Acordei no dia seguinte um tanto confusa, o meu quarto estava escuro e ninguém tinha me acordado com batidas de porta, cutucadas e berros. Então eu lembrei, eu ia me casar! Ai, meu Deus eu ia me casar! Essa notícia nunca pareceu tão assustadora quanto agora, eu estava perdida, confusa e extremamente emocionada.

Levantei, tomei banho e troquei de roupa, eu precisava de um café da manhã reforçado, porque hoje não seria um dia fácil.

- Bom dia, senhorita Bittencourt. – falou Elizabeth assim que eu sai do meu quarto.

- Bom dia, Elizabeth. Eu estava indo tomar café da manhã. – falei caminhando com ela pelo corredor.

- Gostaria que eu preparasse algo em especial? – perguntou

- Não precisa! Obrigada! – falei e andei em direção à copa.

Tomei café da manhã sozinha, mas não me incomodei já que assim era mais fácil pensar. Depois passei no quarto da Ana para ver o cronograma de hoje.

- Ana, sou eu! – chamei na porta e rapidamente ela atendeu.

- Olá, eu já estava indo te encontrar. – falou fechando a porta atrás de si.

- O que eu faço agora? – perguntei

- Agora você vai fazer a unha, limpeza de pele e afins. Vamos! – falou me arrastando pelo braço.

- Sim, senhora! – falei andando com ela para a saída. Um carro nos esperava na porta e eu confesso que estava com saudade de dirigir.

Eu fui ao salão, fiz a unha, limpeza de pele, massagem, almocei e fui para o SPA. Passei o dia relaxada e por um momento esqueci o que me esperava, mas deu a hora de fazer o cabelo e a maquiagem, fazendo o nervosismo e a apreensão voltar.

>>o Ponto de vista: Ana

- Olá, Aninha! – falou Lucas para mim.

- Olá! – falei vendo o book de Angie e Ed.

- O que está vendo? – perguntou e eu entreguei pra ele. Assim que começou a ver as fotos ficou sério assim como eu, as fotos estavam lindas e românticas. E era exatamente esse o problema.

- Ficaram bonitas, não? – perguntei sem emoção, era eu que deveria estar ao lado dele, e acho que Lucas pensava a mesma coisa.

- Sim, ficaram sim. – falou dando um sorriso fraco.

- Você viu o Charlie? – perguntei

- Ele saiu com Edward, por quê?

- Porque ele tá tão triste quanto você.

- Duvido! – falou

- Na verdade, ele deve estar mais, porque você sabe que a Angie gosta de você, já ele não tem essa certeza! – falei e ele pareceu pensar no assunto.

- Você tem razão!

- Eu sei, você sabe que horas eles chegam?

- Não, não sei. – falou me entregando o álbum irritado.

- Ei, Lucas relaxa! – falei igual a Angie e ele levantou o olhar.

- Não sei se você sabe, mas a minha namorada vai se casar hoje e não é comigo, então não sei se relaxar é o ideal nessas horas.

- Eu sei. Eu também não estou nada feliz, mas como eu sou madrinha, tenho que está sorrindo. E você também já que vai ser padrinho.

- Eu sei. Eu sou um ótimo ator.

- Acho bom ser mesmo, agora eu vou fazer no salão ver o que vou fazer no cabelo. Te vejo mais tarde? – perguntei

- Sim, senhora! – falou e eu sai.

Antes de ir ao salão, passei na igreja e vi se estava tudo em ordem. Tudo estava lindamente belo e feliz, menos eu.

>>o Ponto de vista: Edward.

- O que acha? – perguntei para Charlie que estava com o olhar distante.

- Está ótimo! – falou sem nem olhar pra mim. Eu vesti um traje real e não o tradicional smoking. A Angie me convenceu a vestir vermelho, na verdade ela queria que eu vestisse rosa para combinar com a festa, mas eu me recuso a usar rosa no meu casamento. Então ficou vermelho. Mas agora, Charlie estava junto comigo no meu quarto, mas a mente dele estava em outro mundo.

- Charlie? Charlie? – chamei e ele me encarou.

- Desculpe, a roupa ficou boa. – falou sério.

- Charlie, eu sinto muito. Você não ideia de quanto eu estou me sentindo mal por ver você assim por minha causa.

- Não, Edward, não é culpa sua. É minha! – falou encarando o chão.

- Como a culpa pode ser sua? – falei sentando ao seu lado.

- Eu que me apaixonei. E se a Angie gostasse de mim, ela ficaria comigo como ela está com o Lucas.

- Cara, você não escolheu isso. Mas eu sinto como se parte disso fosse minha culpa sim, se eu não levasse você comigo naquele jantar no Rio, você não estaria assim.

- Edward, eu a teria conhecido outro dia. Não tem nada que você poderia ter feito.

- Eu sinto muito, cara.

