureceu, algo que aquela mulher falara atingira seu lado raivoso.

— Cala a sua maldita boca! — Sua voz engrossou e um vento frio alvoroçou tudo que estava em sua volta. Ela demonstrava poder naquele momento e tomou a forma de quando eu a vira pela primeira vez.

Aquela silhueta feminina de pura luz tomou conta do local e fez com que a árvore que rangia e habitava a mulher explodisse rapidamente, para minha surpresa. Pedaços de troncos de árvore e folhas tomaram conta de todo lugar e também me machucaram, enquanto Lorien rosnava de raiva e ódio.

Uma mulher baixinha com seios fartos surgiu de baixo de restos da árvore com um corte da testa e arranhões por todo corpo. Meu coração apertou. Ela era como na história que Lorien contou. Não podia ser real, tinha algo de muito errado naquilo tudo.

— Lorien! — Gritei, deixando meu medo e confusão de lado. — O que é tudo isso? Quem é essa mulher?

Lorien se movimentava lentamente para perto da mulher, agora com sua forma de menina inocente, com seu vestido branco, agora sujo de terra e rasgado em algumas partes, e seus fios de cabelos loiros e bagunçados.

— Eu mandei você ficar calada, Hursola! — A voz de Lorien continuava grossa, e seus olhos estavam totalmente brancos. — Você não me obedeceu, sua vadiazinha!

— Me desculpe, Magno. — A pobre mulher falava em um canto, com voz trêmula. — Eu não quis te desobedecer, por favor, não faça nada comigo!

Eu me sentia ignorada e confusa naquele momento. Eu havia escutado bem? A Hursola havia falado Magno? Tinha algo muito estranho naquela história toda e algo me dizia que a Lorien não falava a verdade.

— Vá embora! — Lorien voltava a seu estado normal aos poucos. — Vá, que me resolverei com você depois!

A mulher correu para as profundidades da caverna, sumindo de minha vista e desaparecendo na escuridão. Agora só estávamos Lorien e eu.

— O que foi aquilo? — Falei finalmente, engolindo em seco e encarando Lorien, que também me encarava. — Exijo explicações.

— Não me aborreça. — Sua voz era firme, diferente de antes ela não fingia doçura. — Você não tem que exigir nada, quem exigi algo sou eu.

— Não! — Apontei meu dedo indicador em sua direção. — Você está brincando comigo! E o que foi isso? Essa não era aquela criada do homem da história que você me contou? E por que ela te chamou pelo nome dele? O que é isso tudo? Eu não aguento mais! Não aguento!

— Querida, você não sabe de toda a história. — Ela gargalhou ironicamente, ignorando minhas perguntas. — Por trás dos panos tem muito mais coisas, e anote aí, você não descobrirá nem a metade.

— Você não pode fazer isso comigo. — Segurei em seu braço com força, a frustração tomava conta de minha cabeça. — Eu vou acabar com você antes que você acabe comigo!

Antes que eu falasse qualquer outra coisa um vento pesado me afastou dela, empurrando-me com brutalidade para uma pedra.

— Duvido, filhinha. — Ela me olhou com desprezo. — Eu já te avisei, coopere comigo que tudo ficará bem. Agora você é minha, tenho ainda mais poder sobre você, caso não seja boazinha, vai ser bem pior.

— Eu não sei o que você quer de mim. — Confessei, exalando raiva e nojo de meus poros. — Eu cansei! Você está tirando meu controle, eu quero minha vida de novo!

— Você que é uma fraca! — Ela cuspia as palavras. — E além de fraca é burra. Você tem poder agora, querida, mas o que resolve fazer? Você vai correndo pros braços daquele moleque! Acha que não vi?

— Por que você se importa tanto com isso? — Perguntei com sinceridade, aquilo tudo não fazia sentido.

— Eu não me importo. — Ela diminuiu o tom de voz. — Agora suma daqui, quando eu quiser algo de você eu lhe procuro, vá embora, meu brinquedinho.

Sem que esperasse que eu respondesse algo, ela sumiu na escuridão e me deixou lá, sozinha, olhando para o nada. Depois de toda aquela conversa confusa, segui meu caminho de volta para casa. Tudo aquilo era um grande mar de confusões e eu só queria saber a verdadeira história e naquele momento eu sabia que a verdade estava de baixo do meu nariz, eu só precisava ver aquela mulher novamente.

Algo me dizia que a Hursola sabia como acabar com a Lorien.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Garota Que Sugava Almas." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.