- Angie? Angie? – chamei e ela levantou o rosto.

- O que foi? – perguntou se espreguiçando.

- Hora de levantar, você tem que se arrumar. – falei tentando aparecer animada.

- Sim, a viagem. – falou levantando-se – Você já tomou banho?

- Já! To me arrumando! Vá, você tem que fazer o mesmo. – falei tirando o cobertor de cima dela.

       Ela levantou e foi direto para o banheiro, eu penteava o cabelo e não estava nem um pouco animada. Claro que eu estava feliz por ela, que tipo de amiga eu seria se não estivesse feliz pela realização do sonho de uma amiga? Mas ao mesmo tempo estava um caco, quando a gente conversava sobre essa viagem não pensávamos no quanto a despedida seria triste.

- Ana? Já tá pronta? – falou Angie saindo do banheiro.

- Não ainda não. – falei triste.

      Não falamos mais nada enquanto nos arrumávamos, dois empregados levaram à mala pro carro dela, os pais não levariam ela no aeroporto, mas despediram-se em casa mesmo, com direito à lágrimas da mãe e sorriso do pai que quase nunca sorria pra ela. Mandei uma mensagem pra Edward avisando que estávamos saindo da casa de Angie, ele respondeu que estava chegando ao aeroporto.

       Angie insistiu que ela deveria dirigir, ela falou que tinha que se despedir do carro, na verdade ela até me deu uma notícia bem legal, pra que eu ficasse com o conversível dela e eu aceitei, é claro. Então, chegamos. Ajudei-a com a bagagem e encontramos com Edward lá, quando nossos olhos se encontraram, eu parei e minhas pernas bambearam, uma lágrima escorregou do meu olho. Fiquei parada, Charlie pegou o carrinho que eu arrastava e saiu, ficando ao lado de Angie. Eu percebi que Edward também estava com lágrimas nos olhos, comecei a andar em sua direção, e ele veio ao meu encontro. Ele me abraçou e eu chorei com a cabeça no seu peito, deixei as lágrimas rolarem livremente. E naquele momento só existia eu e ele no aeroporto e mais ninguém, eu não sabia o que falar, apenas chorava e senti as lágrimas dele caírem no meu cabelo.

- Ana? – falou ele com a voz embargada como se estivesse tentando conter o choro.

- Sim? – falei sem me importar com as lágrimas.

- Ainda não acabou! – falou

- Como assim? – perguntei

- Nossa história ainda não chegou ao fim! – falou sério.

- Como você pode ter certeza? – perguntei deixando mais lágrimas molharem meu rosto.

- Não vai ser um oceano que vai separar duas almas que se apaixonaram. – falou segurando o meu rosto.

- Ah! Edward! – falei o abraçando de novo.

         Ele colocou a mão na minha cintura e me puxou para perto como se fosse para ter certeza que eu não ia fugir ou que eu era rel. Coloquei as mãos em volta do seu pescoço e ele me beijou suavemente, depois o puxei para mais perto e dessa vez ele me beijou como se fosse o último, meu coração dava saltos dentro de mim. Quando foi feita a primeira chamada para o vôo deles, nos separamos e eu o abracei rapidamente. Depois abracei o Charlie, mas aí eu olhei para Angie e minhas lágrimas voltaram.

- Por favor, pare com isso. – falou chorando junto comigo.

- Vou sentir sua falta, mais tanta que eu não sei nem explicar! – falei a abraçando.

- Eu também! Você não tem ideia! – falou me soltando.

- Amo você minha maninha! – falei

- Eu também te amo mana! – falou.

         Apertei a mão do rei e desejei boa viagem, quando eu vi o avião decolar, comecei a chorar encostada no vidro. Eu estava definitivamente deprimida, mas tinha que me recompor, afinal eu ia voltar para casa dirigindo. Contudo como eu estava de conversível, eu não ia voltar pra casa por enquanto.

        Peguei o carro e dirigi pelo calçadão de Copacabana, tinhas muitas pessoas caminhando, pois era cedo. Estacionei e tomei café da manhã de frente pra praia, colocando a cabeça no lugar. As lágrimas não desciam mais, porém esse aperto no coração ia demorar a passar, e ele era muito mais pela Angie do que pelo Edward até porque eu convivi com ela quase a minha vida toda. Eu ia sentir falta dela.

        Cheguei em casa e tentei manter a minha rotina, talvez com a mente ocupada eu não pensasse neles, funcionou. Eu voltei a pensar neles somente na hora de dormir, mas foquei nas coisas boas, nas boas lembranças. E adormeci.

>>o Ponto de vista: Angie

         A despedida no aeroporto foi difícil, principalmente entre Ana e Edward, afinal eu e ela passamos uma boa parte da noite chorando e se abraçando. Lembrei da caixa que ela tinha me dado depois de seis horas de vôo, tirei ela da minha bolsa e comecei a olhar as fotos, algumas me faziam rir, outras que eu tentava evitar, me faziam chorar.

       Edward estava desolado, sem saber o que fazer direito, ele ficava vendo as fotos da Ana e deles dois no celular o tempo todo. Dava dó, o rei Adam não falava nada e não perguntou quem era a garota e ele não era burro, ele devia suspeitar. Como o vôo durava 15 horas, eu não sabia muito bem o que fazer, dormir, ler, brincar, ver o DVD, fiz de tudo, mas no final estava entediada. Até que o pilotou falou: Bem vindos a Londres, em vários línguas, quase tive um treco, meu coração estava sambando dentro do meu peito.