- Tudo bem, não fique triste por minha causa. Hoje é o dia do seu casamento, sorria.

- Mas nada tá saindo como planejado.

- E desde quando alguma coisa na nossa vida saiu como o planejado?

- Você tem razão! – falei e ele sorriu. Levantei e me olhei no espelho novamente. Eu tinha que sorrir e ficar feliz, pelo menos por fora.

>>o Ponto de vista: Angie

Fiquei pronta e me encarei no espelho, eu estava linda do jeito que eu imaginei, quer dizer, eu nunca tinha imaginado me casar agora, mas já que eu tinha que fazer estaria pelo menos deslumbrante pra isso.

- Está pronta? – perguntou alguém na porta da sala que eu estava me trocando.

- Sim, eu já vou sair. – falei me encarando mais uma vez, mandei uma mensagem pra Ana e ela disse que lá na igreja tudo estava pronto e que todos me esperavam. Sai de lá e entrei na limusine apreensiva, minhas mãos suavam e o meu corpo tremia, eu olhei para o anel no meu dedo mais uma vez e respirei fundo. Seja o que Deus quiser.

A Ana entrou junto com Charlie e Lucas entrou com Simoné, todos estavam igualmente bonitos e elegantes. Mas assim que eu sai do carro e parei em frente a porta, o rei veio ao meu lado para andar comigo até o altar, já que os meus pais não apareceram, não que eu contasse com eles de verdade. Mas no fundo gostaria que eles estivessem aqui. Encarei as pessoas na minha frente, e a Ana sinalizou que a música podia começar a tocar, eu não quis entrar com a marcha nupcial, entrei com Marry You do Bruno Mars, foi mágico. E lá no final do corredor estava Edward que sorria apreensivo.

>>o Ponto de vista: Edward

Quando a vi entrando junto com o meu pai, meu coração acelerou de um jeito inacreditável e depois tanto planejamento estava acontecendo. E eu não conseguia acreditar, até que ela chegou ao meu lado e eu beijei a sua testa, percebi que era real.

Eu mal escutava o que padre dizia e o que acontecia ao meu redor, minha mente estava um pouco distante, e eu olhava pelo canto do olho a Ana. Ela estava deslumbrante em um vestido rosa romântica como uma verdadeira princesa, eu sei que falar isso é contraditório, mas é a verdade. A minha mente voltou a focar quando a Angie apertou a minha mão e eu percebi que estava na hora dos votos, confesso que foi muito difícil escrevê-lo, mas Angie falou para que eu fizesse como se estivesse falando para a Ana, assim como ela fez pensando no Lucas.

- Edward, eu estarei aqui não importa o que aconteça, estarei do seu lado mesmo que as coisas não estejam fáceis e que o reinado esteja complicado, você poderá se apoiar em mim e caminhar ao meu lado. Ed, eu te amo muito. Sei que nada saiu do jeito que esperávamos mais assim mesmo estou feliz por passar por isso com você! – eu fiquei sem saber o que fazer por um momento, ouvir isso da boca da Angie era estranho, mesmo que na verdade não tenha sido para mim, ainda sim era estranho.

- Angelina, você mudou radicalmente sua vida para se adequar a minha, você fez as coisas voltarem ao eixo no meu momento de aflição, você me abraçou com ternura e me ajudou a levantar. Andou ao meu lado quando tudo parecia perdido e mesmo que não tenha saído do jeito, saiu do jeito que deveria acontecer. Eu te amo por estar aqui comigo e te amo por simplesmente você ser você mesma. Prometo não te abandonar nas suas decisões e prometo ser o seu porto seguro! Eu te amo! – Angie me encarava com curiosidade e seus olhos lacrimejaram. Quase não ouvi o que o padre disse, só vi a Angie olhando para o Lucas que assentiu e ela disse:

- Sim, eu aceito! – e depois foi a minha vez. Olhei para a Ana que tentava esconder que chorava, mas sorria. Ela me encarou também e assentiu timidamente.

- Sim, eu aceito!

- E agora eu vos declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva! – falou o padre e eu olhei para a Angie que sorria incontrolavelmente me fazendo sorrir também. Cheguei perto dela e a beijei. Todos batiam palma, mas eu ouvia como um fragmento ao longe, agora estava feito.

>>o Ponto de vista: Angie

Quando encarei todas as pessoas depois do beijo, não pude deixar de sorrir, eu estava casada com o Edward. Era tão inacreditável que só podia ser um sonho, peguei a mão de Ed e andamos sorrindo pelo corredor. Na porta da igreja, estavam pessoas que jogavam arroz em nós, fotógrafos de todos os lugares do mundo estavam lá e eu ria descontrolavelmente. Nos beijamos na porta da igreja para que todos pudessem fotografar o momento tão esperado. Entramos na limusine rumo à festa e o carro deu partida. Eu ainda segurava a mão de Edward, nos encaramos por um momento e sorrimos de um jeito engraçado, acho que nenhum dos dois acreditava que realmente iam ser casar e agora aqui estamos nós.

