Segui Charlie por todo o salão até o escritório do rei Adam, confesso que a curiosidade me consumia, mas a preocupação também porque Charlie parecia realmente surpreso, assustado ou em choque, ainda não tinha decidido. Quando entrei no escritório todos olharam pra mim, percebi na hora que a situação era grave. A rainha Cecília estava séria, quase fria, rei Adam estava com o rosto vermelho como se estivesse com raiva e Edward estava da mesma forma que o pai, só que parecia mais controlado de alguma forma.

– Angelina, sabe por que está aqui? – perguntou rei Adam.

– Ninguém me disse nada, Vossa Majestade. – falei cautelosa.

– Pois bem, sente-se e escute com atenção! – falou o rei apontando uma cadeira no canto e assim eu fiz.

– Pai, isso é ridículo! Eu me recuso a passar por isso! – falou Edward visivelmente alterado, eu nunca tinha visto ele assim.

– Edward, você é príncipe! Você simplesmente não pode se recusar a nada! Você faz e ponto final! – falou me deixando apreensiva. Aquilo era uma briga familiar, eu não tinha nada a ver com isso, por que eu fui chamada então?

– Eu posso conversar com a Angie á sós por um momento? – pediu Edward de cabeça baixa. O rei Adam pareceu considerar o pedido por um momento, mas depois assentiu.

– Vocês têm trinta minutos! Eu, Cecília e Charlie vamos esperar aqui dentro e vocês podem sair. – falou decidido, eu olhei pra Edward e sai com ele pela porta.

– Você pode me explicar o que ta acontecendo? – falei assim que a gente saiu. Ed encostou-se à parede e colocou as duas mãos atrás da nuca e encostou a cabeça na parede em sinal de desespero ou derrota, eu não entendi. – Edward, o que tá acontecendo?

Edward olhou pra mim e me encarou, mas não de um jeito avaliativo, de um jeito como se tivesse pedindo perdão. Será que eles vão me expulsar daqui? Porque por mim sem problemas, claro que eu gostava de morar aqui, mas eu posso voltar aos meus planos iniciais. Mas não sei, não parecia ser isso.

– Edward? Fala por favor! – falei entrando em desespero.

– Angie, eu vou começar pelo começo e eu te peço que me escute até o final, antes de fazer qualquer comentário, tudo bem? – falou me deixando ligeiramente assustada.

– Tudo bem, pode falar! – falei e esperei. Edward respirou fundo e começou.

– Angie, eu vou fazer 22 anos e eu descobri de um jeito não agradável o que me espera com essa idade. De acordo com a lei, o filho mais velho ou no caso, único ao completar 22 anos tem que assumir o trono. – falou e me encarou, eu estava impassível. Então ele ia ser rei, qual o problema? Como não respondi, ele continuou:

– Mas para assumir o trono eu tenho que ter uma esposa! – falou e aí que eu entendi a loucura.

– Se casar? Será que a Ana vai aceitar, ela te ama eu sei. Mas ela vai ter que mudar a vida dela toda, faculdade e... – comecei, mas ele me interrompeu.

– Angie, eu não posso me casar com a Ana! – falou sentando no chão, eu parei e arregalei os olhos.

– Como assim não pode? – perguntei surtando.

– De acordo com as leis, eu tenho que me casar com alguém que seja da realeza, ou pelo menos cidadã britânica. – e foi aí que a ficha caiu. Realeza? Ai, meu Deus.

– Edward, você não quer dizer que... – comecei e ele assentiu.

– Você é a primeira na lista nobre da coroa britânica. – falou sem olhar pra mim. Eu enlouqueci, exatamente assim.

– COMO ASSIM EU? – eu comecei a murmurar milhões de frases sem sentido, e andar de um lado pro outro enquanto Ed ficava andando de um lado pro outro também com as duas mãos atrás da nuca.

– Você acha que eu quero isso? Você acha que eu quero me casar? Eu nasci pra ser rei, isso eu posso aceitar. Casar? Quem sabe daqui a alguns anos com a Ana que eu amo, mas agora com outra pessoa? – falou ele pirando junto comigo.

– Mas eu não quero me casar. Eu só quero terminar a faculdade, fazer loucuras, trabalhar, morar sozinha, me apaixonar e depois casar, nessa ordem. – falei sentando no chão, Ed sentou ao meu lado.

