4º Passo: Impressionar para conquistar.

Esse é velho e está nos genes.

Desde os tempos mais remotos, homens procuram impressionar as mulheres que lhes interessam para assim ter sua admiração. Cada um usa as armas que tem, cozinheiros usam cozinha, dançarinos-dança, badboys a reputação ruim e magos... principalmente aqueles de renome como ele, magia.

Foi preciso esperar a oportunidade perfeita que só surgiu dois meses adiante, então Laxus teve que gastar muito tempo no balcão jogando conversa fora e bebendo com ela. Houve uns quatro casos de encontros esporádicos que deu fim loguinho e depois nada... Aparentemente sua fama de surrar e ameaçar os idiotas tinha se espalhado.

Cana reclamou algumas vezes de estar sentindo-se mal e com moral baixo, mas logo tratava de sob os panos, ainda não nesse contexto que as imaginações férteis pensaram, tratava de dar incentivos a sua auto-estima. E então o dia finalmente chegou: Gildarts Clive estava de volta a Magnólia.

Tinha uma boa relação com o velho Clive, por anos que não saberia contar hoje, ele foi seu ídolo. Até descobrir que ele não passava de um babaca com sorte. Não que o desmerecesse, é só que deixou de ver com olhos de idolatria para ver o homem por trás das histórias. Enfim, tratou logo de chama-lo para um treino.

O velho resteou no inicio e teve que incapacitar Natsu que veio numa voadora tentar algo, mas sua vontade de impressionar a filhinha foi maior. Afinal, dar conta do garoto mais jovem era um atestado de que ele ainda era um grande cara. Como a vida era irônica, ambos estavam lutando pelo mesmo motivo.

Claramente que um circo se formou com direito a venda de ingressos e carrocinha de pipoca. Uma luta dura. Gildarts podia estar beirando os cinquenta, mas ainda sim estava com tudo, sem dizer que ele tinha a seu favor mais de trinta anos de batalhas. No final, Makarov interferiu para que não terminassem por ruir com as estruturas da cidade. Olhou para o lado e viu Cana, podia ver limpamente nos olhos dela a admiração, mas não aquela admiração das fangirls, era algo mais limpo e menos sonhador.

Ela caminhou até o pai que ficou sentado no chão rindo de Natsu que também queria sua chance. Realmente ela admirava o velho pai apesar dele não exatamente um exemplo, como gostaria de ter essa chance. Depois dele se gabar um pouquinho as suas custas, ela ergueu-se e vinha em sua direção. Tratou logo de ir dispensando a Tribo do Trovão e Fried que aparentemente não tomou o recado teve de ser rebocado por Bixlow.

Cana abaixou-se a sua altura fitando provavelmente os arranhões que lhe foram feitos, tinha aquele sorriso de sempre nos lábios.

– Eu acho que o velhote ainda tem uns anos de glória, olha só para você... – riu –

– Bem se ele puxar o meu velho, acho que mais uns quarenta anos... Mas então, gostou do show?

– Eu sempre gosto de coisas que me fazem ganhar dinheiro, garotão, ganhei uma nota preta sendo a mediadora das apostas.

Laxus riu ruidosamente fazendo com que os pêlos do corpo dela se eriçassem, a voz dele era grave ao extremo. Sem dizer que desde a infância achou a magia dele bonita. Por isso sempre estava a espreita para vê-lo treinando com seu time. E não estamos falando da elegância que ele tem ao combater, algo que a maioria por ali não tinha, estavam sempre preocupados em grandes shows de entrada e muito barulho. Laxus era como seu pai, fazia as coisas quietinho, mas arrasava. Apesar de toda soberba e convencimento, Cana podia dizer que o admirava enquanto mago. Com toda certeza seria um daqueles que entraria para história.

Viu a caixa de primeiro socorros abandonada pela Tribo em sua saída na comum e resolveu fazer sua boa ação do ano terminando de pôr dos curativos. O que muito o surpreendeu, mas ficou quietinho para aproveitar o momento. Foram alguns minutos de concentração até que ela terminasse e sorrisse dando um tapinha no ombro.

– Olha só que gracinha, prontinho pra outra!

– Eu acho que um beijo ia ajudar a sarar.

Laxus quis se auto surrar após dizer isso, mas o negócio saiu antes que pudesse raciocinar a esse respeito. E como o que estava dito não tinha volta, resolveu tentar tirar algum proveito daquela saia justa. Os olhos da morena se arregalaram e ela riu exasperada.

– Então quer dizer que se o Fried tivesse feito ia querer beijinho também?

Um leve tom rubro se fez na face masculina e ele ouviu o ‘gihihihihi’ de Gajeel em algum canto. Comedor de sucata idiota! Voltou sua atenção para a Alberona e lhe lançando seu melhor olhar de cafajeste continuou.

– Não, não... Mas já que estou com a garota bonita tenho que tentar.

Okay, ele não esperava que ela corasse daquele jeito. Logo ela que algumas noites atrás tinha se enfiado no meio da conversa dos fracassados emocionais da guilda e falado todo tipo de abobrinha de duplo sentido que fez rapazes saírem constrangidos da conversa. Mas logo tratou de se recuperar e para seu susto deu os beijos.

Um na ponte do nariz, um bem acima da sobrancelha esquerda e outro do lado direito de sua maxila. Gajeel engasgou e caiu para trás. E não é que o come raio tinha conseguido com aquela cantada infame?

– Espero que tenha ajudado, garotão! – dito isso, levantou-se e saiu balançando aqueles quadris tentadores –

– Oe, e os outros? – disse e ela se virou sobre o ombro.

– Não abusa da boa sorte, spark! Tenho que fazer umas comprinhas com meu dinheiro fácil!

Piscou com um olho só e foi embora deixando-o com aquele sorriso retardado nos lábios. Aquela mulher ainda ia acabar com ele... Ou talvez o pai dela o fizesse. Viu Gildarts com o canto dos olhos lhe lançar um olhar estreito de puro ódio. Ah... Essa vida de cara apaixonado não era fácil não.

Levantou-se tirando a grama das calças.

Fase quatro, concluída.