Descemos em frente ao palácio onde a festa ia acontecer. Nós nos divertimos muito, dançamos e até cantamos, Ana e Lucas estavam quase sempre grudados conosco o que era reconfortante. Na hora de jogar o buquê a Ana pegou e piscou para Edward que sorriu, foi uma cena um tanto engraçada. Mas de um jeito fofo. A Inglaterra todo estava em festa, todos foram convidados para a festa e mais nada funcionou em Londres.

Quando a festa acabou e todos saíram eu estava simplesmente morrendo de cansaço e meu corpo não aguentava mais ficar em pé. Sentei em uma cadeira no jardim e tirei o salto alto, depois caminhei até o meu quarto sozinha, eu não queria falar com ninguém no momento. E assim que entrei encarei as coisas na minha frente, tudo começou quando eu resolvi aceitar levar a Angie ao encontro perfeito dela, talvez se eu não aceitasse, Edward não me ofereceria um quarto no palácio e eu talvez não estivesse casada com ele agora, mas a gente nunca tem como saber dessas coisas, só me resta agora viver o que me espera.

No canto do meu quarto, estavam as malas para a minha lua de mel em Paris. A respeito da lua de mel, nós pensamos muito se íamos ou não, já que não estávamos casados porque nos amamos, então não ia ter necessidade de lua de mel, mas depois de Ana insistir que a gente merecia folga, desde que a noite a gente simplesmente dormisse, o que foi engraçado porque ela falou animada e depois muito séria, como se fosse me matar se eu fizesse algo.

- Angie? – perguntou Ana na porta.

- Olá! – falei sem me virar.

- Você não vai trocar de roupa? Daqui a pouco vão levar a suas malas para o carro.

- Eu sei, eu só estava pensando. – falei e me virei para encará-la. – Amiga, eu sinto tanto por ter feito você passar por isso.

- Ai, Angie, se não fosse por você, Edward estaria casado agora com uma garota qualquer e provavelmente o meu relacionamento com ele ia pra escanteio.

- Sim, eu sei. Mas ainda sim eu me sinto extremamente mal por você e Lucas, entende?

- Entendo sim, mas o Lucas também pensa como eu, de certa forma.

- Obrigada por tudo! – falei e a abracei com força.

- De nada! Agora vai trocar de roupa! – falou e eu fui andando em direção ao closet. Dessa vez eu não ia me vestir como a princesa perfeita. Peguei um short jeans claro e uma blusa tomara que caia rosa chá.

- Você não vai de vestido? – perguntou Ana me encarando surpresa.

- Não mesmo! – falei e peguei minha bolsa de mão, ela sorria de um jeito engraçado. Assim que abri a porta para ir embora, Lucas parou na minha frente.

- Eu queria me despedir! – falou piscando e a Ana saiu dizendo que ia se despedir de Edward.

- Pode entrar! – falei saindo de frente da porta.

- Gostei da roupa, não aguentava mais ver você de vestidos comportados, ou calças não tão justas ou roupas mais decentes. – falou me avaliando me fazendo rir.

- Nem me fale, eu também não aguentava mais me vestir como uma princesinha indefesa.

- Não faz muito seu estilo, não é?

- Nem um pouco, mas não vamos falar sobre isso, tudo bem?

- Perfeito, porque eu não quero falar sobre nada mesmo. – falou e me puxou para perto, eu o beijei imediatamente.

>>o Ponto de vista: Ana

- Edward? – chamei batendo na porta e ele abriu com um sorriso.

- Já ia procurar por você! – falou saindo de frente da porta. Sentei na cama, e assim como no quarto de Angie, tinham várias malas no canto do quarto. O sorriso dele sumiu quando me viu encarando as malas.

- Sinto muito por isso também! – falou me encarando e eu olhei pra ele.

- Não sinta, eu que induzi vocês a irem nessa viagem. Eu acho que vocês precisam se divertir antes de virarem o rei e a rainha.

- Eu sei, mas e você?

- Estarei bem aqui esperando por vocês com o Lucas. – ele sorriu sem emoção.

- Ana, tudo será diferente agora. A gente vai ter que se encontrar de um jeito muito mais escondido, as pessoas não podem sonhar com o que tá acontecendo.

- Eu sei, Ed. E eu aceitei isso pra ficar com você, mesmo que seja escondido é melhor do que ficar sem você.

- Você é uma garota incrível, Ana. E ás vezes penso que eu não te mereço.

- Não fale isso nunca mais, ok? – falei e ele assentiu sem olhar pra mim, mas depois me beijou com ternura. De um jeito ou de outro, tudo estava bem.