– Angie, aí é que tá. Você pode recusar! Você não tá presa a um bando de regras, mas eu se você recusar vou ter que me casar com a próxima na sucessão do trono. – falou me olhando nos olhos. E foi que eu processei o que ele tinha acabado de me dizer, eu podia ignorar tudo isso e seguir com todos os meus planos e sonhos, mas e ele e Ana? O que ia acontecer com o amor deles?

– E se eu aceitar? – perguntei e ele me fitou com curiosidade.

– Se você aceitar, a gente vai correr com as coisas do casamento e devemos nos casar daqui a exatos cinco meses. Uma semana antes do meu aniversário de 22 anos, quando é a minha coroação. – falou – Mas por que você aceitaria?

– Porque eu acho que são poucas esposas que aceitariam uma relação extraconjugal. Se eu me casar com você, Ana e você ainda podem se encontrar escondido, se beijar e se amarem loucamente, além de que se você casar comigo a Angie pode ter a certeza que você não terá filhinhos. – falei e ele sorriu.

– Você é uma amiga incrível, Angie! – falou e me abraçou.

– Agora vamos, temos que contar à tão triste novidade! – falei e me levantei.

Entramos na sala novamente e todos estavam em silêncio apreensivos. Agora eu tinha entendido porque Charlie estava tão esquisito, ele gostava de mim e meu coração deu um salto.

– E então qual é a decisão final? – perguntou rei Adam.

– Nós... – começou Edward e suspirou – Vamos nos casar!

A rainha Cecília rapidamente abriu um sorriso, o rei Adam também sorriu, mas Charlie endureceu o rosto e saiu da sala sem falar nada, eu queria tanto explicar e confortar o coração dele, mas o que eu podia dizer?

– E que assim seja feito! – falou rei Adam abraçando Edward e depois me abraçando.

– Eu to tão feliz! – falou a rainha com lágrimas nos olhos e me abraçou calorosamente, depois a Edward.

– Mas e a minha faculdade? – perguntei

– Como a sua faculdade tem relação com o governo do país, você poderá continuar com ela, mas vai terá as aulas aqui e não na Universidade de Londres. – falou rei Adam.

– Tudo bem! – falei, não era exatamente o que eu queria, mas o que estava saindo do jeito que eu queria?

– Você terá aulas comigo de como ser uma boa rainha. Como governar o país ao lado do seu esposo com justiça e paciência, regras de etiqueta e vestimentas. – falou a rainha pra mim, não me deixando nem um pouco animada.

– Que maravilha! – falei, mas ela não percebeu o sarcasmo.

– Fico feliz que esteja animada. – falou ela sorrindo.

– Já estão dispensados. – falou rei Adam e nós saímos da sala.

Saímos em um corredor e seguimos por um salão, eu peguei a mão de Edward e levei ele para o jardim. Sentamos na grama debaixo de uma árvore e ficamos encarando o nada por um momento.

– Eu vou me casar! – falei ainda não acreditando.

– Eu também! – falou ele também sem acreditar.

– Como a gente vai contar pra Ana? – perguntei olhando pra ele.

– Sinceramente, eu não sei. Só acho que tem que ser pessoalmente. – falou ele.

– E como você pretende contar pra ela pessoalmente? – perguntei

– Minha mãe vai fazer um baile daqui a uma semana pra contar pra todos do nosso noivado. A gente manda uma passagem pra Angie e um convite que não esteja escrito o motivo do baile. – falou ele e eu pensei no assunto.

– Tudo bem, ela vai ficar no meu quarto? – perguntei

– Claro que não, né? Tem duzentos quartos aqui. Ela vai ficar em outro quarto! – falou

– Tudo bem, e quando ela vai poder vir?

– Um dia antes de preferência pra que não dê tempo pra ela descobrir o verdadeiro motivo do baile.

– Ok, e posso falar com ela hoje?

– Pode Angie! E lembre-se de que o nosso noivado é segredo até o pronunciamento oficial, tá?

– Pode deixar! Vem, vamos contar pra ela.

>>o

– Ana? – chamei

– Oi, tudo bem gente? – falou ela olhando pra mim e Edward

– Tudo ótimo! – menti descaradamente.