     Saímos do aeroporto e um motorista nos esperava e eu nem precisei carregar as minhas malas. Cheguei perto do Edward e confessei:

- Estou com medo!

- Por quê? – perguntou surpreso

- Será que eu vou me acostumar com a faculdade? Será que sua mãe vai gostar de mim? E o clima, será que eu vou me adaptar? – falei surtando.

- Angie, calma! Vai dar tudo certo, ok? Você vai se adaptar, não se preocupe. – respondeu sorrindo confiante.

- Espero que você esteja certo. – falei um pouco apreensiva.

- Acredite, eu estou. – falou colocando a mão no meu ombro.

- Obrigada! – falei, e eu estava mesmo agradecida por tudo. – Por tudo o que você fez por mim.

- Não me agradeça. Estou devolvendo um favor. – falou sorrindo olhando pela janela.

         Charlie estava sentado ao meu lado e segurava a minha mão. Eu estava tão confusa em relação a ele, e eu disse isso pra ele, mas não pareceu se importar. Disse que ia fazer com que eu gostasse dele, eu assenti e sorri. Pelo menos eu estava com a consciência limpa, já que tinha sido honesta.

         O carro parou e meu coração deu um salto, eu ia morar em um palácio. PALÁCIO! Eu não acreditava que isso tava acontecendo comigo, eu não acreditava!

- Milady. – falou alguém abrindo a porta pra mim.

- Obrigada! – falei – E as minhas malas?

- Estarão no seu quarto assim que chegar lá. – falou gentilmente.

- Tudo bem! – falei sorrindo.

- Poderia me acompanhar? O senhor Charlie e Sua Alteza têm um compromisso agora, por isso não estão aqui, mas disse para ficar á vontade. – falou simpaticamente.

- Tudo bem, muito obrigada. Qual é o seu nome? – perguntei

- James. Vamos entrar? – perguntou abrindo a porta.

        Eu entrei e congelei. Tudo lá eram lindo e antigo, eu respirava história, beleza e riqueza. Adorei! Sinto muito, mas não poderei descrê-lo, seria invasão de privacidade, que já é pouca. Tudo o que eles fazem ou tocam vai pra mídia, então vocês pensem como quiser.

- Milady, eu poderia mostrar tudo pra você se quiser. – falou James muito gentil

- Será que eu posso explorar sozinha? – perguntei torcendo.

- Poderá, mas terei que mostrar os lugares nos quais você não pode entrar. – falou bem sério.

- Tudo bem. Vamos lá! – falei o seguindo.

- Esse é o gabinete real, não entre aí. – começou seguindo por um corredor não muito grande, mas com apenas uma porta.

- Esse é o quarto real, ou seja, do rei e da rainha. Não entre aí de forma alguma.

- Tudo bem, mas algum lugar que eu não posso ir? – perguntei ansiosa para explorar.

- Sim, o quarto de Sua Alteza e do senhor Charlie também é proibido. – falou sorrindo.

- E aonde é? – perguntei.

- No mesmo corredor do seu quarto. Gostaria de vê-lo agora? – perguntei

- Sim, gostaria muito. – falei em uma mistura de ansiedade e curiosidade.

- Siga-me, por favor. – falou me mostrando o caminho.

         Estava ansiosa demais para vê-lo, perguntei milhões de vezes a Edward como ia ser o meu quarto, mas ele dizia que era surpresa e que tinha dado instruções aos empregados para mudá-lo. Naquela mini visita percebi que ia emagrecer só de andar pelo palácio. O meu quarto era no andar de cima, no segundo corredor á direita, eu tinha que decorar para não me perder.

- A primeira porta á esquerda é de Sua Alteza e a primeira porta á direita é do senhor Charlie. Seu quarto é da terceira porta á esquerda. – falou James do lado da porta.

          Antes de abrir a porta, eu olhei para James que sorria, respirei fundo e abri a porta. Não acredito! Não acredito! Era simplesmente perfeito! O quarto era todo azul turquesa e rosa, a cama era no estilo antigo com tela de um tecido fino em volta e como só os brasileiros usam cama de solteiro, a cama era enorme cheia de almofadas, não resisti e me joguei nela, era muito macia. Em frente a ela, tinha um pequeno sofá branco e rosa e dos lados duas poltronas com uma pequena mesa de centro. Em uma parede tinha uma estante enorme com livros me fazendo lembrar-se da Ana na hora e essa lembrança me fez sorrir. Levantei da cama e percorri o quarto, tinha uma televisão gigante com Blu-Ray, e tinha mais duas portas um de cada lado da televisão. Na porta da direita, uma suíte com banheira, toalhas cor de rosa e flores na moldura do espelho, na porta da esquerda um closet fantástico, com uma penteadeira branca, poltrona azul, um espelho gigantesco, gavetas e cabides de madeira. Tudo estava tão perfeito, nunca tinha imaginado nada parecido.

- O que acha? – perguntou Edward

- Eu adorei! Me apaixonei por esse quarto. – falei

- Que bom! Conversei com a Ana sobre o que você gostava e ela me indicou algumas coisas. – falou sorrindo.

- Muito, muito obrigada mesmo! Por tudo! – falei.

- Não me agradeça! Agora vamos almoçar! – falou abrindo a porta pra mim, sorri e o acompanhei.