– E qual foi a do problema? – perguntou ela.

– Burocracia! – respondeu ele rapidamente.

– Ah, sim! – falou ela acreditando.

– Ana, nós viemos te fazer um convite. – falei.

– Convite? – perguntou curiosa.

– Que convite? – perguntou Lucas surgindo do nada.

– Você ainda tá aí? – perguntei

– Óbvio você comprou muitas coisas do Harry Potter pra ela que eu precisava ver. – falou Lucas.

– Maravilha! – falou Edward e eu revirei os olhos.

– Ana, gostaria de ir a um baile no palácio? – perguntei e ela sorriu.

– Ah, mais claro que sim! Eu não acredito que vocês estão me convidando! – falou ela muito animada.

– Sim, você e Lucas se quiserem. – falei e Edward me encarou.

– A gente não combinou de chamar ele. – falou como se ele não pudesse ouvir.

– É, mas eu to chamando ele assim mesmo! – falei voltando a encarar o monitor. – Então querem vir?

– Claro, mas a passagem? – perguntou Ana.

– Eu pago! – falou Edward, depois acrescentou. – A sua.

– Eu pago a minha! – falou Lucas encarando Ed com uma cara não muito boa, confesso que a situação era muito engraçada.

– A hospedagem? – perguntou Ana

– Você pode ficar aqui. – falou Edward e eu o encarei com uma cara não muito bonita. – Quer dizer, vocês podem.

– Obrigado muito gentil da sua parte. – falou Lucas me fazendo rir, mas Ed não achou tanta graça.

– Então pra quando são as passagens? – perguntou ela.

– Sexta feira. – falei

– Ótimo! Aí tá frio? – perguntou a Ana.

– Tá um pouquinho! Mas acho que vai esfriar! E não se preocupe a roupa para o baile, você compra aqui, viu? – falei

– Tudo bem, já estou ansiosa! – falou ela

– Eu também! – falei, mas não sei se ela ficaria assim sabendo do real motivo de vir.

– Então, até! – falou ela.

– Até! – falei e desliguei o computador.

– E agora seja o que Deus quiser. – falei para Edward.

>>o

– Não, Angelina, não! – falou a rainha pela décima vez.

– Desculpe Cecília! Eu não consigo! – falei pela décima vez, depois de tanto pedir finalmente eu conseguir parar de chamar a rainha de Vossa Majestade.

– Consegue sim, qualquer mulher forte consegue! – falou ela decidida. Eu suspirei e comecei de novo.

Eu estava à meia hora tentando decorar as leis mais importantes do país sem muito êxito, e Cecília continuava insistindo. Mas a minha mente estava no baile e no que ia acontecer lá. Eu falava com a Ana todo dia e ela estava animada, Lucas também o que era engraçado porque Edward não tava gostando nada dele vir também. Porém eu dei o maior apoio, já que na hora que a gente contasse ela precisaria de um amigo que não quisesse matar.

Já era sexta feira, a Ana já tinha entrado no avião e daqui a exatos uma hora e quinze minutos ela chegaria a Londres, um carro ia buscá-los e o show ia começar.

– Angelina, está me ouvindo? – perguntou Cecília me encarando

– Desculpe Cecília! Minha mente estava na Ana, entende? – respondi meio sem jeito. Mas a rainha só suspirou.

– Eu entendo! Ela era a garota que gostava do meu filho, não? – perguntou e eu assenti. É claro que ela não devia saber que eles ainda eram apaixonados um pelo outro.

– Tudo bem, então terminamos isso outro dia. Mas a senhorita vai levar esse livro com você para treinar em casa, entendido?

– Sim, senhora! – falei pegando o livro e indo até o meu quarto.

Assim que cheguei ao meu quarto resolvi dar uma geral nele, já que eu ia receber visitas por mais que eles não fossem dormir aqui, Lucas e Ana provavelmente ir entrar então eu tinha que arrumar. A minha rotina desde o dia que eu descobrir que ia casar estava uma loucura, eu tive que parar de ir até a faculdade e nem pude falar a verdade para Simoné por enquanto, tive que falar que estava doente.

– Senhorita Bittencourt, eles chegaram! – falou Elizabeth na minha porta.

– Então que comece o show! – falei saindo do meu quarto.